quinta-feira, 13 de agosto de 2009

DEUS ESTÁ EM TODA PARTE



Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Tal é a pergunta que muitas vezes se faz.

Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas.


Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da divindade, desta não pode fazer senão uma idéia aproximada, auxiliando por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível.


Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. É evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato uma ação idêntica à que produziria a totalidade do fluido. É o que a Química nos mostra a cada passo.


Sendo ininteligente, esse fluido age mecanicamente apenas pelas forças materiais. Mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; verá, ouvirá e sentirá.


As propriedades do fluido perispiritual dele podem dar-nos uma idéia. Ele não é inteligente por si mesmo, desde que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do Espírito. É consequência da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram em toda parte, perscrutam os nossos pensamentos, veem e agem a distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiquidade; basta um raio de seu pensamento dirigido para diversos pontos para que eles possam aí manifestar sua presença simultaneamente. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito.


Mas sendo os Espíritos, por mais elevados que sejam, criaturas limitadas em suas faculdades, seu poder e a extensão de suas percepções não poderiam, sob esse aspecto, aproximar-se de Deus. Contudo, eles nos podem servir de ponto de comparação. O que o Espírito não pode realizar senão num limite restrito, Deus, que é infinito, o realiza em proporções infinitas. Há, ainda, esta diferença: a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias, enquanto a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito só abarca um tempo e um espaço circunscritos, ao passo que Deus abarca o Universo e a eternidade. Numa palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito.


O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento. Como é o fluido que o transmite, dele está, de certo modo, impregnado; e na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, ele não parece fazer senão um com fluido, assim como o som parece ser um com o ar, de sorte que podemos, bem dizer, materializá-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido torna-se inteligente.


Seja ou não seja assim o pensamento de Deus, isto é, quer ele aja diretamente ou por intermédio de um fluido, para facilitar a nossa compreensão vamos representar este pensamento sob a forma concreta de um fluido inteligente, enchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; nenhum ser, por mais ínfimo que seja, que dele não esteja, de certo modo, saturado.


Assim, estamos constantemente em presença da Divindade. Não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê nos mais profundos recônditos do nosso coração; estamos nEle como Ele está em nós, segundo a palavra de Cristo. Para entender sua solicitude sobre as menores criaturas, ele não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade, nem deixar Sua morada de glória, pois essa morada está em toda parte. Para serem ouvidas por ele,nossas preces não precisam transpor o espaço, nem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente penetrados por Ele, nossos pensamentos nEle repercutem.


A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação, mais própria a dar uma idéia mais justa de Deus que os quadros que o representam sob a figura de um velho de longas barbas, envolto num manto. Não podemos tomar nossos pontos de comparação senão nas coisas que conhecemos; é por isto que dizemos diariamente: o olho de Deus, a mão de Deus, a voz de Deus, o sopro de Deus, a face de Deus. Na infância da Humanidade o homem toma estas comparações ao pé da letra; mais tarde seu espírito, mais apto a apreender as abstrações, espiritualiza as idéias materiais. A de um fluido universal inteligente, penetrando tudo, como seria o fluido luminoso, o fluido calórico, o fluido elétrico ou quaisquer outros, se fossem inteligentes, tem o objetivo de fazer compreender a possibilidade, para Deus, de estar em toda parte, de ocupar-se de tudo, de velar pelo pé de erva como pelos mundos. Entre ele e nós a distância foi suprimida; compreendemos sua presença, e este pensamento, quando a ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não podemos dizer mais que Deus esteja muito longe e seja muito grande para se ocupar de nós. Mas este pensamento, tão consolador para o humilde, para o homem de bem, é terrível para o mau e para o orgulhoso endurecidos, que a ele esperavam subtrair-se em favor da distância, e que doravante, sentir-se-ão sob o domínio de seu poder.


Para o princípio da soberana inteligência, nada impede admitir um centro de ação, um foco principal irradiando sem cessar, inundando o Universo com os seus eflúvios, como o Sol com a sua luz. Mas onde está esse foco? É provável que não esteja mais fixado num ponto determinado do que a sua ação. Se simples Espíritos têm o dom da ubiquidade, em Deus esta faculdade não deve ter limites. Enchendo Deus o Universo, poder-se-ia admitir, a título de hipótese, que esse foco não necessita transportar-se, e que se forme em todos os pontos onde sua soberana vontade julgue conveniente produzir-se, donde se poderia dizer que está em toda parte e em parte alguma.


