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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Direito ou justiça?

                                                       Direito ou justiça?

      Muitos estão ávidos por direitos, exigindo-os em todas as circunstâncias em que presumem seus. No entanto, não demonstram a mesma ênfase quando supõem que este não os favorecem. O que deveria ser uma obrigação é respeitar o direito do outro, assim como se exige o próprio. É uma questão de justiça. Moralmente é cumprir-se com o dever.  

     O direito, numa visão ampla, é um conjunto de normas convencionadas que servem por um determinado período para orientar o comportamento de uma população, harmonizando conflitos de interesses. Ele sofre o desgaste com a evolução da sociedade que orienta, exigindo atualizações ao longo do tempo. 

     Assim, o que se diz ter cumprido com a justiça numa determinada circunstância, sob um determinado entendimento julgador, pode ser considerado uma injustiça em outra época, quando o mesmo fato é analisado sob uma perspectiva diferente.  

     As letras da norma embasa o julgamento permanecem as mesmas, mas o entendimento do valor fático e o estado psicológico alcançam outras dimensões. 

     As normas legais, elaboradas, organizadas e codificadas, não correspondem a uma justiça irreparável, levando em conta a condição vulnerável tanto dos que a estabeleceram quanto dos próprios aplicadores. Não se trata de desonestidade, mas sim da condição humana, que sofre a evolução do entendimento e se renova com a dinâmica do pensamento de cada momento da vida. 

     O que se discute acima parece atender apenas a situações cotidianas, lidando com a realidade enquanto o indivíduo faz parte desse contexto social. No entanto, ultrapassa o limite marcado pelo túmulo, refletindo sua influência sobre a continuidade da existência do ser pensante no plano extracorpóreo.

     A vida na organização social em que se nasce, independentemente de sua duração, é um hiato na existência do ser espiritual. Todas as ocorrências são experiências para aprendizado com fatos novos. No entanto, os impulsos para os acontecimentos estão no próprio ser, que veste uma indumentária corporal, mas em sua alma, e carregará todas as consequências consigo mesmo. O julgamento de qualquer ordem, independentemente das normas legais, seja consequente ou irresponsável, terá reflexos após a morte do corpo, tanto para quem o aplica e para quem o sofre. 

     Ao conhecer a realidade mais íntima do julgado, o julgador perceberá que não fez justiça e gerou uma dificuldade de difícil solução, pois movimentou forças profundas da alma, gerando mácula no outro. O mais sincero arrependimento, por si só, não dará trégua à sua consciência, mesmo que o injustiçado o perdoe. 

     O ofendido, ao perdoar, se livra da mágoa, se assim o fez verdadeiramente. No entanto, o ofensor se vê com a necessidade de reparar para se sentir justificado. Todo cuidado na relação humana é pouco. O apóstolo Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes¹”.

     Em outro ponto, o Mestre Galileu, recita: “Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós²”.

     Os Seres espirituais, toda a Humanidade, têm o direito de alcançar, por seus esforços, a plenitude da paz e da felicidade e, consequentemente, a justiça. Isso corresponde ao estado de harmonia da própria consciência, aquela que vibra em uníssono com a Lei Divina, que é Lei de Amor e Justiça. 

     Antes de defender direitos, seria mais produtivo procurar resguardar os deveres e as obrigações. Se todos assim procedessem, ninguém precisaria se preocupar com aqueles, pois estariam naturalmente preservados. Seria uma realidade altruística. O egoísmo e o orgulho não se fariam presentes nas vidas das pessoas, a paz seria recorrente, a miséria e as diversas carências sociais não se conheceriam, “O Reino do Céu se faria na Terra”. Seria utopia, ou o que se deve esperar? Qual a contribuição?

     O direito e a justiça estão disponíveis para todos os indivíduos. O que se precisa é internalizá-los na própria alma para que reflitam na sociedade, que se tornará um caldo de verdadeira fraternidade. 

     Direito ou justiça, qual é a sua reflexão?

                                   Dorival da Silva

     

  1. Mateus, XVIII: 15, 21, 22

  2. Mateus, VII:1-2

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Volta à gentileza


Volta à gentileza

Infelizmente, as notáveis conquistas da ciência aliada à tecnologia ainda não lograram facultar ao ser humano o retorno à gentileza. Propiciaram, sim, fantásticas contribuições para o conforto e o esclarecimento de incontáveis enigmas que o vinham atormentando através dos séculos, sem, no entanto, proporcionar-lhe sentimentos que vêm desaparecendo nos relacionamentos sociais, que lamentavelmente se tornam cada vez menos frequentes.

