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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Leis…

                                                                              Leis… 


Neste texto abordaremos as leis, não o faremos como uma questão técnica de Direito, não é a finalidade, mas num pensamento livre, numa lógica natural, longe do apego à legislação de qualquer viés, apenas a liberdade de pensar.  

A Natureza tem suas leis, nada além destas seria necessário para conduzir a vida, não fosse o surgimento de um elemento chamado homem. Um ser do reino animal em estágio hominal, significando um animal com capacidade de pensamento contínuo e consciência de si mesmo. Por isso sobrepõe os demais reinos. Suas ações são intencionais, premeditadas, visam um resultado, têm consequências positivas ou não, para si mesmo ou para o seu grupo, podendo representar vantagem ou desvantagem para um ou outros demais grupos da organização social.  

Os atributos do ser humano incluem o livre-arbítrio, o direito de experimentar, de conhecer os resultados de suas ações, se é bom ou não, e suportar as consequências de suas atitudes. Foi através dos acertos e erros que se descobriu o que era útil para a vida, avançou-se e houve a necessidade de disciplinar as experiências, catalogar os passos e os resultados, iniciando-se a Ciência, metodizando os fatos.  

No entanto, existem fatores comportamentais que, em um estágio da existência, foram essenciais para a sua manutenção, como o instinto de conservação, a força bruta, a capacidade de adaptação ao meio ambiente…  No contar dos séculos, a inteligência humana se desenvolveu, a Ciência subdividiu-se em especialidades, a tecnologia trouxe comodidade às suas ações, nos diversos setores da vida.  

E as Leis?...   

As leis naturais estavam latentes no homem quando ele surgiu. Elas foram evidenciando-se conforme as ações empreendidas, sentindo-se seus efeitos, com as repetições foram sendo conhecidas.  

Com o crescimento da inteligência, que precede o desenvolvimento moral -- este último seria o freio equilibrador das ações do homem --; descobriu-se que o poder governa, manda, exige, acumula e cria um estado de “respeito-temor” sobre aqueles de menor poder, gerando ilusória sensação de segurança, seja individual, ou coletiva.  

O que era instinto de conservação tornou-se egoísta, centralizador, pessoal ou social, somando-se ao orgulho do poder, duas forças ilusórias que se unem; que perduram enquanto o combustível da ilusão suportar.    

A lei que rege toda a vida não está escrita nem em pedra, nem em papel, pois está inerente ao próprio ser, é a lei natural, a Lei de Deus, inscrita na consciência. No entanto, ela está latente, é preciso que a consciência se faça lúcida, crescida, esteja forrada na inteligência e na moral avançadas, coroadas de virtudes, conquistas de grandes lutas interiores.  

Para apoiar o estado evolutivo incipiente do ser humano,  no transcorrer dos séculos, houve o auxílio das instâncias espirituais  responsáveis pela humanidade da Terra, com o estabelecimento de normas de conduta e o apontamento de que não se estava só, como as orientações lançadas ao mundo pela voz direta, surgida no ar, posteriormente com registro tátil, como exemplifica o código de Hamurábi, e mais tarde o que marcou com mais expressividade, a recepção por Moisés, do Decálogo, até esses dias, normativo indiscutível.  

Desde os Profetas, que orientavam o povo para a vida presente e antecipavam os acontecimentos que ocorreriam no futuro, mostrando que a existência não era finita e que os seres não eram o corpo, mas sim algo que perduraria no tempo, pois seria sem propósito revelar o futuro para quem não chegaria lá. Não era possível explicar como se chegaria lá, o que posteriormente Jesus começou a esclarecer nessa Ciência no diálogo com Nicodemos, tratando do renascimento. Como hoje entendemos o mecanismo da reencarnação, e a evolução constante da alma humana.  

As leis civis existiram desde as mais rudimentares, as patriarcais, depois pelas de grupos sociais, as de estado, e as nacionais, com as regras modernas ordenadoras da ordem social no mundo.  Todas essas são relativas, sofrem alterações constantes para aperfeiçoamento e se adaptam de acordo com as necessidades do estado evolutivo de cada sociedade; acompanham a evolução dos povos.  

Nos tempos modernos, principalmente após o advento da Doutrina Espírita (1857), o homem está ciente de que é um Espírito, uma individualidade autônoma, que não terá fim; no entanto, transitou desde o estado evolutivo mais insignificante, aperfeiçoa-se todos os dias, caminha pela eternidade e alcançará o estado de perfeição, porque existe uma lei inexorável e atrativa que é a Lei de Progresso, que rege todo o Universo, pois se trata de Lei Divina. 

A Lei de Progresso, embora governe tanto o mundo material e o espiritual, sendo que o primeiro tem suas próprias normas físico-químicas, que são exercidas automaticamente; o segundo, tem a lei imutável inscrita na consciência, e a exerce de acordo com o seu estado evolutivo, pois, tem vontade e é livre para decidir, vive a sua experiência, e assume as suas consequências.  

As Leis Naturais que regem a matéria se cumprem dentro de uma ordem constante, que a multidão incontável de mundos e astros do Universo seguem cortejos em movimentos harmônicos pelo tempo sem fim, sem a ocorrência de fatos acidentais. Sendo que serve ao desenvolvimento da vida em todos os planos, fora disso não haveria razão para existir. Quem criaria tanta grandeza sem finalidade? 

