quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

PÃO DE CADA DIA

                                                  PÃO DE CADA DIA  

“Dá-nos cada dia o nosso pão.” — Jesus.  

(LUCAS, capítulo 11, versículo 3.) 

 

  Já pensaste no pão de cada dia?  

A força de possuí-lo, em abundância, o homem costuma desvalorizá-lo, à maneira da criatura irrefletida que somente medita na saúde, ao sobrevir a enfermidade.  

Se a maioria dos filhos da Terra estivessem à altura de atender à gratidão nos seus aspectos reais, bastaria o pão cotidiano para que não faltassem às coletividades terrestres perfeitas noções da existência de Deus. Tão magnânima é a bondade celestial que, promovendo recursos para a manutenção dos homens, escapa à admiração das criaturas, a fim de que compreendam melhor a vida, integrando-se nas responsabilidades que lhes dizem respeito, nas Organizações de trabalho a que foram chamadas, com a finalidade de realizarem o aprimoramento próprio.  

O Altíssimo deixa aos homens a crença de que o pão terrestre é conquista deles, para que se aperfeiçoem convenientemente no dom de servir. Em verdade, no entanto, o pão de cada dia, para todas as refeições do mundo, procede da Providência Divina.  

O homem cavará o solo, espalhará as sementes, defenderá o serviço e cooperará com a Natureza, mas a germinação, o crescimento, a florescência e a frutificação pertencem ao Todo-Misericordioso.  

No alimento de cada dia prevalece sublime ensinamento de colaboração entre o Criador e a criatura, que raras pessoas se dispõem a observar. Esforça-se o homem e o Senhor lhe concede as utilidades.  

O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor.  

É nesse processo de íntima cooperação e natural entendimento que o Pai espera colher, um dia, os doces frutos da perfeição no espírito dos filhos. 

----------------------------------- 

Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, capítulo 174, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, ano de 1948. 

---------------------------------- 

REFLEXÃO:  

Diante das conturbações existentes no mundo, que não se limitam a uma parte, mas afetam, de alguma forma, o contexto geral, em todas as sociedades veem-se os males e a doenças morais.   

Quando analisamos a lição acima, percebemos quanto nos falta para termos um mundo regenerado (o que podemos compreender: quando a parcela da humanidade que pensa no bem, seja a maioria).  Que os males que vierem a público, sejam considerados grandes escândalos, objeto de atenção profunda não somente para apurar responsabilidades, mas para se achar solução definitiva, proporcionando os meios para a cura dos doentes da Alma.  O caminho ainda é longo, no entanto, começa com o pensar nessa possibilidade.  Trabalhar para que isso aconteça, mesmo que seja num horizonte de séculos. 

Espírito são (equilibrado, evangelizado) não realiza o mal em tempo algum.  Porque o mal não pertence à sua natureza, já é estágio evolutivo superado, somente faz o bem e só no bem pensa.  

  "Já pensaste no pão de cada dia?"  A pergunta que o Espírito Emmanuel coloca no início de sua argumentação, abre nossas perspectivas educativas, sobre o Criador, como reproduzimos adiante: "Se a maioria dos filhos da Terra estivessem à altura de atender à gratidão nos seus aspectos reais, bastaria o pão cotidiano para que não faltassem às coletividades terrestres perfeitas noções da existência de Deus. Tão magnânima é a bondade celestial que, promovendo recursos para a manutenção dos homens, escapa à admiração das criaturas, a fim de que compreendam melhor a vida, integrando-se nas responsabilidades que lhes dizem respeito, nas Organizações de trabalho a que foram chamadas, com a finalidade de realizarem o aprimoramento próprio." Vejamos que o alimento de todos os dias está para o pobre, para o rico, para o ignorante, para o criminoso... 

Deus faz que o Sol nasça para justos e injustos, pois a sua perspectiva é de eternidade.  A imperfeição pertence aos homens (humanidade), o planeta Terra é apenas um departamento de oportunidades ao aprimoramento do Espírito humano.  

O que falta é a análise e a reflexão sobre a vida, para compreender que tudo gira em benefício da criatura humana. No entanto, há rebeldia. Própria do ingrato! Há quantos milênios os homens matam e destroem povos -- seus irmãos --, aniquilam parte da Natureza, queimam irresponsavelmente florestas, não se importam com a morte dos animais e dos ecossistemas, no intuito de saciar suas sanhas criminosas. Se faltou alimento em algum tempo ou região, foi pela própria incúria dos que ali viveram e por seus interesses desrespeitaram os meios produtivos ou proporcionaram o esgotamento dos recursos naturais que ofereciam extrativismo abundante. 

 "O Altíssimo deixa aos homens a crença de que o pão terrestre é conquista deles, para que se aperfeiçoem convenientemente no dom de servir. Em verdade, no entanto, o pão de cada dia, para todas as refeições do mundo, procede da Providência Divina." Hoje, o homem tem inteligência e tecnologias bastante avançadas, que proporcionaram ampliação da produtividade agropecuária, nas atividades mais desenvolvidas, de estudos e pesquisas chamadas de "ponta", as consciências também se dilataram, reconhecendo-se que sem o respeito à Natureza não se produz a contento. Assim, não se descuram de proteger as fontes e mananciais de águas, a conservação dos terrenos produtivos, tanto quanto os ecossistemas que dão sustentabilidades às produções sistematizadas. 

Assim, todas as percepções vão até o máximo que os meios tecnológicos apontam, sem avançar além desse ponto, pois, daí em diante, os olhos e mentes pesquisadores precisam, além do microscópio e outros equipamentos modernos, do elemento espiritual capaz de avançar no terreno não material. Somente com a mente forrada na pesquisa e ciências navega no campo da subjetividade. O campo da compreensão intuitiva e dedutiva das percepções espirituais, com o alcance da base da Natureza Divina que cuida da Humanidade para atendimento de sua evolução, material e espiritual. 

"O homem cavará o solo, espalhará as sementes, defenderá o serviço e cooperará com a Natureza, mas a germinação, o crescimento, a florescência e a frutificação pertencem ao Todo-Misericordioso." O homem sabe do que não é capaz, mesmo utilizando toda a tecnologia que desenvolveu para melhoria da produção de alimentos, para salvaguardar a população de mundo: "... a germinação, o crescimento, a florescência e a frutificação ..." A partir dessa constatação, a força para consecução dos objetivos produtivos estão noutra estância, na estância Divina, que cabe reconhecimento e respeito. Toda a Natureza é Templo de Deus, nela tudo acontece, inclusive a vida e manutenção da própria Humanidade.  

"No alimento de cada dia prevalece sublime ensinamento de colaboração entre o Criador e a criatura, que raras pessoas se dispõem a observar. Esforça-se o homem e o Senhor lhe concede as utilidades." O Espírito Emmanuel abre-nos os horizontes sobre a relação do ser humano e o Criador através do "Pão de cada dia"; inconcebível que não pensemos em Deus toda vez que tomamos uma refeição. Se o Senhor de todas as coisas nos preserva a existência física para nosso adiantamento espiritual, o que não fará por nós quando alcançarmos estágio de perfeição espiritual?  

"O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor."  

"É nesse processo de íntima cooperação e natural entendimento que o Pai espera colher, um dia, os doces frutos da perfeição no espírito dos filhos." Emmanuel encerra sua página nos certificando que o trabalho nobre do homem não é sem razão. Trata-se de processo cooperativo, com objetivo Divino, do qual o homem é a parte primordial, pois dele o Senhor aguarda competências forjadas nos tempos sem conta, entretanto, num estado de perfeição que consiga oferecer resultados ao contexto Divino, que alcança o Universo. Todo Pai espera as melhores coisas de seus filhos! Deus nos espera capazes de cooperar na Sua obra, agora e sempre! 

 

Dorival da Silva 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Extremismo e convergência

 Extremismo e convergência 

 

Todo ser humano surgiu das mãos do Criador simples e ignorante, no entanto, com recursos potenciais em estado latente, que irão se desenvolvendo conforme o rumo evolutivo de cada criatura.  

Deus, Causa do surgimento de tudo, mas aqui estamos fixando atenção no ser humano, com recursos a serem desenvolvidos, tais como a inteligência e o sentimento. Para isso, Deus disponibilizou à criatura o livre-arbítrio e lhe impôs a responsabilidade. 

O homem tem a liberdade de agir, mas tem a responsabilidade pelo que sobrevier de suas ações. 

Todas as ações desenvolvem naturalmente a inteligência, mas o sentimento é um acúmulo de fatores emocionais positivos e negativos.  Os sentimentos positivos, quando bem orientados e cultivados, se tornarão virtudes; os negativos, quando cultivados e sedimentados, tornarão discrepâncias em relação às virtudes. Estas causarão sofrimentos para quem as cultiva e pela afinidade gerará teia adversa no contexto social.  

Toda ação dos homens traz consequências para si mesmo e para os que estão sob o seu raio de ação, assim, as virtudes ou as mazelas, a princípio, se farão sentir em outro ser humano, que carrega capacidade intelectual e sentimento, gerando simpatia ou animosidade.  

As personalidades são formações exclusivas, pois, se dão por experiências particulares, considerando o tempo e os resultados apresentados absorvidos pelas individualidades. Dessa forma, jamais se encontrará duas pessoas exatamente iguais na sua forma de pensar.  

Deus, na Sua sabedoria, plasmou em cada ser ciente a capacidade de própria formação, um mundo exclusivo, autoridade de si mesmo, no nível onde a lucidez espiritual lhe permita.  

Então, todos sofrem a influência do meio onde vivem e trazem patrimônio espiritual no subconsciente, todas as experiências de todos os tempos passados, de vivências distintas em sociedades diversas, formando compêndio de saberes que a nenhum outro ser o terá idêntico. 

As lembranças das vivências antigas, que estão no próprio “eu”, fluem num linguajar ininteligível através da intuição, uma das razões dos indivíduos se inclinarem à posição extremada ou convergente, em graduações mais ou menos acentuadas para lá ou para cá.   

A convulsão emocional externa ativa as lembranças adormecidas que gritam fundo na alma, exigindo de cada indivíduo diante de tal situação contenção através da reflexão, para não aceitar o que desarrazoadamente pode lhe causar transtornos. A tendência é sempre retornar a realizar aquilo que é conhecido, mesmo que inconscientemente no momento presente, no entanto, intuitivamente forte, que o fez sofrer em vida passada.  

O extremismo, embora cause sofrimento ao extremado e aos que estão sob seu raio de ação, é “confortável” para quem assim se porta, pois, é o soldo da vaidade, do orgulho e do egoísmo.  Sofre-se, mas tem a sensação de poder, satisfação de sobrepujar alguém, ou situação, pelo enfrentamento, não importando os meios empregados e as consequências.  

Convergir é muito difícil para o extremista, pois requer algo que ele não pensa em buscar, a humildade, muitas vezes o faz fingidamente, na tentativa de alguma vantagem. O que ele não pretende é abandonar o estado ilusório de “conforto”, o que se poderia dizer um vício emocional. Sofrer, às vezes alucinadamente, a título fantasioso de poder, ou ilusória “vitória”, que não sabe explicar qual.   

A convergência é um estado íntimo de compreensão, uma autorização emocional, visando um bem de maior abrangência, ou a solução de um mal que afeta um grupo de pessoas ou uma sociedade inteira. É um estado altruístico.  

Não há como convergir se não houver compreensão do que é proposto e que dependa da aceitação de outra ou de muitas pessoas. Mas, também, não é possível convergir se não tiver compreensão que as demais pessoas estão propensas a acolher a aquiescência em parte do que se diverge. Assim, sem a humildade, não se chegará a resultado satisfatório e todos perdem.  

É certo que existe indivíduo de grande elevação intelectual, moral e espiritual que surge na sociedade com a finalidade de fomentar o crescimento daquela população.  Quase sempre é incompreendido, com muito esforço consegue implementar alguma melhoria geral, percebida sua grandiosidade somente depois de sua passagem para a espiritualidade. Isto é exemplo de convergência até o nível possível de compreensão dos beneficiados de uma proposição que não teve o alcance da maioria, mas que servirá de base para progresso futuro.   

O grande exemplo de convergência é o de Jesus-Cristo. Quanto Ele precisou trabalhar para implementar um novo pensamento na Humanidade?  Ensinamento grandioso e implantado em fragmentos.  Apresentou a possibilidade de curas instantâneas, para indicar a necessidade da conquista de valores morais.  Falou com os espíritos maus, que subjugavam pessoas, através da obsessão, da possessão, para apresentar o estado de vida não corpórea, mas que exerce influência sobre os que estão no estado corpóreo.   

Essas realidades apresentadas por Jesus, foram minuciosamente estudadas e catalogadas pela Doutrina Espirita, nos estudos e pesquisas do professor Allan Kardec, dezoito séculos depois, o que ainda não têm a compreensão geral das pessoas no século XXI.   

Em conta, tratar-se de Espírito puro (Jesus), fez pela Humanidade da Terra o possível, convergiu, sem faltar com a verdade. No entanto, no nível de compreensão da massa existente no seu tempo era ínfimo o acolhimento de sua mensagem transformadora da vida humana. Posteriormente, ergueu-se a cortina do entendimento consoante a compreensão possível, das revelações iniciais, em conta os séculos de vivências transcorridos.   

A Doutrina dos Espíritos é a promessa de Jesus, para ampliar os entendimentos que trouxe até a Humanidade, mas como sementes que iriam despertar em árvores frondosas, com frutos novos que irão transformar todos os Espíritos vinculados à Terra. Assim, convergindo a pobreza moral para  Espírito de Escol pela compreensão e humildade.  

No primeiro momento, a compreensão e a humildade de Jesus, depois de toda a Humanidade. Os tempos futuros dirão! 

 
 

                       Dorival da Silva