Mediunidade! Como entendê-la?
A mediunidade é um sentido extrassensorial, que permite a captação do pensamento e o sentimento de outro ser, mas não com os órgãos dos sentidos conhecidos, como a visão, a audição, o olfato... Pode-se dizer que todas as pessoas a possuem em graus muito variados, porque em algum nível recebe influência espiritual.
Essa influência espiritual acontece naturalmente e sem a percepção consciente daquele que a sofre, essa ligação sempre terá a qualidade dos pensamentos do influenciado, seus gostos, a maneira de lidar com os problemas do dia a dia, o estado emocional e a condição moral. Esses são pontos relevantes, pois, a ligação acontece por afinidade.
Quando se fala de mediunidade ostensiva, àquela que as pessoas têm consciência de sua condição e atuam produtivamente, essas são dotadas de predisposição orgânica para a comunicação com o mundo espiritual, muito embora, os fatos mediúnicos sejam espirituais.
Aquela pessoa que tem essa capacidade denomina-se médium, porque está no meio, como ponte que interliga o mundo espiritual e o material, transmitindo mensagem de algum teor, podendo também transmitir recursos vibratórios de diversas qualidades, desde as mais grosseiras até a mais sublimadas.
A mediunidade existe desde que apareceu o homem na Terra, os registros da antiguidade comprovam a sua existência, que se configuram com as lendas de variadas épocas, estão nas mitologias, nas religiões, seitas e credos antigos que se utilizavam dos pítons e pitonisas, magos e adivinhos...
Sendo a mediunidade neutra, a qualidade estará na condição moral de quem a exerce, considerando como a utiliza e a intenção.
A responsabilidade pelas consequências de seu uso é inteiramente do médium. Trata-se de ferramenta de alto significado para proveito de quem a possui, visando o seu progresso com a solução de pendências morais que se arrastam de outra existência (reencarnação), exercendo-a com caridade, como a demonstrou Jesus (que nada tinha a ressarcir às Leis Universais) em sua passagem pela Terra e se confirmando com seus Apóstolos.
A mediunidade está em toda a população, portanto, em todas as religiões, seitas, entre os crédulos e incrédulos... Ela tem muitas variáveis, mesmo pode-se dizer infinitas, porque corresponde à personalidade de cada sensitivo.
Sendo um sentido, além dos demais conhecidos na constituição física, poderá ser utilizado consciente ou inconscientemente para o bem ou para o mal, de acordo com as disposições daquele que a tem, sua formação moral, seus interesses...
É preciso estudar, compreender, desvestir-se de preconceitos em relação à mediunidade, pois, trata-se de recurso evolutivo excelente entregue pelo Criador à criatura, a seu benefício, gozando da liberdade de como usá-la, sabendo-se que todo talento vindo da Divindade é para o bem, no entanto, o homem tem o livre-arbítrio e poderá utilizá-la a seu bel-prazer, colhendo frutos doces ou amargosos.
A mediunidade está na criança, no adulto, no velho e no doente, em estágio dos mais diversos; correspondendo ao estado moral do indivíduo.
A Doutrina Espírita, organizada por Allan Kardec, dentre as suas Obras Básicas, tem O Livro dos Médiuns, lançado em 15.01.1861, há 160 anos, onde trata com aprofundamento o tema mediunidade, ensinando sobre as suas possibilidades, tanto como dos riscos para os médiuns que não têm conhecimento necessário para o seu exercício e vivência.
Quem reencarna com a mediunidade ostensiva tem compromissos sérios a serem solucionados, não se trata de nenhum privilégio. O médium tem a obrigação do aperfeiçoamento de si mesmo, oferecendo contributo colaborativo para àqueles que precisam de orientação espiritual, socorro nas obsessões, entendimento da vida do Espírito e da relação da sociedade dos reencarnados com a dos que estão livres no campo espiritual. Levar os aprendizes à compreensão de que a vida não termina com a morte do corpo e que o Espírito nunca se extinguirá.
A abnegação é o fanal do médium consciente de sua tarefa, compreendendo não se tratar de carreira remunerada aos moldes de profissão, mas a gratuidade de seus esforços é a riqueza acumulada na alma de valores espirituais que são definitivos na eternidade.
Há muito médium desequilibrado, quase sempre desconhecem serem portadores de mediunidade, muitos estão nos presídios, manicômios, nas organizações criminosas, e, ainda, outros, arrastando-se pelos vícios e comportamentos esdrúxulos, aviltando a sociedade com seus maus exemplos e influências perniciosas.
Também existem àqueles que sabem serem médiuns e comercializam o seu uso, comprometendo a sua consciência.
A orientação do Evangelho de Jesus é, a respeito desse tema: “Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido” (Mateus, 10:8.).
Nesse tempo de grande comoção, com a pandemia (Covid-19), que grassa em quase todos os recantos do Mundo, é importante deixar os preconceitos de lado, compreender que todos são Espíritos e que estão na vida terrena para conquistar novas luzes para a consciência.
É imprescindível se conhecer, saber de seus recursos espirituais, seus valores, colocar em prática seus talentos, buscando-se conhecimento e se libertando de peias e medos que prendem os passos evolutivos, pela falta de pequenos esforços pessoais.
“Jesus é o Sol para todas as almas do Mundo, guia seguro, mas para contemplar o seu fulgor é preciso abrir as vistas espirituais.”
Dorival da Silva