sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quando a vida responde

A condição evolutiva do nosso planeta terrestre justifica os graus de afligentes ocorrências que têm lugar no cotidiano das criaturas.

Em um mundo caracterizado por um regime de enfrentamentos expiatórios para os seus habitantes, é bem certo que não serão poucas as angustiosas situações em que se encontrarão os indivíduos a cada momento.

Algo que muito contribui para o incremento das aflições dos humanos tem sido a ignorância. O fato de não se saber de muitas coisas é dessas situações que se assemelham a espesso véu cobrindo a luz, a sombra densa, ou mesmo a cegueira, impedindo que as almas, detidas pelo magnetismo terreno, tenham visão mais alta, profunda e longínqua da natureza, o que as arrasta para os valores úmidos e obscuros dos costumeiros equívocos.

Recordemo-nos de que foi o Nazareno quem nos afirmou que seria o conhecimento da verdade capaz de nos libertar das cadeias da bestialidade, da enfermidade e da ignorância. Cumpre-nos, desse modo, sair em busca dessa verdade por Ele reportada.

Allan Kardec, por sua vez, ao indagar aos Seres Imortais que o assessoraram sobre qual seria a maior ventura dos Bons Espíritos – na estruturação de O Livro dos Espíritos --, obteve por resposta: o conhecimento de todas as coisas. Bem se vê que o desconhecimento das coisas é passível de promover ou de manter a desventura, a infelicidade dos seres humanos.

Assim, não será difícil compreender que é a alma de visão cerrada a mais passível de se debater nas trevas do desconhecimento das questões mais básicas da existência.

É fundamental, então, que cada um de nós realize maiores empenhos para iluminar os escaninhos do pensamento e da razão quanto os labirintos dos sentimentos, a fim de melhor cooperar com a obra de Deus no planeta.

Muito embora não pertença à Terra o conhecimento da absoluta verdade, a realidade é que teremos muita dificuldade em alcançar os saberes absolutos enquanto nos mantivermos acomodados ao relativismo dos saberes passageiros, satisfeitos com o degrau em que nos achamos, diante dos mundos mais avançados e das almas bem mais formosas em conhecimento e virtude, que se alastram pelo universo.

Quantas são as criaturas humanas que mantêm ojeriza ao conhecimento, à iluminação da mente, em pleno período das mais eloquentes conquistas da intelecção no mundo?

Quantos são os indivíduos que abominam livros, detestam encontros de discussões culturais?
Quantos os que se sentem molestados com os princípios éticos ou que se mostram indiferentes aos preceitos de ordem moral, nesses tempos de expectativas de paz e de fraternidade para o planeta?

Os nobres Emissários da Vida Imortal têm-nos feito continuados convites ao bom uso do livre-arbítrio, tendo por escopo ativar os passos do nosso progresso generalizado.

Ao longo de toda a história da humanidade, têm sido o limitado poder reflexivo das criaturas e o diminuto interesse pelo autoaprimoramento – pela descrença da importância da vida da alma e da realidade das esferas da imortalidade – as causas de graves quão negativas investidas dos seres nos campos das frustrações e da dor. Vive-se como se tudo tivesse começo e fim na matéria densa planetária ou como se o corpo biológico significasse o princípio e fim de todas as nossas realidades.

No decorrer dos dias, porém, tudo vai se tornando experiência lúcida, compreensão aguçada, aceitação desacomodada para aqueles que realizam esforços honestos por decifrar seus próprios enigmas bem como o significado da vida em torno de si, passando a considerar a ação inquebrantável da lei da causalidade, dando-se conta dos grandiosos compromissos que nos trazem à reencarnação, nas dimensões dos mundos físicos, cujos fundamentos são as realizações da evolução humana.

***

Tomando conhecimento do amontoado de indagações que surgem, a cada hora, em torno dos mais diversificados temas da humanidade, tais como: os relacionamentos familiares; os progressos tecnológicos em face da espiritualidade do ser; o uso ou desuso tanto de drogas químicas quanto de contraceptivos; o abortamento; a eutanásia; a pena de morte; a dor; a separação da morte, dentre outros destacados temas, é justo que nos preocupemos, de algum modo, em cooperar com o esclarecimento geral, diante da renovada visão que passamos a desenvolver, quando nos circuitos da Vida Imperecível.

Junto às pessoas sequiosas de conhecimento, destacamos e louvamos as mentes que, entusiasmadas pela verdade libertadora, já conseguem conhecer e interpretar, dotadas de boa vontade, aplicam-se a responder carradas de dúvidas que lhes são endereçadas, aqui e ali, em todas as áreas do conhecimento em que atuam.

Sempre que se apresentam indivíduos honestamente desejosos de conhecer os elementos fundamentais da existência na Terra, surgem seareiros do amor, alguns encarnados e outros desencarnados, somando esforços a fim de que se espalhem as lições excelentes do Mundo Maior, instrutivas umas, consoladoras outras, benfazejas todos, diminuindo o peso dos testemunhos dolorosos e a densidade torturante que a morte fisiológica ainda exerce sobre tantas criaturas.

A busca do conhecimento, os esforços dos leitores e do bom-senso dos pesquisadores contemporâneos promovem tamanha excitação nos círculos espirituais próximos ao planeta, que grupos de Espíritos Benfeitores desencarnados passam a se interessar em participar dos eventos de aclaramentos, procurando cercear a investida irresponsável de entidades aventureiras ou francamente opostas ao movimento de libertação de consciências.

Há considerável contingente de Espíritos perversos, destacados agentes das sombras organizadas, -- que supõem poder manter uma guerra de desmoralização do trabalho do Cristo no mundo --, e que obtêm das suas presas encarnadas os salvocondutos para trazer suas versões inverídicas e comprometedoras, tendo em vista o estado de fascinação em que se encontram os que lhes dão vez e voz, como obedientes canais psíquicos em que se transformaram.

Os lidadores do bem, contudo, agem no Invisível com firmeza e perseverança, procurando inspirar as criaturas encarnadas que anelam pelo conhecimento superior, encetando sincera busca, passando a sintonizar com a Grade Luz, de tal modo que têm a percepção de que é a própria vida que, paciente e compreensiva, lhes responde às indagações, a fim de que consigam injetar as bem-aventuradas informações no fluxo de suas próprias existências.

O trabalho que ora apresentamos é dedicado aos companheiros que anseiam por respostas as suas dúvidas, respostas que os ajudem a desenvolver mais amplos e profundos raciocínios e adotar melhor posicionamento perante a encarnação, aproveitando a grande oportunidade da vida terrestre.

Juntamos às respostas reflexivas do companheiro encarnado, fruto de suas análises e do que lhe pudemos inspirar, os pareceres de alguns corações que ora habitamos as dimensões invisíveis, de modo a que todos, unidos, meditemos em torno da nossa sede de aprender, de saber, como de obter as respostas da vida que, em doses generosas, o Espiritismo nos oferta.



Camilo

Mensagem psicografada em 21.10.2009, na
Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ
“Inserida na abertura do livro: Quando a vida responde,
psicografia de José Raul Teixeira”

terça-feira, 30 de março de 2010

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

Transcrevemos fragmentos do discurso do Sr. Allan Kardec, que aborda o tema: Comunhão do Pensamento, com base na citação evangélica de S. Mateus, abaixo citada, quando esclarece que o Espiritismo também é uma religião. O texto integral consta da Revista Espírita de dezembro de 1868.

***

O Espiritismo é uma religião?

“Onde quer que se encontre duas ou três pessoas reunidas em meu nome, aí estarei com elas.”
(S. Mateus, 18:20)

Caros irmãos e irmãs espíritas,

Estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para darmos àqueles irmãos nossos que deixaram a Terra um testemunho particular de simpatia, para continuarmos as relações de afeição e de fraternidade que existiam entre eles e nós, quando eram vivos, e para invocarmos sobre eles a bondade do Todo-Poderoso. Mas, porque nos reunimos? Não podemos fazer em particular o que cada um de nós propõe fazer em comum? Qual a utilidade de assim nos reunirmos num dia determinado?

Jesus no-lo indica pelas palavras que referimos acima. Esta utilidade está no resultado produzido pela comunhão de pensamentos que se estabelece entre pessoas reunidas com o mesmo objetivo.

Comunhão do pensamento! Compreendemos bem todo o alcance dessa expressão? Seguramente, até este dia, poucas pessoas dela tinham feito uma ideia completa. O Espiritismo, que nos explica tantas coisas pelas leis que revela, ainda vem explicar a causa e a força dessa situação do espírito.

Comunhão do pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento é uma força; mas uma força puramente moral e abstrata? Não; do contrário não se explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão de pensamento. Para compreendê-lo, é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las ensina.

(...).

Uma assembléia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada uma produz a sua nota. Disto resulta uma imensidão de correntes e de eflúvios, dos quais cada uma recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.

Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto for harmônico, a impressão é agradável; se discordante, a impressão será penosa. (...)

(...).

Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objetivo deve ser a liberação do pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quites com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu par si mesmo.

Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por seus discípulos.

(...).

Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, (...).

(...). O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. (...).

Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas. As próprias leis da Natureza.

(...).

Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou,em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade.

(...).

Os Espíritos que nos cercam aqui são inumeráveis, atraídos pelo objetivo que nos propusemos ao nos reunirmos, a fim de dar aos nossos pensamentos a força que nasce da união. Ofereçamos aos que nos são caros uma boa lembrança e o penhor de nossa afeição, encorajamentos e consolações aos que deles necessitem. Façamos de modo que cada um recolha a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, de que estivermos animados, e que esta reunião dê os frutos que todos têm o direito de esperar.



Allan Kardec

segunda-feira, 22 de março de 2010

VIVA A SUA VIDA

Nos dias que transcorrem é facilmente observável a grande necessidade de viver uma irrealidade à conta de realização pessoal ou uma felicidade imaginária.

Vive-se um espelhamento daqueles que estão em evidência, seja o comportamento de artistas, de políticos, de religiosos... Busca-se insistentemente a imitação comportamental, quando não da caracterização apresentada através da mídia.

Essa performance enfatizada pelos meios de comunicação traz contorno grandemente prejudiciais às pessoas imaturas, principalmente para a mocidade, que à falta de parâmetro abalizado nos costumes e tradições sociais melhores estabelecidos e vivenciados, tomam o que está sendo apresentado pela mídia, sem análise e crítica, como certo de usos.

Com isso, ocorrem deformidades emocionais, proporcionando a busca frenética de viver como os que estão em evidência, experimentando dificuldade existencial, que a persistir, tornam-se depressivas, depreciativas, inconformadas...

Tem-se que considerar que muita vez a máscara apresentada pela “celebridade” não passa de discurso “de fora” -- para o público --, apenas uma imagem ou um “modus personalístico” com que quer evidenciar-se, de acordo com seu interesse representativo.

Portanto, é grande a ilusão de quem quer viver a vida demonstrada pelos ídolos, porque a expectativa é a interpretação que se faz do que está exposto, que pode corresponder às ansiedades das pessoas, mas que não é capaz de preencher o vazio emocional, pela falta de realidade e ausência da verdade.

***

Agora, considerando que as pessoas são seres espirituais em trânsito pela vida terrena, com objetivo de angariar melhores recursos intelectuais e morais, que vêm de muitas outras jornadas percorridas em épocas variadas, acumuladoras de patrimônios extraordinários, mas ainda sendo imprescindíveis novas experiências, é de suma importância prestar atenção na vida, esta mesma que está transcorrendo, que é mais uma etapa reencarnatória.

O retorno à espiritualidade é fatal, acontecerá. Dando-se essa ocorrência, chamada de o fenômeno da morte física, o indivíduo revê o seu trânsito e suas vivências, estará feliz ou infeliz, de acordo com as condições que empreendeu na sua vida terrena. As ilusões e suas consequências estarão muito vivas, trazendo sofrimentos morais, se não vivia uma realidade, não encontra realizações, não viveu sua vida.

A vivência real da vida, a vida vivida, refletida, que leva às realizações positivas, conquanto os naturais percalços, alguma tristeza, os desgastes naturais das conquistas honestas e nobres, proporciona, após a existência terrena, alegria muito grande, a satisfação do dever cumprido, a paz de espírito.

A alma humana se apresentará no retorno à espiritualidade exatamente como ela é na intimidade, não haverá possibilidade de apresentar subterfúgios, nenhuma máscara, ou qualquer outro recurso acobertador do seu eu. Será a própria evidência, ninguém precisará apresentar currículo, prova de suas realizações, certidão de espécie nenhuma... A individualidade é naturalmente identificada e atraída para junto de seus iguais, na faixa vibratória correspondente ao seu estado espiritual.

***

Viver a etapa material conscientemente, sendo responsável pelos atos, com a superação das dificuldades inerentes à vida, com a compreensão das problemáticas vivenciais, com a certeza de que tudo tem duração limitada; que todos os esforços no bem serão reconhecidos, que o resultado do trânsito positivo na vida na Terra é a melhora da posição espiritual, uma grande realização; por que não viver a própria vida? A Eternidade aguarda! O espírito humano é a peça mais importante da engrenagem Universal.

Dorival da Sillva

domingo, 7 de março de 2010

HOMOSSEXUALIDADE

“Pergunta – Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?”
“Resposta – Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.”
Item nº 202, de “O Livro dos Espíritos”

A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência,  definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência de criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura de mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.

Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.

A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.

A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.

O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta.

À face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice-versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese o corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.

Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas.

O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agir de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins. E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.

Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.

“Da Obra: Vida e Sexo, pelo espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, 8ª edição,
capítulo 21, publicada inicialmente em 1970.”

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

MURMURAÇÕES

MURMURAÇÕES

Fazei todas as coisas sem
murmurações nem contendas.”
– Paulo. (Filipenses, 2:14)

Nunca se viu contenda que não fosse precedida de murmurações inferiores. É hábito antigo da leviandade procurar a ingratidão, a miséria moral, o orgulho, a vaidade de todos os flagelos que arruínam almas neste mundo para organizar as palestras da sombra, onde o bem, o amor e a verdade são focalizados com malícia.

Quando alguém comece a encontrar motivos fáceis para muitas queixas, é justo proceder a rigoroso autoexame, de modo a verificar se não está padecendo da terrível enfermidade das murmurações.

Os que cumprem seus deveres, na pauta das atividades justas, certamente não poderão cultivar ensejo a reclamações.

É indispensável conservar-se o discípulo em guarda contra esses acumuladores de energias destrutivas, porque, de maneira geral, sua influência perniciosa invade quase todos os lugares de luta do Planeta.

É fácil identificá-los. Para eles, tudo está errado, nada serve, não se deve esperar algo de melhor em coisa alguma. Seu verbo é irritação permanente, suas observações são injustas e desanimam.

Lutemos, quanto estiver em nossas forças, contra essas humilhantes atitudes mentais. Confiados em Deus, dilatemos todas as nossas esperanças, certos de que, conforme asseveram os velhos Provérbios, o coração otimista é medicamento de paz e de alegria.

(Mensagem extraída do livro: Pão Nosso, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel,
11ª edição, página 161/2, 1ª publicão em 1950)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É A PAZ

É A PAZ


JOSÉ GROSSO

Se perdoas, após o mal,
Se tens, o amor como claro fanal,
Se serves desejando servir mais,
É a paz...

Se consegues sofrer tuas aflições
Sem afligir os outros corações,
E se usas a fraternidade eficaz,
É a paz...

Se vibras co’a felicidade alheia,
E se a inveja não te enreda em sua teia,
Se levas alegrias aonde vais,
É a paz...

Quando, na dor, te mostras resignado,
Se na alma tens o bem agasalhado,
Elevando teus valores morais,
É a paz...

Se aprendeste a servir sem exigência,
Se abres o coração frente à carência,
E olhando à frente vês quem vem atrás,
É a paz...

Se ao cooperar em prol do mundo novo,
Consegues atuar educando o povo,
Salvando-o da ignorância voraz,
É a paz...

Se estudas e meditas sobre a vida,
E se a reconheces árdua e florida
Senda que te recebe e alteia mais,
É a paz...

Para desfazer a sombra que obstrui,
O tempo de agora pede respeito
E espera que no bem achemos jeito
De aproveitar do Céu o amor que flui.

Espalha a paz em todas as estradas,
Fala da paz em cada movimento
Da tua vida, na ação, no pensamento,
Mesmo entre as almas mais desencontradas.

Busca em Jesus a tua libertação.
Ama, trabalha e serve em teu roteiro,
Para acender o facho verdadeiro
Que te encherá de luz o coração.

Sê da paz operoso lidador
Que nunca desanima, estrada afora,
Que no mundo sorri, sofrendo embora,
Junto ao Divino Pacificador.

Canta a paz em quaisquer caminhos teus.
E ajustando-te às fontes da alegria
Sejas, de fato, agente da harmonia,
Que no mundo trescala o amor de Deus.

(Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira,
em 02/07/2007, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói(RJ) –
extraída do jornal Mundo Espírita nº 1502, ano 77, setembro de 2009)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Papel de Allan Kardec no Espiritismo

Na Revista Espírita de setembro de 1867, existe registro de Allan Kardec sobre o seu papel na preparação da Doutrina Espírita, como transcrevemos na íntegra:

“O nosso papel pessoal, no grande movimento de ideias que se prepara pelo Espiritismo e que começa a operar-se, é o de um observador atento, que estuda os fatos para lhes descobrir a causa e tirar-lhes as consequências. Confrontamos todos os que nos têm sido possível reunir, comparamos e comentamos as instruções dadas pelos Espíritos em todos os pontos do Globo e depois coordenamos metodicamente o conjunto; em suma, estudamos e demos ao público o fruto das nossas indagações, sem atribuirmos aos nossos trabalhos valor maior do que o de uma obra filosófica deduzida da observação e da experiência, sem nunca nos considerarmos chefe da Doutrina, nem procurarmos impor as nossas ideias a quem quer que seja. Publicando-as, usamos de um direito comum e aqueles que as aceitaram o fizeram livremente. Se essas ideias acharam numerosas simpatias, é porque tiveram a vantagem de corresponder às aspirações de avultado número de criaturas, mas disso não colhemos vaidade alguma, dado que a sua origem não nos pertence. O nosso maior mérito é a perseverança e a dedicação à causa que abraçamos. Em tudo isso, fizemos o que outro qualquer poderia ter feito como nós, razão pela qual nunca tivemos a pretensão de nos julgarmos profeta ou messias, nem, ainda menos, de nos apresentarmos como tal.

Sem ter nenhuma das qualidades exteriores da mediunidade efetiva, não contestamos ser assistido pelos Espíritos em nossos trabalhos, pois temos provas muito evidentes para duvidar disto, o que, sem dúvida, devemos à nossa boa vontade, o que é dado a cada um merecer. Além das ideias que reconhecemos que nos são sugeridas, é notável que os assuntos de estudo e de observação, numa palavra, tudo quanto pode ser útil à realização da obra, sempre nos chega a propósito – noutros tempos diriam como por encanto – de sorte que os materiais e os documentos do trabalho jamais nos faltam. Se tivermos que tratar de um assunto, estamos certos de que, sem o pedir, os elementos necessários à sua elaboração nos são fornecidos, e isto por meios muito naturais, mas que, sem dúvida, são provocados pelos nossos colaboradores invisíveis, como tantas coisas que o mundo atribui ao acaso.”


Allan Kardec
Extraído da Revista Espírita de
Setembro de 1867, rodapé do item 45.