quarta-feira, 22 de julho de 2020

Chegar, viver e retornar!


Chegar, viver e retornar! 

 

         Todos precisamos ter um rumo e objetivos na vida.  Existem perguntas que precisam ser respondidas sobre nós mesmos.  Algumas delas são: Quem sou eu? De onde vim?  Para que estou aqui?  E depois, para onde vou? 

 

         Uma certeza tenho: não vim do ventre de minha mãe. Ali tomei o trem, o bonde, o metrô, o avião. Na verdade, entrei num veículo que se construía para uma viagem espetacular, e a bagagem era eu mesmo. 

 

         Se tomei um veículo é porque não sou o veículo. Assim, reconheço existir antes dele. Então, existe outra estação, outro país, outra cidade, outro mundo.  Vim de lá, do outro mundo, que se imbrica com este em que me encontro. Deve ser assim esse entrelaçamento, como viria? 

 

         Cheguei! Estou consciente de ser um viajante. Encontro outros viajantes, como as águas do rio. Vamos juntos, mas sei que eu sou eu, ele é ele, aquele é aquele.  Seguimos próximos, às vezes bem juntos, mas eu sou eu. Preciso ter clareza disso.  

 

         Vem um ano, mais outro, outro… e o tempo passa. Ora parece devagar, ora mais rápido. Há turbulências nesse carreiro. Surge agregação, dizem casamento: procuram-se, gostam-se, unem-se. Há derivações, aparecem frutos, que amadurecem e dão outros frutos, os netos…  

 

         É preciso uma força extraordinária para vencer esse veraneio especial, com muitas novidades, às vezes tristes, outras alegres. Surgem dores também, conosco mesmo, com os nossos e com os outros, até com muita gente que não conhecemos. 

 

         Essa força é a fé. Parece esquecida ou não bem compreendida. Fé de palavra, demonstrada, de insígnia, de vestimenta, de legião…  Parece não atender bem aos que a comungam, pois há tantos desencontros. Sofrimentos sem conta, vidas que se perdem, muitas vezes interrompem a viagem antes do ponto final.   

 

         Acredito que os viajantes da vida não compreenderam bem essa força para garantir a viagem.  Ela é a bagagem mais preservada, não grita, não ralha, não! Ela aquece a alma, potencializa a confiança e dá certeza para vencer as dificuldades e encontrar as vitórias pelo caminho, mesmo que seja tortuoso. Aproxima o vivente d’Aquele que deu o veículo e preparou o mundo a ser conhecido, as lições a serem aprendidas, os desafios a serem superados e as essências da vida a serem extraídas e absorvidas na bagagem que se faz maior, conquanto não mais pesada, apesar do veículo cansado pelo pelejar do traçado. 

 

         Tem-se a intuição do porquê chegar aqui. A certeza se encontra no final da jornada, quando pode-se olhar o caminho percorrido, as lutas travadas. As derrotas são lembranças, mas as vitórias são a prova que se concretiza, com sabores, cores vivas, perfumes. 

 

         Depois da estação derradeira, paz e felicidades. Se as merecer! 


Dorival da Silva

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