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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dê uma chance a você mesmo

Dê uma chance a você mesmo.

Talvez você tenha feito perguntas como estas:

        Quem sou eu? De onde vim ao nascer?  Para onde irei depois da morte? O que há depois dela?

        Por que uns sofrem mais do que outros? Por que uns têm determinada aptidão e outros não?

        Por que alguns nascem ricos e outros pobres? Alguns cegos, aleijados, débeis mentais, enquanto outros nascem inteligentes e saudáveis? Por que Deus permite tamanha desigualdade entre seus filhos?

        Por que uns, que são maus, sofrem menos que outros, que são bons?

        No entanto, a maioria das pessoas, vivendo a vida atribulada de hoje, não estão interessadas nos problemas fundamentais da existência. Antes se preocupam com seus negócios, com seus prazeres, com seus problemas particulares. Acham que questões como “a existência de Deus” e “a imortalidade da alma” são de competência de sacerdotes, de ministros religiosos, de filósofos e teólogos. Quando tudo vai bem em suas vidas, elas nem se lembram de Deus e, quando se lembram, é apenas para fazer uma oração, ir a um templo, como se tais atitudes fossem simples obrigações das quais todas têm que se desincumbir de uma maneira ou de outra. A religião para elas é mera formalidade social, alguma coisa que as pessoas devem ter, e nada mais; no máximo será um desencargo de consciência, para estar bem com Deus.  Tanto assim, que muitos nem sequer alimentam firme convicção naquilo que professam, carregando sérias dúvidas a respeito de Deus e da continuidade da vida após a morte.

        Quando, porém, tais pessoas são surpreendidas por um grande problema, a perda de um entre querido, uma doença incurável, uma queda financeira desastrosa – fatos que podem acontecer na vida de todo mundo – não encontram em si a fé necessária, nem a compreensão para enfrentar o problema com coragem e resignação, caindo, invariavelmente, no desespero.

        Onde se encontra a solução?

        Há uma doutrina que atende a todos estes questionamentos. É o Espiritismo.

        O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos iniciar uma transformação íntima, para melhor.

        Mas, o que é o Espiritismo?

        O Espiritismo é uma doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, através de médiuns, e organizada (codificada) por um educador francês, conhecido por Allan Kardec, no século XIX.

        O Espiritismo é, ao mesmo tempo filosofia, ciência e religião.

        Filosofia, porque dá uma interpretação da vida, respondendo questões como “de onde eu vim”, “o que faço no mundo”, “para onde irei depois da morte”.  Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.

        Ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. Não existe o sobrenatural no Espiritismo.

        Religião, porque tem por objetivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus Cristo, na sua verdadeira expressão de simplicidade, pureza e amor. Uma religião simples sem sacerdotes, cerimônias e nem sacramentos de espécie alguma. Sem rituais, culto a imagens, velas, vestes especiais, nem manifestações exteriores.
       
          E quais são os fundamentos básicos do Espiritismo?

        A existência de Deus que é o Criador, causa primária de todas as coisas. A Suprema Inteligência. É eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom.

        A imortalidade da alma ou espírito. O espírito é o princípio inteligente do Universo, criado por Deus, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos já existíamos antes do nascimento e continuaremos a existir depois da morte do corpo.

        A reencarnação. Criado simples e sem nenhum conhecimento, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos.  Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e reencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimentos através das múltiplas experiências de vida. O progresso adquirido pelo espírito não é somente intelectual, mas, sobretudo, o progresso moral.
 
        Não nos lembramos das existências passadas e nisso também se manifesta a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente.  Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação. A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, assim como é, também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando nossa evolução espiritual. Pelo mecanismo da reencarnação vemos que Deus não castiga. Somos nós os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei de “ação e reação”.

        Todavia, nem todas as encarnações se verificam na Terra. Existem mundos superiores e inferiores ao nosso. Quando evoluirmos muito, poderemos renascer num planeta de ordem elevada. O Universo é infinito e “na casa de meu Pai há muitas moradas”, já dizia Jesus.

        A comunicabilidade dos espíritos. Os espíritos são seres humanos desencarnados e continuam sendo como eram quando encarnados: bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos. Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações. Através dos denominados médiuns, o espírito pode comunicar-se conosco, se puder e se quiser.

        A comunicação se dá de conformidade com o tipo de mediunidade, sendo as mais conhecidas: pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), pela visão (vidência) e a intuição, da qual todos guardamos experiências pessoais.

        Como o Espiritismo interpreta o Céu e o Inferno?

        Não há céu nem inferno. Existem, sim, estados de alma que podem ser descritos como celestiais ou infernais. Não existem também anjos e demônios, mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a caminho da perfeição – os bons se tornando melhores e os maus se regenerando.

        Deus não esquece de nenhum de seus filhos, deixando a cada um o mérito das suas obras. Somente desta forma podemos entender a Suprema Justiça Divina.

        Por que o Espiritismo realça a caridade?

        Porque fora dos preceitos da verdadeira caridade, o espírito não poderá atingir a perfeição para a qual foi destinado. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e qualquer que seja a forma pela qual adorem o Criador, eles se estendem as mãos, se entendem e se ajudam mutualmente.
       
             Por que fé raciocinada?

        A fé sem raciocínio não passa de uma crendice ou mesmo de uma superstição. Antes de aceitarmos alguma coisa como verdade, devemos analisa-la bem. “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.” (Allan Kardec)

        E onde podemos encontrar mais esclarecimentos sobre o Espiritismo?

        Começando pela leitura dos livros de Allan Kardec:

        O LIVRO DOS ESPÍRITOS. O livro básico da Doutrina Espírita. Contém os princípios do Espiritismo sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da humanidade.

        O LIVRO DOS MÉDIUNS. Reúne as explicações sobre todos os gêneros de manifestações mediúnicas, os meios de comunicação e relação com os espíritos, a educação da mediunidade e as dificuldades que eventualmente possam surgir na sua prática.

        O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. É o livro dedicado à explicação das máximas de Jesus, de acordo com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida.

        O CÉU E O INFERNO, denominado também “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”. Oferece o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual. Coloca ao alcance de todos o conhecimento do mecanismo pelo qual se processa a Justiça divina.