Diante desses problemas insondáveis, nossa razão deve humilhar-se. Deus existe: é indubitável; é infinitivamente justo e bom: é sua essência; sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos agora; incessantemente em contato com Ele, podemos orar a ele com a certeza de sermos ouvido; ele não pode querer senão o nosso bem, razão por que devemos confiar nEle. Eis o essencial; para o resto, esperemos que sejamos dignos de o compreender.


Allan Kardec
Revista Espírita, maio de 1866

terça-feira, 14 de julho de 2009

SOCORRO MEDIÚNICO

"Mensagem de Joanna De Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, da obra Florações Evangélicas, página 188/189, 3ª edição."

(Transcrevemos esta página com a finalidade de contribuir com os trabalhadores das reuniões mediúnicas e demais estudiosos da mediunidade, bem como realçar a importância do atendimento mediúnico com Jesus.)

      Uma dor que se alonga, amenizada por intervalos de paz e repouso; uma aflição que constringe, diminuída por estados de renovação e esperança; uma angústia esmagadora, amainada por frequentes raios de alegria penetrante; uma soledade devastadora desagregando a harmonia interior, interrompida pela presença fraterna de corações amigos e mentes abnegadas ao lado; uma ansiedade que despedaça, apagada, de quando em quando, por pausas de paz refazente; uma enfermidade de longo curso sob anestésico calmante nos instantes de grande crise, são pungentes provações ao lado de outros abençoados recursos de que a Vida se utiliza para conduzir o homem encarnado à rota da Espiritualidade, por cujos caminhos ele resgata os débitos e se aprimora.

         E o mergulho no corpo físico, por mais afligentes sejam as dores, fá-las diminuídas pela intensidade das vibrações do veículo carnal que concede tréguas à consciência, tendo-se em vista as pausas do sono reparador, o medicamento operante, a presença de afetos generosos, o concurso da oração e vários outros misteres com que a Divindade faculta a amenidade das provas e expiações ao Espírito calceta, em romagem redentora.

     Com a medida das tuas dores que nunca atingem o superlativo das desesperações, examina as dores daqueles outros Espíritos que se perderam em si mesmos, apagando a lucidez da razão e demorando-se longamente em contínuo padecer, sem ao menos um repouso, o concurso de uma palavra gentil, as mãos em concha de caridade ou uma prece emocionada e intercessória capaz de lenir a profunda exulceração que perdura...

* * *

         Reflexionando no quanto devem doer essas dores, sentirás diminuídos os teus problemas e um sentimento de puro amor animar-te-á, empurrando-te na direção deles para oferecer-lhes o mecanismo da tua mediunidade, a fim de que, conduzidos pelas mãos anônimas e misericordiosas da caridade do Senhor, possam as suas lágrimas escorrer pelos teus olhos e na tua face exsudar o suor que neles goteja, podendo falar pela tua garganta e ouvir a palavra esclarecedora do Evangelho pelos teus ouvidos, conseguindo renovar-se interiormente e, logo após, libertar-se de tão pesada canga, recomeçando em província nova o tratamento das enfermidades e preparando-se para o amanhã.

          Esquecerás, desse modo, os teus pequenos problemas e as tuas débeis agonias para os ajudar, contribuindo eficazmente no ministério socorrista pela mediunidade com Jesus, para os que tombaram por ignorância, negligência ou impiedade, dignos todos, nossos irmãos que são, da colaboração amorosa da nossa solidariedade fraternal.

***

         E permanecerás por que Jesus, sendo a “Luz do Mundo”, desceu até nós, nas sobras da morte, para nos ensinar a amar, alçando-nos, assim, na direção da Excelsa Felicidade.


“Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e nunca mais nele entres”. Marcos: 9-25
“A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos útil aos Espíritos, em geral.” Cap. XXIV – Item 12 § 5, do Evangelho Segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

HÁ ESPÍRITOS?

Os Cristãos profitentes das religiões tradicionais admitem a existência da alma. Recomendam a alma a Deus, fazem oração pelos seus mortos – ressalvadas as exceções. É prova da crença na continuidade da vida do “ser” que deixa a vida material. Mas o que é a alma, depois da morte do corpo físico? Já que se denota a certeza de que a vida não se extinguiu, apenas o corpo perdeu a sua vitalidade, não mais apresenta condições para manifestação da alma que ali demonstrava a sua inteligência, o seu sentimento, sua emoção...
Como esclarece Allan Kardec, alma e espírito são denominações que diferem apenas para distinguir o “ser” que está envolto por um corpo físico (encarnado), daquele “ser” que está sem o corpo físico (desencarnado). Aí as diferenças.


Com este entendimento todos os que assumem a condição de Cristão, porque creem no Cristo, e buscam aplicar em suas vidas as lições de Jesus, não podem perder de vista que a vida tem continuidade depois da chamada morte do corpo físico. Portanto, todos que estão investidos de um físico, tanto quanto os que já o deixaram são Espíritos.


