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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Fé, sentimento inato

                                               Fé, sentimento inato 

Nas grandes realizações da alma humana, um dos pontos de relevância é a fé. No entanto, esse sentimento precisa ser compreendido. Trata-se de uma força intrínseca da alma, que proporciona grandes avanços de progresso em todos os rumos quando vivenciada com a razão.  

Existiram e existem pessoas que têm fé em si mesmas e conseguem realizar os seus objetivos. Porém, essa fé exclusivista pode levar a realizações equivocadas, muitas vezes causando prejuízos àqueles que não fazem parte de seus interesses imediatos. Pode-se dizer que, nesse caso, prevalece o egoísmo.  

Porém, aqueles que guardam uma fé raciocinada, agem e realizam com uma ideia de responsabilidade diante da Vida, da Natureza e dos seus semelhantes e, com certeza, pensam em Deus.  

Quem caminha pela vida com uma fé raciocinada analisa o passado, observa o presente, vislumbra o futuro de suas ações e, ainda, reflete sobre as consequências espirituais de suas iniciativas. Compreende que todos os empreendimentos afetam, de algum modo, o estado presente e toda a sociedade, onde os reflexos de seus feitos têm influência.  

Com a confiança em Deus e de acordo com a abrangência de suas análises sobre a vida, onde mantém influência, realiza o que pretende como um instrumento de transformação e progresso da sociedade em que opera. Faz isso com a lucidez de que todos os beneficiários de suas proposições são Espíritos, tal como ele mesmo. Assim, respeita o seu próximo, conhecido ou não, da sua ou das futuras gerações, porque respeita Deus. Tem a certeza de que retornará à vida neste mundo, nas gerações futuras, e encontrará a ambiência social com os reflexos da sociedade que ajudou a criar.  

Aquele que traz consigo a fé raciocinada sabe que as responsabilidades de suas atuações no campo material são grandes. No entanto, estão normatizadas nas regras e leis que regem as atividades. Ele também sabe que as responsabilidades morais são muito maiores e não estão circunscritas em normas escritas, mas sim num estado de consciência. É essa consciência que regerá a sua condição de ser feliz ou infeliz. Poucos idealizadores pensam nas consequências morais de suas iniciativas, que podem até ser boas sob a   ótica financeira, mas, muitas vezes, desastrosas em termos de responsabilidades morais. Certamente aplaudidos pelos seus seguidores, por atenderem interesses imediatistas e até gananciosos, esses idealizadores geram consequências danosas, arruinando a vida de indivíduos ou de populações em grandes regiões. Além disso, tudo que tem um início também se multiplica, gerando grandes responsabilidades que ultrapassam as leis cíveis e alcançam a lei que impõe a obrigatoriedade do reajuste e conserto, ínsita na consciência: a Lei de Deus. 

A fé raciocinada é aquela que compreende as minúcias da vida material e espiritual, reconhecendo que todos que estão neste mundo são Espíritos. Esses carregam em si um patrimônio de vivências, acumulado de muitas vidas, e agora têm mais uma oportunidade de aprendizagem e ajustes de fatos e realizações que não atenderam à lei de amor e justiça. Assim, veem-se obrigados a refazer aquilo em que falharam em outros tempos.  

Sem nenhum descrédito a outros credos, filosofias e demais ciências, que realizaram e realizam suas contribuições, vemos na Doutrina Espírita uma excelência para aqueles que a estudam e compreendem profundamente os seus princípios. Dessa forma, constroem em si uma fé raciocinada.  

Essa Doutrina, com seu estudo e prática, comprova a verdade que a teoria ensina. Mostra vividamente os efeitos e as consequências dos modos de vida. Os reflexos desses modos geram dificuldades para alguns Espíritos que não se mostram felizes depois da vida física, porque foram despreocupados com as questões espirituais.  Por outro lado, outros estão contentes e alegres, pois se dedicaram a analisar as consequências espirituais antes de realizar suas atitudes, quando estavam na vida material. Souberam se conter em uma vida de moral equilibrada. 

Aquele que conquista a fé raciocinada não precisa de intermediário para se comunicar com a Divindade. É autônomo para isso e conhece o mecanismo dessa comunicação. Essa é uma das razões pelas quais a Doutrina Espírita não possui estrutura constituída em hierarquia formal. Se alguns cargos são preenchidos formalmente, é apenas para atender às regras das organizações civis. Ademais, o respeito e as considerações entre os seus membros se dão pela elevação moral, conquistada e vivida em uma vida de trabalho no bem. Assim também ocorre no mundo espiritual. 

