O homem
vive dois tempos ao mesmo tempo no transcurso pelo
mundo objetivo. Ao mesmo tempo em que vive a vida orgânica,
realizando objetivamente, vivencia a vida espiritual em todos os minutos, sem
que tenha percebido, cumulando valores, que serão base para a continuidade
evolutiva da alma. Não existe exceção, todos os indivíduos vivem os dois
planos ao mesmo tempo.
Existem
os que estão na criminalidade, outros nos caminhos da educação, outros no
atendimento social, outros cuidando da saúde pública, assim há diversidade em
todos os segmentos da organização humana. Cada indivíduo, conquanto o
tempo cronológico seja igual para todos, vive tempo exclusivamente seu. Não se
considera nesta condição somente o nível intelectual e cultural, mas o estágio
moral, conquistado pelo pelos esforços de superação das dificuldades
particulares, acrescido da caridade real.
O
potencial para a espiritualização do ser é existente em todos indistintamente,
embora embotado para a percepção do portador, mas muito fronteiriço ao estado
de consciência, é força que não se apresenta porque o foco da atenção está
direcionado para atender aos interesses mais imediatos, geralmente calcados na
vaidade e no orgulho exacerbados.
O indivíduo quer se colocar
exteriormente em vantagens, estar em evidência para percepção de outrem, quer
ser reconhecido pelos seus feitos materiais – apesar de que nesse estágio
também proporciona progresso, muito embora esse não seja permanente e se
extingue com suas finalidades.
Isto
ocorre, dessa maneira, em vista persistir no direcionamento para os interesses
objetivos; no entanto, diante de fato irremediável, como a ausência da saúde,
ou a morte de ente querido, ou derrocada econômica; mesmo que se demore na
revolta, contra tudo e todos, não deixará de verticalizar o seu interesse,
buscando arregimentar recursos que não são materiais, pois que a necessidade
que agora é emocional, é interior, não tem visibilidade e sim a busca de
calmante para dores da alma, que não se amenizam com os meios e conquistas
materiais.
Por isso, vive-se tempos auspiciosos quanto ao despertamento espiritual, mesmo
considerado, aos olhos da maioria, momentos trágicos, diante de tantos
conflitos, entre pessoas e consigo mesmo, entre grupos pelos seus interesses
imediatos, ou de povos...; as dores e as consequências penosas nesses embates,
mesmo que demorados, desaguarão na busca da espiritualização; que é uma
fatalidade, pela origem, que todos têm que é a origem Divina.
Compreendam-se isto ou não, a meta do Espírito é retornar ao Criador, de
onde saiu simples e ignorante, pleno de conhecimento e entendimento, conquista
das vivências nos tempos de cada indivíduo. É com essa visão que se
encontram os vários estágios evolutivos no mesmo grupamento social, com
realizações das mais diversas, e estágios inúmeros de condições materiais, intelectuais
e morais.
Há as
convulsões sociais das mais variadas modalidades, enumeram-se as mortes por
motivos banais, por vinganças, motivos passionais, autodestruição para
destruir..., são os tempos, individuais ou coletivos, sofrem-se as
consequências, expiam-se com as sequelas morais e provam-se em novas
possibilidades se as lições tiradas dessas vivências estão consolidadas e se
podem ir mais adiante, nas questões evolutivas. São os tempos de cada um e
coletivos com suas derrotas e vitórias.
Quanto
mais se busca a espiritualização voluntariamente mais se distância das
dificuldades inerentes à materialidade, apesar de se carregar ainda um mescla
claro-escuro nesse tempo de transitoriedade, sendo que a vivência da essência
espiritual bem compreendida leva à amenização do que está escuro com a
ampliação do que é claro, que nada mais é que a prática do bem que aprimora o
ser – como: “a caridade cobre
uma multidão de pecados” (1)
– é a iluminação espiritual daquele que luta para se burilar, tornando-se melhor,
capaz de arregimentar recursos espirituais para alçar-se à faixa vibratória
mais depurada, onde impera a felicidade real, àquela mesma citada por Jesus
Cristo (2), que não é a deste Mundo.
Os tempos
atuais são auspiciosos, cada um sofre o seu cadinho,
mesmo parecendo um verdadeiro caos, nada mais é que processo de oportunidade
aos Espíritos em desenvolvimento de suas potencialidades, exercendo o
livre-arbítrio, construindo novos caminhos e desconstruindo outros que as
experiências mostraram não serem os melhores, porque trouxeram dores e
infelicidades, mas mostraram que existem outras possibilidades com resultados
novos e melhores.
Dorival da silva
(1)
– I Pedro, 4-8) –
(também traduzida por: “o amor cobre uma multidão de pecados).
(2)
– João, 14-27.