Caridade
essencial
“E a caridade é esta: que andemos segundo os
seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes; que
andeis nele.” - João. (II João, 6.)
Em todos os
lugares e situações da vida, a caridade será sempre a fonte divina das bênçãos
do Senhor.
Quem dá o pão ao
faminto e água ao sedento, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, está
colaborando na edificação do Reino Divino, em qualquer setor da existência ou
da fé religiosa a que foi chamado.
A voz compassiva
e fraternal que ilumina o espírito é irmã das mãos que alimentam o corpo.
Assistência,
medicação e ensinamento constituem modalidades santas da caridade generosa que
executa os programas do bem. São vestiduras diferentes de uma virtude única.
Conjugam-se e completam-se num todo nobre e digno.
Ninguém pode
assistir a outrem, com eficiência, se não procurou a edificação de si mesmo;
ninguém medicará, com proveito, se não adquiriu o espírito de boa-vontade para
com os que necessitam, e ninguém ensinará, com segurança, se não possui a seu
favor os atos de amor ao próximo, no que se refira à compreensão e ao auxílio fraternais.
Em razão disso,
as menores manifestações de caridade, nascidas da sincera disposição de servir
com Jesus, são atividades sagradas e indiscutíveis. Em todos os lugares, serão
sempre sublimes luzes da fraternidade, disseminando alegria, esperança,
gratidão, conforto e intercessões benditas.
Antes, porém, da
caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida,
pratiquemos a caridade essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação
e a redenção de nós mesmos. Trata-se da caridade de pensarmos, falarmos e
agirmos, segundo os ensinamentos do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade
de vivermos verdadeiramente nEle para que Ele viva em nós. Sem esta, poderemos
levar a efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas em
nosso benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos,
nos instantes de supremo testemunho na fé, estaremos vazios e desolados, na
condição de mendigos de luz.
Mensagem
extraída do livro: Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, capítulo 110, ano 1951.
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Reflexão: O apóstolo João diz: “andemos segundo os seus mandamentos” – os de
Jesus, o que não se entende levar os mandamentos no bolso ou embaixo do braço
para recitá-los nas esquinas, nos templos ou qualquer outra ocasião.
Como
nos coloca o espírito Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido
Xavier, esse “andemos segundo os seus mandamentos” é a caridade essencial, o
que corresponde à internalização na alma do ensinamento do Mestre, não somente
como registro intelectual, mas na vivência transformadora do indivíduo, sendo o devolvimento consciente do ser espiritual. De braços
cruzados, de mente estacionária nos oferecimentos do mundo não chegará nesse
objetivo espiritual, precisa de esforço contra o comodismo, o aceitar tudo
pronto, o que lhe é oferecido pelo mundo, através dos mecanismos existentes em
cada época: televisão, todos os meios de comunicação existentes, os
divertimentos que se tornaram necessidades e até dependências para muitos,
encobrindo a busca da essencialidade de vida.
As
ferramentas tecnológicas existem para auxiliar o homem na execução do que é
repetitivo e exaustivo, no encurtamento das distâncias, na melhor aplicação da
inteligência – o que deve ser a favor de sua evolução espiritual -- , de forma
que tenha condições de destinar maior tempo para o estudo, para a busca e
entendimento daquilo que a tecnologia não lhe pode oferecer, que é tratar das
questões espirituais, porque somente com os recursos da alma: inteligência,
sentimentos, sensibilidade e uma fé que raciocina é possível elevar-se além dos
limites da matéria.
Por
outro lado, é bom entender que os tempos são de busca das claridades
espirituais em nossas vidas, e a página em análise nos mostra grandemente
quanto precisamos caminhar nesse rumo. Veja que faz referência aos atendimentos
das necessidades do próximo carente através da entrega de medicamentos, alimentação
e outros atendimentos o que é bastante saudável e tem o seu valor, pois atende
ao que precisa, trata-se da caridade material, meritório e desejável que isto
se dê. Até aqui atendemos orientação religiosa, organizações sociais, costumes
e tradições de família ou de grupo de pessoas dedicadas a suprir as carências
sociais, interpretação de livros sagrados que nos geraram deveres, como se
fossem uma penalidade a cumprir. No entanto, realizamos bem, mas ao redor de
nós e não na nossa intimidade, o que quer dizer em nós mesmo, na nossa alma.
Cabe-nos
um questionamento: Qual a finalidade de estarmos aqui no Mundo? Salvarmos a nossa
alma. Corrigirmo-nos naquilo que não fizemos bem em outra vida, ajustar com os
credores as pendências que nos incomodam o espírito, adquirir virtudes e
aprender a realizar o bem e nos distanciarmos da materialidade através da
caridade espiritual; é o que se precisa entender, porque grande parte de nós
entramos na vida material, através do renascimento, e continuamos a realizar ações no
entorno de nós, porque não atendemos ao ensinamento de Jesus: “Buscai e achareis”, “batei e se te abrirá”
e pedi e se te dará”.
Sempre
a indicação de ação espiritual, porque é na essência da vida que precisamos
trabalhar. É saber o porquê da Vida, não se deixar conduzir pela massa, somos
seres lúcidos e temos o dever de tomarmos as rédeas da vida em nossas próprias
mãos, ou seja, saber o que estamos fazendo aqui nesta vida.
Vou
transplantar adiante o último parágrafo da mensagem acima, considerando a
grandiosidade do ensinamento: “Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente nos variados
setores da vida, pratiquemos a caridade
essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação e a redenção de nós
mesmos. Trata-se da caridade de
pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os ensinamentos do Divino Mestre, no
Evangelho. É a caridade de vivermos
verdadeiramente nEle para que Ele viva em nós. Sem esta, poderemos levar a
efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas em nosso
benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos, nos
instantes de supremo testemunho na fé, estaremos vazios e desolados, na
condição de mendigos de luz".
É bom destacar o apontamento de que sem vivermos a mensagem de
Jesus, realizaremos grandes feitos lá fora de nós, mas permaneceremos vazios e
desolados, na condição de mendigos de luz. Assim, diante das dificuldades da
vida em que deveremos enfrentá-las sozinhos, porque as grandes provações, nos
momentos mais críticos da vida são solitários, conquanto às vezes cercados de
muitos, mas espiritualmente estaremos sós, apenas com os recursos espirituais
que dispomos.
A caridade essencial nos liberta da insegurança, do medo, porque
aclara o caminho, percebe-se a vida além dos limites da matéria, antecipa em
parte a vida espiritual, a morte na verdade é apenas um fato previsto e que
ninguém ignora, sabendo que a vida não sofre interrupção, apenas se liberta das
amarras que a retém no mundo material, alçando voo em planos espirituais que as
letras não são capazes de descrever, se merecermos.
Caridade essencial...
Dorival da Silva
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