Aquelas que cuidam da vida espiritual são dinâmicas e, em profundidade, fogem da possibilidade de julgamento pelos homens, pois, as facetas motivadoras de quaisquer fatos têm concepções inatingíveis no presente estágio evolutivo. Considerando que a alma humana percorre o caminho do tempo em inúmeras experiências, estas estão compondo o seu patrimônio espiritual, que reflete influência inconsciente sobre si mesmo, exercendo força para a repetição de circunstâncias anteriormente habituadas, que precisam encontrar na vida presente discernimento para conter e neutralizar ou dar vazão, advindo os resultados bons ou depreciativos. A educação moral e a espiritualização do indivíduo são o grande divisor de águas entre os desastres, que causam sofrimentos que transcendem os tempos da própria vida corporal, e o estado de paz e felicidade que se perpetuam.  

Não há mundo, não há vida sem ordem e sem lei. Mundo material e mundo espiritual têm a mesma Fonte, no entanto, aquele serve a este, e existe em razão deste.  

Lei, ordem, disciplina… 

                                                                         

 

                                                                         Dorival da Silva


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Cultiva a paz


Cultiva a paz

“E, se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, ela voltará para vós.” - Jesus. (Lucas, 10:6.)
Em verdade, há muitos desesperados na vida humana. Mas quantos se apegam, voluptuosamente, à própria desesperação? quantos revoltados fogem à luz da paciência? quantos criminosos choram de dor por lhes ser impossível a consumação de novos delitos? quantos tristes escapam, voluntariamente, às bênçãos da esperança?

Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.

Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se fazem dignos dela.

Exigem que a tranquilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconformação e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espiritual.

Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização muito distante.

Em todos os setores da vida, a preparação e o mérito devem anteceder o benefício.

Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina elevada de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. Antes da sublime edificação, poderão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotável da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã sem o propósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem celestial volte ao núcleo de origem como intransferível conquista de cada um.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo 65, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier (1951).

Reflexão: Quem no mundo não deseja a paz. O desejo da paz transita desde o indivíduo, às coletividades e às nações.  Situação que vem desde a antiguidade e os milênios se contam, e o desejo da paz é permanente. Surgiram nos diversos tempos: Profetas, missionários, gurus, reveladores, guerreiros, conquistadores, líderes Políticos, religiosos... Aonde se encontra a paz?

Por ausência de entendimento mais profundo, busca-se a paz no fortalecimento de exército capaz de conter ou destruir o inimigo; procura-se proteção, no afã de encontrar a paz, cercando-se de defesa protetora tida por intransponível para os inimigos e quem se aventar contra o seu interesse.

Esses arranjos tentados há milênios podem temporariamente silenciar os ruídos lá fora, dando uma falsa sensação de paz, sendo que na intimidade das massas há burburinhos abafados, porque na alma de cada indivíduo que compõe a massa há uma usina de força alimentada pelo combustível de medo, de insegurança, de dúvida e o desconhecimento da realidade da vida espiritual, não sabe que a paz que busca ainda é uma intenção que está voltada para o exterior, que espera ou supõe a ação ou reação dos outros. Há dependência crônica de que a solução da aflição, da insegurança e tudo que impede a paz desejada virá de fora, alguém se apresentará com a solução! Uma entidade, um governo? Quem? Se os milênios de tentativas não solucionaram.

O Benfeitor Emmanuel vem recobrar ensinamento de Jesus esclarecendo: Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.” E amplia: Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se fazem dignos dela.”

Num ponto posterior o Mentor exemplifica em que contexto os indivíduos pretendem encontrar a paz: Exigem que a tranquilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconformação e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espiritual.
Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização muito distante.”

Leciona o digno Instrutor: Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina elevada de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. (...)”

Precisa-se entender que Espírito orientador, tal como o autor da página em referência, não faz registro com palavras que não apresentam a precisão necessária do que se quer ensinar, portanto, a inserção anterior deixa muito claro que a paz se dá na intimidade de cada pessoa, o que corresponde dizer que na intimidade de cada espírito, que por ora está investido de um corpo de carne.

Na parte conclusiva do texto, Emmanuel deixa claro que não adianta somente estar informado, ter acompanhado alguns detentores de paz, e nem ter intelectualizado todas as formas de se chegar à paz, é preciso verdadeiramente investir-se do sentimento de paz, conquista inalienável, como aponta: “(...) Antes da sublime edificação, poderão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotável da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã sem o propósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem celestial volte ao núcleo de origem como intransferível conquista de cada um.

O homem com humildade pode aprender com as clarezas de sua inteligência e através da vivência, da meditação, da análise e compreensão dos resultados encharcar-se de sentimentos de paz, pois faz justiça aos seus esforços. Todo cultivo exige esforço e em se tratando da paz de si mesmo, que servirá de chave para ingresso na paz Universal, por que não trabalhar para tal conquista.

                                                            Dorival da Silva.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Escritura individual


