Complexidades do fenômeno mediúnico
À primeira vista, o intercâmbio seguro entre os Espíritos desencarnados e os homens parece revestir-se de muita simplicidade.
Considerando-se que, após a morte do corpo, o ser apresenta-se com todos os atributos que lhe caracterizavam a existência física, é de crer-se que o processo da comunicação mediúnica torna-se natural e rápido, fácil e simples.
Como em qualquer procedimento técnico, no entanto, vários requisitos são-lhe exigíveis, o que torna a sua qualidade difícil de ser conseguida, ao mesmo tempo complexa para a sua realização.
O processo de comunicação dá-se somente através da identificação do Espírito com o médium, perispírito a perispírito, cujas propriedades de expansibilidade e sensibilidade, entre outras, permitem a captação do pensamento, das sensações e das emoções, que se transmitem de uma para outra mente através do veiculo sutil.
O médium é sempre um instrumento passivo, cuja educação moral e psíquica lhe concederá recursos hábeis para um intercâmbio correto. Nesse mister, inúmeros impedimentos se apresentam durante o fenômeno, que somente o exercício prolongado e bem dirigido consegue eliminar.
Dentre outros, vale citar as fixações mentais, os conflitos e os hábitos psicológicos do sensitivo, que ressumam do seu inconsciente e, durante o transe, assumem com vigor os controles da faculdade mediúnica, dando origem às ocorrências anímicas.
Em si mesmo, o animismo é ponte para o mediunismo, que a prática do intercâmbio termina por superar. Todavia, vale a pena ressaltar que no fenômeno anímico ocorrem os de natureza mediúnica, assim como nos mediúnicos sucedem aqueles de caráter anímico.
Qualquer artista, ao expressar-se, na música, sempre dependerá do instrumento de que se utilize. O som provirá do mecanismo utilizado, embora o virtuosismo proceda de quem o acione.
O fenômeno puro e absoluto ainda não existe no mundo orgânico relativo...
Os valores intelectuais e morais do médium têm preponderância na ocorrência fenomênica, porquanto serão os seus conhecimentos, atuais ou passados, que vestirão as ideias transmitidas pelos desencarnados.
Desse modo, a qualidade da comunicação mediúnica está sempre a depender dos valores evolutivos do seu intermediário.
*
Não há dois médiuns iguais, qual ocorre em outras áreas das atividades humanas, nas quais cada pessoa apresenta-se com os seus próprios recursos, assinalada pelas suas particulares características.
Quando se tratar de médium com excelentes registros e grande fidelidade no conteúdo da mensagem recebida, eis que defrontamos alguém que repete experiências transatas, havendo sido instrumento mediúnico anteriormente.
Na variada gama das faculdades, as conquistas pessoais armazenadas contribuem para que o fenômeno ocorra com o sucesso desejado.
Seja no campo das comunicações intelectuais, seja naqueles de natureza física, o contributo do médium é relevante.
Não seja, portanto, de estranhar que um médium, psicógrafo ou psicofônico, tenha maior facilidade para o registro de mensagens de um tipo literário ao invés de outro, logrando, por exemplo, admiráveis romances e deploráveis poemas, belas pinturas e más esculturas, facilidade para expressar-se em idiomas que não apenas aquele que hoje lhe é familiar, em razão de experiências vivenciadas em reencarnações anteriores.
Também há médiuns com aptidão para receber Espíritos sofredores, o que lhes deve constituir uma bênção, facilitando-lhes a aquisição de títulos de enobrecimento, pela ação caridosa que desempenhem. Não obstante, haverá, igualmente, a mesma predisposição para sintonizar com as Entidades Nobres, delas haurindo e transmitindo a inspiração, a sabedoria e a paz.
A ideia, o impulso procedem sempre do Espírito desencarnado, porém o revestimento, a execução vêm dos cabedais arquivados no inconsciente do médium.
A luz do Sol ou outra qualquer, ao ser coada por uma lâmina transparente, reaparecerá no tom que lhe é conferido pelo filtro.
No fenômeno mediúnico sucede da mesma forma.
*
Tendo em vista que a faculdade é orgânica, os recursos da aparelhagem exercem grande influência na ocorrência do fenômeno.