O individualismo, que resulta de muitos instrumentos técnicos de comunicação, embora facilitando a existência, tem isolado os indivíduos no mundo de cada qual, sempre mais distante da convivência fraternal, retirando o calor da afetividade. Vai-se ficando indiferente ao contato pessoal, à conversação calorosa, ao distanciamento uns dos outros.

Pequenos gestos de gentileza vão sendo substituídos pelo silêncio e pelo aborrecimento quando o indivíduo se sente convidado à participação de qualquer atividade pessoal, exceto naqueles de interesse imediato. Diversos princípios éticos são esquecidos propositalmente e substituídos por carrancas que desanimam qualquer pessoa que deseje uma comunicação verbal agradável.

Tem-se a impressão de que se deseja distância que favoreça dificuldade de gerar trabalho ou favores não desejados.

As saudações, que demonstraram grau de cultura e civilização, vão desaparecendo, e a preocupação apenas consigo leva ao atropelamento dos outros pelos caminhos, sem a mínima preocupação de solicitar-se escusas. Os demais parecem antipáticos e se evitam novos relacionamentos, bastando-se com os jogos, os desafios e diversos recursos do iPhone.

O ser humano tem necessidade de convivência com a natureza, a flora, a fauna, os ideais de engrandecimento e a presença de outros de sua espécie. Com esse estranho comportamento, muito fácil se instalam transtornos de conduta, distúrbios emocionais e distância da beleza, da arte, da vida religiosa, do bem-estar. Surgem, então, a depressão e outras patologias afligentes.

Pessoa alguma existe que seja tão plena que não necessite de outra para relacionar-se, conviver, discutir e até mesmo discordar. O estar vivo é movimentar-se, lutar, construindo melhores situações para si próprio, para a Humanidade. Muitas pessoas vivem angustiadas pelo tempo vazio de que dispõem e passam horas queixando-se do nada fazer, de sua vida não ter sentido.
Entretanto, leituras edificantes aguardam mentes interessadas, trabalho fraternal em favor do próximo abre-se convidativo para quantos desejam honestamente ser felizes.

Os solitários vagueiam inditosos ou enchem as casas de repouso, tornando-se espectros tristes da sociedade que deles se esqueceu. Bem provável que foram eles que se olvidaram do grupo social quando eram jovens e podiam produzir fraternidade bem como edificar mundo melhor.

Mesmo neste momento de desamor e egoísmo pode-se reverter a situação, passando-se a ser solidário e iniciar novas experiências sempre enriquecedoras.

Multiplicam-se organizações de ajuda à natureza assim como à Humanidade, aguardando cooperadores. Seja você aquele que tem a coragem de voltar à gentileza e reumanizar-se, pois que ainda é tempo.










Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 16.5.2019.


segunda-feira, 30 de abril de 2018

O Casamento


O Casamento

O que é o casamento sob o enfoque espiritual? Não se pretende fazer análise sobre o aspecto religioso de nenhuma denominação e tão pouco sob o aspecto legal, mas somente sob o aspecto espiritual e suas consequências. 

Não será possível que alguém surja no Mundo sem a participação de um pai e uma mãe, portanto, uma união inevitável para a perpetuação da espécie e a oportunidade que se dá ao ser pensante, que é o Espírito, que se encontra no campo extrassensorial, o que corresponde estar sem um corpo físico.

Esse indivíduo que está na vida espiritual tem necessidades evolutivas de retornar a viver, por um certo tempo, nas lides materiais, para isto depende de se envolver com um equipamento carnal, que lhe permita a manifestação entre os que estão reencarnados, ou seja, na sociedade humana como se conhece.

As necessidades do Espírito são os avanços intelectuais e morais, mas para essa tarefa precisa do relacionamento social para a consecução de empreendimentos planejados antes de seu nascimento, que visam adquirir novos conhecimentos e o desenvolvimento moral, no entanto, experimentando os seus efeitos e consequências, sedimentando na alma os valores que interessam ao ser em evolução. 

Outro ponto, são os comprometimentos de existências anteriores que lhe pesam na consciência, porque quando na vida espiritual, livre da influência do corpo material, a percepção é mais ampla, tanto quanto o sofrimento é maior, quando se analisa as suas atitudes danosas e suas consequências em relação a si mesmo e a outros Espíritos que sofrem em virtude das suas iniciativas de outras épocas. 