Escritura individual

“Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram.” - (Mateus, 26:56.)
O desígnio a cumprir-se não constitui característica exclusiva para a missão de Jesus.
Cada homem tem o mapa da ordem divina em sua existência, a ser executado com a colaboração do livre-arbítrio, no grande plano da vida eterna.
Acima de tudo, nesse sentido, toda criatura pensante não ignora que será compelida a restituir o corpo de carne à terra.
Os companheiros menos educados sabem, intuitivamente, que comparecerão a exame de contas, que se lhes defrontarão paisagens novas, além do sepulcro, e que colherão, sem mais nem menos, o fruto das ações que houverem semeado no seio da coletividade terrestre.
Em geral, porém, ao homem comum esse contrato, entre o servo encarnado e o Senhor Supremo, parece extremamente impreciso, e prossegue, experiência afora, de rebeldia em rebeldia.
Nem por isso, todavia, a escritura, principalmente nos parágrafos da morte, deixará de cumprir-se. O momento, nesse particular, surge sempre, com múltiplos pretextos, para que as determinações divinas se realizem. No minuto exato, familiares e amigos excursionam em diferentes mundos de ideias, através das esferas da perplexidade, do temor, da tristeza, da dúvida, da interrogação dolorosa e, apesar da presença tangível dos afeiçoados, no quadro de testemunhos que lhe dizem respeito, o homem atende, sozinho, no capítulo da morte, aos itens da escritura grafada por ele próprio, diante das Leis do Eterno Pai, com seus atos, palavras e pensamentos de cada dia.
Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel e psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, capítulo 94,
REFLEXÃO: Como negar ao que consta instalado na consciência? O translado escritural dos compromissos assumidos diante da estância evolutiva é inegável, intransferível, cabendo ao compromissado dar contas sob pena das cominações inerentes ao inadimplente, podendo ser agravadas pela renitência no descumprimento de suas obrigações.
Uma multidão de Espíritos todos os dias deixa a vida do corpo físico, em incontável circunstância, e uma outra entra na vida corporal, os que retornam ao campo espiritual levam consigo o atendimento ou não de seus compromissos escriturados na alma, põem-se felizes ou magoados, revoltados o que corresponde aos seus feitos e ao atendimento ou não das cláusulas morais do seu contrato diante da vida; os que chegam, vem com os ajustados deveres a cumprir, na maioria, cheios de esperança e os melhores desejos, no entanto, no transcorrer da lida, no levantar da cortina dos oferecimentos do mundo poucos resistem à tentação de novamente usufruir das experiências conhecidas em vida anterior, que tendenciosamente acende o braseiro adormecido, lembrando-se intuitivamente de sensações, tais como: do poder degenerativo, do sensualismo, do sexualismo e outros “-ismos” depreciativos de comportamento digno diante da consciência,    dando aso ao descumprimento voluntário dos compromissos  escriturados  no próprio espírito.
O orientador espiritual Emmanuel, na página inicial, registra: “Em geral, porém, ao homem comum esse contrato, entre o servo encarnado e o Senhor Supremo, parece extremamente impreciso, e prossegue, experiência afora, de rebeldia em rebeldia”.  É a liberdade que o Criador dá à criatura, o livre-arbítrio. Aí reside o problema humano, que pode decidir por sua conta, o que fazer na vida; como está mais próximo da sua origem, do estado egoístico, próximo da animalidade, conquanto a conquista de alguns passos evolutivos, contrariar a própria consciência ainda lhe dá satisfação, tem prazer doentio, o prefere aos esforços do livramento de seu próprio mal.
Respeitar o escriturado espiritual, que geralmente exige reparação de desvios antigos, reorientação dos sentimentos, estabelecimentos em si de uma fé raciocinada, ações no bem geral, diminuição do orgulho e do egoísmo, exercício da verdadeira caridade, conquista de virtudes, não é tarefa cômoda, não é viagem de lazer, trata-se de esforço hercúleo.
O que se precisa entender, o que faria com que os esforços ficassem mais leves, é ter uma visão de futuro, futuro espiritual, entendendo que o espírito humano viaja no tempo, pela eternidade, e quanto mais rápido supera suas misérias e conquista virtudes mais leve se torna, fazendo com que a viagem que por ora é incômoda, pesada, dolorida, porque carrega-se uma montanha de quinquilharia emocionais sem nexo, em muito, somente atendendo os caprichos da própria escuridão moral que em nada importa para a felicidade e paz íntima. 
No final do último parágrafo do texto de Emmanuel, lê-se: “(...) o homem atende, sozinho, no capítulo da morte, aos itens da escritura grafada por ele próprio, diante das Leis do Eterno Pai, com seus atos, palavras e pensamentos de cada dia.”  Conquanto a rebeldia geral, considerando o não atendimento em nada do que foi combinado antes da entrada na carne, uma cláusula será cumprida fielmente, a da morte do corpo, essa não há como adiar; mesmo correndo num processo de mortes coletivas, cada espírito estará singularmente posto na forma “grafada por ele próprio”.
Por que não honrar o compromisso proposto e assumido voluntariamente diante da Lei Natural, sendo que todas as cláusulas são a favor do devedor?
                                             Dorival da Silva

quinta-feira, 2 de março de 2017

Caracteres do verdadeiro profeta

Caracteres do verdadeiro profeta

Desconfiai dos falsos profetas. É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los. Aqui tendes o que os assinala:

Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.

Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.

Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.

Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas as suas virtudes os que se dão como o Cristo? Essa a questão. Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai, ademais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos. Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos.
                                                                                                                   – Erasto. (Paris, 1862.)


Mensagem extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo XXI, item 9.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Nova Literatura Mediúnica

Crônicas e Artigos
Ano 9 - N° 433 - 27 de Setembro de 2015



JOSÉ PASSINI
jose.passini@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)





A Nova Literatura Mediúnica


“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” Paulo (I Cor,14:29)

As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de
 alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica.

A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso, se analisadas as revelações fantasiosas que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que leem.

Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras.

Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações.

Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre.

Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo.

Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis.

Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora?Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada.

Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas.

Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina.

Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalanche de obras que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis.

Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo.

O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro, ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”. 
 
