Embora
pareça fantasia a ideia de que somos responsáveis pela própria construção
espiritual, no entanto, é realidade incontestável. Esse entendimento somente alcança sustentação
se compreendermos a lei da reencarnação, a lei das vidas sucessivas, a
continuidade sempre da vida espiritual. A
reencarnação, por se tratar de lei da Natureza, não é condição de crença, ela
existe independentemente de aceitarmos ou não, estamos sofrendo a sua
aplicabilidade naturalmente, não depende do homem.
Abre-se
assim uma perspectiva grandiosa de esperança, há possibilidades de retornarmos
em nova vida no mundo material, poderemos rever situações, consertar
trajetórias, concluir projetos inacabados, reatar laços interrompidos, dar
aplicação aos nossos aperfeiçoamentos.
Podendo
retornar depois de uma terminada vida terrena, no intervalo de uma e
outra existência física estaremos em
algum lugar; se não retornamos imediatamente, deveremos estar agindo de algum
modo. Então encontramos razão para a
existência da vida fora do plano físico, porque a inteligência e os demais
valores adquiridos não podem ficar estagnados – é o que nos diz o bom senso --, compreendemos que neste mecanismo de “ir e
vir ou vir e ir”, na verdade viemos para retornar ao campo espiritual, por isso
a vida na matéria é temporária, mas a vida do Espírito é infinita, ela não
sofre interrupção nem quando entra na matéria e nem quando sai.
O
Espírito só teve um início, porque foi criado, não terá fim, será um ser em
aprimoramento permanente. “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas
as coisas.” (1) Deus é o criador dos
Espíritos e os criou simples e ignorantes, jamais aniquilará a criatura, dará
oportunidades evolutivas, não fará o que deveremos fazer por nós mesmos, por
isso deu-nos a inteligência e todas as demais virtudes em potencial para que as
desenvolvamos e encontremos a paz e a felicidade meritoriamente, nessa
construção que somos o principal construtor.
Tal construção é lenta na esteira dos séculos, enquanto não temos consciência de
nós mesmos somos conduzidos, como os pais conduzem suas crianças, na proporção
que a lucidez vai se instalando no ser libera-o dos cuidados dos orientadores
da Humanidade e o indivíduo assume as
rédeas da condução da vida conforme as suas possibilidades.
Agora,
a nossa construção está mais avançada, temos mais inteligência e o potencial de
discernimento está mais desenvolvido, também as responsabilidades existem
maiores, e seremos cobrados na mesma intensidade das disponibilidades da
consciência. Esta construção se apresentará feliz ou infeliz por conta do
construtor.
A construção é nossa...
(1) –O Livro dos Espíritos, questão nº 1, Allan Kardec.
Dorival da Silva