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quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Espiritismo responde

O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 420 - 28 de Junho de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI



 
Um leitor, surpreso com a mudança de temperamento que se verifica com alguns jovens no período final da chamada adolescência, pergunta-nos se o Espiritismo tem alguma explicação para isso.
Sim. Trata-se de um assunto tratado com clareza na principal obra de Allan Kardec, como podemos ver no texto que adiante reproduzimos: 
– Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?
“É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.” (O Livro dos Espíritos, questão 385.) 
Na sequência da resposta, os instrutores espirituais disseram mais o seguinte: 
“As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o consequente castigo exclusivamente sobre elas recai.
“Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.” (Obra e questão citadas.) 
Concluindo as explicações, os Espíritos acrescentaram: 
“A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
“Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” (Obra e questão citadas.) 
Reportando-se ao tema no seu livro O Consolador, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, Emmanuel reafirmou o ensinamento acima e a ele acrescentou informações importantes que vale a pena reproduzir para o leitor.
Escreveu Emmanuel: 
“O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.” (O Consolador, questão 109.) 
Resumindo: o jovem, ao final da adolescência, é a mesma pessoa da anterior existência, com outro nome e outra roupagem, mas o mesmo Espírito. Se experimentou alguma melhora, ela se refletirá no seu comportamento. Se tal não ocorreu, estaremos diante do mesmo indivíduo, com as virtudes e também os defeitos que ostentou no passado.



Extraída da Revista Eletrônica "O Consolador?", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano9/420/oespiritismoresponde.html

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os tempos são chegados - 2/5

Os tempos são chegados (parte 2)

A Humanidade realizou até agora incontestáveis progressos. Por sua inteligência, os homens chegaram a resultados jamais atingidos em relação às ciências, às artes e ao bem-estar material; resta-lhes ainda uma imensidão a realizar; é fazer reinar entre si a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o seu bem-estar moral. Não o podiam com suas crenças, nem com suas instituições antiquadas, resquícios de uma outra idade, boas numa certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, tendo dado o que comportavam, seriam hoje um ponto de parada. Tal uma criança estimulada por móbiles, impotentes quando ela chega à idade madura. Já não é apenas o desenvolvimento da inteligência que é necessário aos homens, é a elevação do sentimento e, para tanto, é preciso destruir tudo quanto neles pudesse excitar o egoísmo e o orgulho.

Tal o período em que agora vão entrar, e que marcará uma das fases principais da Humanidade. A fase que neste momento se elabora é o complemento necessário do estado precedente, como a idade viril é o complemento da juventude; ela podia, pois, ser prevista e predita por antecipação, e é por isto que se diz que os tempos marcados por Deus são chegados.

Neste tempo não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a um país, a um povo, a uma raça; é um movimento universal, que se opera no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende a se estabelecer e os homens que a ela são mais opostos nela trabalham mau grado seu; a geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, achar-se-á animada de ideias e sentimentos completamente diversos da geração presente, que desaparece a passos de gigante. O velho mundo estará morto e viverá na História, como hoje os tempos medievais, com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas.


Aliás, cada um sabe que a ordem de coisas atual deixa a desejar. Depois de haver, de certo modo, esgotado o bem-estar material, que é produto da inteligência, chega-se a compreender que o complemento desse bem-estar não pode estar senão no desenvolvimento moral. Quanto mais se avança, mais se sente o que falta, sem, contudo, poder ainda o definir claramente: é o efeito do trabalho íntimo que se opera para a regeneração; tem-se desejos, aspirações que são como o pressentimento de um estado melhor.


Mas uma mudança tão radical quanto a que se elabora não pode realizar-se sem comoção; há luta inevitável entre as ideias, e quem diz luta, diz alternativa de sucesso e de revés. Entretanto, como as ideias novas são as do progresso e o progresso está nas leis da Natureza, estas não deixam de triunfar sobre as ideias retrógradas. Desse conflito nascerão, forçosamente, perturbações temporárias, até que o terreno esteja livre dos obstáculos que se opõem à construção do novo edifício social. É, pois, da luta das idéias que surgirão os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos, ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais eram consequência do estado de formação da Terra; hoje não são mais as entranhas do globo que se agitam, são as da Humanidade.


A Humanidade é um ser coletivo, no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual, mas com esta diferença: umas se realizam de ano a ano, e as outras de século em século. Que a seguir em suas evoluções através dos tempos verá a vida das diversas raças marcadas por períodos que dão a cada época uma fisionomia particular.


Ao lado dos movimentos parciais há um movimento geral, que dá impulso à Humanidade inteira; mas o progresso de cada parte do conjunto é relativo ao seu grau de adiantamento. Tal seria uma família composta de vários filhos, dos quais o mais jovem está no berço e o mais velho com dez anos, por exemplo. Em dez anos, o mais velho terá vinte e será um homem; o mais jovem terá dez e, embora mais adiantado, será ainda uma criança; mas, por sua vez, se tornará homem. Dá-se o mesmo com as diversas frações da Humanidade; os mais atrasados avançam, mas não atingem de um salto o nível dos mais adiantados.


Tornando-se adulta, a Humanidade tem novas necessidades, aspirações mais largas, mais elevadas; compreende o vazio das ideias com que foi embalada, a insuficiência das instituições para a sua felicidade. Não mais encontra no estado de coisas as satisfações legítimas a que se sente chamada. Eis por que sacode as fraldas e se lança, impelida por uma força irresistível, para as margens desconhecidas, à descoberta de novos horizontes menos limitados. E é no momento em que se encontra muito confinada em sua esfera material, onde a vida intelectual transborda, onde se expande o sentimento da espiritualidade, que homens, pretensos filósofos, esperam encher o vazio pelas doutrinas do niilismo e do materialismo! Estranha aberração! Esses mesmos homens que pretendem empurrá-la para frente, esforçam-se por circunscrevê-la no estreito círculo da matéria, de onde aspira a sair; fecham-lhe o aspecto da vida infinita, e lhe dizem, mostrando-lhe o túmulo: Nec plus ultra!


Como dissemos, a marcha progressiva da Humanidade se opera de duas maneiras: uma gradual, lenta, insensível, se se consideram as épocas mais próximas, que se traduz por sucessivas melhoras nos costumes, nas leis, nos usos, e não se percebe senão à superfície do globo; a outra, por um movimento relativamente brusco, rápido, semelhante ao de uma torrente rompendo seus diques, que lhes faz transpor em alguns anos o espaço que teria levado séculos a percorrer. É então um cataclismo moral que, em alguns instantes, devora as instituições do passado, e ao qual sucede uma nova ordem de coisas, que se assenta pouco a pouco à medida que a calma se restabelece e se torna definitiva.


Para quem vive bastante para abarcar os dois aspectos da nova fase, de crescimento moral, que chegou a Humanidade. Da adolescência passa à idade viril; o passado já não pode bastar às suas novas aspirações, às suas novas necessidades; não pode mais ser conduzida pelos mesmos meios; não mais se permite ilusões e sortilégios; sua razão amadurecida exige alimentos mais substanciais. O presente é por demais efêmero; sente que seu destino é mais vasto e que a vida corporal é muito restrita para a encerrar toda inteira. Eis por que ela mergulha o olhar no passado e no futuro, a fim de aí descobrir o mistério de sua existência e haurir uma segurança consoladora.

Allan Kardec - Revista Espírita - outubro de 1866