Certas divergências não têm permitido maiores esclarecimentos à maioria dos Cristãos, em virtude da ausência de reflexão mais profunda sobre aquilo que é primordial, uma vez que a vida não cessa, há continuidade e muito mais intensa que o estágio no corpo físico – este que é muito limitador para a manifestação da alma.


Quais divergências? a)- A não aceitação da comunicabilidade dos Espíritos é uma das situações inibidoras do conhecimento sobre a vida espiritual. Como se vive no outro lado da vida? Quais são suas atividades? São felizes ou infelizes? Como ficam as famílias? b)- A pré-existência do Espírito à concepção de um novo corpo, vez que a Doutrina Espírita certifica a existência da vida depois da morte física no campo espiritual, aguardando por tempo indefinido, para nova concepção e construção de novo organismo físico, em nova programação;
c)-outra divergência é a da reencarnação – reinvestir-se de nova matéria, em um novo corpo – (que não é a mesma coisa que ressurreição, que dá a ideia de retornar na mesma matéria, no mesmo corpo habitado em existência passada), o que não é possível. Assim enumeramos algumas divergências de entendimento, embora existam outras.

Complementando a alínea “c” acima, porque não é possível o “Ser” espiritual retornar a habitar o mesmo corpo físico? A própria ciência demonstra. Com o fenômeno da morte física ocorre a decomposição dos elementos constitutivos da organização corpórea, que retornam à sua condição de origem na natureza, ou seja: o cálcio, o fósforo, o oxigênio... que irão compor outros organismos: vegetais, animais, hominais e, ainda -- aqueles que permanecerão por longo tempo na atmosfera --, poderão compor e recompor muitas outras constituições orgânicas, ilimitadamente; dessa forma, como recomporiam o mesmo organismo, depois de muito tempo, para servir ao mesmo espírito ou alma?

Aceitando ou não a comunicabilidade dos Espíritos, a sua pré-existência ao corpo físico e a reencarnação, todos os mecanismos evolutivos da humanidade, não deixarão de existir, porque são leis naturais e a humanidade já se submete a estes recursos desde a sua criação.


De sã consciência, será que é possível imaginar uma pessoa com uma vida física de 5, 10, 50 ou mesmo de 100 anos, apresentar-se ao mundo com o nível de inteligência elevado, como se tem visto, sendo que teve apenas alguns poucos anos para adquiri-la, se se considerar uma única existência? Vez que a Espiritualidade mais evoluída dá notícia de que os Espíritos vinculados à Terra, são o resultado de muitos milênios e muitas reencarnações, com seus erros e acertos. “Todos somos Espíritos.”


                                                 Dorival da Silva

O Maravilhoso e o Sobrenatural

“Mas o que é o maravilhoso, segundo vós? -- Aquilo que é sobrenatural. – E o que entendeis por sobrenatural? – O contrário às leis da Natureza. – Então conheceis tão bem essas leis que podeis marcar limites ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza, que elas não são ou não podem ser uma dessas leis.” (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo II)

       Conforme as indagações do Codificador da Doutrina Espírita no ano de 1860, levam-nos a refletir  se essas perguntas não nos cabe atualmente.

     O homem ignora a sua própria essência Divina, busca com insistências resultados para seu melhoramento e bem-estar naquilo que se manifesta extraordinariamente. Busca-se no maravilhoso, no sobrenatural aquilo que é de responsabilidade de seu esforço.

  E quando se trata das questões espirituais as coisas ficam mais complexas. É cultura que devamos deixar para os líderes religiosos de nossa confiança a profissão de resolver os nossos problemas íntimos para com Deus. Aguarda-se que uma oração, uma manipulação extraordinária em nossa intenção solucione as nossas pendências de consciência, nossas aflições...         Mas não é bem assim, conquanto a valiosa ajuda oferecida por esses líderes, que cumprem com seus esforços o papel que lhes é atribuído na organização humana, de consoladores e orientadores de almas; temos o dever de fazer a nossa busca, nossos questionamentos, buscarmos conhecimentos, analisarmos a nossa fé – não, a fé institucional com nomes próprios – mas a nossa fé com raciocínio, com entendimento.

  Para isto é imprescindível desvestirmos das ideias pré-estabelecidas sobre a nossa condição de ser “uniexistencial”, de uma única vida no corpo físico, e nos darmos o direito de pensar na condição “poliexistencial”, inumeráveis existências, buscando entender com isto a questão da reencarnação, retornar à carne muitas vezes, quanto for necessário à nossa evolução para Deus, ou seja: harmonização de nossa capacidade intelectiva e moral de conformidade com as Leis Divinas. Aí está a plenitude, o estado permanente de paz e felicidade, não existindo ociosidade contemplativa, mas sim trabalho espontâneo de conformidade com a Lei Suprema.