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Extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/433/ca5.html

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O homem e a religião


EURÍPEDES KUHL
euripedes.kuhl@terra.com.br
Ribeirão Preto, SP (Brasil)

 


 
Eurípedes Kühl

O homem e a religião
Parte 1

 
 
Trarei para os leitores neste texto alguns respingos históricos sobre o Espiritismo. Antes, farei uma rápida reflexão sobre como e quando se iniciou o sentimento religioso na humanidade, até chegarmos à Codificação da Doutrina dos Espíritos, por Allan Kardec, no século XIX. 
8.000 a.C. – Supõem os historiadores, sem condições de confirmá-lo, que a crença no poder celestial teria surgido por volta do ano 8.000 a.C. A cada fenômeno da natureza criava-se um deus – via de regra autoritário (poder absoluto...), exigente (holocaustos...) e vingativo (causador até de mortes...). Igualmente, a cada atividade humana; depois, até mesmo os animais passaram a ser endeusados, sempre em linguagem simbólica.
Por séculos e séculos a humanidade viveu sob o politeísmo original, comandada por aqueles “deuses”, os quais seriam os responsáveis por tudo o que acontecia no mundo de então:
Deuses da natureza, um para cada um dos fenômenos geológicos, tais como:
– o raio, o relâmpago, o trovão, a chuva, o vento, o vulcão, inundações, terremotos etc.
Deuses dos atos humanos, de ação individualizada também, para:
– a caça, a pesca, a plantação, a colheita, a guerra, a cura de doenças, o nascimento, a morte etc.
Mais deuses, sempre individuais, para os animais:
– a íbis, o crocodilo, o gato, o boi etc.
Com o tempo, acoplando a data e a hora do nascimento à posição das estrelas, estabeleceu-se o horóscopo, dividindo-se a trajetória aparente do Sol em doze partes, cada uma com 30°. No horóscopo, o interesse pelo futuro era (como ainda é) estritamente individual. 
Os Profetas – Depois, vieram os Profetas... Sobrepuseram eles, às diversas crenças, a comunicação direta com Deus, segundo acreditavam. As profecias, todas, visavam ao bem coletivo.
A seguir, Espíritos missionários aportaram no planeta, com a incumbência de fundarem as religiões, que se reportariam (como se reportaram) ao estágio evolutivo de cada época. Todos esses Espíritos, sem exceção, trouxeram luzes para o futuro dos povos de então.
Focalizando agora nosso olhar na história das religiões, iremos sempre encontrar uma hierarquia social, induzindo os adeptos (promovidos a fiéis) – o povo, a rigor – à disciplina e submissão às classes dominantes. Isso, desde os imemoriais tempos do Egito, da Babilônia (país da Ásia antiga), Assíria e Roma.  Assim, unindo equivocadamente o Céu à Terra, muitos fiéis, desde há muito tempo, creem poder alcançar bens individuais em troca de sacrifícios, oferendas ou promessas outras. 
Jesus – O Cristo (ungido) de Deus, inegavelmente o maior de todos os missionários, legou à Humanidade o tesouro da Fé, por ter sido aquele que mais concedeu o Amor, de todos os tempos. Falou ao mundo do Reino de Deus, intangível e intocável na crença dos povos de então, arrastando milhões e milhões de Espíritos ao patamar em que reside a Esperança. Suas palavras, de duração eterna, tiveram, têm e terão o inigualável efeito de iluminar trevas externas e internas da mente. Necessário, apenas, ter “olhos para ver” e “ouvidos para ouvir”. Não criou nenhuma religião. Não deixou dogmas. A moral cristã, da primeira à última instância, fundamenta-se na Lei do Amor – amor a Deus e ao próximo. Por isso, acredito que Jesus é a maior de todas as incontáveis benesses que Deus, desde sempre, dispensa à humanidade inteira.
Darei agora rápido mergulho no passado da civilização, com o olhar voltado para o surgimento das religiões. Meu objetivo é chegar ao Espiritismo, caracterizando-o e às suas não poucas diferenças com o Candomblé e a Umbanda. Respeitáveis os três. Mas diferentes entre si! 
As Religiões – Vejamos o que a História registrou e o mundo de hoje nos mostra, quanto à relação criatura-Criador, filho-Pai, homem-Deus:
Judaísmo: Fundado no Oriente Médio pelo patriarca Abraão, por volta do séc. XVII a.C. O legislador de Israel foi Moisés. Para os judeus a Bíblia é formada unicamente pelos livros hebraicos e corresponde essencialmente ao Antigo Testamento dos cristãos. O judaísmo se fortaleceu ainda mais com a criação do Estado de Israel, em 1948. Possui fortes características étnicas, nas quais nação e religião se mesclam. O judaísmo é reconhecido como a primeira religião monoteísta da humanidade e cronologicamente a primeira das três religiões oriundas de Abraão, com o cristianismo e o islamismo. Adeptos: cerca de 14,8 milhões.
