segunda-feira, 22 de março de 2010

VIVA A SUA VIDA

Nos dias que transcorrem é facilmente observável a grande necessidade de viver uma irrealidade à conta de realização pessoal ou uma felicidade imaginária.

Vive-se um espelhamento daqueles que estão em evidência, seja o comportamento de artistas, de políticos, de religiosos... Busca-se insistentemente a imitação comportamental, quando não da caracterização apresentada através da mídia.

Essa performance enfatizada pelos meios de comunicação traz contorno grandemente prejudiciais às pessoas imaturas, principalmente para a mocidade, que à falta de parâmetro abalizado nos costumes e tradições sociais melhores estabelecidos e vivenciados, tomam o que está sendo apresentado pela mídia, sem análise e crítica, como certo de usos.

Com isso, ocorrem deformidades emocionais, proporcionando a busca frenética de viver como os que estão em evidência, experimentando dificuldade existencial, que a persistir, tornam-se depressivas, depreciativas, inconformadas...

Tem-se que considerar que muita vez a máscara apresentada pela “celebridade” não passa de discurso “de fora” -- para o público --, apenas uma imagem ou um “modus personalístico” com que quer evidenciar-se, de acordo com seu interesse representativo.

Portanto, é grande a ilusão de quem quer viver a vida demonstrada pelos ídolos, porque a expectativa é a interpretação que se faz do que está exposto, que pode corresponder às ansiedades das pessoas, mas que não é capaz de preencher o vazio emocional, pela falta de realidade e ausência da verdade.

***

Agora, considerando que as pessoas são seres espirituais em trânsito pela vida terrena, com objetivo de angariar melhores recursos intelectuais e morais, que vêm de muitas outras jornadas percorridas em épocas variadas, acumuladoras de patrimônios extraordinários, mas ainda sendo imprescindíveis novas experiências, é de suma importância prestar atenção na vida, esta mesma que está transcorrendo, que é mais uma etapa reencarnatória.

O retorno à espiritualidade é fatal, acontecerá. Dando-se essa ocorrência, chamada de o fenômeno da morte física, o indivíduo revê o seu trânsito e suas vivências, estará feliz ou infeliz, de acordo com as condições que empreendeu na sua vida terrena. As ilusões e suas consequências estarão muito vivas, trazendo sofrimentos morais, se não vivia uma realidade, não encontra realizações, não viveu sua vida.

A vivência real da vida, a vida vivida, refletida, que leva às realizações positivas, conquanto os naturais percalços, alguma tristeza, os desgastes naturais das conquistas honestas e nobres, proporciona, após a existência terrena, alegria muito grande, a satisfação do dever cumprido, a paz de espírito.

A alma humana se apresentará no retorno à espiritualidade exatamente como ela é na intimidade, não haverá possibilidade de apresentar subterfúgios, nenhuma máscara, ou qualquer outro recurso acobertador do seu eu. Será a própria evidência, ninguém precisará apresentar currículo, prova de suas realizações, certidão de espécie nenhuma... A individualidade é naturalmente identificada e atraída para junto de seus iguais, na faixa vibratória correspondente ao seu estado espiritual.

***

Viver a etapa material conscientemente, sendo responsável pelos atos, com a superação das dificuldades inerentes à vida, com a compreensão das problemáticas vivenciais, com a certeza de que tudo tem duração limitada; que todos os esforços no bem serão reconhecidos, que o resultado do trânsito positivo na vida na Terra é a melhora da posição espiritual, uma grande realização; por que não viver a própria vida? A Eternidade aguarda! O espírito humano é a peça mais importante da engrenagem Universal.

Dorival da Sillva

domingo, 7 de março de 2010

HOMOSSEXUALIDADE

“Pergunta – Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?”
“Resposta – Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.”
Item nº 202, de “O Livro dos Espíritos”

A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência,  definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência de criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura de mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.

Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.

A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.

A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.

O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta.

À face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice-versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese o corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.

Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas.

O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agir de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins. E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.

Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.

“Da Obra: Vida e Sexo, pelo espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, 8ª edição,
capítulo 21, publicada inicialmente em 1970.”

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

MURMURAÇÕES

MURMURAÇÕES

Fazei todas as coisas sem
murmurações nem contendas.”
– Paulo. (Filipenses, 2:14)

Nunca se viu contenda que não fosse precedida de murmurações inferiores. É hábito antigo da leviandade procurar a ingratidão, a miséria moral, o orgulho, a vaidade de todos os flagelos que arruínam almas neste mundo para organizar as palestras da sombra, onde o bem, o amor e a verdade são focalizados com malícia.

Quando alguém comece a encontrar motivos fáceis para muitas queixas, é justo proceder a rigoroso autoexame, de modo a verificar se não está padecendo da terrível enfermidade das murmurações.

Os que cumprem seus deveres, na pauta das atividades justas, certamente não poderão cultivar ensejo a reclamações.

É indispensável conservar-se o discípulo em guarda contra esses acumuladores de energias destrutivas, porque, de maneira geral, sua influência perniciosa invade quase todos os lugares de luta do Planeta.

É fácil identificá-los. Para eles, tudo está errado, nada serve, não se deve esperar algo de melhor em coisa alguma. Seu verbo é irritação permanente, suas observações são injustas e desanimam.

Lutemos, quanto estiver em nossas forças, contra essas humilhantes atitudes mentais. Confiados em Deus, dilatemos todas as nossas esperanças, certos de que, conforme asseveram os velhos Provérbios, o coração otimista é medicamento de paz e de alegria.

(Mensagem extraída do livro: Pão Nosso, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel,
11ª edição, página 161/2, 1ª publicão em 1950)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É A PAZ

É A PAZ


JOSÉ GROSSO

Se perdoas, após o mal,
Se tens, o amor como claro fanal,
Se serves desejando servir mais,
É a paz...

Se consegues sofrer tuas aflições
Sem afligir os outros corações,
E se usas a fraternidade eficaz,
É a paz...

Se vibras co’a felicidade alheia,
E se a inveja não te enreda em sua teia,
Se levas alegrias aonde vais,
É a paz...

Quando, na dor, te mostras resignado,
Se na alma tens o bem agasalhado,
Elevando teus valores morais,
É a paz...

Se aprendeste a servir sem exigência,
Se abres o coração frente à carência,
E olhando à frente vês quem vem atrás,
É a paz...

Se ao cooperar em prol do mundo novo,
Consegues atuar educando o povo,
Salvando-o da ignorância voraz,
É a paz...

Se estudas e meditas sobre a vida,
E se a reconheces árdua e florida
Senda que te recebe e alteia mais,
É a paz...

Para desfazer a sombra que obstrui,
O tempo de agora pede respeito
E espera que no bem achemos jeito
De aproveitar do Céu o amor que flui.

Espalha a paz em todas as estradas,
Fala da paz em cada movimento
Da tua vida, na ação, no pensamento,
Mesmo entre as almas mais desencontradas.

Busca em Jesus a tua libertação.
Ama, trabalha e serve em teu roteiro,
Para acender o facho verdadeiro
Que te encherá de luz o coração.

Sê da paz operoso lidador
Que nunca desanima, estrada afora,
Que no mundo sorri, sofrendo embora,
Junto ao Divino Pacificador.

Canta a paz em quaisquer caminhos teus.
E ajustando-te às fontes da alegria
Sejas, de fato, agente da harmonia,
Que no mundo trescala o amor de Deus.

(Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira,
em 02/07/2007, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói(RJ) –
extraída do jornal Mundo Espírita nº 1502, ano 77, setembro de 2009)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Papel de Allan Kardec no Espiritismo

Na Revista Espírita de setembro de 1867, existe registro de Allan Kardec sobre o seu papel na preparação da Doutrina Espírita, como transcrevemos na íntegra:

“O nosso papel pessoal, no grande movimento de ideias que se prepara pelo Espiritismo e que começa a operar-se, é o de um observador atento, que estuda os fatos para lhes descobrir a causa e tirar-lhes as consequências. Confrontamos todos os que nos têm sido possível reunir, comparamos e comentamos as instruções dadas pelos Espíritos em todos os pontos do Globo e depois coordenamos metodicamente o conjunto; em suma, estudamos e demos ao público o fruto das nossas indagações, sem atribuirmos aos nossos trabalhos valor maior do que o de uma obra filosófica deduzida da observação e da experiência, sem nunca nos considerarmos chefe da Doutrina, nem procurarmos impor as nossas ideias a quem quer que seja. Publicando-as, usamos de um direito comum e aqueles que as aceitaram o fizeram livremente. Se essas ideias acharam numerosas simpatias, é porque tiveram a vantagem de corresponder às aspirações de avultado número de criaturas, mas disso não colhemos vaidade alguma, dado que a sua origem não nos pertence. O nosso maior mérito é a perseverança e a dedicação à causa que abraçamos. Em tudo isso, fizemos o que outro qualquer poderia ter feito como nós, razão pela qual nunca tivemos a pretensão de nos julgarmos profeta ou messias, nem, ainda menos, de nos apresentarmos como tal.

Sem ter nenhuma das qualidades exteriores da mediunidade efetiva, não contestamos ser assistido pelos Espíritos em nossos trabalhos, pois temos provas muito evidentes para duvidar disto, o que, sem dúvida, devemos à nossa boa vontade, o que é dado a cada um merecer. Além das ideias que reconhecemos que nos são sugeridas, é notável que os assuntos de estudo e de observação, numa palavra, tudo quanto pode ser útil à realização da obra, sempre nos chega a propósito – noutros tempos diriam como por encanto – de sorte que os materiais e os documentos do trabalho jamais nos faltam. Se tivermos que tratar de um assunto, estamos certos de que, sem o pedir, os elementos necessários à sua elaboração nos são fornecidos, e isto por meios muito naturais, mas que, sem dúvida, são provocados pelos nossos colaboradores invisíveis, como tantas coisas que o mundo atribui ao acaso.”


Allan Kardec
Extraído da Revista Espírita de
Setembro de 1867, rodapé do item 45.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O VAZIO EXISTENCIAL

A alucinação midiática a serviço do mercantilismo de tudo, vem, a pouco e pouco, dessacralizando o ser humano, que perde o sentido existencial, tombando no vazio agônico de si mesmo.

Numa cultura eminentemente utilitarista e imediatista, o tempo-sem-tempo favorece a fuga da autoconsciência do indivíduo para o consumismo tão arbitrário quão perverso, no qual o culto à personalidade tem primazia, desde a utilização dos recursos de implantes e programas de aperfeiçoamento das formas,com tratamentos especializados e de alto custo, até os sacrifícios cirúrgicos modificando a estrutura da organização somática.

O belo, ou aquilo que se convencionou denominar como beleza, é um dos novos deuses do atual Olimpo, ao lado das arbitrariedades morais e emocionais em decantado culto à liberdade, cada vez mais libertina.

A ausência dos sentimentos de nobreza, particularmente do amor, impulsiona o comércio da futilidade e do ilusório, realizando-se a criatura enganosamente nos objetos e utensílios de grife, que lhe faculta o exibicionismo e a provocação da inveja dos menos favorecidos, disputando-se no campeonato da insensatez.

Em dias de utopia, nos quais se vale pelo que se apresenta e não pelo que se é, o etos convencional, os ideais que dignificam e trabalham as forças morais cedem lugar aos prazeres ligeiros e frustrantes que logo abrem espaço a nova mentirosas necessidades.

O cárcere do relógio impedindo que se vivencie cada experiência em sua plenitude e totalidade, sem saltar-se de uma para outra apressadamente, torna os seus prisioneiros cada vez mais ávidos de novidades, por se lhes apresentar o mundo assinalado pela sua fugacidade.

Exige-se que todos se encontrem em intérmino banquete de alegrias, fingindo conforto e bem-estar nas coisas e situações a que se entregam, distantes embora da realidade e dos significados existenciais.

A tristeza, a reflexão, o comedimento já não merecem, respeito, sendo tidos como transtornos de conduta, numa exaltação fantasiosa e sem limite em relação aos júbilos destituídos de fundamentos.

Certamente, não fazemos apologia desses estados naturais, mas eles constituem pausas necessárias para refazimento emocional nas extravagâncias do cotidiano.

Sempre quando são recalcados e não logram conscientização, inevitavelmente se transformam em problemas orgânicos pelo fenômeno da somatização.

Muito melhor á a vivência da tristeza legítima e necessária, em caráter temporário, do que a falsa alegria, a máscara de felicidade sem conteúdos válidos.

Nesse contubérnio infeliz, tudo é muito rápido, e passa quase sem deixar vestígio da sua ocorrência.

O agora, em programação de longo alcance, elaborado ao amanhecer, logo mais, à tarde, transforma-se em passado distante, sem recordações ou como impositivo de esquecimento para novas formulações prazerosas.

Quando não se vivencia o presente em sua profundidade, perdem-se as experiências que ficaram arquivadas no passado. E todo aquele que não possui o passado nos arquivos da memória atual é destituído de futuro, por faltarem-lhe alicerces para a sua edificação.

Nessa volúpia hedonista, o egotismo governa as mentes e condutas, produzindo o isolamento na multidão e a solidão nos escaninhos da alma.

Todo prazer, que representa alegria real, impõe um alto preço pela falta de espontaneidade, pela comercialização dos seus valores e emoções.

***

Não seja de estranhar-se que a juventude desorientada, sempre arrebatada pela música de mensagem rebelde e agressiva, de conteúdo deprimente e aterrorizante, com a INTERNET exibindo as imagens de adolescentes suicidas em demonstração de coragem e desprezo pela vida, ignore as possibilidades de um futuro risonho que lhes parece falacioso.

Os esportes, que os gregos cultivavam, assim como outros povos, como meios de recreação, arte e beleza – exceção feita aos espetáculos grosseiros nos circos de Roma imperial – vemos alguns deles hoje transformados em campos de batalha, nos quais os seus grupos de aficionados armam-se para rudes refregas com os opositores e em que os atletas não têm outro vínculo com os seus clubes senão o interesse pelos altos rendimentos, favorecem a brutalidade e a barbárie com a destruição de imóveis, veículos e vidas, quando um deles perde na disputa nem sempre honorável...

Aprendendo com os adultos a negar as qualidades do bem e da paz, na azáfama exclusiva do desfrutar, essa aturdida mocidade entrega-se à drogadição, em busca do êxtase que logo passa trazendo-os à realidade decepcionante. O desencanto que se lhes instala de imediato deve ser diminuído no tempo e no espaço, facultando-lhes buscar novos estimulantes ou entorpecentes para esquecer ou para gozar.

Nesse particular, a comercialização do sexo aviltado com os ingredientes do erotismo tecnicista exaure os seus dependentes, consumindo-os.

É inevitável, nesta cultura pagã e perversa, a presença do vazio existencial nas criaturas humanas, suas grandes vítimas.

Apesar da ocorrência mórbida, bem mais fácil do que parece é a conquista dos objetivos da reencarnação.

Pessoa alguma encontra-se na indumentária carnal por impositivo do acaso ou por injunção de um destino cego e cruel.

Existe uma finalidade impostergável no renascimento do Espírito na organização carnal, que se constitui da oportunidade para o autoburilamento por colisões e atritos, qual ocorre com as gemas preciosas que necessitam da lapidação para libertar a luminosidade adormecida no seu interior.

Uma releitura atenta dos códigos de ética e de justiça de todos os tempos proporciona o reencontro com os reais valores que devem nortear a vida humana.

O tecido social ora esgarçado e tênue ante uma revisão sistêmica dos objetivos de elevação moral em favor da aquisição da alegria real, sem as máscaras da mistificação, adquiriria resistência para os enfrentamentos, abrindo espaço para a justiça social, para o auxílio recíproco.

Esse ser biopsicossocial e, antes de tudo, imortal, criado por Deus para viver em plena harmonia durante a viagem orgânica.

Indispensável, pois, se torna, a elaboração de programas educacionais e labores que propiciem a autoconsciência.

As conquistas tecnológicas e midiáticas são neutras em si mesmas, considerando-se os inestimáveis benefícios oferecidos à sociedade terrestre, que saiu da treva e da ignorância para a luz e o conhecimento.

A ganância e os tormentos interiores de alguns dos seus executivos e multiplicadores de opinião respondem pela fabricação de líderes da alucinação, de exibidores da rebeldia, de fanáticos da agressividade e da promiscuidade.

Usada de maneira adequada, encaminhariam com saudável conduta os milhões de vítimas que arrasta, especialmente na inexperiência da juventude rica de sonhos que se transformam em hórridos pesadelos.

O vazio existencial consome o ser e atira-o na depressão, empurrando-o para o suicídio.

Em uma cultura saudável a alegria não impede a tristeza, nem essa atormenta, por constituir-se um fenômeno psicológico natural do ser profundo em si mesmo.

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Se experimentas esse vazio interior, desmotivado para viver ou para laborar em favor do bem-estar pessoal, abre-te ao amor e deixa-te conduzir pelas suas desconhecias emoções que te plenificarão com legítimas aspirações, oferecendo-te um alto significado psicológico e humano.

Reflexiona, pois, na correria louca para lugar nenhum e considera a vida a oportunidade de sorrir e produzir, descobrindo-te útil a ti mesmo e à comunidade.

Mas, se insistir essa estranha sensação, faze mais e melhor, esquecendo-te de ti mesmo, auxilia outrem a lograr aquilo por que anela, e descobrirás que, ao fazê-lo feliz, preenchido de paz, estarás ditosos também.

JOANNA DE ÂNGELIS
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Obra: Atitudes Renovadas, capitulo 9, 1ª edição, 2009.

sábado, 9 de janeiro de 2010

NA EXALTAÇÃO DO AMOR

A folha ressequida que cai, anônima, do pedúnculo em que nasceu, é bem o símbolo do poder oculto de Deus em a Natureza.

Poder que é força, vida e amor...

Quem recolheu?

O Sol? Não. O Vento? Não. O Homem? Não.

A folha desceu por si mesma, segundo os ditames preestabelecidos pelas leis gerais do Universo, para o seio fecundante da Terra que a transforma em novo elemento no laboratório da incessante renovação.

Assim também se movem as criaturas e os destinos.

A folha cai... Os mundos caminham... O homem evolve...

Brilha o Sol, naturalmente, mantendo a Família Planetária nos domínios da Casa Cósmica.

Avança o Vento, sem esforço, nutrindo a euforia das plantas.

Em princípios de soberana espontaneidade, constrói o Homem a própria existência.

Saber não é tudo.

Só o amor consegue totalizar a glória da vida. Quem vive respira. Quem trabalha progride. Quem sabe percebe.

Quem ama respira, progride, percebe, compreende, serve e sublima, espalhando a felicidade.

Siga, pois, seu roteiro, louvando o bem, esquecendo o mal e edificando sem repouso.

Se o caminho é áspero e sombrio, prossiga com destemor.

Lembre-se de que na vanguarda há mais amplo local para a sua esperança.

Busque ouvir a mensagem do amor, onde passe.

Estude amando.

Responda aos imperativos da evolução, amando onde esteja.

Atenda ao semelhante, amando com alegria.

Satisfará, em tudo, a você mesmo, amando sempre.

Na marcha ascendente para o Reino Divino, o Amor é a Estrada Real. As outras vias chamam-se experiências que a Eterna Sabedoria, ainda por amor, traçou à grande viagem das almas para que o espírito humano não se perca.

Antes de você, o amor já era.

Depois de você, o amor será.

Isso, porque o Amor é Deus em tudo.

Viva, assim, a vida, amando-a para entendê-la.

Viver e amar...

Amar e compreender...

Compreender e viver abundantemente...

Ângulos de uma verdade só – a Vida Eterna.

No entanto, viver sem amar é respirar sem trabalho digno; querer com exclusivismo entontecente é contemplar situações e circunstâncias com aprimorismo que geram a enfermidade e a morte.

Se você sabe, portanto, o que é viver, por que não vive?

Só vive realmente quem ama.

Só ama efetivamente quem age para o bem de todos.

Só age, sem dúvida, para o bem de todos, quem compreende que o amor é a base da própria vida.

Fora dessa verdade, há também movimento e ação, mas movimento e ação de sombra que tornará fatalmente à luz em ciclos determinados de choro, provações e martírio.

Nada novo, sempre a Lei, que funciona compassiva, mas inexorável, restituindo a cada sementeira a colheita certa.

Comande a embarcação de seu destino e não atribua a outrem os erros que as suas mãos venham a cometer.

De você mesmo depende a própria viagem.

Instrua a você, sem procurar encobrir, ante a própria consciência, as faltas que lhe arrojam a alma ao desencanto ou alo agravo das próprias necessidades do espírito.

Ainda que a noite lhe envolva o passo, alente, no imo do ser, o dia eterno da fé.

Não se confie ao sabor da invigilância, para que a invigilância não lhe arraste a existência ao sabor do sofrimento.

Antes de nós, o Universo era o Santuário da Glória Divina.

Lembremo-nos, pois, de que Deus nos criou para acrescentar –Lhe a grandeza

Não Lhe diminuamos o esplendor, cultivando a treva...

Enganaremos a forma.

Jamais enganaremos a vida que palpita, triunfante, em nós mesmos.

Aprenda a buscar aquilo de que você carece no próprio aperfeiçoamento, antes que alguém lho ensine a preço de aflição.

Busque o roteiro exato, antes que outros se lhe ofereçam, no dia de sua perturbação, para guias de sua dor.

Força é poder. Ideia é força.

Mas só o amor condiciona o poder para a vitória da luz.

Ame e caminhe. Caminhe e vença.

Anote hoje os seus movimentos, no ritmo do trabalho e da oração, e o amanhã surgirá com brilho sempre novo.

Sorria para os lances mais difíceis da estrada e os panoramas próximos e remotos descerrar-se-ão sorrindo à sua alma.

Não pare senão para refazer o fôlego atormentado.

Mais além, é a estrada de destino.

Não escute o murmúrio das sombras senão para socorrer as vítimas do mal, a fim de que os gemidos enganadores do nevoeiro não lhe anestesiem o impulso de elevação.

A fraternidade ser-lhe-á o anjo-sentinela entre os pântanos da amargura.

Cante o poema da caridade, seja onde for, e as criaturas irmãs, ainda mesmo quando algemadas ao crime, responder-lhe-ão com estribilhos de amor.

Guarde compaixão e a paz ser-lhe-á doce prêmio.

Exemplifique a fé que lhe honra a inteligência e o mundo abençoar-lhe-á todas as palavras.

Amanheça cada dia no serviço que lhe compete e o dever retamente cumprido manterá você, invariavelmente, na manhã luminosa da vida.

Antes de amparar a você, ampare aqueles que, desde muito, suspiram pela migalha de seu amparo.

Antes de nossa vontade, a vontade do Senhor.

Antes do bem para nós, o bem necessário aos outros.

Seja para você a justiça que observa e corrige e seja para o irmão de jornada a bondade que ajuda e absolve sempre.

Sobretudo, guarde a certeza de que o maior se emoldura na humildade que nunca fere.

Coloque você em último lugar e a vida encarregar-se-á de sua própria defesa em qualquer parte.

Ainda mesmo com sacrifício, sob chuvas de fel e gritos de calúnia, renda diariamente o seu culto ao amor e o amor na própria vida brilhará em sua alma, convertendo-a em estrela para a Glória Sem-Fim.

André Luiz
Psicografia de Waldo Vieira, da obra:
O Espírito da Verdade, mensagem
nº 78, publicada em 1961.