        A GÊNESE. Destacam-se os temas: Existência de Deus, origem do bem e do mal, destruição dos seres vivos uns pelos outros, explicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, a formação primária dos seres vivos, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria. Você poderá ler, ainda, os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne Pereira, José Raul Teixeira, etc. e os livros de Léon Denis, Gabriel Delanne e de tantos outros autores, encontrando-se entre eles estudos doutrinários, romances, poesias, histórias e mensagens de alento. 

        Depois desta simples leitura, você poderá ter dúvidas e perguntas a fazer. Se tiver, é bom sinal. Sinal que você está procurando explicações racionais para a vida. Você as encontrará lendo os livros indicados acima e procurando uma Sociedade Espírita seguramente doutrinária e indiscutivelmente Espírita. A Federação Espírita do Paraná e as Uniões Regionais Espíritas poderão fornecer a relação de Sociedades Espíritas de sua localidade.

        Pense nisso. Pense agora.

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Ensinamentos extraídos de folheto elaborado pela Federação Espírita do Paraná. www.feparana.com.br; e-mail: fep@feparana.com.br;  momento.com.br; mundoespirita.com.br 

sábado, 28 de janeiro de 2017

A desencarnação de Allan Kardec

Especial
Ano 1 - N° 49 - 30 de Março de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO 
aoofilho@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)

 

A desencarnação de
Allan Kardec

Ocorrida há 139 anos, no dia 31 de março de 1869, a
desencarnação do Codificador do Espiritismo se deu
quando ele contava apenas 64 anos de idade

A jornalista Ana Blackwell, que traduziu para o inglês as principais obras de Kardec, assim descreveu o codificador:

"Kardec era de estatura média. Compleição forte, com uma cabeça grande, redonda, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, mais se assemelhando a um alemão do que a um francês. Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico e eminentemente prático no pensamento e na ação, era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo...

"Grave, lento no olhar, modesto nas maneiras, embora  não   lhe  faltasse  uma  certa  dignidade,
resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintivos de seu caráter. Nem provocava nem evitava a discussão, mas nunca fazia voluntariamente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida. Recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de todas as partes do mundo que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e objeções, explanando as dificuldades e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta, que nunca se lhe ouvia uma gargalhada..." (Do livro "História do Espiritismo", de Arthur Conan Doyle.)

Quem foi Kardec?
Nascido em Lyon, França, a 3 de outubro de 1804, Kardec recebeu na pia batismal o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail. No dia 6 de fevereiro de 1832, casou-se com Amélie Gabrielle Boudet (foto). Sua desencarnação ocorreu em Paris em 31 de março de 1869, quando contava 64 anos e meio.
Filho de tradicional família francesa que se destacara na magistratura, Kardec nasceu em ambiente católico, mas
foi educado no protestantismo. Aluno e depois discípulo de Pestalozzi, foi uma pessoa devotada à educação e um entusiasta do sistema de ensino criado por seu mestre, que exerceu grande influência na França e na Alemanha. Falava fluentemente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol, assim como o holandês. Tradutor das obras de Fénelon para o alemão, verteu também para o francês diversas obras inglesas e alemãs, mas foi no magistério que estava a sua indiscutível vocação.