Hinduísmo (Bramanismo): Principal religião da Índia. Caracteriza-se pelo sistema de castas. Sucedeu ao vedismo (religião primitiva conhecida por quatro coleções de hinos – os Vedas –, entre 1.400 a.C. e o séc. VII a.C.). Reconhece a autoridade dos Vedas. O ser humano está sujeito ao sansara (sucessão de vidas e renascimento), regido pela lei do karma (ação e reação de toda ação, boa ou má). Posteriormente, incorporou o ideal de renúncia do budismo. Adeptos: 949 milhões.
Confucionismo: Data do séc. V a.C. Foi uma tentativa de estabelecer regras de comportamento, numa agitada época do mundo chinês, onde vários principados se destruíam mutuamente. Respeito aos mais velhos, amor ao trabalho bem executado, moral severa – eis os traços do Confucionismo. Adeptos: cerca de 8,1 milhões.
Budismo: Religião nascida na Ásia, fundada pelo príncipe hindu Sidarta Gautama, o Buda (560 e 480 a.C.).  Ensinamentos: tudo é transitório; a realidade é mutável; não existe nada em nós de realidade metafísica, nada de indestrutível. O ser está submetido ao ciclo de nascimentos e mortes, enquanto a consequência da ação (karma) não for interrompida. A existência está sujeita ao infortúnio, que se manifesta pelo sofrimento, doença e morte. Tem por ideal a renúncia. É na Ásia que se concentra a maioria dos seus adeptos (cerca de 494,9 milhões).
Xintoísmo: Religião do Japão, na qual os deuses são a personificação das forças naturais e os espíritos dos antepassados são igualmente considerados como deuses. A partir do séc. VI os budistas anexaram as divindades xintoístas ao seu panteão e pouco a pouco se formou um sincretismo. No séc. XVII novas seitas xintoístas recusaram qualquer compromisso com religiões estrangeiras. No séc. XIX tornou-se uma espécie de religião do Estado (adoração do imperador-deus). Adeptos: 2,7 milhões.
Cristianismo: Conjunto das religiões organizadas com base na pessoa de Jesus Cristo e nos escritos que relatam suas palavras e seus pensamentos. O Cristianismo, nascido na Judeia e difundido inicialmente no Oriente, foi pregado no mundo mediterrâneo pelos Apóstolos, depois da morte de Jesus. O Cristianismo, em sua origem uma seita surgida do judaísmo, afirma-se como religião revelada,  isto é, de origem divina, mas com a particularidade de que Jesus, seu fundador, não era um simples intermediário entre Deus e a humanidade, mas o próprio Deus.
São 2,3 bilhões de cristãos no planeta. Assim, o Cristianismo é a religião que conta com o maior número de fiéis no mundo. No decorrer da história, o Cristianismo dividiu-se em três correntes principais: Igreja Católica, Protestantismo e Igreja Ortodoxa, além de outras linhas como a Igreja Anglicana e os credos chamados de “cristianismo de fronteira” (grupos que estão na intersecção entre o Cristianismo e outra doutrina, como por exemplo, a Igreja Adventista, Mórmons e Testemunhas de Jeová).
Islamismo: Religião e civilização dos mulçumanos, fundada por Maomé, tendo surgido no séc. VII, na península arábica, é a última das religiões monoteístas. Maomé recebeu de Deus a revelação corânica [O Corão ou Alcorão e o hadith (tradição do Profeta) formam a tradição, verdadeira constituição que serve de modelo imperativo para os mulçumanos]. Não existe um clero mulçumano. Dogma principal do Islã: a existência de Deus (Alá), ser supremo único, infinitamente perfeito, criador do universo e juiz soberano dos homens. Para os mulçumanos, Maomé é o enviado de Alá. Adeptos: 1,5 bilhão.
Religiões populares chinesas: Crenças e práticas que podem incluir divindades locais e elementos budistas, confucionistas e taoistas. Adeptos: 434,6 milhões.
Animismo e Xamanismo: Crença de que tudo o que existe – seres vivos, objetos inanimados, lugares e até fenômenos naturais – tem alma. Adeptos: 242,5 milhões.
Siquismo: Religião monoteísta criada no século XV, na Índia. Surge como uma dissidência do Hinduísmo. Adeptos: 24 milhões.
Há no mundo os que não seguem nenhuma religião: perfazem eles cerca de 813 milhões de pessoas. Quanto ao ateísmo – doutrina que nega a existência de qualquer divindade e dispensa a ideia de uma justificativa divina para a vida – seus adeptos somam 136,6 milhões. Um dos argumentos utilizados pelos ateus para sustentar sua posição é a suposta incompatibilidade da coexistência de Deus e do sofrimento humano.(1) 
Organização da Terra – Como assinalei anteriormente nestes meus comentários, de tempos em tempos aportam no planeta Espíritos missionários, com a tarefa específica de erigir colunas mestras da religação do homem a Deus. Todos, sem exceção, esclarecem que o comportamento humano – bom ou mau – terá sempre como resultante, respectivamente, aproximação ou afastamento da felicidade. Invariavelmente esses tarefeiros do Bem, prepostos de Jesus – tanto os que vieram antes quanto depois d’Ele – empunharam a bandeira do amor a Deus e ao próximo como principal via de acesso ao Reino Celestial.
