“Cantada em verso e prosa", a família nem sempre é
respeitada. Isto por falta de consciência dos próprios componentes, ressalvadas
exceções, vez que a generalização não cabe apropriadamente. Como construir uma
sociedade justa, sem a estrutura familiar embasada no respeito e, assim,
elastecida no relacionamento com as demais famílias da sociedade?
Nessa composição familial estão diversos fatores influenciadores,
que são: cultural, educacional, econômico, comportamental, religioso..., mas
existe um componente primordial que tem ficado marginalizado por grande parte
dos pensadores, dos filósofos e demais estudiosos da composição nuclear social,
que é elemento espiritual.
Muito embora estes pensadores façam referência à alma da família e
ao espírito grupal, não adentram propriamente este aspecto que transcende os
limites materiais observáveis e táteis.
Analisemos a composição da família com o componente espiritual,
como nos ensina a Doutrina Espírita. Em primeiro lugar precisamos estar cientes
de que somos seres espirituais, que temos a nossa vida normal no espaço ou no
plano espiritual. Lá está a nossa origem. É para lá que retornaremos.
Nosso estágio na vida social deste mundo, na verdade, é uma
programação, um "artifício" da Divina Providência, para que nós,
criaturas, venhamos a conquistar méritos, mais rapidamente, através de esforços
consistentes galgarmos um estado de consciência elevado. Para isto é preciso
que o "Ser" criado por Deus, no estágio em que alcançado, isto é, com
a inteligência em desenvolvimento, com alguma ênfase, mas longe do ápice
espiritual, e a consciência em desabrochamento, tenha oportunidade de exercitar
suas potencialidades, vivenciando as consequências e responsabilizando-se por
elas, corrigindo as suas causas, quando negativas.
Não podemos esquecer que assim é a Lei do Progresso e Ela vem
desde os primórdios da nossa existência espiritual, quando ainda éramos insipientes
-- simples e ignorantes --, mas detínhamos, pela origem, o germe de todas as
possibilidades permitidas na criação Divina, que são iguais para todas as
criaturas no estágio hominal.
O estágio de insipiência durou milênios e como a criatura depende
da criatura para seu progresso, isto é: todos dependem de todos, por isso
vivemos em grupo, por isso vivemos em família.
E no caminho dos milênios estamos inseridos, saindo de um estado
de total ignorância, guiados, como fazemos com as crianças em tenra idade,
ajudando-as nos seus primeiros movimentos, seus esforços para entenderem o
significado das coisas, socorrendo nos seus primeiros tropeços, nas suas
curiosidades, nas suas primeiras tentativas de compreender o que lhes apresenta
o seu ambiente vivencial.
Assim que a criança aprende a andar e se torne mais amadurecida
para perceber a diversidade apresentada pelo seu ambiente, nós a liberamos
gradativamente de cuidados; assim, ocorre com o "Ser" espiritual nos
seus longos milênios, os Guiadores espirituais vão permitindo-nos assumir o
livre-arbítrio, e vamos assumindo as responsabilidades de acordo com as
capacidades em desenvolvimento. Sempre este desenvolvimento se deu nos grupos
familiares, consciente ou inconscientemente.
Por princípio Divino, o homem é monogâmico, as exceções são pelos
costumes, ainda calcados no egoísmo. Daí toda família humana tem,
primacialmente, um casal, que é conhecido por pai e mãe, estes que derivam de
outras famílias, que têm pais e mães e irmãos. E assim a multiplicação da
prole, formando o tecido social, numa trama infinita, tendo em seus nós os
agrupamentos familiares, que se multiplicam incessantemente, dada a necessidade
da perpetuação da espécie e a construção de si mesmo, espiritualmente, com o
crescimento da inteligência, dos sentimentos, da consciência, das percepções
socioambientais, que são de responsabilidade do Espírito.
Essa construção,
que parece material, que também é, é mais espiritual do que se pensa, pois a
matéria, que também evolui, é o meio para o crescimento espiritual; através das
vicissitudes inerentes à vida física, para consigo mesmo, para com a sua
descendência, e com mais lucidez, para com os outros, quando se enfraquece do
egoísmo mais avassalador.
Dissemos inicialmente que nossa origem é espiritual e por
consequência os grupamentos familiares também se dão a partir da
espiritualidade, com planejamento individual e coletivo, de acordo com as
necessidades individuais e também as coletivas. Estas necessidades são
infinitas, pois são resultados de atitudes voluntárias de cada um, para atender
interesses seus ou do grupo, que podem ser negativos ou positivos, tendo as
consequências correspondentes.
Em grande parte os elementos constitutivos de uma família têm
responsabilidades, dívidas, de um para com o outro, principalmente
responsabilidades negativas, que geram antipatias, aversões, dissidências,
desequilíbrios emocionais, descomprometimento com o grupo familiar, ódios; que
refletem na teia social, levando a sua parcela de desequilíbrio. Por isso que
não é possível ter uma sociedade equilibrada sem o equilíbrio individual.
Estamos interligados e somos interdependentes.
Somente com a construção de famílias dentro do regime de respeito
e dignidade, onde pode proporcionar condições para que os indivíduos ali
nascidos (Espíritos ali reencarnados) venham retemperar o seu caráter, sendo
educado e educando-se intelectual, moral e espiritualmente; assim dando
sequência na reformulação de todo o tecido social.
A família é importante, pois sem ela não temos oficina para
consertar o egoísmo e o orgulho, que arrasam a vida social planetária, gerando
grandes sofrimentos nos dois planos da vida (físico e espiritual), com
excessiva demora para que o homem galgue o patamar desejado de paz e
felicidade.
Dorival da Silva
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