Mostrando postagens com marcador vida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vida. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Infelicidade Crônica

 Infelicidade Crônica 

Existem sofrimentos que não são percebidos nas expressões comportamentais das pessoas, pois estas apresentam um fingimento de sempre estarem bem. Embora isso nem sempre seja premeditado, o desejo é o de se apresentar equilibrado, sem que haja uma correspondência íntima.  

Em grande parte, a preocupação é o julgamento dos outros — o que vão pensar de mim se não estou feliz, se não estou bem? É uma autoexigência de estar bem, sem que isso corresponda à verdade. Perdura esse comportamento e ele vai se cronificando 

Há um ensinamento de Jesus Cristo assim: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.” (Mateus, 5:37) Podemos compreender isso como: não faltar com a verdade. Antes que a expressemos aos outros, primeiramente ela precisará existir em nós mesmos. Caso contrário, não existirá.  

A expressão citada -- “Sim, sim; não, não…” devemos, primeiramente, dizer a nós mesmos, reconhecendo se estamos sofrendo e tomando consciência disso. Sem nenhum tipo de agressividade ou cobrança contra si mesmo, é necessário fazer uma reflexão e levantar os fatos e ocorrências que trazem o sofrimento. Caso isso não nos seja possível -- porque nosso estado emocional não permita --, devemos buscar ajuda de terceiros, sejam profissionais ou não. Assim, equacionada a situação e identificado o ponto crucial do sofrimento que não queríamos ver, faz-se necessário buscar a solução. Esta que não estará longe do problema, pois toda mudança tem início na nossa própria intimidade.   

O que é crucial para a superação da infelicidade é ter fé em Deus. Quando temos fé, estamos conectados a algo maior, e nosso pensamento cria um impulso positivo e uma corrente vibratória que nos tira do estado de estagnação emocional, geralmente pessimista e de medo.  

Outro ponto essencial é entender a caridade e vivenciá-la. Trata-se de uma mudança relevante de nossa vida íntima para o bem.  

Essa composição de fé e caridade, tal como uma vacina, nos afasta da infelicidade. É uma mudança substancial no estado emocional de nossa alma. Além disso, é antídoto contra recaídas.  

Quando se fala de fé, não se trata de algo estanque, mas dinâmico. Isso nos pede reflexão, conhecimento sobre nós mesmos, propósito de abandonarmos aquilo que vamos entendendo como prejudicial ao nosso equilíbrio espiritual, bem como de buscarmos o que enriquece nossa vida. Aqui não se fala apenas da vida física, mas de um entendimento universal, da vida espiritual, que é infinita.  

A infelicidade crônica é algo persistentemente alimentado, gerando foco de ideias fixas em fatos, coisas e acontecimentos negativos. Pode-se relacioná-la a um caminhar na escuridão, sem perspectiva do surgimento de um ponto luminoso que possa sinalizar uma saída do estado de vida congelado no sofrimento emocional.  

O Sol está claro, a Lua está linda, a brisa carrega o perfume das flores e a alegria dos pássaros, no entanto, os infelizes crônicos estão insensíveis a quaisquer benefícios que a Natureza dispõe às suas criaturas. É preciso interromper a jornada de sofrimentos, examinar ao redor e enxergar o próximo mais próximo, que aguarda um gesto de carinho e compreensão. Assim, também vamos entendendo que estamos cheios de carências de amor e de compreensão. Não se trata de nada material, pois isso é abundante em todos os nossos ambientes, mas sim de valores espirituais -- que somente um espírito pode proporcionar a outro espírito. A atenção, a compreensão, a gentileza, a fraternidade, a caridade… O que seria mais enriquecedor para o Espírito do que isso? Nos ensinamentos cristãos, não é isso que se aguarda de todos os seus seguidores? 

A infelicidade é sempre de nossa responsabilidade, embora possam existir fatores desencadeadores em nosso meio de vida. No entanto, a neutralização desses fatores nos pertence, razão por que temos inteligência para discernir e devemos cultivar uma fé robusta para nos amparar naquilo que for justo. Quem sabe discernir e tem confiança em Deus, sabe o que fazer para enfrentar os fatos extraordinários e sabe, também, compreender aquele que traz discordâncias e revela as fragilidades da vida. Evita-se, com isso, a infelicidade crônica, pois as infelicidades passageiras são parte da natureza e da sensibilidade da alma humana.  

