Dias de caos
Democracia
constitui o mais audacioso e nobre estado de liberdade para a governança de um
povo. Acostumadas as criaturas aos regimes arbitrários e violentos, acreditam
que o direito da força é capaz de substituir a força do direito, e normalmente
derrapam no cerceamento das liberdades de pensar, de agir, de contribuir em
favor da coletividade.
De
igual maneira os regimes totalitários utilizam-se da fragilidade e ignorância
do povo para instalar-se, mediante promessas de suborno das consciências e de
falsa igualdade de direitos, estimulando as classes menos favorecidas para a
fidelidade, oferecendo-lhes migalhas, enquanto se locupletam no abuso do poder
e da indignidade, mantendo a miséria moral, social e econômica.
A
comodidade, fruto inevitável do desconhecimento dos direitos à cidadania,
acredita-se feliz com os parcos recursos que lhe são fornecidos pelo Estado
delinquente, e homenageia os seus ditadores como sendo salvadores dos seus
problemas.
É
muito mais fácil oferecer-se pão e circo
às massas do que dignidade aos indivíduos.
A
situação lamentável em que se encontra a sociedade brasileira neste momento,
resulta, sem dúvida, da negligência dos governantes anteriores que
estabeleceram leis injustas e inadequadas para manter-se no poder, pensando
somente nos seus e nos interesses dos partidos aos quais pertencem.
Esses
administradores infiéis contam com o apoio dos enganados que se fanatizam e
somente pensam nas miseráveis compensações que recebem, levando a nação ao caos
da desordem e do sofrimento. Nesse clima de instabilidade e desconforto
encontram-se os vírus das desoladoras revoluções e desastrosas soluções para
pior.
Este
é um momento muito grave, talvez dos mais difíceis para a nacionalidade
brasileira.
Não é
momento para humor, mas para a busca de soluções legais, a fim de que se voltem
a instalar a serenidade e o respeito aos códigos que vigem em toda sociedade
democrática.
Quando,
porém, o desprezo pelas leis e a corrupção se instalam nas altas cortes da
administração, que deveriam pautar a sua conduta pelos estatutos da dignidade,
o problema faz-se mais grave, exigindo que o povo venha às ruas impor o
cumprimento dos deveres por aqueles que devem zelar pela honradez da sociedade.
Não
foram outros os motivos que derrubaram a Bastilha em 14 de julho de 1789 e
deram início à Revolução Francesa, que também derrapou nos tremendos crimes do
denominado período do terror.
O
Brasil, que possui tradições cristãs arraigadas e que sempre se caracterizou
pelos valores da paz, deve repetir neste momento o gesto corajoso de enfrentar
os dislates da corrupção e exigir imediata reforma nacional para restabelecer a
paz e o progresso.
Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna
Opinião, em 31.5.2018.
Em 4.6.2018.