Assim considerando, o exercício, que educa os impulsos e comanda a passividade, é de capital importância.
À medida que vão sendo eliminados os conflitos pessoais, mais transparentes e fiéis se farão as mensagens, caracterizando os seus autores pelo conteúdo, estilo, elaboração da ideia e, nas manifestações artísticas, pelas expressões de beleza que apresentam.
A educação mediúnica, à semelhança do desenvolvimento de qualquer aptidão, impõe tempo, paciência, perseverança, estudo, interesse.
O investimento de cuidados específicos, na mediunidade, será compensado pelos resultados comprovadores da sua legitimidade, como também pelos ensinamentos e consolos recebidos na sua aplicação.
*
Faculdade neutra, do ponto de vista moral, pode o indivíduo ser portador de conduta irregular com largo campo de registro, em razão do seu pretérito, enquanto outros, moralizados, não possuem as mesmas possibilidades, o que não os deve desanimar.
A moral, no entanto, é exigível, em razão dos mecanismos de sintonia que a conduta proporciona.
Uma existência assinalada pela leviandade, por abusos de comportamento, por atitudes vulgares, atrai Espíritos igualmente irresponsáveis, perversos, perturbadores e zombeteiros.
A convivência psíquica com essas mentes e seres costuma por afetar as faculdades mentais do individuo, que termina vitimado por lamentáveis processos de obsessão, na sua variada catalogação.
As comunicações sérias e nobres somente têm lugar por instrumentos dignos e equilibrados.
*
Na sua condição de instrumento e na sua postura de passividade, o médium não pode provocar determinadas comunicações, mas sim, criar as condições e aguardar que ocorram.
Cabe-lhe estar vigilante para atender as chamadas que se originam no mundo espiritual, fazendo-se maleável e fiel portador da responsabilidade que lhe diz respeito.
*
O fenômeno mediúnico, para suceder em condições corretas, necessita que o organismo do instrumento se encontre sem altas cargas tóxicas de qualquer natureza, porquanto as emoções em desalinho, o cansaço, as toxinas resultantes dos excessos alimentares bloqueiam os núcleos de transformação do pensamento captado nas mensagens, o que equivale a semelhantes acontecimentos em outras atividades intelectuais, artísticas e comportamentais.
Atitude física, emocional e mental saudáveis, são a condição ideal para que o fenômeno mediúnico suceda com equilíbrio e rentabilidade.
Quando acontece pela violência, sem a observância dos requisitos essenciais exigíveis, alguns dos quais aqui exarados, já que outros ainda existem e merecem estudos, estamos diante de manifestações obsessivas, de episódios mediúnicos perturbadores, nunca, porém, de fenômenos que se expressem com a condição espírita para uma vivência mediúnica dignificadora.
Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em
1º.11.1993, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 2.4.2019
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sábado, 13 de abril de 2019
Complexidades do fenômeno mediúnico
domingo, 23 de outubro de 2016
Enfermidades saneadoras - Joanna de Ângelis
Enfermidades saneadoras - Joanna
de Ângelis
Toda enfermidade que aflige o ser humano possui as suas nascentes no
cerne do Espírito. Ainda imperfeito, necessita depurar-se enfrentando a
lapidação das suas arestas morais perniciosas.
Herança do passado evolutivo, quando os instintos básicos dominavam todas
as suas ações, eles permanecem vigorosos e geram dificuldades nos momentos de
decisões que devem ultrapassar as barreiras do ego, em benefício da
sociedade.
Não fosse a necessidade do crescimento interior, a fim de lhe permitir
o desabrochar dos valores de enobrecimento que jazem no seu íntimo, e o
sofrimento não existiria.
A sua finalidade precípua é proporcionar o respeito às soberanas leis
da Vida e ampliar-lhe a capacidade intelectual e o desenvolvimento moral.
Portanto, em vez de ter apenas um caráter punitivo, a enfermidade
possui o objetivo terapêutico libertador dos males que insistem em permanecer
dominantes.
Toda deficiência moral produz no perispírito um sinal que o organismo
decodificará no momento próprio, para dar lugar à enfermidade.
