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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Direito ou justiça?

 Direito ou justiça?

      Muitos estão ávidos por direitos, exigentes destes em todas as circunstâncias em que presumem seus, no entanto, não têm a mesma ênfase quando os supõem não os favorecerem. O que seria uma obrigação, respeitar o direito de outrem, tal como exige o seu. É uma questão de justiça. Moralmente é cumprir-se com o dever.  

     Direito, numa visão larga, é um conjunto de normas convencionadas, que serve por um determinado período na orientação comportamental de uma certa população, harmonizando conflitos de interesses, sofre o desgaste com a evolução da sociedade a que norteia, exigindo atualizações no tempo. 

     Assim, o que se diz ter cumprido com a justiça numa determinada circunstância, com um entendimento julgador, em outra época, o mesmo fato, analisado com outra visão, conclui-se que ocorreu uma injustiça.  

     As letras da norma embasadora do julgamento eram as mesmas, mas o entendimento do valor fático, o estado psicológico tem outro alcance. 

     As normas legais, elaboradas, organizadas e codificadas, desse modo denominadas, não correspondem a uma justiça irreparável, em conta a condição vulnerável dos que a estabeleceram, tanto quanto dos próprios aplicadores -- não se está falando de desonestidade, mas sim da condição humana --, que sofrem a evolução do entendimento, que se renovam com a dinâmica do pensamento de cada momento da vida. 

     O que se discorre acima, parece atender somente situações de ordem cotidiana, cuidando da realidade enquanto o indivíduo faça parte desse contexto social, mas ultrapassa o limite fincado no túmulo, refletindo sua influência sobre a continuidade da existência do ser pensante no plano extracorpóreo.

     A vida na organização social em que se nasce, qualquer que seja a sua duração, é um hiato na existência do ser espiritual, todas as ocorrências são experiências para aprendizado com fatos novos, no entanto, os impulsos para os acontecimentos estão no próprio ser, que enverga uma indumentária corporal, mas em sua Alma, e carregará todas as consequências consigo mesmo.  O julgamento de qualquer ordem, independente de normas legais, seja consequente ou irresponsável, trará reflexo após a morte do corpo, para quem o aplica e para quem o sofre. 

     Vindo a conhecer a realidade mais íntima do julgado o julgador verá que não fez justiça e gerou dificuldade de difícil solução, pois movimentou forças profundas da alma gerando mácula no outro que o mais sincero arrependimento, por si só, não dará trégua à sua consciência, mesmo que o injustiçado lhe perdoe. 

     O ofendido, perdoando se livra da mágoa, se assim o fez verdadeiramente, no entanto, o ofensor se vê com a necessidade de reparar, para se sentir justificado. Todo cuidado na relação humana é pouco. O apóstolo Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes¹”.

     Em outro ponto, o Mestre Galileu, recita: “Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós²”.

     Os Seres espirituais, toda a Humanidade, têm o direito de alcançar pelos seus esforços a plenitude da paz e da felicidade, por consequência a justiça, correspondendo ao estado de harmonia da própria consciência, àquela que vibra uníssona com a Lei Divina, que é Lei de Amor e Justiça. 

     Antes de defender direitos, seria mais producente procurar resguardar os deveres e as obrigações, sendo que se todos assim procedessem ninguém precisaria se preocupar com àqueles, pois, estariam naturalmente preservados, seria uma realidade altruística. O egoísmo e o orgulho não se fariam presentes nas vidas das pessoas, a paz seria recorrente, a miséria e as diversas carências sociais não se conheceriam, “O Reino do Céu se faria na Terra”. Seria utopia, ou o que se deve esperar? Qual a contribuição?

     O direito e a justiça estão postos para todos os indivíduos, o que se precisa é instalá-los na própria alma para que reflita no meio social, que se tornará um caldo de verdadeira fraternidade. 

     Direito ou justiça, qual a sua reflexão?