Jesus, falando a um povo seguidor da religião dogmática da recuada época em que o Império Romano era o “dono do mundo”, não poderia dizer a esse povo coisas que naquele tempo não fariam sentido. Exemplos? Vejamos alguns. Antes, lembremo-nos do registro sobre o Mestre dos mestres feito pelo Espírito Emmanuel em “A Caminho da Luz”, Cap. I, p.17/18, 13ª Ed., 1985, FEB, RJ/RJ: Jesus participou da organização da Terra, desde quando o planeta ainda não existia. Com efeito, a Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos, nasceu de uma nuvem solar. De início não tinha forma regular. À proporção que atraiu maior quantidade de matéria, começou a tomar a forma esférica.
Isto posto, é de se perguntar:
– Será que Jesus, quando aqui esteve, encarnado, desconhecia a existência do continente americano, que só seria descoberto dali a 15 séculos, passando a ser lar de milhões de Espíritos? (2)
– A imprensa, a eletricidade, a aeronáutica, a eletrônica, a energia atômica, a informática, a biogenética e tantos outros avanços científicos: eram ou seriam desconhecidos de Jesus?...
De forma alguma! Todas essas questões, necessariamente, eram do conhecimento do Cristo. Mas como anunciá-las àquela época e àquele povo? Como? E quanto ao Espiritismo?
Com a previsibilidade própria de quem, do alto, descortina a paisagem à sua frente (o futuro), Jesus noticiou sim sobre o Espiritismo, por ele pedagogicamente denominado e avalizado como o futuro “consolador”, segundo João registrou (14:15,16,17 e 26).
No tempo (século XIX) e lugar (França) adequados, surge Allan Kardec, pseudônimo adotado por Hippolyte Léon Denizard Rivail, eminente pedagogo que não desejava fazer prevalecer a força de seu nome sobre o conteúdo da obra que lançava a público, fruto de uma meticulosa codificação das informações vindas dos Espíritos: sendo o primeiro, “O Livro dos Espíritos”, pedra fundamental da Doutrina dos Espíritos – seguido das outras obras.
O Espiritismo demonstra o Amor de Deus com a lógica irretorquível da reencarnação e da Lei Divina de Ação e Reação: sofrimentos, hoje, são frutos amargos de equivocada plantação, ontem. Aí, o sofredor compreende a razão do sofrer. E mais: sabendo-se em temporário resgate, consola-se e parte para reconstrução moral. Tal o aspecto consolador da Doutrina dos Espíritos!
Com Kardec cumpriu-se a previsão-promessa do Cristo! “O Consolador” aportou no plano terreno. Com efeito, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no sexto capítulo – O Cristo Consolador –, item 3, encontramos: “O Espiritismo vem, no tempo previsto, realizar a promessa do Cristo e o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento”.
 Em “O Que é o Espiritismo” (no “Preâmbulo”) Allan Kardec definiu o Espiritismo e comentou:
– O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal;
– (...) o Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência de observação e doutrina filosófica. Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações;
Na “Revista Espírita” de dezembro/1868, num longo discurso de abertura sobre o tema “O Espiritismo é uma religião?”, Allan Kardec explanou sua opinião, da qual pinçamos pequenas notas, extraídas das páginas 358 e 359:
– o Espiritismo não pode ser considerado “religião”, por não ter culto, casta sacerdotal, cerimônias e privilégios; todavia há nele o sentido nitidamente religioso quando estabelece um laço moral entre os homens, quando os une, como consequência da comunidade de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas.
Em “Obras Póstumas” (no capítulo “Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo”) anotou:
– o Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos (...) vai às bases de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo sacerdote.
Apenas por essas premissas já se vê como o Espiritismo não pode ser confundido com quaisquer outras correntes religiosas, conquanto todas as religiões (Judaísmo, Catolicismo, Confucionismo, Protestantismo, Teosofismo, Esoterismo, Budismo, Bramanismo etc.) sejam espiritualistas, isto é, aceitam a imortalidade do Espírito e a existência de Deus. Também não pode ser confundido nem mesmo entre aquelas que: a.) aceitam a reencarnação; b.) em suas práticas, marcadas pelo sincretismo, exercitam o mediunismo.
Tão logo o Brasil foi descoberto iniciou-se sua colonização. No caso, “colonizar” significou a vinda de portugueses, mandatários. E como quem manda precisa de quem obedeça, Portugal sequer pensou duas vezes: por três séculos providenciou a criminosa importação de “obedientes” criaturas, buscadas à força, na África.  Está em “Estatísticas Históricas do Brasil”/IBGE: vieram para o Brasil 4.009.400 escravos, entre 1531 a 1855.  Estarrecedor! (Continua na próxima edição desta revista.)
              Notas: 