Nos fenômenos graves das expiações decorrentes dos delitos de alta
significação, apresentam-se as manifestações genéticas na imensa gama de
deformidades que constituem o recurso depurativo necessário à libertação, à
conquista da harmonia. Como não se pode fugir do cárcere imposto pela
reencarnação, desde muito cedo o Espírito vivencia a evolução a que se negou,
comprometendo-se com severidade.
Noutras vezes, as dificuldades de outro gênero - moral, social,
econômica, emocional e psíquica - constituem elementos de redenção por
aprimorarem os sentimentos e ensejarem a autoiluminação.
Há, no entanto, o recurso do bem fazer ao alcance de todos, que
propicia a sua reabilitação com perspectivas de crescimento espiritual.
Graças à lei de evolução, a ciência médica alcançou na atualidade
elevado patamar que proporciona com a sua tecnologia alterações profundas
para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Certamente, esses recursos estão distantes da grande maioria dos
comprometidos espirituais. No entanto, quase todos desfrutam dos benefícios
da assepsia, da anestesia, de cirurgias extraordinárias, que os auxiliam na
recuperação ou na atenuação das doenças.
Indispensável, todavia, que se operem também transformações internas
para que ocorra o resgate do erro, o conhecimento da verdade, a consideração
pela existência, tornando menos áspera a jornada.
A ausência, porém, do conhecimento espiritual responde pelo
prolongamento dos processos degenerativos, degradantes da matéria e,
principalmente, aqueles que dizem respeito à emoção.
Em qualquer situação, a preservação do equilíbrio mental é responsável
pela atividade reparadora, especialmente quando impulsiona o paciente para a
introspecção, a autodescoberta e a identificação da imortalidade de que se
constitui.
Não ocorrendo essa experiência valiosa, transfere-se de uma para outra
problemática, mantendo-se o quadro enfermiço que aparece e retorna com
frequência.
Seja qual for a problemática que te aflija ou desconserte na área da
saúde ou de tudo o que possa te constituir infortúnio, não te entregues à
ansiedade e ao desespero, visto que a tranquilidade favorecerá o teu
restabelecimento.
As ondas mentais de aceitação e o contínuo direcionamento para o bem
auxiliarão com vigor o processo de restauração da saúde e da manutenção da
paz.
* * *
É fenômeno natural o desgaste orgânico, assim como as complexidades
emocionais e psíquicas pertencem ao mesmo esquema de harmonia ou desajuste.
A inevitabilidade da morte ronda a existência e sempre aguarda que
sejam propiciados os fatores de instalação das doenças.
Ninguém há que atravesse a existência terrena em barcas de exceção.
Observa antigos atletas que apenas cuidaram do corpo, ora consumidos
pelos excessos que os induziram a manter-se no clímax ilusório do altar da
vaidade.
Alguns foram vitimados por tormentos emocionais que não souberam
controlar, enquanto expressivo número de triunfadores de um dia recorreram a
drogas perversas que os ludibriaram e se encontram inutilizados.
Cada fase da existência possui sinais de beleza, de resistência, de
valores inapreciáveis, que permitem um canto de gratidão a Deus.
A velhice, por mais postergada, é inevitável, e as características que
a assinalam são irremovíveis.
Desse modo, acende a luz do amor no imo e deixa-te incendiar pela
alegria de viver.
Estabelece o teu programa de educação íntima e preservarás o estado
saudável em todos os períodos existenciais, mesmo naqueles em que sejas
visitado por alguma ocorrência doentia.
Busca no trabalho de auxílio fraternal a sustentação da tua utilidade
de viver, e faze a tua existência valiosa para todos aqueles que se te
acerquem com necessidades.
Não te atormentes com as doenças nem com os desafios existenciais.
Constituem esses recursos bênçãos que Deus oferece àqueles que O
buscam e necessitam de alcançar a plenitude.
Quando, porém, as dificuldades se te fizerem mais severas, recorre à
oração que te vinculará aos dínamos superiores da Vida de onde haurirás forças
e resistência para superar a fase angustiante.
Quem ora fortalece-se na captação das vibrações harmoniosas espalhadas
pelo Universo.
Doença é sinal de imperfeição em processo de aprimoramento.