                                   Dorival da Silva

     

  1. Mateus, XVIII: 15, 21, 22

  2. Mateus, VII:1-2

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Leis…

 Leis… 


Neste texto abordaremos sobre leis, não faremos como questão técnica de Direito, não é a finalidade, mas num pensamento livre, numa lógica natural, longe de apego e de legislação de qualquer viés, apenas a liberdade de pensar. 

A Natureza tem suas leis, nada além dessas seriam necessárias para  conduzir a vida se não fosse o surgimento de um elemento chamado homem, ou seja, um ser do reino animal num estágio hominal, o que significa um animal que tem a capacidade do pensamento contínuo e consciência de si mesmo, por isso sobrepõe os demais reinos. Suas ações são intencionais, premeditadas, visam um resultado, têm consequências positivas ou não, para si mesmo ou para o seu grupo, podendo representar vantagem ou desvantagem para um ou outros demais grupos da organização social. 

Os predicados do ser humano trazem o livre-arbítrio, o direito de experimentar, de conhecer os resultados de suas ações, se é bom ou não, e suportar as consequências de suas atitudes. Foi nos acertos e erros que se descobriu o que era útil para a sua vida, adiantou-se e precisou disciplinar as suas experiências, catalogar os passos e os resultados, iniciando-se a Ciência, metodizando os fatos. 

No entanto, existem fatores comportamentais que num estágio da existência foram essenciais para a sua manutenção, como o instinto de conservação, a força bruta, a capacidade de adaptação ao  meio ambiente…  No contar dos séculos, a inteligência humana se desenvolveu, a Ciência subdividiu-se em especialidades, a tecnologia trouxe comodidade às suas ações, nos diversos setores da vida. 

E as Leis?...  

As leis naturais, quando o homem surgiu, elas estavam latentes nele, e foram evidenciando-se conforme as ações empreendidas,  sentindo-se seus efeitos, com as repetições foram sendo conhecidas. 

Com o crescer da inteligência, que vai à frente do desenvolvimento  moral -- este que seria o freio equilibrador das ações do homem --; descobriu-se que o poder governa, manda, exige, acumula, cria um estado de “respeito-temor” sobre os de menor poder, gerando ilusória sensação de segurança, seja individual, ou coletiva. 

O que era instinto de conservação, tornou-se egoico, centralizador, pessoal ou social, somando-se o orgulho do poder, duas forças ilusórias que se unem; que perduram enquanto o combustível da ilusão suportar.   

A lei regente de toda a vida não está escrita nem em pedra, nem em papel, pois está ínsita no próprio ser, é a lei natural, a Lei de Deus, inscrita na consciência. No entanto, ela está latente, é preciso que a consciência se faça lúcida, crescida, esteja forrada na inteligência e na moral avançadas, coroadas de virtudes, conquistas de grandes lutas interiores. 

Para apoiar no estado evolutivo incipiente do ser humano,  no transcorrer dos séculos, houve o socorro das estâncias espirituais  responsáveis pela humanidade da Terra, com o estabelecimento de normas de conduta e o apontamento de que não se estava só, como as orientações lançadas ao mundo pela voz direta, surgida no ar, posteriormente com registro tátil, como exemplifica o código de Hamurábi, e mais tarde o que marcou com mais expressividade, a recepção por Moisés, do Decálogo, até esses dias, normativo indiscutível. 

Desde os Profetas, que orientavam o povo para a vida presente e lançavam as ocorrências que se dariam no futuro, mostrando que a existência não era finita, que os seres não eram o corpo, mas, sim,  algo que perduraria no tempo, pois,  seria sem propósito revelar o futuro para quem não chegaria lá, mas, também, não dava para explicar como se chegaria, o que posteriormente Jesus deu início a essa Ciência no diálogo com Nicodemos, tratando do nascer de novo, como hoje conhecemos o mecanismo da reencarnação, e a evolução constante da alma humana. 

As leis civis existiram desde as mais rudimentares, as patriarcais, posteriormente de grupos sociais, as de estado, e as nacionais, com as regras modernas ordenadoras da ordem social no mundo.  Essas são todas relativas, sofrem alterações constantes de aperfeiçoamento, e de acordo com as necessidades do estado evolutivo de cada sociedade; acompanham a evolução dos povos. 