No período de 1835 a 1840, organizou em sua casa em Paris cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, que eram muito freqüentados. Aos 27 anos, em 1831, foi premiado em concurso pela apresentação de um trabalho intitulado: "Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época?" Nessa mesma época, ele preparava todos os cursos de Levy-Alvares, freqüentados por discípulos de ambos os sexos do "fauborg" Saint-Germain.
Voltado para a educação, escreveu inúmeras obras didáticas no período de 1824 a 1849, tais como: "Curso prático e teórico de Aritmética", segundo o método de Pestalozzi, para uso das mães e dos profes­sores (ele contava então 20 anos de idade); "Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública" (aos 24 anos); "Gramática Francesa Clássica" (aos 27 anos); "Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e Geometria" (aos 42 anos); "Catecismo gramatical da língua francesa" (aos 44 anos); "Ditados normais dos exames na municipalidade e na Sorbonne"  e "Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas" (aos 45 anos). Nessa época (1849), Kardec lecionava no Liceu Polimático de Paris, regendo as cadeiras de fisiologia, astronomia, física e química.
Uma carta consoladora
O primeiro contato do professor com os fenômenos espíritas se deu em maio de 1855. Ele já era, então, aos 50 anos de idade, um indivíduo maduro e experimentado, além de talhado para a tarefa de codificação da Doutrina, cujo fato inicial marcante foi a publicação em 18 de abril de 1857 da conhecida obra que ele intitulou O Livro dos Espíritos. A ela seguiram-se outras obras, as palestras, as reuniões, a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e as edições mensais da Revista Espírita.
O resultado do seu trabalho como codificador do Espiritismo é algo difícil de avaliar. Eis, no entanto, uma pequena amostra dele no relato que se segue.
Numa manhã muito fria de abril de 1860, Kardec estava triste e só, em seu escritório. Idéias de desânimo perpassavam sua mente. Escasseavam os recursos financeiros. Críticas ferinas, até de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ele vinha recebendo de todos os lados. Bem que os espíritos o haviam alertado!
De repente, Amélie penetra o recinto e lhe entrega um pacote que alguém havia remetido. Kardec o abre e vê que dentro dele havia uma carta e um outro pacote fechado. O codificador abre a carta e lê:
"Sr. Allan Kardec.
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de 2 anos, casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoniete partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam..."
O missivista relatou então que passou a acalentar a idéia do suicídio, jogando-se no Sena, projeto que pôs em execução em determinada madrugada, quando o desespero lhe tomou por completo a alma. Buscou a ponte Marie e, no momento em que colocou a mão sobre o parapeito da ponte, um objeto caiu-lhe aos pés: era um livro. Ele procurou a luz de um poste próximo, achou estranho o título do livro e viu que na sua primeira página havia uma nota: ESTA OBRA SALVOU-ME A VIDA. LEIA-A COM ATENÇÃO E TENHA BOM PROVEITO. - A. Laurent.
"Li aquele livro com redobrada atenção: era O Livro dos Espíritos, que encadernei e lhe envio, anexo, como um presente."
Kardec desembrulhou o pacote anexo à carta e viu ali o livro a que se referia o missivista, luxuosamente encadernado, com o nome do autor e o título gravados a ouro. O codificador, ao abri-lo, encontra a citação de A. Laurent, mencionada na carta, e debaixo dela, uma outra inscrição: SALVOU-ME TAMBÉM. DEUS ABENÇOE AS ALMAS QUE COOPERARAM EM SUA PUBLICAÇÃO. - Joseph Perrier.
Kardec respirou a longos haustos e, antes de retomar o serviço, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima." (Hilário Silva, cap. 52 d' "O Espírito da Verdade", FEB.)
O reconhecimento de sua obra: Emmanuel fala
sobre Kardec
Após 150 anos desde o lançamento d’ O Livro dos Espíritos, Kardec é hoje conhecido e respeitado mundialmente pelos espiritistas. A reverência à sua obra, vencedora no tempo, está expressa nas seguintes palavras de Emmanuel, a mesma entidade que recomendara a Chico Xavier comparar os seus escritos com o Evangelho de Jesus e Kardec, antes de torná-los públicos:
"Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais o que expomos:
o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
o cárcere das interpretações literais;
o espírito de seita;
a intransigência delituosa;
a obsessão sem remédio;
o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;
o cativeiro aos rituais;
a dependência quase absoluta dos templos de pedra para a tarefa da edificação íntima;
a preocupação da hegemonia religiosa;
a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
o pavor da morte, por suposto fim da vida.
Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:
a libertação das consciências;
a luz para o caminho espiritual;
a dignificação do serviço ao próximo;
o discernimento;
o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
a certeza da vida após a morte;
o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
a seara da esperança;
o clima da verdadeira compreensão humana;
o lar da fraternidade entre todas as criaturas;
a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das "moradas" nos domínios do Universo.
Jesus - o amor. Kardec - o raciocínio.
Jesus - o Mestre. Kardec - o apóstolo.
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.” (Mensagem psicografada por Chico Xavier em 24/1/1969.)
O retorno à pátria espiritual
"Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da "Revista Espírita" a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto.
Sozinho em sua casa (rua de Sant'Anna), Kardec punha em ordem seus livros e papéis para a mudança que se vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caixeiro, acorreu ao local, ergueu-o.. nada, nada mais. Delanne acudiu com toda presteza, friccionou-o, magnetizou-o, mas em vão. Tudo estava acabado.
Venho de vê-lo. Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos atravancando a entrada, pude ver, pela porta aberta da grande sala de sessões, a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio; introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete encarnado, e seus móveis antigos, encontrei a sra. Kardec assentada no canapé (espécie de sofá com costas e braços), de face para a lareira; ao seu lado, o sr. Delanne; diante deles, sobre dois colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o corpo, restos inanimados daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido.
Nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fosse a parada de respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.
Cobria-lhe o corpo uma coberta de lã branca, que, junto aos ombros dele, deixava perceber a gola do "robe de chambre", a roupa que ele vestia quando fora fulminado; a seus pés, como que abandonadas, suas chinelas e meias pareciam possuir ainda o calor do corpo dele.
Tudo isto era triste e, entretanto, um sentimento de doce quietude penetrava-nos a alma; tudo na casa era desordem, caos, morte, mas tudo aí parecia calmo, risonho e doce e, diante daqueles restos, forçosamente meditamos no futuro." (Trecho da carta escrita por E. Muller ao sr. Finet, em 31/3/1869, logo após o falecimento de Kardec.)
Conta-se que logo após a sua desencarnação, quando o corpo ainda não havia baixado ao Cemitério de Montmartre (a trasladação dos despojos para o dólmen do Pére-Lachaise ocorreu um ano depois), uma multidão de Espíritos veio saudar o mestre no limiar do sepulcro. Eram antigos homens do povo, seres infelizes que ele havia consolado e redimido com as suas ações prestigiosas e, quando se entregavam às mais santas expansões afetivas, uma lâmpada maravilhosa caiu do céu sobre a grande assembléia dos humildes, iluminando-a com uma luz que, por sua vez, era formada de expressões do seu "Evangelho segundo o Espiritismo", ao mesmo tempo que uma voz poderosa e suave dizia do Infinito:
"Kardec, regozija-te com a tua obra! A luz que acendeste com os teus sacrifícios na estrada escura das descrenças humanas vem felicitar-te nos pórticos misteriosos da Imortalidade... O mel suave da esperança e da fé que derramaste nos corações sofredores da Terra, reconduzindo-os para a confiança na minha misericórdia, hoje se entorna em tua própria alma, fortificando-te para a claridade maravilhosa do futuro.
"No Céu estão guardados todos os prantos que choraste e todos os sacrifícios que empreendeste... Alegra-te no Senhor, pois teus labores não ficaram perdidos. Tua palavra será uma bênção para os infelizes e desafortunados do mundo, e ao influxo de tuas obras a Terra conhecerá o Evangelho no seu novo dia!..." (Trecho do cap. 21 do livro "Crônicas de Além-Túmulo", por Humberto de Campos, por meio de Chico Xavier.)

Conta-se, ainda, que grandes legiões de Espíritos entoaram na imensidade um hino de hosanas ao homem que organizara as primícias do Consolador para o planeta terreno e que, escoltado pelas multidões de seres agradecidos e felizes, foi o mestre, em demanda das esferas luminosas, receber a nova palavra de Jesus. 