Não recalcitres, pois, contra a dor, nem ao natural fenômeno do
desgaste orgânico .
* * *
Jesus, que é perfeito, jamais se apresentou, durante a sua existência,
assinalado por qualquer distúrbio.
Saudável e jovial, apresentou o
reino de ventura num momento de aridez dos sentimentos e de desesperos
morais, tornando-se modelo de coragem ante a dor e a incompreensão dos seus
coevos, a fim de que tu, por tua vez, transformes qualquer doença em bênção
reparadora.
Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 25 de novembro de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Em 5.10.2016.
Mensagem extraída do endereço abaixo:
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quinta-feira, 21 de abril de 2016
Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita 2
DA ALMA
108. Qual a sede da alma?
A alma não está, como geralmente se crê, localizada num ponto
particular do corpo; ela forma com o perispírito um conjunto fluídico,
penetrável, assimilando-se ao corpo inteiro, com o qual ela constitui um ser
complexo, do qual a morte não é, de alguma sorte, mais que um desdobramento.
Podemos figuradamente supor dois corpos semelhantes na forma, um encaixado no
outro, confundidos durante a vida e separados depois da morte. Nessa ocasião um
deles é destruído, ao passo que o outro subsiste.
Durante a vida a alma age mais especialmente sobre os órgãos do
pensamento e do sentimento. Ela é, ao mesmo tempo, interna e externa, isto é,
irradia exteriormente, podendo mesmo isolar-se do corpo, transportar-se ao
longe e aí manifestar sua presença, como o provam a observação e os fenômenos sonambúlicos.
109. Será a alma criada ao mesmo
tempo que o corpo, ou anteriormente a este?
Depois da questão da existência da alma, é esta uma das questões
mais capitais, porque de sua solução dimanam as mais importantes consequências;
ela é a única capaz de explicar uma multidão de problemas até hoje insolúveis,
por não se ter nela acreditado.
De duas uma: ou a alma existia, ou não existia antes da formação
do corpo; não pode haver meio-termo.
Com a preexistência da alma tudo se explica lógica e
naturalmente; sem ela, encontram-se tropeços a cada passo, e, mesmo, certos
dogmas da Igreja ficam sem justificação, o que tem conduzido muitos pensadores
à incredulidade.
Os Espíritos resolveram a questão afirmativamente, e os fatos,
como a lógica, não podem deixar dúvidas a esse respeito.
Admita-se, ao menos como hipótese, a preexistência da alma, e veremos
aplainar-se a maioria das dificuldades.
110. Se a alma já existia, antes da
sua união com o corpo tinha ela sua individualidade e consciência de si?
Sem individualidade e sem consciência de si mesma, seria como se
não existisse.
111. Antes da sua união com o corpo,
já tinha a alma feito algum progresso, ou estava estacionária?
O progresso anterior da alma é simultaneamente demonstrado pela
observação dos fatos e pelo ensino dos Espíritos.
112. Criou Deus as almas iguais
moral e intelectualmente, ou fê-las mais perfeitas e inteligentes umas que as
outras?
Se Deus as houvesse feito umas mais perfeitas que as outras, não
conciliaria essa preferência com a justiça. Sendo todas as criaturas obra sua,
por que dispensaria ele do trabalho umas, quando o impõe a outras para
alcançarem a felicidade eterna? A desigualdade das almas em sua origem seria a
negação da justiça de Deus.
113. Se as almas são criadas iguais,
como explicar a diversidade de aptidões e predisposições naturais que notamos
entre os homens, na Terra?
Essa diversidade é a consequência do progresso feito pela alma,
antes da sua união ao corpo. As almas mais adiantadas, em inteligência e
moralidade, são as que têm vivido mais e mais progredido antes de sua encarnação.
114. Qual o estado da alma em sua
origem?
As almas são criadas simples e ignorantes, isto é, sem ciência e
sem conhecimento do bem e do mal, mas com igual aptidão para tudo. A princípio,
encontram-se numa espécie de infância, sem vontade própria e sem consciência
perfeita de sua existência. Pouco a pouco o livre-arbítrio se desenvolve, ao
mesmo tempo que as ideias. (O Livro dos Espíritos, nos 114 e seguintes.)
