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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Desalentados na fé

                                                                Desalentados na fé 

Embora haja uma infinidade de templos religiosos e de inúmeras denominações, grande parte dessa população religiosa se encontra desalentada na fé.  Enchem-se os templos, realizam suas devoções, seus ritos, fazem suas rezas e atendem aos deveres propostos pelo credo escolhido; no entanto, os indivíduos se sentem vazios de fé.  

As tradições religiosas, ao longo dos milênios, sempre tiveram, em suas denominações, um líder a quem se atribuí a representação de Deus para os seus crentes. Isso é, puramente, uma questão de tradição -- uma autodenominação de guia da Divindade ou, ainda, uma atribuição dada por alguém que se julga investido de tal poder.  

Devemos respeitar as tradições religiosas e suas concepções, pois elas serviram, de algum modo, para a construção da organização social que conhecemos. No entanto, o mundo se encontra em um novo momento, nos pródromos de uma nova era, na qual os indivíduos precisam assumir sua responsabilidade espiritual. Faz-se necessário abandonar o comodismo e ser autônomo diante da vida espiritual, que não se findará, mas lhe atribuirá aquilo que for de seus méritos. Não é plausível ser guiado por alguém tão falível como si mesmo -- quando não em condições morais inferiores. “Cego guiando cegos, assim há a possibilidade de que todos caiam em um precipício.”  

Não é impeditivo que existam as agremiações religiosas, mas que os seus confitentes devem carregar suas próprias luzes e não depender de ninguém, embora tais entidades possam ter coordenadores e organizadores de trabalhos, de forma que todos caminhem juntos, sem atribuir a esse ou àquele a obrigação de ser intermediador entre os seus membros e a Divindade.  

Cada indivíduo é um mundo próprio que pode e deve fazer a conexão com Deus pessoalmente. Ele, o Senhor, é o criador de todos nós, portanto, Pai.  

Como o filho pródigo, que, após percorrer grande distância e durante um tempo demasiadamente longo, desperta quando suas forças morais se esgotam e ele recorda da casa de seu pai, onde até mesmo os servidores mais simples tinham suas necessidades atendidas, enquanto ele estava faminto de tudo¹. 

O filho pródigo despertou da subjugação do seu próprio egoísmo e dos iludidos gozos esperados da vida materializada. Não precisou de nenhum intermediário; foi um retorno decido por si mesmo. Isso é uma tomada de consciência e a assunção da responsabilidade sobre sua própria vida espiritual.  

Jesus, na parábola do filho pródigo, utiliza elementos comuns das vivências cotidianas daquela época para retratar, para as gerações futuras, as experiências espirituais daqueles que despertam para a vida espiritual e assumem as rédeas de suas vidas, indo voluntariamente para Deus.  

Esse momento de desalento espiritual vivido por grande parte das pessoas no mundo é semelhante ao momento crucial vivido pelo filho pródigo da mensagem de Jesus. Trata-se de um vazio íntimo, na alma, que não se preenche com o que o mundo oferece sob nenhum aspecto. É uma sede, uma ânsia cujo objeto é desconhecido. Certamente, essa sede e essa ânsia são causadas pelo distanciamento de Deus.  

A hora do despertamento chegará, pois as necessidades emocionais sadias se tornarão uma força irresistível, rompendo as barreiras das próprias resistências criadas pelas mesmices da fé do homem velho. Uma das razões das dores existentes, que provocam problemas emocionais de várias etiologias, são as depressões, os transtornos de pânico, as obsessões, os vícios, outras doenças incuráveis e as muitas formas de loucura -- algumas destas, inclusive, aplaudidas por aqueles inconscientes de suas responsabilidades, em vista dos gozos ilusórios que proporcionam.  

Os desalentados na fé, embora se traduza em sofrimentos generalizados, é o prenúncio que mudanças espirituais significativas estão próximas para uma massa de indivíduos acomodados e que demoram a compreender que eles são os únicos responsáveis por si mesmos diante de Deus. Portanto, ligar-se a Deus é pensar Nele. Respeitar a Deus, é viver dignamente e tornar-se melhor a cada momento de sua existência. 

¹. Lucas, 15:11-32 

                                         Dorival da Silva 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  


quinta-feira, 18 de julho de 2024

E se fosse com você?

                                             E se fosse com você? 

    Publico novamente a página abaixo, considerando os embates nos diversos meios de comunicação, inclusive entre os congressistas que criam as leis normativas sobre os conflitos de nossa época.  Embora o tema venha sendo tratado como algo banal, há um arrefecimento moral conveniente ou proposital do comportamento social desses tempos. No entanto, a situação na visão espiritual é gravíssima, sendo de grande comprometimento moral voluntário dos partidários dessa licença legal, com total desconsideração pelo Criador de todas as coisas e por aqueles que têm a oportunidade evolutiva impedida com a nova reencarnação.  

    Com essas considerações, vale a indagação: E se fosse com você?  Devemos refletir que, caso o aborto se torne prática comum, sem nenhuma preocupação moral, qualquer um de nós poderá ser vítima, assim vitimizando a própria humanidade.   

    Desejo que façam uma leitura reflexiva do texto, pois se trata da manutenção da própria vida humana no nosso Planeta.  

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Aborto (III) 

        Considerando a atualidade, precisamos ter ciência de que é imprescindível nascermos de novo. Sem a existência do pai e da mãe não há como produzir corpos humanos. A equipagem reprodutiva feminina, que custodia a formação orgânica do ser humano até o nascimento e dispõe do recurso de aleitamento e os cuidados que garantem o início da jornada corporal, é intransferível por natureza e um contributo irrecusável à Vida. 