(1) Os números de adeptos das diferentes religiões, com dados de 2010, foram extraídos do ALMANAQUE ABRIL-2013, p.130, Ano 39, Editora Abril, SP/SP; à p. 132 consta o número de espíritas no Brasil: 3.848.876, segundo o Censo Demográfico 2010/IBGE. 

(2) Nas Américas, hoje, estão cerca de 948,3 milhões de Espíritos encarnados (dados à p. 344 do ALMANAQUE ABRIL, já citado).
 
Extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço:
              http://www.oconsolador.com.br/ano7/354/especial.html

 

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EURÍPEDES KUHL
euripedes.kuhl@terra.com.br
Ribeirão Preto, SP (Brasil)

 


 
Eurípedes Kühl

O homem e a religião
Parte 2 e final

 
 
Em face do poder da Igreja Católica, representantes das suas várias ordens religiosas vieram de Portugal, com a missão “oficial” de dar assistência religiosa aos colonizadores, além de catequizar e “salvar” os índios. Mas, aventureiros europeus, por vezes também em caráter oficial, para aqui vieram, com interesses...
Não é difícil depreender que no Brasil-criança passaram a conviver criaturas de costumes e sentimentos religiosos diferentes. E não só diferentes: conflitantes...  O caldeamento de raças foi inevitável...
Assim, durante e por cerca dos três primeiros séculos da nossa história, conviveram aqui no Brasil:
- colonizadores europeus (não apenas portugueses, mas também franceses, holandeses, espanhóis);
- padres (de várias ordens religiosas);
- indígenas (de várias tribos) e
- escravos africanos (de várias partes do grande continente).
Detentores do poder, os europeus impuseram sua religião (o Catolicismo) e isso explica porque o Brasil ainda hoje é majoritariamente um país católico.
Lendo sobre o Censo 2002 na Internet, no item “Religiões”, deparei-me com a informação de que nos censos do Brasil-colônia, todos os escravos africanos eram tidos como “católicos”.
Os escravos (bantos, sudaneses, nagôs e iorubanos) que mais tempo conviveram com seus senhores, à força assistiam e participavam dos cultos católicos, imposição gerando obediência... Mas tal obediência era por obrigação, não professavam aquela crença por devoção, já que na intimidade da senzala, às ocultas, é que extravasavam sua fé... E ali, o mediunismo, entre eles, era um antigo e singelo exercício espiritual aprendido e praticado desde os tempos na terra-mãe, agora lhes aliviando a cruel realidade — a escravidão. 
O Brasil-candomblé – Por acomodação parcial, a pouco e pouco os rituais, sacramentos, paramentos, imagens, altares etc. do Catolicismo foram agregados ao seu culto, porém sob roupagem própria, adequada, isto é, africana. Essa, a origem do chamado Brasil-candomblé.
Com a abolição da escravatura e com a liberdade constitucional de credo religioso, parte das pessoas que se identificavam com o Candomblé, no início do séc. XX, sem deixar parte dos seus fundamentos, a ele incorporaram novas práticas. Muitas dessas pessoas, tomando conhecimento da obra de Allan Kardec, passaram a frequentar Centros Espíritas, então emergentes no Brasil. Dentre esses, logo porém, houve quem se desligasse, indo fundar uma religião, agora, genuinamente brasileira: a Umbanda. E em 1941, no Rio de Janeiro, realizou-se o Primeiro Congresso Umbandista, visando estruturar uma prática religiosa já de trinta anos. Ali foram delimitados os elementos de cujo sincretismo surgiu a Umbanda nas suas diversas apresentações, sendo o imediatismo (a possibilidade do crente resolver seus problemas em curto prazo) uma delas.
O desligamento que citei talvez tenha decorrido da dificuldade ou desinteresse em seguir as recomendações espíritas de estudo permanente, mudança de comportamento (melhoria moral), ausência de quaisquer rituais, adereços, hierarquia, promessas etc. Mas, principalmente, porque o Espiritismo não se aplica a resolver problemas materiais, senão sim, educar, esclarecer e fortalecer ao Espírito, para que ele se renove e, apoiado na fé em Deus, cujo amparo é permanente, encontre, ele próprio, a buscada solução. 
Práticas estranhas ao Espiritismo – Fiel a Kardec, a Federação Espírita Brasileira, em reunião do Conselho Federativo Nacional de 02/05/1953 (Espiritismo Prático, Pedro F.Barbosa, p. 13 e 14, 4ª Ed., 1995, FEB, RJ/RJ), recomenda aos Centros Espíritas, para a prática espírita e em suas reuniões, a total ausência de:
- paramentos, ou quaisquer vestes especiais;
- vinho, ou qualquer bebida alcoólica;
- incenso, mirra, fumo, ou substâncias outras que produzam fumaça;
- altares, imagens, andores, velas e quaisquer objetos materiais como auxiliares de atração do público;
- hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas, só os admitindo, na língua do país, exclusivamente em reuniões festivas realizadas pela infância e pela juventude e em sessões ditas de efeitos físicos;
- danças, procissões e atos análogos;
- atender a interesses materiais terra-a-terra, rasteiros ou mundanos;
- pagamento por toda e qualquer graça conseguida para o próximo;
- talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos, escapulários ou quaisquer objetos e coisas semelhantes;
- administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos;
- confeccionar horóscopos, exercer a cartomancia, a quiromancia, a astromancia e outras “mancias”;
- rituais e encenações extravagantes de modo a impressionar o público;
- termos exóticos ou excêntricos para a designação de seres e coisas;
- fazer promessas e despachos, riscar cruzes e pontos, praticar, enfim, a longa série de atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções religiosas.
A partir dessas recomendações, que nos reportam a práticas contrárias à Doutrina Espírita, entendemos quanto a Umbanda e o Candomblé – religiões espiritualistas e praticantes do mediunismo – diferem substancialmente do Espiritismo.
E mais: no Candomblé há sacrifício de animais. Na Umbanda, não: ela contempla os banhos de ervas e orações. Por tudo isso bem se vê que, embora espiritualistas, Candomblé e Umbanda não podem ser consideradas espíritas. E isso sem qualquer demérito, pois o Espiritismo – doutrina dos Espíritos – enaltece o livre-arbítrio, respeita e considera a autonomia de todas as religiões, jamais se julgando superior a qualquer delas. 
Metapsíquica e Parapsicologia – Estabelecidas as bases fundamentais que diferenciam o Espiritismo das sempre respeitáveis religiões do Candomblé e da Umbanda (como assinalei), passarei de agora em diante a caracterizar a Doutrina dos Espíritos. Antes, porém, permitam-me os leitores, se faz necessária uma pequena exposição sobre outras duas correntes “quase” religiosas do pensamento humano, as quais, de alguma forma, se aproximam do Espiritismo. Refiro-me à Metapsíquica e à Parapsicologia. Os leitores certamente hão de compreender que o espaço me induz à síntese, motivo pelo qual, em linhas gerais, referentes a ambas, apenas registro que:
a. Metapsíquica
- fundada por Charles Robert Richet (1850-1935), notável cientista francês, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina/1913 (Fisiologia). Visava à pesquisa e análise científica dos fenômenos mecânicos ou psicológicos de todos os tempos, ditos paranormais (mediunidade), devidos a forças que parecem ser inteligentes ou a poderes desconhecidos latentes na inteligência humana;
