Boas maneiras
“E assenta-te no último lugar.” – Jesus. (Lucas, 14:10.)
O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidável ensinamento
de boas maneiras.
Certo, a sentença revela conteúdo altamente simbólico,
relativamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convém
deslocarmos o conceito a fim de aplicá-lo igualmente ao mecanismo da vida
comum.
A recomendação do Salvador presta-se a todas as situações em
que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes.
Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez,
timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se
encontra, torna-se intolerável aos circunstantes.
Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas
finalidades ou intenções, não é razoável que o homem esclarecido, aí
ingressando pela vez primeira, se faça doutrinador austero e exigente,
porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, é indispensável que
o trabalhador fiel ao bem inicie o esforço, indo ao encontro dos corações pelos
laços da fraternidade legítima. Somente assim, conseguirá alijar a imperfeição
eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, através do serviço
constante.
Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo,
entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens
para cumprir a Lei.
Não assaltes os lugares de evidência por onde passares. E,
quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a
exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria.
Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum
modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo
poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações.
Extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 43.
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Extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 43.
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Reflexão
Trazendo o tema, que é universal, para o estado de vivência do cotidiano, não é difícil constatar a distância que vai entre o que se vive e o entendimento proposto como o ideal do Espírito. A questão é de autoconhecimento. O que corresponde a olhar para si mesmo, não através do espelho, da fotografia, do filme; mas, numa interiorização na busca dos valores reais de nós mesmos, nem sempre satisfatórios.
Somos o oleiro desse barro divino, cabe a cada um a obra realizada ou a realizar. A qualidade e a beleza dependem da experiência e do esforço de aprimoramento individual. A interiorização dessa busca ninguém poderá fazer por outrem. O que se exterioriza tem suas raízes na profundidade no "ser". Embora o egoísmo e o orgulho e suas ramificações deem coloração modificada propositalmente para a máscara que se quer mostrar. Para encantar ou enganar, iludindo-se, iludindo.
Grande parte deseja a evidência, o reconhecimento. Quer o primeiro lugar. E imediatamente. Total ausência de autoanálise. Esse querer sem merecer é a ausência de valores cultivados. É desejar algo sem estrutura emocional amadurecida. É ignorar que evidência corresponde muita responsabilidade, angústias, preocupações e tem consequências. Não importa o segmento da vida e em qualquer época.
É melhor assumir os últimos assentos; caso se tenha mérito as circunstâncias o colocarão na posição justa diante da vida, não importando onde esteja, sem ferir a harmonia emocional.
A vida é regida por Leis Naturais que se faz evidenciar a solicitude Divina para com a criatura, é perfeita, não falha. Somente não é governada pelo imediatismo, nem pelo faz de conta dos interesses mesquinhos. Somente a efetividade da conquista sobre si mesmo, somente a verdade é capaz de sensibilizar o reconhecimento dessa Lei.
Reflexão com base no texto acima: Boas Maneiras.
Dorival da Silva