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Matéria extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/49/especial.html 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário - 2ª parte

Especial Inglês Espanhol
Ano 9 - N° 438 - 1° de Novembro de 2015
JOSÉ SOLA GOMES
josesolagomes@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

José Sola Gomes

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário
Ele viveu a filosofia e também a ciência, mas não se
esqueceu de praticar a caridade
 
Parte 2 e final
 
Havia transcorrido um ano da desencarnação de sua esposa e, em 1864, Bezerra de Menezes foi reeleito vereador e casou-se com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã de sua primeira esposa. Com ela, teve sete filhos e permaneceram juntos até o momento de seu falecimento. Deu, então, continuidade à sua carreira política. Em 1867 foi aclamado e eleito deputado geral.
Manteve diversas lutas políticas, sendo conhecido como homem público que não comprometia seus princípios para colher favores ou posições. 
A exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio do pouco que possuía, a benefício desses necessitados.
Quando afastado provisoriamente da atividade política e dedicando-se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou-se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, tornou-se presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Depois de breve afastamento, retornou à atividade política e foi, então, eleito vereador em 1876. Em 1878 foi reeleito e tornou-se presidente da Câmara Municipal (correspondente ao atual cargo de Prefeito Municipal) e líder do seu partido, permanecendo no cargo até 1881.
Alguns confrades espíritas, sabendo-me adepto da premissa das almas gêmeas, me questionaram na intenção de saber qual das duas mulheres seria a alma gêmea de Bezerra de Menezes: a que lhe foi a primeira esposa ou a segunda? 
Dr. Bezerra Menezes empresário 
Tenho respondido logicamente conforme o meu entender, pois Dr. Bezerra nunca apresentou algum comentário a esse respeito. Respondendo à pergunta, tenho dito que provavelmente nenhuma das duas, pois é provável que a alma gêmea de Bezerra já esteja vivendo uma evolução muito maior que ele, pois, embora não seja regra, as mulheres comumente evoluem mais rápido que os homens, como é o caso de Emmanuel e Lívia, ou de Carlos Kenaglan e Alcíone. Mas, o que não podemos esquecer é que não reencarnamos apenas com nossas almas gêmeas, pois vivemos várias reencarnações junto a outros Espíritos, por necessidade de ter outras experiências ou atraídos mesmo pela sensualidade do sexo oposto, pois somente acordamos para a concepção de que somos almas gêmeas quando nos maturamos no campo do sentimento e, mesmo assim, quase sempre esse acordar acontece pelo cadinho da dor.
Pelo que podemos ver, nosso amigo Bezerra de Menezes, além de médico, atuou também na área empresarial, foi político, enfim, viveu uma vida dinâmica, havendo sido mesmo presidente da Companhia Carril de São Cristovão. Dr. Bezerra ocupou cargos na política, foi deputado, foi presidente da Câmara, o que equivalia naquela época ao cargo de perfeito, tal qual conhecemos.
Ocorre que, quando citamos essas informações em seu currículo, alguns confrades menos avisados imaginam que Dr. Bezerra haja se demorado envolto em politicagem. Ora, não podemos confundir política com politicagem, pois a política é uma necessidade social, para se administrar um município, estado, ou nação. A política faz parte intrínseca da vida de um indivíduo. Mesmo quando dizemos a célebre frase “eu sou apolítico”, estamos defendendo um princípio político nosso e não aceitamos outros. Diferente disso, a politicagem prima em interesses partidários, em obter vantagens pessoais e financeiras, e o indivíduo se esquece por completo dos interesses comuns da sociedade.
Já houve, com certeza, muitos políticos honestos em nosso país, mas com certeza hoje está muito difícil encontrarmos alguns, embora haja um número infinitamente maior de políticos no Brasil do que havia na época em que viveu Dr. Bezerra. 
Augusto Elias da Silva e a criação da FEB 
Se nosso amigo Bezerra era dinâmico, realizador, operante em vários departamentos da vida, isso acontecia por manifestar seu amor em tudo o que fazia. Havendo acordado para a doutrina espírita, seu amor e sua dedicação foram infinitos, e esse amor pelo Espiritismo deu, como sabemos, ótimos frutos, vindo ele exercer papel fundamental no Movimento Espírita brasileiro.
Por essa época o Espiritismo no Brasil buscava organizar-se.
Em 1876 surgira a primeira sociedade espírita no Rio de Janeiro. Em 1883, Augusto Elias da Silva, interessado na difusão dos ensinos espíritas, fundara a revista “Reformador” e punha-se a procurar colaboradores. 
O Espiritismo sofria, no entanto, grandes perseguições e era combatido veementemente. A imprensa era fonte diária de críticas ferozes; os sermões enchiam os púlpitos de insultos e insinuações contra a doutrina. Elias da Silva foi então buscar em Bezerra de Menezes conselhos sobre como revidar toda a animosidade contra os espíritas e o movimento. A resposta dada pelo Dr. Bezerra foi o de não seguir o caminho do ataque, de não combater o ódio com o ódio, mas antes combater o ódio com o amor. A tônica desse conselho norteou toda a vida e o trabalho de Bezerra, dentro e fora do Movimento Espírita brasileiro.
Além dos ataques externos, reinava em 1883 um ambiente francamente dispersivo no seio do movimento espírita brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse, de certo modo, indestrutível.
A cisão era, então, profunda entre os chamados "místicos" e os "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
No dia 27 de dezembro de 1883, Augusto Elias da Silva promoveu uma reunião com os 12 companheiros que o ajudavam no “Reformador”. Nesse encontro, eles decidiram fundar uma nova instituição, que não fosse nem mística, nem científica, mas ideologicamente neutra.
Assim, no dia 1° de janeiro de 1884, foi fundada a Federação Espírita Brasileira (FEB), que promoveria a doutrinação, a disciplina e o intercâmbio de experiências entre os diversos centros já existentes.  
O Dr. Bezerra Menezes jornalista 
Bezerra foi um dos primeiros a ser convidado para assumir a posição de presidente da organização, mas não aceitou, por não se considerar capaz de tamanha responsabilidade. Seu primeiro presidente foi o Marechal Ewerton Quadros e a revista “Reformador” tornou-se o órgão oficial da FEB.
Em 1887 o Médico dos Pobres passou a escrever uma série chamada “Espiritismo – Estudos Filosóficos”, que saía aos domingos no jornal “O País”, com o pseudônimo de Max. Vale lembrar que na época esse era o jornal mais lido no Brasil. Continuaria a série de artigos até o Natal de 1894. Escreveria depois, com o mesmo pseudônimo, em outros dois jornais, sempre em defesa dos postulados do Cristo Jesus, calcado na visão espírita. 
Em 1888, logo no início da série de artigos, Dr. Bezerra perdeu dois filhos. Reagiu e continuou trabalhando. Durante cinco anos escreveu sobre a Doutrina, elucidou muitas pessoas e arrebanhou outras tantas para as fileiras espíritas.
Encontramos alguns confrades que sentem ojeriza quando ouvem falar em “polêmica”; entretanto não podemos esquecer que Bezerra de Menezes foi um missionário da doutrina espírita no Brasil, tão relevante foi a sua atuação no movimento espírita, que nós os espíritas atribuímos a esse espírita maravilhoso o cognome de “Kardec brasileiro”. Bezerra de Menezes foi humilde durante toda a sua vida, infinitamente caritativo, não polemizava por ostentação, mas porque desejava esclarecer a verdade. Quem desejar ter conhecimento dessas polêmicas, deve adquirir os Estudos Filosóficos, tomo 1 e tomo 2, publicados pela FEB, pois não me é possível transcrevê-las. Conhecendo-as, verão como eram as polêmicas travadas com muita propriedade por parte de Bezerra com os sacerdotes e bispos da época, o que será muito útil a todos aqueles que acreditam que polemizar é perlengar.
Em 1889 o Marechal Ewerton Quadros foi transferido para Goiás, ficando impossibilitado de permanecer à frente da FEB. Para substituí-lo, foi eleito Dr. Bezerra de Menezes, que, cerca de três anos atrás, havia chocado a sociedade carioca com a notícia de sua conversão ao Espiritismo. Ao elegê-lo, a intenção dos confrades febianos era colocar uma pessoa de prestígio e força moral na presidência, a fim de fortalecer o processo de unificação. 
Dr. Bezerra dizia que era espírita de nascença 
Bezerra de Menezes anunciou publicamente sua conversão ao Espiritismo, tão grande era a emoção que sentia na alma – e não podemos nos esquecer de que naquela época o Espiritismo sofria uma perseguição intensa por parte da imprensa, tanto quanto da Igreja Católica Apostólica Romana.
Realmente, é preciso reconhecer: Dr. Bezerra não havia errado quando, ao ler “O Livro dos Espíritos”, disse a si mesmo que era espírita de nascença.   
À frente da Federação Espírita Brasileira, ele tentou a todo custo promover a união de todos os espíritas, inspirado principalmente por mensagem ditada mediunicamente por Allan Kardec em janeiro daquele ano, por intermédio do médium Frederico Júnior, chamada “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil”. 
Ele lutou muito no intento de eliminar as diferenças que aconteciam no meio espírita e seu propósito era promover uma liderança que abrigasse todos os espíritas do Brasil. Quanto mais aumentavam as dissensões, mais aumentava seu esforço e seu trabalho. 
Por faltarem pregadores espíritas cristãos, assumiu ele próprio a função. Iniciou, assim, no dia 23 de maio de 1889, uma sessão semanal na Federação para o estudo de “O Livro dos Espíritos” e os resultados obtidos foram os melhores possíveis, com o grande número de pessoas que ali compareciam ávidas de conhecimento e saber.
Dedicado à causa, realizava também conferências e reuniões em uma casa espírita chamada “União”. Fundara uma casa chamada “Centro”, para promover o estudo do “Evangelho” e de “O Livro dos Espíritos”, na tentativa de conciliar as diferentes correntes de pensamento espírita. E participava, ainda, em outra casa, dos trabalhos de desobsessão. 
A mensagem “Instruções”, de Kardec, fornecera as diretrizes para o trabalho do Dr. Bezerra. A certa altura Kardec pergunta: “Onde está a escola de médiuns?” e essa pergunta ficou gravada na mente de Bezerra. Na realidade, ele não encontrou uma escola de médiuns em parte alguma. A solução encontrada foi fundar ele mesmo a tal escola. 
Muitos se opuseram à ideia, mas ele terminou por instalar a “Escola de Médiuns” no Centro. Como, infelizmente, ninguém gostava de estudar, ele se viu só, pois nem mesmo os próprios membros da diretoria da instituição frequentavam a escola. Ele apresentou um convite a todos, mas ninguém comparecia. 
O movimento espírita prosperava, contudo, em outras áreas. A Federação Espírita Brasileira inaugurava o seu período áureo, preparando-se para o futuro glorioso que a aguardava, iniciando uma caminhada que estaria a solidificá-la como a Casa-Máter do Espiritismo no Brasil.
Jamais ignoremos os exemplos do Dr. Bezerra 
Instituiu-se o serviço filantrópico de “Assistência aos Necessitados”, que atraiu muita gente e era o complemento de um dos três aspectos do Espiritismo, o aspecto moral, pois como poderia realmente ser o Consolador prometido, indiferente à dor e à necessidade alheia?        