- assim, metapsíquica não é Espiritismo — é ciência puramente investigativa;
- o termo metapsíquica não foi bem aceito pelos pesquisadores; hoje, quase não é mais usado.
b. Parapsicologia
- impulsionada por Joseph Banks Rhine (1895-1980), teólogo e cientista norte-americano, que a atrelou ao campo das ciências e particularmente à Psicologia;
- dedicou-se Rhine, em particular, ao estudo do transe anímico na telepatia e na clarividência; pesquisou a “ESP” (extra sensory perception = percepção extrassensorial), termo que criou em 1935 e que é mundialmente empregado nos tratados sobre Parapsicologia;
- o termo parapsicologia é mais usado nos países anglo-saxônicos e germânicos;
- talvez seja possível dizer que a Parapsicologia procede como a Metapsíquica, sendo-lhe herdeira em vários aspectos.
c. Considerações gerais sobre a Metapsíquica e a Parapsicologia
- tanto uma quanto a outra, enquanto Ciência, seguiram os mesmos passos de todas as demais ciências, isto é, buscaram pelo método experimental definir leis de acontecimentos que observaram na natureza;
- deixaram de ser exponenciais porque o cientista só aceita um fenômeno como verdadeiro se puder explicá-lo e reproduzi-lo, desde que ofertadas as mesmas condições ambientais em que ele se deu — não conseguiram...
- surgiu-lhes intransponível barreira pelo fato de que a maioria dos fenômenos analisados caracterizam-se como mediúnicos, isto é, têm origem no Plano Espiritual (ação de Espíritos desencarnados), com manifestação no plano material, por meio da intermediação de médiuns (Espíritos encarnados). Ora, ação espiritual é algo que a ciência não consegue manipular numa proveta...
A mim, espírita, o que me causa pena é verificar que tais pesquisadores (poucos, hoje em dia) não se deram ou não se dão conta de que, na verdade, apenas se apropriaram de termos científicos para substituir a nomenclatura tão bem delineada, pioneiramente, por Allan Kardec. E mais: somente encontrarão o que procuram quando, com bom senso, se convencerem da impotência humana para explicar in vitro aquelas ocorrências que se originam in spiritus.  Aí, sem abandonar seus cuidados, irão ao humilde Centro Espírita, onde poderão verificar que ali há outra espécie de laboratório, ofertando novos aprendizados, àqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. 
O Espiritismo – Passo agora a falar plenamente do Espiritismo, cujos códigos de moral, de ciência e de filosofia foram tão bem estruturados por Allan Kardec, em cinco obras: “O Livro dos Espíritos”/1857, “O Livro dos Médiuns”/1861, “O Evangelho segundo o Espiritismo”/1864, “O Céu e o Inferno”/1865 e “A Gênese”/1868.
Nós, espíritas, certamente devemos gratidão ao fenomenal trabalho kardequiano em estabelecer contato com médiuns de vários países, para deles receber as lições do Plano Espiritual, as quais eram meticulosamente filtradas e selecionadas, gerando a Codificação. Por isso é que se diz que Kardec codificou o Espiritismo. Tais mensagens foram os tijolos, com os quais o “grande edifício” Espiritismo foi erguido, qual farol, para permanentemente clarear caminhos.
Kardec era pedagogo por excelência, comprovando-se que o acaso não existe, eis que tão importante cometimento teria mesmo que aportar no plano material via uma inteligência invulgar, fluindo de inspiração celestial. E apenas com cinco livros! (Atualmente, a Literatura Espírita já editou cerca de dez mil títulos – sendo cerca de 412 via Chico Xavier e 202, por intermédio de Divaldo Pereira Franco, além de vários outros médiuns e escritores.)
Para melhor entendermos o conteúdo moral (revelações e ensinos) da Doutrina dos Espíritos — o Espiritismo —, nada melhor do que alinhavar suas premissas e abrangência. Em primeiro lugar, não como definição, mas apenas conceituando-o, podemos dizer que:
“O Espiritismo é o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, constituindo tais obras o que se denomina Codificação Espírita”.
Uma vez conceituado, genericamente, vejamos suas particularidades morais:
Revelação – Revela o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a justificada razão da dor e do sofrimento. E oferta à análise e reflexão, expondo consequências, conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida. 
Ensinamentos – Deus (em primeiríssimo lugar das considerações) é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
E mais:
- o Universo: é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais;
- Leis Divinas: todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais; são inalteráveis, perfeitas, imutáveis no Universo todo;
- os mundos: além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados;
- Jesus: é o guia e modelo para toda a Humanidade — a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus;
- a moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade;
- evolução: no Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens;
- os Espíritos: são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo:
a. são criados simples e ignorantes, como já citei (questão 115 de “O Livro dos Espíritos). Evoluem intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade;
b. preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação;
c. reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento;
d. evoluem sempre: em suas múltiplas existências corpóreas (reencarnações) podem estacionar, mas nunca regridem; a rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição;
e. os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação; os imperfeitos nos induzem ao erro;
- o perispírito: é o corpo semimaterial que reveste o Espírito e une-o ao corpo material;
- o homem: é um Espírito (revestido de perispírito) encarnado em um corpo material:
a. tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas consequências de suas ações;
b. a vida lhe reserva penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus (Lei de Justiça, nesse caso caracterizando causa e efeito, ação e reação);
- a prece: é um ato de adoração a Deus. Torna melhor o homem. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a ideia da existência do Criador. Ao pedido feito com sinceridade Deus envia sempre a assistência dos bons Espíritos;
- mediunidade: o intercâmbio dos Espíritos com os homens sempre existiu.
Apenas por essas revelações e ensinamentos já se deduz que o Espiritismo abre uma nova era para a regeneração, primeiro, de uma minoria, mas, a seguir, da Humanidade inteira.
Há muito mais. O estudo das obras de Allan Kardec é fundamental para o correto conhecimento e a prática da Doutrina Espírita, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade. 
Conclusão – O Espiritismo não impõe os seus princípios e respeita, incondicionalmente, todas as religiões e seus adeptos.
Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los. Aí, entendendo o porquê de tudo que o cerca, em todas as suas atividades, o indivíduo se capacita a administrar com bom senso, compreensão e resignação as naturais dificuldades que se lhe apresentam – as provações ou expiações que o visitam na presente existência terrena. 

Extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano7/355/especial.html