O apaziguamento da consciência somente acontece com o arrependimento e a solução dos problemas encetados, seja na mesma vida ou aguardará oportunidade em outra, que poderá demorar, mas o sofrimento não dará trégua. 

Em conta disso, grande parte dos casamentos são de resgate de consciências aviltadas, recebendo em seus braços os renascentes, em que a união proporcionou-lhes o corpo físico para a sua manifestação em nova existência. Trata-se de oportunidade para os indivíduos que ressurgem na vida física e para os pais saudarem suas dívidas, entre si e com terceiros. Pendências  que agora no corpo não se lembram, mas delas se libertarão, e no regresso à vida espiritual saberão das causas e  dos fatos que com os esforços da vida presente superaram ou não. 

A união de um homem e uma mulher para o compromisso conjugal,  em primeiro lugar precisa estar embasada pelos sentimentos, sendo isto a interação espiritual dos cônjuges, que proporcionará o surgimento da prole, compreendendo-se que os seus elementos genéticos fundidos constituem-se na origem do corpo físico no qual se vinculará um ser espiritual, que ao nascer precisará de cuidados especiais para a sua constituição material, tanto quanto para o hospede espiritual que se manifesta em nova existência. 

Se, pelas hostes religiosas e civis o casamento está eivado de responsabilidades, consorciar-se com o conhecimento da existência de compromissos de vidas passadas e os desdobramentos após a vida presente, torna essa decisão de maior vulto, fazendo dos consortes cocriadores com Deus, não só de um corpo físico, mas na condução educacional do ser que recebeu como filho e que em tudo que ajudar corrigir, quando de manifestação negativa, e incentivar quando nos aprendizados positivos, proporcionando ao Espírito paz e felicidade, dará aos pais a alegria do dever cumprido, merecedores do reconhecimento Divino.

As vitórias da vida conjugal na Terra são conquistas para sempre, porque todos os envolvidos carregarão os resultados na alma, servindo de lastro para outras vivências, assim sucessivamente sem fim. 

                                                                  Dorival da Silva

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Fake News?!


Fake News?!

O homem desenvolveu a capacidade de pensar, de falar, de comunicar, porque esses pendores eram de sua origem, que estavam latentes na alma. O homem não surgir num átimo, porque é um ser espiritual que veio de um estado simples e de total ignorância. Nem seu corpo surgiu ao acaso, foi elaboração de tempo sem conta.

O desenvolvimento da inteligência e do sentimento sempre necessitou da existência de um organismo material adequado a cada fase, pois a inteligência e o sentimento não são materiais, mas precisam dos estímulos das vivências em repetições de longo tempo no campo material para que se estabeleçam, consubstanciando na alma os valores do indivíduo, que se perpetuam servindo de lastro para outras infindáveis aquisições, sendo que seus resultados também se ajuntarão num vórtice permanente e em velocidade que se amplia.

O objetivo é a perfeição. A origem do homem está na obra do Criador de Todas as coisas do Universo, que são perfeitas, portanto, o homem na sua origem é perfeito, porque o Criador deseja que a criatura espiritual conquiste a sua perfeição pelos méritos próprios a partir de uma base perfeita, embora simples e ignorante. Em conta disso, toda ação consciente ou inconsciente tem consequência. O indivíduo sofrerá os estímulos que serão agradáveis ou não, e terá que mediá-los porque são o resultado de suas ações.

O ser espiritual em todo o Universo utiliza o livre-arbítrio, com isto poderá fazer o que quiser, embora não deva, mas como saber se não experimentar? É pergunta óbvia. Existem no homem duas ferramentas que são atributos determinantes, a inteligência e a consciência. Numa fase preliminar prevalece a experimentação, quando se adquire o suficiente para discernir, a exigência evolutiva impõe o uso dos valores adquiridos.

Os tempos se sucederam, o ser espiritual superou as fases basilares de sua própria construção, tornou-se capaz do discernimento, pode exercer com mais propriedade a liberdade que corresponderá a sua responsabilidade. Chegou-se ao século XXI da Era Cristã. As comunicações se tornaram instantâneas com as tecnologias atuais, resultado das experiências dos tempos incontáveis desde os rudimentos das manifestações inteligentes da Humanidade da Terra. Foram os grunhidos, os gritos, a fala, os instrumentos simples de madeira ou pedra, sofisticações possíveis com o uso de chifres e outros cônicos para ampliar o poder da comunicação. A mensagem era levada de viva voz, depois a escrita, surge o telégrafo, o telefone, o fac-símile, e mais recentemente a rede de computadores, disseminando as redes sociais ao alcance de todos os homens, indistintamente.

A procriação gera corpos, a alimentação mantém a organização fisiológica, a comunicação alimenta a alma. Ela tem relevância, porque não se faz maquinalmente como na troca de energias para a produção de corpos ou a alimentação para a energização do organismo. Assim, a comunicação exige intenção, planejamento e meios para alcançar os objetivos.  Já não é a busca de algo, por acertos e erros, trata-se de aplicação superior da inteligência e da tecnologia. Com isso, responsabilidade se torna enorme diante da própria consciência e da Consciência Cósmica.

Encetar mensagem facciosa, por si só, é erro grave, visando tirar vantagem, ludibriando consciências, enganando a massa que não sabe discernir, engendrando piora para o sistema de vida, em virtude da intenção de indivíduos em objetivar o ganho de poder econômico e político é gravíssimo, pois compromete milhões de almas. Almas são vidas permanentes e em constante evolução, que sofrem e ressentem as experiências que viveram por sua própria escolha, e as que lhes foram impostas.

A mentira não cessa com o eco de sua emissão, ela ressoa indeterminadamente com as suas consequências. Os responsáveis por essas iniciativas mentirosas, que percorrem instantaneamente no meio social, gerando resultados imediatos, demandarão tempo indeterminado para solução das consequências danosas provocadas.

Ninguém tem o direito de fazer da mentira uma profissão, a nenhum pretexto, é antiético, totalmente contrário aos objetivos da vida. A harmonia geral é meta a se alcançar, o que coaduna com a harmonia Divina.

Todos estamos inseridos nesse caldo social, cada indivíduo é autoridade de si mesmo, com poder de analisar, julgar e decidir. Isso exige trabalho, observação, meditação e escolha, assim, a mentira causa seus efeitos naqueles que a acolhe. No entanto, as consequências podem respingar em toda a sociedade, quando se trata de ações majoritárias de governos ou grandes organizações.

Antes de emitir opinião, repassar informação e acolher posicionamento de quem quer que seja, é melhor fazer detida reflexão, acercar-se da veracidade dos fatos para não haver comprometimento de consciência, que trará desassossego por tempo indeterminado.

Toda comunicação carrega os seus efeitos e a responsabilidade corresponde as consequências.

                                                                         Dorival da Silva

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Ressuscitará

Ressuscitará

“Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.” - (João, 11:23.)

Há muitos séculos, as escolas religiosas do Cristianismo revestiram o fenômeno da morte de paisagens deprimentes.

Padres que assumem atitudes hieráticas, ministros que comentam as flagelações do inferno, catafalcos negros e panos de luto.

Que poderia criar tudo isso senão o pavor instintivo e o constrangimento obrigatório?

Ninguém nega o sofrimento da separação, espírito algum se furtará ao plantio da saudade no jardim interior. O próprio Cristo emocionou-se junto ao sepulcro de Lázaro. Entretanto, a comoção do Celeste Amigo edificava-se na esperança, acordando a fé viva nos companheiros que o ouviam. A promessa dEle, ao carinho fraternal de Marta, é bastante significativa.

“Teu irmão há de ressuscitar” - asseverou o Mestre.

Daí a instantes, Lázaro era restituído à experiência terrestre, surpreendendo os observadores do inesperado acontecimento.

Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.

O espírito mais ensombrado no sepulcro do mal e o coração mais duro são arrancados das trevas psíquicas para a luz da vida eterna.

O Senhor não se sensibilizou tão-somente por Lázaro. Amigo Divino, a sua mão carinhosa se estende a nós todos.

Reponhamos a morte em seu lugar de processo renovador e enchei-vos de confiança no futuro, multiplicando as sementeiras de afeições e serviços santificantes.

Quando perderdes temporariamente a companhia direta de um ente amado, recordai as palavras do Cristo; aquela reduzida família de Betânia é a miniatura da imensa família da Humanidade.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 151, em 1951.

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Reflexão: Jesus trouxe para a Humanidade, de forma atemporal, mensagem de esperança e renovação.  Seus ensinamentos não envelhecem e quanto mais se lhe compreende mais brilhante a Boa Nova se torna.