A fé é um sentimento inato. A fé que raciocina é própria do desenvolvimento da alma humana. Jesus Cristo é o maior exemplo. Nenhum de seus atos existiu sem que estivesse presente Sua fé raciocinada, de potência extraordinária. Ele tinha confiança absoluta em Si e em Deus e conhecia todas as ciências, até mesmo aquelas que o mundo ainda nem sonha que possam existir.  

                                                   Dorival da Silva. 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Justiça das Aflições

 Aflições! Justiça e causas das aflições I 

Estudando o capítulo 5 – Bem-aventurados os aflitos, da obra basilar do Espiritismo: O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos ali ensinamentos extraordinários que trazem elucidação para grande parte dos sofrimentos de nossos dias. Essa obra foi lançada em abril de 1864, há 159 anos, por Allan Kardec. Esclarece em profundidade os versículos registrados pelos evangelistas Mateus e Lucas, que transcrevemos a seguir, a respeito de ensinamentos de Jesus-Cristo:  

1. Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o Reino dos Céus. (Mateus, 5:4, 6 e 10.)  

2. Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o Reino dos Céus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (Lucas, 6:20 e 21.). 

Mas ai de vós, ricos! que tendes no mundo a vossa consolação. Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (Lucas, 6:24 e 25). 

Os versículos acima são a base do capítulo, mas ficaremos com alguns tópicos que disponibilizaremos semanalmente, com abordagens sobre: Justiça das aflições; Causas atuais das aflições; Causas anteriores das aflições; e Esquecimento do passado. 


Justiça das Aflições 


3. Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contrassenso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a Justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos. 

No trecho inicial encontra-se esclarecimento de relevância para as nossas vidas, levando a compreender que as compensações virão posteriormente, vez que ainda não se conquistou o mérito para usufruirmos as "Bem-aventuranças" anunciadas pelo Mestre Nazareno.  Sem o entendimento da existência de um futuro, que a vida não tem fim, mas, sim, um objetivo comum a todas as Criaturas, encontrar a paz e a felicidade, através do aperfeiçoamento moral e intelectual. Utilizando-se da liberdade de decidir seus passos, transita pela existência neste mundo, colhendo os resultados das experiências vividas em outras épocas, sofrendo as dificuldades das próprias decisões e tendo oportunidade de resgatá-las pelo sofrimento dos efeitos negativos de suas iniciativas do passado, aperfeiçoa-se.  Seria incompreensível se se considerasse a existência de uma única vida.  

Assim, Jesus veio nos socorrer, nos salvar do estado de ignorância. Mas, tratava-se de projeto de longo prazo, tanto é que já se foram dois milênios e, sobre esse assunto, pouco se adiantou, apesar de tantos avanços em outros setores de desenvolvimento da vida no Planeta.  O estado moral e a conquista de virtudes espirituais continuam acanhadas, diante do que se precisa alcançar para se distanciar da condição de sofredor contumaz. 

Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos. 

Após Jesus, a Humanidade precisou caminhar dezenove séculos, em experiências das mais difíceis, guerras fratricidas e religiosas, inquisição, governos desumanos, barbáries, o desenvolvimento das Ciências, o surgimento de novos Continentes, revoluções social e industrial, culminando com o movimento espiritual, que veio trazer para o Mundo a terceira revelação das Leis de Deus, a Doutrina Espírita. Assim, atendendo a promessa de Jesus-Cristo: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito da verdade (...)" -- João 14:16-17. 

Somente com o estudo da Doutrina Espírita e sua compreensão é possível entender as promessas de Jesus, como as Bem-Aventuranças, aí se vai entender: "a certeza do futuro e a conveniência de sofrer para ser feliz."  


                     Dorival da Silva 


- Continua na próxima publicação - 


Notas: 1. A parte do texto, que está grafada na cor azul, foi retirada da obra: O Evangelho segundo o Espiritismo, que compõe as obras básicas da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, foi publicada em 1864. Esta obra tem a tradição de J. Herculano Pires, editora LAKE. 


2. As obras básicas do Espiritismo podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

domingo, 21 de maio de 2023

Vida em abundância

 Vida em abundância 

"Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância." -- Jesus. (João, 10:10.) 


                          O tempo foi transcorrendo e o ensinamento de Jesus foi tomando conotações ao sabor dos interesses da mundanidade.  

Mas, a grandiosidade da mensagem de Jesus é para a vida do Espírito, a transitoriedade pela vida material é apenas uma necessidade auxiliar para a evolução do Ser a ser cuidado, até que tenha autonomia para os próprios voos. 

