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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Extremismo e convergência

 Extremismo e convergência 

 

Todo ser humano surgiu das mãos do Criador simples e ignorante, no entanto, com recursos potenciais em estado latente, que irão se desenvolvendo conforme o rumo evolutivo de cada criatura.  

Deus, Causa do surgimento de tudo, mas aqui estamos fixando atenção no ser humano, com recursos a serem desenvolvidos, tais como a inteligência e o sentimento. Para isso, Deus disponibilizou à criatura o livre-arbítrio e lhe impôs a responsabilidade. 

O homem tem a liberdade de agir, mas tem a responsabilidade pelo que sobrevier de suas ações. 

Todas as ações desenvolvem naturalmente a inteligência, mas o sentimento é um acúmulo de fatores emocionais positivos e negativos.  Os sentimentos positivos, quando bem orientados e cultivados, se tornarão virtudes; os negativos, quando cultivados e sedimentados, tornarão discrepâncias em relação às virtudes. Estas causarão sofrimentos para quem as cultiva e pela afinidade gerará teia adversa no contexto social.  

Toda ação dos homens traz consequências para si mesmo e para os que estão sob o seu raio de ação, assim, as virtudes ou as mazelas, a princípio, se farão sentir em outro ser humano, que carrega capacidade intelectual e sentimento, gerando simpatia ou animosidade.  

As personalidades são formações exclusivas, pois, se dão por experiências particulares, considerando o tempo e os resultados apresentados absorvidos pelas individualidades. Dessa forma, jamais se encontrará duas pessoas exatamente iguais na sua forma de pensar.  

Deus, na Sua sabedoria, plasmou em cada ser ciente a capacidade de própria formação, um mundo exclusivo, autoridade de si mesmo, no nível onde a lucidez espiritual lhe permita.  

Então, todos sofrem a influência do meio onde vivem e trazem patrimônio espiritual no subconsciente, todas as experiências de todos os tempos passados, de vivências distintas em sociedades diversas, formando compêndio de saberes que a nenhum outro ser o terá idêntico. 

As lembranças das vivências antigas, que estão no próprio “eu”, fluem num linguajar ininteligível através da intuição, uma das razões dos indivíduos se inclinarem à posição extremada ou convergente, em graduações mais ou menos acentuadas para lá ou para cá.   

A convulsão emocional externa ativa as lembranças adormecidas que gritam fundo na alma, exigindo de cada indivíduo diante de tal situação contenção através da reflexão, para não aceitar o que desarrazoadamente pode lhe causar transtornos. A tendência é sempre retornar a realizar aquilo que é conhecido, mesmo que inconscientemente no momento presente, no entanto, intuitivamente forte, que o fez sofrer em vida passada.  

O extremismo, embora cause sofrimento ao extremado e aos que estão sob seu raio de ação, é “confortável” para quem assim se porta, pois, é o soldo da vaidade, do orgulho e do egoísmo.  Sofre-se, mas tem a sensação de poder, satisfação de sobrepujar alguém, ou situação, pelo enfrentamento, não importando os meios empregados e as consequências.  

Convergir é muito difícil para o extremista, pois requer algo que ele não pensa em buscar, a humildade, muitas vezes o faz fingidamente, na tentativa de alguma vantagem. O que ele não pretende é abandonar o estado ilusório de “conforto”, o que se poderia dizer um vício emocional. Sofrer, às vezes alucinadamente, a título fantasioso de poder, ou ilusória “vitória”, que não sabe explicar qual.   

A convergência é um estado íntimo de compreensão, uma autorização emocional, visando um bem de maior abrangência, ou a solução de um mal que afeta um grupo de pessoas ou uma sociedade inteira. É um estado altruístico.  

Não há como convergir se não houver compreensão do que é proposto e que dependa da aceitação de outra ou de muitas pessoas. Mas, também, não é possível convergir se não tiver compreensão que as demais pessoas estão propensas a acolher a aquiescência em parte do que se diverge. Assim, sem a humildade, não se chegará a resultado satisfatório e todos perdem.  

É certo que existe indivíduo de grande elevação intelectual, moral e espiritual que surge na sociedade com a finalidade de fomentar o crescimento daquela população.  Quase sempre é incompreendido, com muito esforço consegue implementar alguma melhoria geral, percebida sua grandiosidade somente depois de sua passagem para a espiritualidade. Isto é exemplo de convergência até o nível possível de compreensão dos beneficiados de uma proposição que não teve o alcance da maioria, mas que servirá de base para progresso futuro.   