115. Fez a alma esse progresso
anterior, no estado de alma propriamente dita, ou em precedente existência
corporal?
Além do ensino dos Espíritos sobre esse ponto, o estudo dos
diferentes graus de adiantamento do homem, na Terra, prova que o progresso
anterior da alma deve fazer-se em uma série de existências corporais, mais ou
menos numerosas, segundo o grau a que ele chegou; a prova disto está na
observação dos fatos que diariamente estão sob os nossos olhos. (O Livro dos
Espíritos, nos 166 a 222. — Revue Spirite, abril, 1862,
páginas 97 a 106.)
- continua na próxima semana -
- continua na próxima semana -
quinta-feira, 12 de março de 2015
O perispírito e o duplo etérico
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011
RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS - continuação 1
MANIFESTAÇÕES DOS ESPÍRITOS
10. Os Espíritos podem se manifestar de maneiras bem diferentes: pela visão, pela audição pelo toque, pelos ruídos, pelos movimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc. Eles se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para cada gênero de manifestação, e que se distinguem sob o nome de médiuns. É assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, etc. Entre os médiuns escreventes, há numerosas variedades, segundo a natureza das comunicações que estão aptos a receber.
11. O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes; nenhuma matéria lhe opõe obstáculo. É por isso que os Espíritos penetram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados; é uma idéia ridícula crer-se que eles se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo de uma chaminé.
12. O perispírito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser matéria etérea. O Espírito pode, em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível; assim é que se produzem as aparições. Esse fenômeno não é mais extraordinário do que o do vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando está condensado. Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
13. É com a ajuda do seu perispírito, que o Espírito atua sobre seu corpo vivo; é ainda com esse mesmo fluido que ele se manifesta atuando sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objetos, que ergue, tomba ou transporta. Esse fenômeno nada tem de surpreendente se se considera que, entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluidos os mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade. É igualmente com a ajuda do seu perispírito que o Espírito faz os médiuns escreverem, falarem, ou desenharem; não tendo mais corpo tangível para atuar ostensivamente quando quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, de quem empresta os órgãos que faz atuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
14. No fenômeno designado sob o nome de mesas girantes ou falantes, é pelo mesmo meio que o Espírito atua sobre a mesa, seja para fazê-la mover sem significação determinada, seja para fazê-la dar golpes inteligentes indicando as letras do alfabeto, para formar palavras e frases, fenômeno designado sob o nome de tiptologia. A mesa não é aqui senão um instrumento do qual ele se serve, como o faz com o lápis para escrever; lhe dá uma vitalidade momentânea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele não se identifica com ela. As pessoas que, em sua emoção, vendo se manifestar um ser que lhes é caro, abraçam a mesa, praticam um ato ridículo, porque é absolutamente como se elas abraçassem o bastão do qual um amigo se serve para dar pancadas. Ocorre o mesmo com aqueles que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito estivesse encerrado na madeira, e como se a madeira tivesse se tornado espírito. Quando as comunicações ocorrem por esse meio, é preciso imaginar o Espírito não na mesa, mas ao lado, tal como estaria se estivesse vivo, e tal como se o veria se, nesse momento, pudesse se tornar visível. A mesma coisa ocorre nas comunicações pela escrita; ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo sua mão, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma corrente fluídica.
15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue a com força do braço, mas a envolve e a penetra com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar o faz para os balões e os papagaios de papel. O fluido do qual está penetrada lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior. Quando ela está pregada no solo, está num caso análogo ao da campana pneumática sob a qual se faz o vácuo. Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos, e não a similitude absoluta das causas. Compreende-se, depois disso, que não é mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportar um objeto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte; esse fenômenos se produzem pela mesma lei. Quando a mesa persegue alguém, não é o Espírito que passeia, porque ele pode permanecer tranquilamente no mesmo lugar, mas é quem lhe dá impulso por uma corrente fluídica com a ajuda da qual a faz mover-se à sua vontade. Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o Espírito não bate com a sua mão, nem com um objeto qualquer; dirige sobre o ponto de onde parte o ruído, um jato de fluido que produz o efeito de um choque elétrico. Ele modifica o ruído, como se podem modificar os sons produzidos pelo ar.
16. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, sem dúvida, se presta à suspeição e à fraude, mas nada prova contra a possibilidade do fato.
Sabe-se que, na química, há combinações que não se podem operar sob a luz; que composições e decomposições ocorrem sob a ação do fluido luminoso; ora, sendo todos os fenômenos espíritas o resultado da combinação dos fluidos próprios do Espírito e do médium, e esses fluidos sendo da matéria, nada há de espantoso de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrário a essa combinação.
17. Os Espíritos superiores não se ocupam das comunicações inteligentes senão tendo em vista a nossa instrução; as manifestações físicas ou puramente materiais, estão mais especialmente nas atribuições dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as habilidades dizem respeito aos saltimbancos e não aos sábios.
18. Os Espíritos são livres; se manifestam quando querem, a quem lhes convêm, e também quando podem, porque não têm sempre a possibilidade. Eles não estão às ordens e ao capricho de quem quer que seja, e não é dado a ninguém fazer com que venham contra sua vontade, nem fazê-los dizer o que querem calar; de sorte que ninguém pode afirmar que um Espírito qualquer virá ao seu chamado em um momento determinado, ou responderá a tal ou tal pergunta. Dizer o contrário, é provar ignorância absoluta dos princípios mais elementares do Espiritismo; só o charlatanismo tem fontes infalíveis.
19. Há pessoas que obtêm regularmente, e de alguma forma à vontade, a produção de certos fenômenos; mas, há que se anotar que esses são sempre efeitos puramente físicos, mais curiosos do que instrutivos, e que se produzem constantemente em condições análogas. As circunstâncias nas quais são obtidos, são de natureza a inspirarem dúvidas, tanto mais legítimas sobre sua realidade quando são geralmente objetos de uma exploração, e, freqüentemente, quando é difícil distinguir a mediunidade real da prestidigitação. Os fenômenos desse gênero, entretanto, podem ser o produto de uma mediunidade verdadeira, porque pode ocorrer que Espíritos de baixo estágio, que talvez tinham tido esse ofício, se comprazam nessas espécies de exibições; mas seria absurdo pensar que os Espíritos, por pouca que seja sua elevação, se alegrem em se exibirem. Isso não infirma em nada o princípio da liberdade dos Espíritos; aqueles que vêm, o fazem porque isso lhes agrada, mas não porque sejam constrangidos, e do momento que não lhes convenha mais vir, se o indivíduo for verdadeiro médium, nenhum efeito se produzirá. Os mais poderosos médiuns de efeitos físicos ou outros, têm tempos de interrupção, independentemente de sua vontade; os charlatães não os têm jamais. De resto, esses fenômenos, supondo-os reais, são apenas uma aplicação muito parcial da lei que rege as relações do mundo corporal com o mundo espiritual, mas não constituem o Espiritismo; de sorte que sua negação não infirmaria em nada os princípios gerais da Doutrina.
20. Certas manifestações espíritas se prestam, bem facilmente, a uma imitação mais ou menos grosseira; mas do fato de que puderam ser explorados, como tantos outros fenômenos, pela charlatanice e pela prestidigitação, seria absurdo disso concluir que elas não existam. Para aquele que estudou e conhece as condições normais nas quais elas podem se produzir, é fácil distinguir a imitação da realidade; a imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode enganar senão o ignorante incapaz de apreender as nuanças características do fenômeno verdadeiro.
21. As manifestações mais fáceis de serem imitadas, são certos efeitos físicos, e os efeitos inteligentes vulgares, tais como os movimentos, as pancadas, os transportes, a escrita direta, as respostas banais, etc; não ocorre o mesmo com as comunicações inteligentes de uma alta importância, ou na revelação de coisas notoriamente desconhecidas do médium; para imitar os primeiros não é preciso senão a destreza; para simular os outros é preciso, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectual fora de série e uma faculdade de improvisação, por assim dizer, universal, ou o dom da adivinhação.
22. As produções de espectros nos teatros foram apresentadas, injustamente, como tendo relações com a aparição de Espíritos, das quais são apenas uma grosseira e imperfeita imitação. É preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para ver nisso a menor analogia, e crer que é disso que se ocupa nas reuniões espíritas. Os Espíritos não se tornam visíveis ao comando de ninguém, mas por sua própria vontade, nas condições especiais que não estão no poder de quem quer que seja provocar.