O Espírito Emmanuel, generosamente comenta o versículo registrado por João, 11:23 – “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.”, na parte que destacamos: “Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.”, traz-nos o Senhor fato modificador de entendimento para quem deseja analisar com seriedade.

Seria morrer de fato se não houvesse a possibilidade de ressurgir, mas Jesus coloca para o mundo o reaparecimento de Lázaro, grandioso que transpôs os séculos, no entanto, somente agora, se consegue entender que o retorno do irmão de Marta era correspondente ao ressurgir de todos nós de nosso estado de morte espiritual transitório.

Sempre que colocamos todas as nossas forças para a conquista de bens materiais, poder, evidência social, esquecidos que estamos apenas vivendo uma experiência, com término em momento imprevisto, estamos mortos espiritualmente. É preciso ressuscitar, retornar ao compromisso que assumimos com a nossa consciência antes de reentrarmos no novo corpo físico, este que estamos agora utilizando (isto é a reencarnação).

Ressuscitar é tornar a condição anterior à ilusão de um período que deliberamos viver pela ganância, vaidade, orgulho, egoísmo...

Ressuscitar é, também, retornar à condição anterior do estado de depressão, pânico e tantos outros problemas psicológicos e psiquiátricos.

Ressurgir é voltar ao estado de normalidade espiritual, conquanto poderemos receber ajuda medicamentosa, profissional, amorosa, até que fiquemos novamente em pé, mas será a nossa vontade que nos fará andar, superando com clareza e coragem as nossas inferioridades naturais de quem está no caminho evolutivo. Embrenhar-se novamente nas ilusões e fantasias é morrer outra vez espiritualmente, embora fisicamente possa-se parecer normal.

Jesus nos trouxe a mensagem essencial, os Benfeitores Espirituais aclararam o entendimento, e cabe a cada um de nós o próprio salvamento das mazelas que cultivamos, utilizando-se das claridades que o Mundo Espiritual esparge sobre os homens. Onde estaria o mérito do aprendiz. Como chegaríamos a ser mestres se ainda não aprendemos a ser alunos?


                                               Dorival da Silva

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Quem são os presos de cadeias?




Quem são os presos de cadeias?


Todos se originaram de um pai e uma mãe. Foram, desejados ou não, foi construção do amor ou da inconsequência. Foram embriões, fetos, nascituros, criancinhas, crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens...

Tiveram mães ou precariedade de mães, madrastas, avós ou “avódrastas”.  Muitos, filhos da rua. Alguns, de famílias abastadas, mas abandonados dentro de casa.  Outros, em abrigos... Poucos pais constam dos documentos de registros das crianças, àquelas que estão à margem da sociedade considerada regular.  Há covardia e irresponsabilidade enormes, em conta o estado educacional reinante. Não há respeito em relação aos outros, mesmo sendo seus filhos; não há comprometimento com a vida, mesmo sendo suas vidas; não tendo responsabilidade com a sociedade, ignoram que são peças integrantes dela, inconscientes de que dependendo de suas qualidades é a qualidade do ambiente em que se vive.

Em quantidade significativa, por falta de opção educacional, cultural, esportiva e de trabalho, foram capturados para o tráfico, para o comércio ilícito, o roubo, tornando-se criminosos inveterados.

De quem é a culpa? Pode-se dizer com certeza que a culpa é de toda a sociedade. Somente poder-se-ia dizer isenta se o número de criminosos fosse diminuto e as organizações oficiais ou não tivessem realizado a sua parte de forma que os indivíduos renitentes tivessem rejeitado todas as possibilidades para se tornarem homens de bem. O que não ocorre, existindo verdadeiro despautério na condução daquilo que é público, destruindo a cultura de educar homens ilibados, porque estariam numa sociedade lídima no transcorrer dos tempos.

Considerando o que acima se expõe, anotamos abaixo a sabedoria de Allan Kardec, quando faz esclarecimento complementar à questão 685 de O Livro dos Espíritos, publicado em 18.04.1857:

“Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos”.

As sementes da árvore-da-vida abundante para todos são existentes de todos os tempos.   Jesus, apresentou as regras do bem viver, o respeito ao próximo, o amor para com todos.  Clarificou para o Mundo a continuidade da vida após esta vida, tanto que ele retornou após a sua morte física, para comprovar essa verdade. Falou das verdades vindas de Deus através da oração, da fé, além de tudo o que demonstrou enquanto caminhava entre os homens de carne, apresentou, para que não ficassem dúvidas, as manifestações de pentecostes.  Luzes que se faziam à luz meridiana, homens e mulheres que falavam nas mais variadas línguas e dialetos, para que as pessoas vindas de todas as partes pudessem bem entender a mensagem que fluía da espiritualidade, trazendo a esperança e revelações sobre a vida nos planos espirituais.