Nos tempos modernos, principalmente após o advento da Doutrina Espírita (1857), o homem está ciente que é um Espírito, uma individualidade autônoma, que não terá fim; no entanto,  transitou desde o estado evolutivo mais insignificante, aperfeiçoa-se todos os dias, caminha pela eternidade e alcançará o estado de perfeição, porque existe uma lei inexorável e atrativa que é a Lei de Progresso, que rege todo o Universo, pois se trata de Lei Divina.

A Lei de Progresso, conquanto governe o mundo material e o espiritual, sendo que o primeiro tem suas normas físico-químicas próprias, que são exercidas automaticamente; o segundo, tem a lei imutável inscrita na consciência, e a exerce de acordo com o seu estado evolutivo, pois, tem vontade e é livre para decidir, vive a sua experiência, e assume as suas consequências. 

As Leis Naturais que regem a matéria,  elas se cumprem dentro de uma ordem constante,  que a multidão incontável de mundos e astros do Universo seguem cortejos em movimentos harmônicos pelo tempo sem fim, sem a ocorrência de fatos acidentais. Sendo que serve ao desenvolvimento da vida em todos os planos, fora disso não haveria razão para existir. Quem criaria tanta grandeza sem finalidade?

Àquelas que cuidam da vida espiritual são dinâmicas, que, em profundidade,  fogem da possibilidade de julgamento pelos homens, pois, as facetas motivadoras de quaisquer fatos têm concepções inatingíveis no presente estágio evolutivo. Sendo que a alma humana vem no caminho do tempo em inumeráveis experiências, estas estão compondo o seu patrimônio espiritual, que reflete influência inconsciente sobre si mesmo, exercendo força para a repetição de circunstâncias anteriormente habituadas, que precisam encontrar na vida presente discernimento para conter e neutralizar ou dar vazão, advindo os resultados bons ou depreciativos. A educação moral, a espiritualização do indivíduo é o grande divisor de águas, entre os desastres, causadores de sofrimentos que transcendem os tempos da própria vida corporal, e o estado de paz e felicidade que se perpetuam. 

Não há mundo, não há vida sem ordem e sem lei. Mundo material e mundo espiritual têm a mesma Fonte, no entanto, aquele serve a este, e existe em razão deste. 

Lei, ordem, disciplina…

                                                                         Dorival da Silva


quinta-feira, 14 de maio de 2020

Encontro em Hollywood


Encontro em Hollywood

Caminhávamos, alguns amigos, admirando a paisagem do Wilshire Boulevard,  em Hollywood, quando fizemos parada, ante a serenidade do Memoriam Park Cemetery, entre o nosso caminho e os jardins de Glendon Avenue.
A formosa mansão dos mortos mostrava grande movimentação de Espíritos libertos da experiência física, e entramos. 

Tudo, no interior, tranquilidade e alegria. 

Os túmulos simples pareciam monumentos erguidos à paz, induzindo à oração. Entre as árvores que a primavera pintara de verde novo, numerosas entidades iam e vinham, muitas delas escoradas umas nas outras, à feição de convalescentes, sustentadas por enfermeiros em pátio de hospital agradável e extenso. 

Numa esquina que se alteava com o terreno, duas laranjeiras ornamentais guardavam o acesso para o interior da pequena construção que hospeda as cinzas de muitas personalidades que demandaram o Além, sob o apreço do mundo. A um canto, li a inscrição: “Marilyn Monroe – 1926-1962”.  Surpreendido, perguntei a Clinton, um dos amigos que nos acompanhavam:

-- Estão aqui os restos de Marilyn, a estrela do cinema, cuja história chegou até mesmo ao conhecimento de nós outros, os desencarnados de longo tempo no Mundo Espiritual? 

-- Sim – respondeu ele, e acentuou com expressão significativa: -- não se detenha, porém, a tatear-lhe  a legenda mortuária... Ela está viva e você pode encontrá-la, aqui e agora...

-- Como?