Dr. Bezerra continuava esquecido no “Centro”, mas, mesmo assim, manteve firme seu propósito. A situação chegou a um ponto em que a despesa e os gastos da instituição tornaram-se insustentáveis, e Bezerra já não podia dispor de seus próprios recursos. Convocou por carta cada um dos membros da diretoria, para buscar a solução do problema, mas ninguém atendeu ao chamado. Na semana seguinte, convocou-os novamente. Ninguém compareceu. Foi à casa de um por um para convocar uma última reunião. Nem mesmo assim eles atenderam. Bezerra foi então, sozinho, procurar abrigo em outra casa espírita, onde foi bem recebido. A boa acolhida, porém, não durou muito tempo, já que apareceriam novamente as dissensões entre as correntes de pensamento espírita. O movimento espírita demorava-se carente de união.
Espíritas, por mais difícil que pareça a situação do Espiritismo, vamos ter como exemplo esse Espírito maravilhoso, que em momento algum se deteve diante das dificuldades e lutou destemido confiando na vitória da luz sobre as trevas.
Vamos pugnar, por nossa vez, no intento de preservarmos a lídima e pura doutrina espírita, vivendo pela causa com todo o amor, como exemplificou Dr. Bezerra, pois o Espiritismo é a religião universal do amor e da sabedoria que palpita no coração de cada criatura, o encontro marcado com as lições do Cristo de Deus, como nos diz Emmanuel.
Apliquemo-nos para desmistificar aqueles que acreditam que o Espiritismo deva ser apenas uma ciência, ou uma filosofia, pois o Espiritismo é, acima de tudo, uma como síntese da moral divina, da moral ensinada pelo Cristo, pois não podemos esquecer que Jesus foi o médium de Deus na Terra, não incorporando o Ser Supremo do universo, mas traduzindo para nós as Leis Divinas, que expressam o pensamento do Criador a manifestar-se na vida, ao longo da eternidade.
Não nos esqueçamos, por fim, de que Dr. Adolfo Bezerra de Menezes viveu a filosofia, e também a ciência, mas não se esqueceu de praticar a caridade, pois de que nos vale uma cabeça cheia de sonhos quando nos demoramos com as mãos desocupadas? Quando faltamos com a caridade, demonstramos que somos ainda imaturos no campo do sentimento e do amor.  