        A formação de um corpo no útero feminino, constituindo-se em um ser humano, funciona como um caminho de passagem, onde um ser espiritual integrará a população com a indumentária que aí se construirá pela sua influência, na qualidade de modelador da massa carnal, que, nesse ambiente, é formada pelas células sexuais que se fundiram.   

É necessário considerar que, antes do corpo, existe um ser espiritual que irá modelar tal estrutura em gestação, com os fatores que atenderão ao seu planejamento, apesar das características genéticas herdadas dos pais.  Assim, o corpo em formação não pertence à mãe, mas sim ao Espírito em retorno à vida carnal.  A mulher oferece o seu tributo à Vida, na condição de coautora com a Providência Divina, dando oportunidade transformadora ao estado daquele que nascerá para o mundo, tirando proveito evolutivo das experiências que se darão no transcorrer da existência. 

        Na Lei Natural, sendo os Homens (a Humanidade) Criaturas, e sabendo que os atributos de Deus são a perfeição, o amor e a justiça, todas as circunstâncias para se nascer estão sob a mais justa condição. 

        A lei civil de nenhuma Nação pode derrogar a Lei Divina, sob nenhum aspecto; pode, no entanto, infringir a Lei Natural, o que cedo ou tarde apresentará consequências para os responsáveis e a coletividade que enganosamente se “beneficiou” desse arranjo aos seus interesses imediatistas. 

        Campanhas ideológicas para a interrupção da gravidez em qualquer fase da vida do nascituro, ou da vida cronológica da mãe, não encontram justificativa diante da consciência. Há, no entanto, uma situação em que se admite a realização do aborto, quando verdadeiramente as conclusões médicas atestam que a mãe tem risco de morte, em virtude da gestação, sendo preferível que a mãe continue a sua jornada. “Preferível é sacrificar-se o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe. ¹” 

        A reencarnação é o caminho evolutivo mais eficaz para o aprendizado e a solução de problemas estabelecidos pelo Espírito em outra vida.  O aborto é um obstáculo promovido pelo egoísmo, pelo desrespeito a si mesmo e pela desconsideração com a Divindade. Todos somos Espíritos e dependemos de renascer para continuar o caminho do progresso. 

“Jesus respondeu (à Nicodemos): Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo²”. 
 
        O aborto é um impedimento ao retorno de nossos amores, que vêm do mundo espiritual, e, possivelmente, de alguns desafetos. Estes estariam juntos de nós para aprender a amar. Por nossa vez, aprenderíamos a amá-los.  Impedir que o espírito renasça é criar dificuldade para o nosso retorno, quando estivermos na espiritualidade necessitados da reencarnação. O progresso espiritual é obra da solidariedade entre as criaturas. Hoje somos pais; ocorrendo a morte deste corpo, poderemos renascer como netos, bisnetos, tetranetos, ou em outra geração. Mas, se barrarmos essa possibilidade, não haverá porta para o retorno entre os que amamos.  Assim, renasceremos entre estranhos que nenhum afeto guardam por nós e nos abandonarão em qualquer lugar, deixando-nos na dependência da boa vontade de outros estranhos que, possivelmente, nos criarão, ou seremos cuidados em algum estabelecimento de apoio à criança desamparada. 

        O marido, o companheiro, o parceiro assume responsabilidade severa diante da consciência se incentivar ou for indiferente ao aborto do feto que se encontra em desenvolvimento no ventre da esposa, da companheira, da parceira, em qualquer estágio.  O pai assume compromisso idêntico ao da mãe para salvaguardar a vida do filho concebido. Não importa o estado civil, não adianta alegar que o ato sexual se deu em encontro fortuito ou casual, porque no campo da vida não cabe a inconsequência e o descomprometimento. Sempre se precisará fazer o ajuste com a consciência; os fatos não se apagam.  

                Ninguém que, por opinião, sugestão, procedimento e facilitação ao aborto, fique sem responsabilidade diante da Consciência Cósmica.  Tudo é registrado na Alma, segundo a interferência e intenção no caso. Assume as consequências do que disso resultar. Terá que se ressarcir à própria consciência, que não se calará. 

Caso a consciência esteja adormecida ou insensível, não tardará a despertar, mesmo que após o término da vida deste corpo, quando o espírito estiver no campo espiritual, onde não há engano nem subterfúgios a título de ilusórias justificativas.  

        Vê-se na imprensa instantânea deste tempo moderno notícias de legisladores que propõem a legalização do aborto, governos que permitem e outros que impedem, embora a decisão de manutenção da gravidez ou sua interrupção seja por conta da mulher, ou desta e seu cônjuge. Cientes, porém, de que nada fica encoberto aos olhos de Deus. 

        Uma das razões de estarmos no mundo é aproveitarmos a oportunidade evolutiva de existirmos num corpo. A outra, tão importante quanto esta, é oportunizar o nascimento de outros espíritos para as experiências adequadas às suas condições e necessidades espirituais. Futuramente, através de seus corpos ou de seus descendentes, nos proporcionarão o retorno em nova existência terrena para a caminhada evolutiva imprescindível. 

        Todos os espíritos no estágio evolutivo em que nos encontramos na Terra necessariamente terão que reencarnar vezes sem conta até que adquiram elevação espiritual que os desobrigue de retornar à vida material. Assim, todos precisam respeitar a Lei de Progresso, lei inderrogável, pois, é Divina, portanto, imutável.  

        Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.³ 

        Preferência à Vida, sempre!  Aborto nunca! 

                                    Dorival da Silva 

          

1.     O Livro dos Espíritos, questão 359 

2.    João 3:5-7 

3.    Dólmen de Allan Kardec, livro “Allan Kardec” vol. III, cap. 3, item 2. “A desencarnação” – Zêus Wantueil e Francisco Thiesen 

  Outras páginas que tratam desse tema publicadas neste “blog”: