A Beleza
Desde os primórdios da existência, o homem sempre
buscou expressar a beleza nas suas muitas formas de manifestação. Foram as
pinturas primitivas da face e do corpo, os arranjos com roupas coloridas,
acessórios diversos de ossos, penas e outros objetos retirados da natureza,
adereços de mão, cabeça e pés, que enfeitavam a personalidade e davam a sua
importância.
Adveio, com a evolução cultural e dos costumes, a
pedraria e os metais, o que ensejou a especialização de ourives e
posteriormente a industrialização dos artefatos de enfeites pessoais e
ambientais de múltiplos materiais, com formas e finalidades muito variadas,
para atender gostos e intenções, desde os mais comedidos até os escândalos
espetaculares.
Há algumas décadas, a indústria diversificou os
produtos de beleza, particularizando o uso, atendendo às particularidades
do corpo, cabelo, rosto, braços e mãos, pernas e pés, com uma miscelânea de
aplicações e propósitos de melhor embelezamento e de apresentação.
Embora o reconhecimento da utilidade de toda a
panaceia embelezadora do ser humano, da higiene, tudo para melhor figuração pessoal, sem se descurar das vantagens econômicas, há excessos e muitas fantasias, entorpecendo a percepção da
beleza interior que se precisaria buscar, primacialmente.
A vida é lição ao alcance de todos os indivíduos,
demonstra que o viço da forma física é notável na infância, na juventude, ainda
numa parte da fase adulta, depois o curso natural é a decadência interna e
externa do organismo. Chega um momento em que as forças exânimes se extinguem e a
máquina carnal imobiliza-se, o seu condutor não tem alternativa, precisa
abandoná-la. Se a preocupação foi sempre
se apresentar bem na sua indumentária, agora que ela não mais o acompanha, qual
a apresentação?
Pela falta de conhecimento sobre a vida espiritual,
uma parcela pequena da Humanidade entende que a preocupação maior deveria ser
com a beleza da alma, embora o cuidado e o comedido aformoseamento do corpo demonstrar prerrogativas evolutivas, no entanto, se dá muita ênfase para o que perecerá em
detrimento daquilo que é perene, sendo as qualidades intelectuais e morais que
a luzirá.
O embelezamento da alma precisa fazer parte dos
movimentos da vida, em todos os instantes, pois, nas decisões diante de
cada fato, precisa-se lembrar que os resultados trarão consequências, não somente
no campo das percepções habituais. Vai além, o
registro favorável, ou não, permanecerá na alma, vez que é ela que decide e
realiza, utilizando-se do seu corpo no estado de vigília, no entanto, tem-se a
impressão de que passado o caso nada mais existe.
Toda ação tem resultado, mesmo que permaneça no
anonimato. Não se pode esquecer de que é
um Espírito, momentaneamente reencarnado, que vive o estágio material e
espiritual ao mesmo tempo, embora tenha consciência, por ora, do primeiro. O Apóstolo
dos Gentios informa aos Hebreus (12-1): “Estamos
rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas”.
Os movimentos da vida que proporcionam desavença,
acarretando mágoa, rancor, ódio, ou quaisquer prejuízos a quem quer que seja,
enfeia a alma do responsável; os atendimentos aos desejos desnecessários, ou
mesmo dos necessários, mas com excessos, abuso ou má-intenção, maculam a
consciência, com desdobramentos lamentáveis que pedem reparação.
O estudo e a meditação constante do Evangelho de
Jesus, que retira das letras o essencial conteúdo para a modificação da vida, leva em conta o refazer-se consciente através das verdades acolhidas sem imposição,
mas com o adentrar voluntário e sutil no terreno para além dos limites dos sentidos ordinários. Assim, avançando pelo mundo imaterial, alcançável, por agora, nas
asas do pensamento que levam a sensibilidade a acolher as claridades que farão o embelezamento do Espírito.
Deixando-se o indumento corporal, o seu morador será
liberado para retornar ao mundo de onde veio, se apresentando com as qualidades
intelectuais e as virtudes que conquistou, a beleza; ou, caso contrário, a fealdade;
ambas poderão destoar consideravelmente da máscara que se habituara às ilusões alimentadas na Terra, que lá ficara.
A beleza da Alma é construção de todos os momentos
da vida.
Dorival da
Silva.