Sejamos nós os responsáveis por nossa própria felicidade, buscando nos conhecer cada vez melhor e cultivar uma fé robusta em Deus. O limite de nosso ambiente emocional nos pertence; ninguém poderá invadi-lo se não permitirmos. Devemos estar cientes de que, sobre tudo o que se encontra em nossa intimidade espiritual, somos senhores, desde que nos conheçamos em profundidade e possamos exercer o Sim, sim; não, não…”, tal qual o ensinamento de Jesus Cristo. 

                         Dorival da Silva.  

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Um grande mal da atualidade: o ódio

                           Um grande mal da atualidade: o ódio 

É raro o dia em que não se veem, nos meios de comunicação, manifestações de ódio. O ódio é um sentimento cego, que nasce de uma alma doente, como um estopim que, repentinamente, se acende e incendeia, causando males irreversíveis. O gesto tresloucado de alguém contagia outras almas igualmente enfermas, tal como a suagerando desastres coletivos e prejudicando pessoas, entidades e organizações governamentais. 

A agilidade e o alcance dos meios virtuais de comunicação levam a influência do ódio a todas as pessoas que os acessam, despertando tal sentimento naqueles que têm a alma em desalinho e incomodando aqueles que não aderem a tais iniciativas nocivas, mas as contestam ou lamentam a infelicidade dos que assim se expressam e agem. É como uma onda que inflama os odientos contra alguma pessoa, causa ou fato e que incomoda toda a sociedade, gerando indignação, medo e receios dos males incompreensíveis lançados irresponsavelmente. 

Todos somos seres humanos; assim, somos espíritos imortais, embora grande parte ainda não compreenda isso.  Mesmo os que carregam o fermento do ódio -- que é uma faceta da personalidade -- e, quando alimentada, ainda que inconscientemente, avoluma-se, tomando conta de todo o ser e comprometendo-o, às vezes, por toda vida, geralmente extrapolando para a existência após a morte.  

Quando o indivíduo se reconhece odiento, mesmo que seja em virtude das consequências de atos gerados pelo seu ódio -- que trazem sofrimentos para si, para os seus familiares e para outras pessoas --, pode realizar uma mudança significativa em seu estado espiritual, caso compreenda que tal sentimento sempre se agravará se continuar sendo alimentado. No entanto, ao tomar a resolução de modificar seus ânimos perniciosos, cultivando pensamentos e ações positivas e refletindo sobre as consequências de quaisquer fatos que surjam, permite-se dar sequência apenas àquilo que possa produzir o bem, neutralizando, na origem, qualquer manifestação de ódio.  

Quando ocorre essa mudança, com a neutralização do sentimento odioso e o desenvolvimento do amor ao próximo -- e, portanto, a si mesmo --, a vida interior do indivíduo se transforma extraordinariamente, proporcionando-lhe, inicialmente, um vislumbre do estado de paz espiritual. Isso impede novos comprometimentos danosos para sua vida, nesse aspecto, e lhe dá forças para superar dívidas morais de atos odientos anteriores. Assim, essa personalidade vai se ressarcindo de suas pendências morais e implementando uma nova vida, cheia de esperança em um futuro melhor.  

A educação moral recebida desde o berço e a evangelização das pessoas na infância neutralizam ou minoram muito os vícios -- as feridas da alma — e, no caso do nosso tema, o ódio, evitando-se grandes transtornos para a vida e da sociedade em que estão inseridas. Essa condição educativa deveria ser encontrada por todas as pessoas ao renascerem, pois a educação espiritual e a melhoria do estado anterior são os objetivos de estarmos todos nesta existência temporária.  

um ensinamento de Jesus Cristo à humanidade: Conhecereis a verdade e ela vos libertará. (João, 8:32) 

Todos precisamos buscar a verdade sobre tudo, mas não se trata de verdades a seu modo. É preciso buscar as verdades como realmente são. E elas não têm origem, nem são comandadas ou controladas pelo homem. As verdades às quais o Mestre se refere têm o seu fulcro no Criador de Todas as Coisas: Deus. São perfeitas e imutáveis.  

O caminho para essa busca se inicia no próprio indivíduo, com o autoconhecimento. Isso exige, naturalmente, o desenvolvimento intelectual e moral, bem como a compreensão das Leis Divinas e a Sua justiça. Nessa trajetória, superam-se o egoísmo, a presunção, a vaidade e o orgulho exacerbado, que comutam em virtudes como a humildade, a bondade e a compreensão. Nesse estágio evolutivo, o sentimento de ódio já não fará parte da personalidade.  

As orientações vindas dos Céus, por meio de Jesus Cristo, são universais; no entanto, a acolhida, a compreensão e a vivência dessas verdades são pessoais. 

A quem serve o sentimento de ódio? 

                              Dorival da Silva.