23. As evocações espíritas não consistem, como alguns imaginam, em fazer voltar os mortos com um aspecto lúgubre da tumba. Não é senão nos romances, nos contos fantásticos de fantasmas e no teatro que se vêem os mortos descarnados saírem de seus sepulcros vestidos de lençóis e fazendo estalar seus ossos. O Espiritismo, que jamais fez milagres, tanto esse como outros, jamais fez reviver um corpo morto; quando o corpo está na cova, aí está definitivamente; mas o ser espiritual, fluídico, inteligente, aí não está metido com seu envoltório grosseiro; dele se separou no momento da morte, e uma vez operada a separação não tem mais nada de comum com ele.
24. A crítica malevolente procura representar as comunicações espíritas como cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia. Diremos simplesmente que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares mais propícios uns do que os outros; que não é preciso para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas; e não há necessidade de nenhuma preparação, de nenhuma iniciação; que o emprego de qualquer sinal ou objeto material, seja para atraí-los, seja para afastá-los, não tem efeito e o pensamento basta; enfim, que os médiuns recebem suas comunicações tão simplesmente e tão naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal. Só o charlatanismo poderia tomar maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos. A evocação dos Espíritos se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento; é a única coisa recomendada às pessoas sérias que querem ter relações com Espíritos sérios.
25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestam. Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos avançados que progrediram; os que provam a ignorância e as más qualidades, são Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo. Os Espíritos não podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ademais, sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar, uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer.
26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Se ele for sábio, confessará a sua ignorância sobre o que não sabe; se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade; se for orgulhoso, dará a sua idéia como verdade absoluta. Haveria, pois, imprudência e leviandade em aceitar, sem controle, tudo o que vem dos Espíritos. Por isso, é essencial estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe. (O Livro dos Médiuns, nº 257.)
27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; é concisa e sem palavras inúteis. Entre os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vazio das idéias, quase sempre, é compensado pela abundância das palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade em um Espírito.
28. O objetivo providencial das manifestações, é convencer os incrédulos de que tudo não termina, para o homem, com a vida terrestre, e de dar os crentes idéias mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso adiantamento, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio facilmente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam o homem de gênio pela inspiração oculta, mas não o isentam nem do trabalho das pesquisas, a fim de deixar-lhe o mérito.
29. Seria fazer uma idéia bem falsa dos Espíritos vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte; os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas; é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. (O Livro dos Médiuns, nº 286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos)
30. As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à atividade do homem. Seria em vão que tentar-se-ia empregá-las para conhecer o futuro, descobrir tesouros ocultos, recuperar heranças, ou encontrar meios de se enriquecer. Sua utilidade está nas conseqüências morais que dela decorrem; mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto à filosofia.
31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de qualquer natureza que sejam, nada têm de sobrenatural nem de maravilhoso. São fenômenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo corporal e do mundo espiritual, lei também tão natural como a da eletricidade, da gravidade, etc. O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos faz conhecer a lei do movimento, a ótica a da luz. As manifestações espíritas, estando na Natureza, produziram-se em todas as épocas; a lei que as rege, sendo conhecida, nos explica uma série de problemas considerados insolúveis; é a chave de uma multidão de fenômenos explorados e aumentados pela superstição.
32. Estando o maravilhoso completamente descartado, esses fenômenos nada mais têm que repugne à razão, porque vêm tomar lugar ao lado dos outros fenômenos naturais. Nos tempos da ignorância, todos os efeitos dos quais não se conhecia a causa eram reputados sobrenaturais; as descobertas da ciência restringiram sucessivamente o círculo do maravilhoso; o conhecimento dessa nova lei veio reduzi-lo a nada. Aqueles, pois, que acusam o Espiritismo de ressuscitar o maravilhoso, provam, por isso mesmo, que falam de uma só, provam, por isso mesmo, que falam de uma coisa que não conhecem.
Allan Kardec
Observação: continua na página referente a: RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS - continuação 2, a ser publicada posteriormente.
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