Confundiu-se a oferenda do Mestre com o tropel das miscelâneas da vida produzido pelas diversas gerações, que engendram culturas, filosofias, costumes e modos cultivados empiricamente, porque atende os imediatismos de cada tempo. O pensamento do Homem é raso, supõe que a criatura surge no berço e se extingue no túmulo.  

Os pensamentos religiosos, às vezes navegam em cercanias espirituais, depois de algumas evoluções alvissareiras mergulham nas sombras dos preconceitos. Os rastros luminosos da viagem espiritual se apagam na fé limitada do dogmatismo.  

O Mestre e Senhor, veio ao mundo com a missão libertadora de consciências das amarras dos convencionalismos. Fez os exercícios demonstrativos possíveis para revelar a Vida! A Vida, depois desta vida, com as alegrias justas para os justos e não escondeu os sofrimentos para os dissolutos e imorais. Mesmo assim, mostrando que para esses sofredores que não eram condenados definitivos, que bastasse se arrependessem e tomassem decisão de renovação. Assim, a Vida lhes floresceria bela novamente, como demonstrou, limpando leprosos, levantando aleijados, e dando visão aos cegos, além de esperança para a multidão de desesperados. Amostra possível no contexto de misérias humanas, deixando a dedução do que se poderia acontecer com àqueles que se aproximassem das verdades espirituais pelos seus próprios esforços.  

As limitações, a escassez, as doenças... não têm outro propósito que auxiliar os espíritos morosos de entendimento ou recalcitrantes no mal, que não exercem a sua condição de filhos de Deus, porque ainda não assumiram tal condição. Eles vivem como autômatos, repetindo usos, costumes e pensamentos viciados, criando automatismos geradores de atrasos evolutivos consideráveis.  

Em socorro a tais gerações, surgem fatos que contrariam seus interesses acomodatícios, como os problemas sociais graves, porque os que podem não olham para o meio social depreciado, estendendo-lhe recursos para sanar ferida destruidora que surge pequena e que certamente venha tomar conta de todo tecido social, de que também fazem parte. Assim, recolhem os resultados negativos da insensibilidade ou da indiferença.

Ainda, as pandemias, as catástrofes comovedoras que vitimizam número espetacular de vidas.   

Em que pesem essas comoções, logo as dores caem no esquecimento, e o Homem retorna à sua caverna, buscando o conforto que estava acostumado, esquecendo as sinalizações de que é preciso se movimentar espiritualmente, certificando-se que a vida neste mundo é precária e tem a finalidade de alçar a alma para novo estágio. Sendo que, sem a iniciativa do próprio Homem, ninguém poderá realizar em seu lugar, é trabalho do próprio interessado. Ninguém poderá se realizar espiritualmente com o que não fez. A evolução espiritual é trabalho incessante. Jesus, lecionou que "a cada uma segundo as suas obras", o que indica que cada um deve fazer por si. Não é difícil compreender isso! 

Não se trata de egoísmo, mas de consciência, de autonomia, de saber o que se está fazendo e por que está fazendo. É preciso clareza sobre a conexão com o Ser Maior, de onde tudo emana, e cada Espírito consciente tem sua parcela de contrapartida, tal como a sublimidade da coparticipação lúcida de Jesus em favor da evolução da Humanidade da Terra.  

A vida em abundância não tem nada de riqueza acumulada na casa bancária ou na extensão de suas propriedades, nem na influência exercida sobre a sociedade da Terra. Isso, na verdade, é uma miséria, uma miséria de pensamento. Vez que na vida da matéria tudo o que é acumulado é objeto de cobiça, para o ladrão roubar ou a traça roer. Ainda, que tudo que existe na Terra poderá mudar de mão a qualquer momento. A vida em abundância, de que Jesus se refere, é não precisar de nada, do que se conhece neste Planeta, e, sim, possuir somente o que é de própria conquista, a própria "Luz", a única coisa que podemos possuir, que jamais alguém nos tirará. No entanto, é possível emprestá-la para aqueles que ainda não a têm, até que também a possuam. Assim, como faz Jesus, empresta-nos o seu resplendor, esperando que adquiramos a nossa própria luminescência. É certo que, o quanto poderemos emprestar, corresponde ao quanto de evolução alcançamos. Onde estaria a justiça! 

A vida em abundância é não precisar de nada do que conhecemos. "É mais rico quem tem menor necessidade." 

O objetivo da vida na Terra é a desmaterialização do Espírito, quer dizer: A intelectualização, a moralização, a depuração; a iluminação espiritual.  

Não precisar de nada que a Terra oferece é estar desmaterializado. Aí está o entendimento da "Vida em abundância", prometida por Jesus.  

Pede-nos esforço. Muito esforço evolutivo! 

Dorival da Silva.