  Estamos distantes do estado pleno? sim; mas estamos no caminho. Tal trajetória percorreremos no dia a dia, embora os passos lentos pela falta de entendimento das questões espirituais demoramos ainda porque estamos com os olhos vendados, tateamos a realidade sem o discernimento necessário, e assim muitas vezes andamos em círculo, reproduzindo efeitos similares com nossas ações viciadas.


 Em vista dessas circunstâncias que precisamos meditar, aprofundar entendimento sobre a vida, o que vem depois da morte física, pois espiritualmente não existe morte, sendo que a vida espiritual nunca teve termo, apenas vivenciamos os mecanismos da reencarnação e da desencarnação, que são recursos evolutivos.


     Como ensina o Sr. Allan Kardec, não existe o maravilhoso, o sobrenatural, o que tem prevalecido é o nosso estado de ignorância sobre as leis naturais, das quais somos peça importante e Deus aguarda nosso despertar, vez que precisamos conquistar os nossos próprios méritos, através da vivência das Leis Divinas. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”


                                         Dorival da Silva

O Evangelho de Jesus

      O Evangelho de Jesus

     É comum discorrer-se sobre o Evangelho de Jesus, com citações de capítulos e versículos, ovações e louvações, promessas de curas e afastamento de “demônios”, em nome do Senhor.

    São práticas tradicionais, mas quando o cristão irá libertar-se de certas peias, que atrasam a evolução do “Ser”, dificulta o caminho ascensional para Deus, que aguarda o homem conquistar sua liberdade. Logo se percebe que o Evangelho de Jesus não é para  decorar e sim compreendido e vivenciado.


      O Evangelho é o pontilhado do caminho. É o demarcador para que o “Ser” humano tenha norte na sua trajetória. No entanto, é indispensável que cada um percorra o caminho do aprendizado com o roteiro salvador de Jesus.


    Deus, na sua sabedoria, colocou o livre-arbítrio como atributo da alma humana, para que com ele possa fazer a sua romagem na vida material com discernimento e responsabilidade, buscando sempre a harmonia e a paz. Quando foge por sua vontade a essa orientação natural, sofre imediatamente as consequências, que são: dores, medos, aflições, insegurança, enganos, ilusões, descrédito, frustrações...


    O retorno ao caminho harmonioso e feliz exige esforço, arrependimento, refazimento, perdão, renúncia, resignação e firme propósito de não se desviar mais da rota equilibrada.


     Toda atitude intencional de realizar o mal, a quem quer que seja, resulta numa mancha a ser limpa; dependendo da intenção e da intensidade da pretensão pode desdobrar em resultado de difícil solução, gerando perturbações emocionais, desequilíbrio da saúde física e mental.


      Pedir para que outrem interfira a seu favor com orações e outras práticas, tem valor relativo, na grande parte dessas interferências, pois o dever é individual e todos devem cultivar o hábito da oração, do recolhimento, da auto-renovação, da reforma íntima.


 Crescer espiritualmente é aprender vivenciando, é transformação interior, é tornar-se menor para o mundo material, isto é, dar a importância devida a cada coisa, sem se descurar do que é mais importante: o Espírito. É esta essência que continuará após o término do período carnal, carregando as virtudes conquistadas e as pendências que exigirão soluções.


     Não é possível encontrar-se em estado de plenitude espiritual (o Céu que se procura) sem que se haja eliminado as fraquezas morais, conquistada inteligência compatível com a grandeza das coisas universais, daí a necessidade da fé-raciocinada.


      É por demais importante o indivíduo conquistar a sua fé com conhecimento de causa, não é possível o salvamento da alma, do estado de ignorância, se não houver esforço, disponibilização de si mesmo para a busca mais importante. Por isso, não se pode entregar a conquista do mais relevante a terceiro, por mais preparado ou honrado que seja, pois a conquista é individual.


 Embora seja justo procurar ajuda, orientação, esclarecimento, junto àqueles que são mais experientes, mas sem o esforço próprio, sem seu próprio crescimento não é possível ser feliz. Ninguém pode ser feliz definitivamente com a conquista de outrem; como ninguém poderá ser infeliz definitivamente com a desgraça de outrem.
 Felicidade ou infelicidade é conquista pessoal.


    “Amar ao próximo como a si mesmo” é caminho seguro, pois é a expansão dos melhores valores em construção, que não são materiais, ao encontro das necessidades alheias que também não são materiais.

                         Dorival da Silva