Página colhida na Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/438/especial.html

domingo, 18 de maio de 2014

Um minuto com Chico Xavier

Um minuto com Chico Xavier
Ano 8 - N° 362 - 11 de Maio de 2014
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)


 
O trecho que apresentaremos a seguir foi retirado da biografia de Chico contida nesta própria revista eletrônica:


– Durante a entrevista, perguntaram ao Chico: − Chico, estão querendo separar a parte científica, filosófica e religiosa da Doutrina, dizendo que o Espiritismo não é religião, isto é, estão querendo tirar Jesus do Espiritismo. O que você acha de tudo isso?

A resposta não se fez esperar:

− Se tirarmos Jesus do Espiritismo, vira comédia. Se tirarmos Religião do Espiritismo, vira um negócio. A Doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica?

A filosofia humana, embora seja uma conversa sem fim, tem ajudado a clarear o pensamento, mas não consola perante a dor de um filho morto.

A ciência humana, embora seja uma pergunta infindável, está aí em nome de Deus.

Antigamente tínhamos a varíola, mas Deus, inspirando a inteligência humana, nos deu a vacina e hoje a varíola está quase eliminada da face da Terra.

Sofríamos com o problema da distância, mas a bondade divina, inspirando a cabeça dos cientistas, nos trouxe o motor. Hoje temos o barco, o carro, o avião suprimindo distâncias... o telefone aliviando ansiedades... a televisão colocou o mundo dentro de nossas casas...

Tínhamos medo da escuridão, mas a misericórdia divina nos enviou a lâmpada, através da criatividade humana.

A dor nos atormentava, mas a compaixão divina nos enviou a anestesia.

Há, porém, uma coisa em que a ciência não tem conseguido ajudar. Ela não tem conseguido eliminar o ódio do coração humano. Não há farmácias vendendo remédios contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja, o ciúme... Não podemos pedir misericórdia a um computador.

Jesus, porém, está na nossa vivência diária, porquanto em nossas dificuldades e provações, o primeiro nome de que nos lembramos, capaz de nos proporcionar alívio e reconforto, é JESUS.

De maneira que se tirarmos a religião do Espiritismo fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membro.  (De Entrevistas com Chico Xavier.)

Extraído da Revista Eletrônica: O Consolador, no endereço:
 http://www.oconsolador.com.br/ano8/362/umminutocomchico.html

quinta-feira, 30 de maio de 2013

UNIFICAÇÃO



UNIFICAÇÃO.
1) O serviço da unificação em nossas fileiras é urgente, mas não apressado. Uma afirmativa parece destruir a outra. Mas não é assim. É urgente porque define o objetivo a que devemos todos visar; mas não apressado, porquanto não nos compete violentar consciência alguma.
2) Mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender, e, se possível, estabeleçamos em cada lugar, onde o nome do Espiritismo apareça por legenda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzido, da Obra Kardequiana, à luz do Cristo de Deus.
3) Nós que nos empenhamos carinhosamente a todos os tipos de realização respeitável que os nossos princípios nos oferecem, não podemos esquecer o trabalho do raciocínio claro para que a vida se nos povoe de estradas menos sombrias. Comparemos a nossa Doutrina Redentora a uma cidade metropolitana, com todas as exigências de conforto e progresso, paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e no vestuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o problema da luz. A luz foi sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna primeira. Antes de tudo, o fogo obtido por atrito, a lareira doméstica, a tocha, os lumes vinculados às resinas, a candeia e, nos tempos modernos, a força elétrica transformada em clarão.

4) A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração tríplice. Que ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção. Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia que lhe engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as aspirações, mas que a base kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organização.
5) Nenhuma hostilidade recíproca, nenhum desapreço a quem quer que seja. Acontece, porém, que temos necessidade de preservar os fundamentos espíritas, honrá-los e sublimá-los, senão acabaremos estranhos uns aos outros, ou então cadaverizados em arregimentações que nos mutilarão os melhores anseios, convertendo-nos o movimento de libertação numa seita estanque, encarcerada em novas interpretações e teologias, que nos acomodariam nas conveniências do plano inferior e nos afastariam da Verdade.
6) Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de que a nossa fé não faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre as mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.
7) Libertação da palavra divina é desentranhar o ensinamento do Cristo de todos os cárceres a que foi algemado e, na atualidade, sem querer qualquer privilégio para nós, apenas o Espiritismo retém bastante força moral para se não prender a interesses subalternos e efetuar a recuperação da luz que se derrama do verbo cristalino do Mestre, dessedentando e orientando as almas.
8) Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação.
9) Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar.
10) Falamos em provações e sofrimentos, mas não dispomos de outros veículos para assegurar a vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem amor, ninguém ama sem lágrimas.
11) Somente aqui, na vida espiritual, vim aprender que a cruz de Cristo era uma estaca que Ele, o Mestre, fincava no chão para levantar o mundo novo. E para dizer-nos em todos os tempos que nada se faz de útil e bom sem sacrifícios, morreu nela. Espezinhado, batido, enterrou-a no solo, revelando-nos que esse é o nosso caminho — o caminho de quem constrói para Cima, de quem mira os continentes do Alto.
12) É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios.
13) Respeito a todas as criaturas, apreço a todas as autoridades, devotamento ao bem comum e instrução do povo, em todas as direções, sobre as Verdades do espírito, imutáveis, eternas.
14) Nada que lembre castas, discriminações, evidências individuais injustificáveis, privilégios, imunidades, prioridades.
15) Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.
16) Em cada templo, o mais forte deve ser escudo para o mais fraco, o mais esclarecido a luz para o menos esclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o mais protegido e o mais auxiliado, como entre os que menos sofram seja o maior aquele que se fizer o servidor de todos, conforme a observação do Mentor divino.
17) Sigamos para a frente, buscando a inspiração do Senhor.
Bezerra de Menezes
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier,
em reunião da Comunhão Espírita Cristã,
em 20-4-1963, em Uberaba-MG.)
(Reformador, dez./1975.)

sábado, 5 de maio de 2012

Os dez princípios básicos do Espiritismo



LEONARDO MARMO MOREIRAleonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)


Os dez princípios básicos do Espiritismo: um resumo mais completo da Doutrina 
 
A Doutrina Espírita é constituída por um conjunto de conceitos interligados que são interdependentes, implicando em um todo altamente racional haja vista a coerência entre os tópicos em questão. Essa coerência, obviamente, ocorre em função de a Doutrina Espírita retratar a harmonia das Leis Universais de Deus, que são didaticamente organizadas pelo Codificador. Allan Kardec (foto)enfatizou os cinco princípios básicos do Espiritismo, a saber: Existência de Deus; Existência e Imortalidade da Alma; Comunicabilidade dos Espíritos; Pluralidade das Existências e Pluralidade dos Mundos Habitados.
 
Entretanto, a título didático, fundamentados estritamente na Codificação Kardequiana, poderíamos sugerir o acréscimo de mais cinco princípios (Fé Raciocinada; Lei de Causa e Efeito; Evolução Espiritual; Moral de Jesus e Verdadeira Religiosidade) a esse sintético conjunto, para que, em uma análise rápida, leigos e estudiosos pudessem vislumbrar, mesmo que de forma introdutória, todo o edifício filosófico do Espiritismo.  
De fato, há muitos livre-pensadores e adeptos de diversas correntes espiritualistas que aceitam os cinco tópicos básicos sem, necessariamente, possuírem quaisquer vínculos com o Espiritismo propriamente dito. Ora, se o Espiritismo foi o termo criado por Allan Kardec para designar a Doutrina dos Espíritos visando diferenciá-la das várias vertentes do Espiritualismo, isto se deu em função das deturpações (propositais ou não) que eventualmente poderiam ocorrer. Realmente, o Codificador não se equivocara, uma vez que desde o seu surgimento até os dias atuais o Espiritismo vem sendo, intencionalmente ou não, confundido com outras correntes filosófico-religiosas. Desta maneira, a utilização didática de 10 princípios básicos tornaria o Espiritismo menos sujeito a erros de interpretação doutrinários, uma vez que esses princípios, em conjunto, se reforçam e corroboram mutuamente, fornecendo uma noção muito mais clara das bases conceituais da Codificação. Saber o que o Espiritismo é e o que o Espiritismo não é, trata-se de pré-requisito conceitual fundamental a qualquer indivíduo que pretenda analisar, deforma minimamente isenta de preconceitos, quaisquer aspectos da Terceira Revelação, seja o estudioso em questão espírita ou não. 
O corpo espiritual pode se afastar com maior ou menor intensidade do vaso orgânico 
Assim sendo, sugerimos a consideração dos cinco tópicos adicionais, que são apresentados e discutidos a seguir, juntamente com os cinco tópicos mais usuais.  
1. Existência de Deus - Não havendo efeito sem causa, sob todos os aspectos em que se analise o Universo, é inevitável concluir que tamanha complexidade não poderia deixar de ter sido originada por uma causa superinteligente, isto é, o Criador. Realmente, o Efeito deve ser proporcional à Causa e, por conseguinte, pela exuberância do Efeito, infere-se a excelência dos Atributos intelecto-morais da Causa.  
2. Existência e Imortalidade da Alma - Além dos fenômenos mediúnicos propriamente considerados, ou seja, das inumeráveis evidências de comunicação entre os chamados “mortos” e os “vivos”, existe uma gama de eventos paranormais denominados anímicos. Ambos os fenômenos sugerem fortemente a existência, relativa independência em relação ao corpo físico e imortalidade da alma. Os eventos anímicos são gerados pela própria alma do indivíduo encarnado, evidenciando a existência e até mesmo certa independência em relação ao corpo físico. Estes fenômenos de “Emancipação da Alma” demonstram o fato de o corpo espiritual (perispírito) poder se afastar com maior ou menor intensidade do vaso orgânico. Sono e sonhos, desdobramento (também chamado de “projeção da consciência” ou mesmo “viagem astral”), sonambulismo, êxtase, clarividência (também denominada “segunda vista”) e clariaudiência são exemplos de “Emancipação da Alma”. Vale registrar que os casos de mediunidade no leito de morte assim como as “Experiências de Quase-Morte (EQM)” têm fornecido extraordinárias evidências da existência e imortalidade da alma.  
A proposta tradicional de um “Céu” e um “Inferno” eternos é algo completamente artificial 
3. Comunicabilidade dos Espíritos - O primeiro e geral benefício do fenômeno mediúnico consiste na demonstração da imortalidade da alma através de diferentes mecanismos. A mediunidade pode se apresentar de variadas maneiras. Afirma o Apóstolo Paulo que “Há Diversidade de Dons, mas o Espírito é o Mesmo”, denotando que a mediunidade é inerente ao ser humano, mas, para cada criatura, o fenômeno apresenta diferentes peculiaridades e intensidades. Assim como ocorreu no passado, haja vista a abundância de manifestações mediúnicas exaradas em Livros Sagrados como a Bíblia e o Corão, os fenômenos continuam a ocorrer, modificando, no entanto, algumas especificidades em função da evolução intelecto-moral dos habitantes da Terra. A mediunidade se baseia, no mínimo parcialmente, nas propriedades do perispírito, que permite a ocorrência de significativo nível de “Telepatia” entre Espíritos encarnados e desencarnados. De fato, essa espécie de mediunidade basal, comum a todas as criaturas, é o que possibilita a obsessão bem como a chamada “inspiração superior” através da intuição dos protetores espirituais.  
4. Pluralidade das Existências - Também chamada Reencarnação, Palingenesia ou Renascimento, a multiplicidade das vidas físicas é o mecanismo pelo qual a Lei de Progresso se manifesta na Obra da Criação. De fato, a sucessão de etapas nas esferas física e espiritual fornece, respectivamente, as provas e expiações (vida física) e a pausa para avaliação, estudo e preparação para novas experiências (vida espiritual). Uma única vida física seria totalmente injusta, pois os Espíritos nascem com capacidades claramente diferentes, vivendo em ambientes também distintos e morrendo com idades completamente diferentes. Além disso, a proposta tradicional de um “Céu” e um “Inferno” eternos após uma única vida física seria algo completamente artificial. Esse mecanismo seria cruel, injusto e profundamente incoerente com as características que a grande maioria das religiões atribui a Deus. Além disso, tal proposição nega um dos aspectos mais belos da Lei de Deus, que é a Evolução Espiritual. Interessante adir que lembranças de vidas passadas, que se dão tanto de maneira espontânea como de forma espontânea, evidenciam a realidade das várias reencarnações.  
Somente a Fé Raciocinada proporciona uma efetiva aliança entre Ciência, Filosofia e Religião 
5. Pluralidade dos Mundos Habitados - Jesus afirmou que “Há Muitas Moradas na Casa do Pai”. Realmente, segundo a Codificação, Deus não faz nada inútil, e, consequentemente, toda a sua Obra Universal deve ter uma função efetiva na Criação. Em verdade, tanto a Pluralidade dos Mundos Habitados como a Pluralidade das Existências estão profundamente relacionadas à Lei de Progresso. De fato, como o Espírito é imortal e evolui infinitamente, necessitará de várias experiências físicas em diferentes contextos de existência orgânica para atender a todas as suas requisições evolutivas. Logo, muitas reencarnações em diferentes mundos são necessárias para o cumprimento das múltiplas etapas espirituais.  
6. Fé Raciocinada - Este princípio é um alicerce fundamental em toda a construção doutrinária de Kardec, pois não é possível a elaboração de um corpo de ideias com caráter realmente científico empregando raciocínios ilógicos, dogmas, atitudes fanáticas etc. Somente a Fé Raciocinada proporciona uma efetiva aliança tríplice entre Ciência, Filosofia e Religião.  
7. Lei de Causa e Efeito - Também denominada de Lei de Ação e Reação ou Lei do Karma, a correlação entre causas e efeitos é um piloti para a Evolução Espiritual dos Filhos de Deus. Realmente, tanto a justiça de Deus como a Lei de Progresso através da reencarnação têm nos mecanismos cármicos a sua ferramenta principal. Somente por meio da perfeita relação entre plantação e colheita é possível conceber a soberana Justiça Divina, pois “a cada um é dado conforme suas obras”, já que “Reconhece-se a árvore pelos frutos”.
Jesus é o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir de modelo e guia 
8. Evolução Espiritual - A Lei de Progresso é uma das mais maravilhosas realidades reveladas pelo Espiritismo. O Espírito jamais retroage, sempre evoluindo para a Felicidade e para Deus. De fato, nada que é vivenciado pelo Espírito é perdido, pois a memória espiritual registra todos os eventos presenciados, permitindo que a chamada “Consciência” se torne o verdadeiro juiz de nós mesmos. Este profundo registro de vivências faz com que o Espírito jamais regrida, pois o ser espiritual não pode diminuir sua bagagem de conhecimentos e experiências. Pelo contrário, como esse acúmulo de informações é sempre crescente, na pior das hipóteses o Espírito “estacionará” evolutivamente, quando se deixar levar pela indolência e pelas más inclinações.
9. Moral de Jesus - A Questão 625, de “O Livro dos Espíritos”, nos ensina contundentemente que “Jesus é o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir de modelo e guia”. Portanto, a Moral de Jesus constitui o maior referencial ético que podemos eleger como diretriz comportamental visando a uma segura busca por espiritualidade. Obviamente, tal paradigma não está em oposição com outros grandes nomes da Espiritualidade, tais como Buda e Krishna, entre outros. Segundo Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, todos os grandes missionários do bem constituem uma única falange de mentores e foram todos enviados pelo próprio Jesus, governador do planeta, para um processo sinérgico de evolução de toda a humanidade. Esta análise denota, uma vez mais, o completo absurdo de se cultivar rivalidades religiosas. A atitude ideal seria estudar todos os grandes mensageiros do amor e do conhecimento “examinando tudo e retendo o bem”.  
Liturgias, indumentárias, símbolos, imagens e rituais são manifestações que demonstram primitivismo religioso
10. Verdadeira Religiosidade - O Espiritismo em sua busca racional pela Verdade supera fixações e preconceitos seculares de nossa tradição cultural. Por conseguinte, a Doutrina Espírita não chancela essas “bengalas psicológicas”, filhas de nossa cegueira espiritual, que se apresentam no meio religioso como mitos, dogmas e medos. Assim sendo, liturgias, indumentárias, uniformes, símbolos, imagens, rituais, profissionalismo religioso, sacerdócio religioso, entre outras, são manifestações que demonstram primitivismo religioso. O Espiritismo, propondo uma fé raciocinada para viabilizar o entendimento científico das Leis de Deus, prescinde de tais manifestações, pois o “Reino dos Céus está dentro de nós”. Logo, a verdadeira espiritualidade é conquistada a partir do conhecimento das Leis da Vida aliada ao Autoconhecimento, que possibilitarão a maturidade espiritual necessária para a aceleração do processo evolutivo que requer estudo, trabalho, consciência, caridade e fraternidade. Aliás, o próprio Emmanuel ao prefaciar sua excepcional obra “Fonte Viva” assevera “... reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra”. 
Os dez princípios básicos do Espiritismo só proporcionam uma introdução minimamente satisfatória ao Espiritismo se considerados de forma interligada e sob um estudo acurado das Obras Fundamentais de Allan Kardec. De qualquer maneira, tal apanhado é uma forma didática de se organizar ideias iniciais a respeito da Doutrina Espírita, bem como apresentá-lo de maneira breve a neófitos, curiosos, materialistas e adeptos de outras religiões que estejam interessados em obter algumas informações preliminares concernentes à Codificação.



O texto acima foi copiado no seguinte endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano2/97/especial.html