O amigo indicou frondoso olmo chinês, cuja galharia compõe esmeraldino refúgio no largo recinto, e falou:

-- Ei-la que descansa, decerto em visita de reconforto e reminiscência...

A poucos passos de nós, uma jovem desencarnada, mas ainda evidentemente enferma, repousava a cabeleira loura no colo de simpática senhora que a tutelava. Marilyn Monroe, pois era ela, exibia a face desfigurada e os olhos tristes. Informados de que nos seria lícito abordá-la, para alguns momentos de conversa, aproximando-nos, respeitosos. 

Clinton fez a apresentação e aduzi:

-- Sou um amigo do Brasil que deseja ouvi-la.

-- Um brasileiro a procurar-me, depois da morte? 

-- Sim, e porque não? – acrescentei – a sua experiência pessoal interessa a milhões de pessoas no mundo inteiro...

E o diálogo prosseguiu:

-- Uma experiência fracassada...

-- Uma lição talvez.

-- Em que lhe poderia ser útil?

-- A sua vida influenciou muitas vidas e estimaríamos receber ainda que fosse um pequeno recado de sua parte para aqueles que lhe admiraram os filmes e que lhe recordam no mundo a presença marcante...

-- Quem gostaria de acolher um grito de dor?

-- A dor instrui...

-- Fui mulher como tantas outras e não tive tempo e nem disposição para cogitar de filosofia. 

-- Mas fale mesmo assim...

-- Bem, diga então às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso... Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano. 

-- Admite, desse modo, que a mulher deve permanecer no lar, de maneira exclusiva? 

-- Não tanto. O lar é uma instituição que pertence à responsabilidade tanto da mulher quanto do homem. Quero dizer que a mulher lutou durante séculos para obter a liberdade...  Agora que a possui nas nações progressistas, é necessário aprender a controlá-la. A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece ao poder, ao dinheiro, à inteligência...

Pensei alguns momentos na fama daquela jovem que se apresentara à Terra inteira, dali mesmo, em Hollywood, e ajuntei:

-- Miss Monroe, quando se refere à liberdade da mulher, você quer mencionar a liberdade do sexo?

-- Especialmente. 

-- Porquê?

-- Concorrendo sem qualquer obstáculo ao trabalho do homem, a mulher, de modo geral, se juga com direito a qualquer tipo de experiência e, com isso, na maioria das vezes compromete as bases da vida. Agora que regressei à Espiritualidade, compreendo que a reencarnação é uma escola com muita dificuldade de funcionar par o bem, toda vez que a mulher foge à obrigação de amar, nos filhos, a edificação moral a que é chamada.

-- Deseja dizer que o sexo...

-- Pode ser comparado à porta da vida terrestre, canal de renascimento e renovação, capaz de ser guiado para a luz ou para as trevas, conforme o rumo que se lhe dê. 

-- Ser-lhe-ia possível clarear um pouco mais este assunto? 

-- Não tenho expressões para falar sobre isso com o esclarecimento necessário; no entanto, proponho-me a afirmar que o sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução. 

-- Miss Monroe – considerei, encantado, em lhe ouvindo os conceitos --, devo asseverar-lhe, não sem profunda estima por sua pessoa, que o suicídio não lhe alterou a lucidez.

-- A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada – acentuou ela sorrindo. – Os vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça, sem que os mortos lhes possam dar a resposta devida, ignorando que eles mesmos, os vivos, se encontrarão, mais tarde, diante desse mesmo problema... A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo. Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão. Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade... Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose  de pílulas mensageiras do sono...

-- Conseguiu dormir na grande transição?

-- De modo algum. Quando minha governanta bateu à porta do quarto, inquieta ao ver a luz acesa, acordei às súbitas da sonolência a que me confiara, sentindo-me duas pessoas a um só tempo... Gritei apavorada, sem saber, de imediato, identificar-me, porque lograva mover-me e falar, ao lado daquela outra forma, a vestimenta carnal que eu largara...  Infelizmente para mim, o aposento abrigava alguns malfeitores desencarnados que, mais tarde, vim a saber, me dilapidavam as energias. Acompanhei, com indescritível angústia, o que se seguiu com o meu corpo inerme; entretanto, isso faz parte de um capítulo do meu sofrimento que lhe peço permissão para não relembrar...

-- Ser-lhe-á possível explicar-nos porque terá experimentado essa agudeza de percepção, justamente no instante em que a morte, de modo comum, traz anestesia e repouso?

-- Efetivamente, não tive a intenção de fugir da existência, mas, no fundo, estava incursa no suicídio indireto. Malbaratara minhas forças, em nome da arte, entregando-me a excessos que me arrasaram as oportunidades de elevação... Ultimamente, fui informada por amigos daqui de que não me foi possível descansar, após a desencarnação, enquanto não me desvencilhei da influência perniciosa de Espíritos vampirizadores a cujos propósitos eu aderira, por falta de discernimento quanto à leis que regem o equilíbrio da alma. 

-- Compreendo que dispõe agora de valiosos conhecimentos, em torno da obsessão...

-- Sim, creio hoje que a obsessão, entre as criaturas humanas, é um flagelo muito pior que o câncer. Peçamos a Deus que a ciência no mundo se decida a estudar-lhe os problemas e resolvê-los...

A entrevistada mostrava sinais de fadiga e, pelos olhos da enfermeira que lhe guardava a cabeça no regaço amigo, percebi que não me cabia avançar.

-- Mis Monroe – concluí --, foi um prazer para mim este encontro em Hollywood. Podemos, acaso, saber quais são, na atualidade, os seus planos para o futuro?

Ela emitiu novo sorriso, em que se misturavam a tristeza e a esperança, manteve silêncio por alguns instantes e afirmou:

--Na condição de doente, primeiro, quero melhorar-me... Em seguida, como aluna no educandário da vida, preciso repetir as lições e provas em que fali...  Por agora, não devo e nem posso ter outro objetivo que não seja reencarnar, lutar, sofrer e reaprender...

Pronunciei algumas frases curtas de agradecimento e despedida e ela agitou a pequenina mão num gesto de adeus. Logo após, alinhavei estas notas, à guisa de reportagem, a fim de pensar nas bênçãos do Espiritismo Evangélico e na necessidade da sua divulgação.

Escrito extraído da obra:  Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X,  psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 1, publicada em 1969.
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NOTA:


  Iniciando a leitura da obra referida, deparei de início com essa “reportagem do além” com entrevista de personagem de grande influência na arte cinematográfica do século XX, pelo Espírito Irmão X, que foi jornalista no Brasil, que apresenta muitos pontos para análise na atualidade da nossa sociedade, o que faremos apenas referência, deixando a reflexão a critério dos leitores.


1. Relato pelo próprio Espírito de como realmente se deu a sua morte na última existência na Terra.


2. Os cuidados que o Espírito recebe para o seu restabelecimento e a consciência de seu retorno nas lides onde faliu.


3. A consciência de que o seu comportamento e os excessos na vida lhe trouxeram desequilíbrio que a levaram à morte.


4. Dá clareza à questão da liberdade da mulher, apontando: “A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece ao poder, ao dinheiro, à inteligência...”


5. Avalia a questão da morte, de que nem tudo o que se diz ou se conclui sobre certas ocorrências, embora as aparências, são verdadeiras. 


Outros pontos poderiam ser levantados, mas ficaremos com esses que anotamos.


                                       Dorival da Silva

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Democracia de si mesmo. É possível?


Democracia de si mesmo. É possível?

Como regra corrente, “democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo”. Nós, os seres humanos, somos países de um único habitante, onde podemos exercer todos os nossos direitos, sem o incômodo de compartilhar decisão, vez que nesse governo não tem concorrentes. É verdade?

Certamente gostaríamos que assim a banda tocasse.

Quando no caminho evolutivo somos muito ignorantes, sendo que os medos, a insegurança e os conflitos são os grandes concorrentes, gerando perturbação nesse país de um só.  Uma confusão de quereres, de não quereres, ora avança ora retrocede em suas ações. A dúvida sobrepõe, como nuvem escura, a clareza das ideias que desejam se estabelecer e florir. É luta de si consigo mesmo.

