Democracia de si mesmo. É possível?
Como
regra corrente, “democracia é o regime
político em que a soberania é exercida pelo povo”. Nós, os seres humanos, somos países de um único habitante, onde podemos exercer todos os nossos direitos,
sem o incômodo de compartilhar decisão, vez que nesse governo não tem
concorrentes. É verdade?
Certamente
gostaríamos que assim a banda tocasse.
Quando
no caminho evolutivo somos muito ignorantes, sendo que os medos, a insegurança e os
conflitos são os grandes concorrentes, gerando perturbação nesse país de um
só. Uma confusão de quereres, de não
quereres, ora avança ora retrocede em suas ações. A dúvida sobrepõe, como nuvem
escura, a clareza das ideias que desejam se estabelecer e florir. É luta de si
consigo mesmo.
Existe
o direito, no entanto, o seu exercício, chama o dever. Antes de se pensar no gozo do direito o dever
existia, em silêncio aguardava que o exercesse, mas foi lembrado quando se
quis o direito. O direito é uma conquista do dever cumprido, então precisa vir
depois. Primeiro se cumpre com o dever e o direito estará resguardado, assim é
nesse país de si mesmo.
Para
esse governo ter clareza, se faz imprescindível conhecer esse tal país de si
mesmo, quem o conhece o suficiente para governá-lo com segurança, objetivando a
melhor produção. O progresso de qualquer país depende da quantidade e da
qualidade de sua produção nos diversos setores da vida. Relembremos alguns
setores dessa economia: Saúde, educação, segurança, inteligência, sentimento,
moral, discernimento, respeito, religiosidade, ainda, existem outros; depois
todos se subdividem em especialidades, numa tessitura de sintonia fina.
Quem
governa esse pais? Qual o regime de governo? E os recursos que permitem a
produção e as conquistas?
Precisamos
conhecer esse governante; ele se
confunde com o próprio país, conquanto seja independente e livre, apesar de
sofrer uma vinculação temporária com a parte visível para os demais países, como
qualquer governo. Conquanto exteriormente se expresse com parte pequena de sua
produção, assim mesmo, é possível avaliar a qualidade e a sua
capacidade de governar.
Quem
exerce a governança tem nome, é conhecido como: Alma, espírito, "persona",
eu... Muitos nomes, muitas
denominações. Ele possui um território com
área estabelecida, que se apresenta com altura, peso e limites. O governante
tem halo vinculante, com as mesmas características da parte visível, que se
desprende sem desvirtuar nenhuma das qualidades do país conhecido, quando
materialmente este fica incapaz e perde a vitalidade.
Sobre
os recursos que utiliza para a produção, são comuns a todos os países: a
vontade, o objetivo, a ação, a persistência.
As
conquistas são a Inteligência, o equilíbrio emocional, as virtudes, a lucidez, enfim,
o cumprimento do dever, que lhe proporciona a paz e a felicidade.
Desvitalizada a sua terra, não sendo mais perceptível para os demais países, como o
governante goza as suas conquistas? Para quem mostra os seus valores?
O
governante deixando o vínculo material, pois tudo o que é matéria é finito, fica
o essencial, que é permanente, como uma herança que não se perde, e se
estabelece em estância vibracional compatível com o patrimônio conquistado. A
quantidade e a qualidade desse patrimônio irão dizer de seu governante, pois é
ele mesmo, estão nele, não há como se enganar, todos os demais saberão, mesmo
que não queira mostrar. O Governador tem pleno conhecimento do que fez e do que
deixou de fazer, traz a paz e a felicidade, se o dever foi cumprido; caso contrário,
sobrarão a frustração, o arrependimento, a amargura.
Findou-se
tudo? Não será possível ampliar o que foi conquistado? Como ficam aqueles que faliram? Nem para um, nem para os outros a trajetória
cessou, vez que a meta é a perfeição, que ainda se encontre distante. Então, o
gestor procura novo país, em época diferente, novamente mergulha em terra nova,
com todas as experiências adquiridas para, outra vez, mais experiente, governar,
se governando, visando enriquecer o seu patrimônio, sabendo da regra
democrática de cumprir primeiramente o dever, garantindo consequentemente os
direitos. Esgotados os recursos do país, analisa-se os resultados, a recompensa
é conhecida: paz e felicidades, ou não.
Caminhar
é preciso, recapitular é necessário, reconhecer-se é imprescindível.
Todos
os países, com essa trajetória, necessariamente, grandes conquistas terão, o
lugar de todos, o Mundo, em paz estará.
Para
quem mostrar os seus valores? Para aqueles que alcançaram a sublimação da vida,
os seus valores fazem parte da pureza de sua consciência. O país, aqui, é a sua
própria obra.
Democracia...
Dorival da Silva.