O homem moderno, com a inteligência desenvolvida para as ciências e as tecnologias, deixou distanciar em atraso, o que já vai distante, a questão moral.  O orientador espiritual “Emmanuel”, mentor do médium Francisco Cândido Xavier, aponta em 1950, na obra Pão Nosso, capítulo 36, o ensinamento clarificador para quem presta atenção à vida: As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria”.

Tudo pede esforços para se iniciar, para vivenciar e superar. Não há viagem no mundo da experiência no campo da vida física que não pedirá esforços de superação diante dos desafios que surgirão. Virtude existe quando temos que nos contrariar, existindo circunstância que nos proporciona locupletar de vantagens e vantagens aos arrepios da lei, ainda mesmo, quando tudo parece impossível de descoberto. O juiz maior é a consciência. Impossível de descoberto para os outros, que em tese não têm nada com o fato, mas o que age à sobra das normas ordenadoras da vida social, sabe e não esquece.

As consequências são sempre danosas à vida, advém os reflexos do mal, pois toda intenção negativa gera para o infrator responsabilidade correspondente.

Quem são os presos de cadeias?  Todos que praticam o mal e não se redimem. Existem as prisões de grades e paredes materiais, como as psicológicas e as espirituais, sempre será necessário corrigir os efeitos dos desatinos, das insinceridades, dos desrespeitos à vida, à organização social.

                                                    Dorival da Silva

Falatórios

Falatórios

“Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.” - Paulo. (II Timóteo, 2:16).
Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.

A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os focos essenciais.

Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao álcool e à sífilis?

Ninguém lhes contesta a influência destruidora. Arruínam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.

Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.

Raros meditam nisto.

Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?

Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório.

A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.

Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos?

Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de felicidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos desvarios da conversação?

Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.

Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.

Cada frase do discípulo do Evangelho deve ter lugar digno e adequado.

Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 73, 1951.
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Reflexão: Através do falar, escrever e outras formas de expressão o indivíduo faz transparecer o que lhe vai na alma. É educado ou não, é agressivo ou afável, respeita o argumento de outrem, mesmo que contrário ao seu ponto de vista?

Vive-se nestas últimas décadas um fenômeno, conquanto a tecnologia que leva e traz notícias de todas as partes, a ausência do diálogo produtivo, com argumentação embasada em conhecimentos sólidos, estruturados pela análise dos fatos e contextos, com raras exceções. 

Usa-se as redes sociais, que têm potencial extraordinário de comunicação, para bagatelas, com exposição pessoal, revelações inoportunas, às vezes surge mensagem de profundo conceito moral, no entanto, mescladas dentre muitas inadequadas, objeto de leitura corrida e sem reflexão sobre o seu conteúdo, ou desprezada em contra o tamanho do escrito.

      Emmanuel expressa no texto acima: “Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.”  Não é o que se verifica, o linguajar torna-se cada vez menos nobre, o hábito da leitura não é cultivado de forma abrangente, os diálogos são inconsistentes, não saem do trivial.

        No final da mensagem o Espírito Amigo registra: “Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.” Toda fala carrega uma carga de energia com a qualidade de quem se expressa. O pensamento vem antes da fala e emite carga com o teor da sua origem, que poderá ser harmonizadora ou desarmonizadora, geralmente são desarrazoadas, gerando os desequilíbrios correspondentes para quem expressa e para quem recebe o seu influxo.

      No corpo do texto, o Amigo Espiritual, aponta: “Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório. A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.”  São os valores nobres que enriquecem a alma, e é a riqueza da alma que proporcionará a paz e a felicidade após o fim da presente existência. Fato que ninguém poderá ignorar que se dará, que a vida neste plano é finita.

Sempre haverá o depois, seja após qualquer manifestação nas horas e nos dias que se correm, tal  como depois desta vida. Cada indivíduo encontrará consigo mesmo, no estágio em que se colocou.

      Vale a pena a preparação permanente para a vida, não somente para esta que se percebe, mas bem elaborada garantirá naquela que não termina um estágio mais favorável.

      Quem deseja uma vida de paz e felicidades em qualquer tempo que se eduque nas menores como na mais expressiva manifestação do pensamento.
                                                
                                                        Dorival da Silva.