Existe o direito, no entanto, o seu exercício, chama o dever.  Antes de se pensar no gozo do direito o dever existia, em silêncio aguardava que o exercesse, mas foi lembrado quando se quis o direito. O direito é uma conquista do dever cumprido, então precisa vir depois. Primeiro se cumpre com o dever e o direito estará resguardado, assim é nesse país de si mesmo.

Para esse governo ter clareza, se faz imprescindível conhecer esse tal país de si mesmo, quem o conhece o suficiente para governá-lo com segurança, objetivando a melhor produção. O progresso de qualquer país depende da quantidade e da qualidade de sua produção nos diversos setores da vida. Relembremos alguns setores dessa economia: Saúde, educação, segurança, inteligência, sentimento, moral, discernimento, respeito, religiosidade, ainda, existem outros; depois todos se subdividem em especialidades, numa tessitura de sintonia fina.

Quem governa esse pais? Qual o regime de governo? E os recursos que permitem a produção e as conquistas?

Precisamos conhecer esse governante; ele se confunde com o próprio país, conquanto seja independente e livre, apesar de sofrer uma vinculação temporária com a parte visível para os demais países, como qualquer governo. Conquanto exteriormente se expresse com parte pequena de sua produção, assim mesmo, é possível avaliar a qualidade e a sua capacidade de governar.

Quem exerce a governança tem nome, é conhecido como: Alma, espírito, "persona", eu...  Muitos nomes, muitas denominações.  Ele possui um território com área estabelecida, que se apresenta com altura, peso e limites. O governante tem halo vinculante, com as mesmas características da parte visível, que se desprende sem desvirtuar nenhuma das qualidades do país conhecido, quando materialmente este fica incapaz e perde a vitalidade.

Sobre os recursos que utiliza para a produção, são comuns a todos os países: a vontade, o objetivo, a ação, a persistência.
As conquistas são a Inteligência, o equilíbrio emocional, as virtudes, a lucidez, enfim, o cumprimento do dever, que lhe proporciona a paz e a felicidade.

Desvitalizada a sua terra, não sendo mais perceptível para os demais países, como o governante goza as suas conquistas? Para quem mostra os seus valores?

O governante deixando o vínculo material, pois tudo o que é matéria é finito, fica o essencial, que é permanente, como uma herança que não se perde, e se estabelece em estância vibracional compatível com o patrimônio conquistado. A quantidade e a qualidade desse patrimônio irão dizer de seu governante, pois é ele mesmo, estão nele, não há como se enganar, todos os demais saberão, mesmo que não queira mostrar. O Governador tem pleno conhecimento do que fez e do que deixou de fazer, traz a paz e a felicidade, se o dever foi cumprido; caso contrário, sobrarão a frustração, o arrependimento, a amargura.

Findou-se tudo? Não será possível ampliar o que foi conquistado? Como ficam aqueles que faliram?  Nem para um, nem para os outros a trajetória cessou, vez que a meta é a perfeição, que ainda se encontre distante. Então, o gestor procura novo país, em época diferente, novamente mergulha em terra nova, com todas as experiências adquiridas para, outra vez, mais experiente, governar, se governando, visando enriquecer o seu patrimônio, sabendo da regra democrática de cumprir primeiramente o dever, garantindo consequentemente os direitos. Esgotados os recursos do país, analisa-se os resultados, a recompensa é conhecida: paz e felicidades, ou não.

Caminhar é preciso, recapitular é necessário, reconhecer-se é imprescindível.

Todos os países, com essa trajetória, necessariamente, grandes conquistas terão, o lugar de todos, o Mundo, em paz estará.

Para quem mostrar os seus valores? Para aqueles que alcançaram a sublimação da vida, os seus valores fazem parte da pureza de sua consciência. O país, aqui, é a sua própria obra.

Democracia...
                                                                                        Dorival da Silva.