O grande exemplo de convergência é o de Jesus-Cristo. Quanto Ele precisou trabalhar para implementar um novo pensamento na Humanidade?  Ensinamento grandioso e implantado em fragmentos.  Apresentou a possibilidade de curas instantâneas, para indicar a necessidade da conquista de valores morais.  Falou com os espíritos maus, que subjugavam pessoas, através da obsessão, da possessão, para apresentar o estado de vida não corpórea, mas que exerce influência sobre os que estão no estado corpóreo.   

Essas realidades apresentadas por Jesus, foram minuciosamente estudadas e catalogadas pela Doutrina Espirita, nos estudos e pesquisas do professor Allan Kardec, dezoito séculos depois, o que ainda não têm a compreensão geral das pessoas no século XXI.   

Em conta, tratar-se de Espírito puro (Jesus), fez pela Humanidade da Terra o possível, convergiu, sem faltar com a verdade. No entanto, no nível de compreensão da massa existente no seu tempo era ínfimo o acolhimento de sua mensagem transformadora da vida humana. Posteriormente, ergueu-se a cortina do entendimento consoante a compreensão possível, das revelações iniciais, em conta os séculos de vivências transcorridos.   

A Doutrina dos Espíritos é a promessa de Jesus, para ampliar os entendimentos que trouxe até a Humanidade, mas como sementes que iriam despertar em árvores frondosas, com frutos novos que irão transformar todos os Espíritos vinculados à Terra. Assim, convergindo a pobreza moral para  Espírito de Escol pela compreensão e humildade.  

No primeiro momento, a compreensão e a humildade de Jesus, depois de toda a Humanidade. Os tempos futuros dirão! 

 
 

                       Dorival da Silva 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Corpo humano! Suas finalidades!

  Corpo humano! Suas finalidades! 

O corpo humano, tal como quaisquer instrumentos desenvolvidos, tem suas finalidades. No entanto, os instrumentos industrializados são inanimados, podem ser eletrificados ou eletrônicos, ou, ainda, robóticos. São construídos conforme as necessidades e para utilidades específicas. Esses atendem suas finalidades até que fiquem superados ou imprestáveis, ou ainda, até que seus responsáveis desliguem de sua fonte de energia. Podemos dizer que as suas vidas dependem da fonte energética, como a orientação de sua fabricação.  

Para existir um corpo humano, o processo é complexo, pois que não se fabrica, é preciso do envolvimento de duas pessoas, que serão pai e mãe, e fornecerão os elementos iniciais dessa composição unicelular, que aglutina as cargas genéticas destes, doando suas características, constituindo um ser independente e único dentre os bilhões de outros existentes no Mundo.  

Esse organismo que vai se construir, composto de muitos órgãos autônomos, interligados e dependentes entre si, sua existência depende da manutenção da carga de energia vital. Ainda, depende de algo que lhe dará a forma, a conformação, seu único utilizador. Esse utilizador é o Espírito. No caso, um Espírito. Que se vincula àquele corpo no exato momento da concepção. É Vida nos aspectos: Inteligência, moral, vontade e tudo o mais que um ser humano pode apresentar.  

O Espírito que se prepara para reencarnar, no corpo que vai se formar, é composto também de uma cobertura fluídica que se chama perispírito, é o corpo do Espírito. É esse envoltório espiritual que se liga na concepção e será o modelador do corpo de carne que se vai desenvolver no ventre da mãe.  Assim, embora as características genéticas herdadas dos pais, sofrerá a influência desse corpo organizador, o perispírito, que dará a conformação necessária para os propósitos daquele que irá renascer, condizente com a sua programação.   

A título de exemplo, caso o Espírito que retornará seja de inteligência superior e proporcionará o desenvolvimento de algo de grande valor para benefício da sociedade, o seu cérebro de carne terá uma condição especial para possibilitar a manifestação da inteligência espiritual. Desse modo, fluirá para o mundo material os conteúdos para se alcançar os objetivos planejados.  De outra forma, sendo o Espírito de inteligência superior, no entanto, que em situação anterior utilizou mal os seus recursos intelectuais, causando mal para si mesmo, e à sociedade, gerando mácula na sua consciência, o seu perispírito, que estará impregnado dessa energia desequilibrada, causará deformidade na formação do novo cérebro, ao nível correspondente ao estado espiritual de culpa. 

No mesmo sentido, ocorrem os nascimentos de corpos com aleijões e supressão de membro; ou, cegueira, mudez e surdez -- às vezes, essas três ocorrências num mesmo indivíduo --, depende do nível de culpa que aquele Espírito carrega.  Não se trata de castigo, apenas o encontro do infrator com as consequências de suas obras, que arrependido luta por se ressarcir perante a própria consciência.  

Existem, ainda, as doenças que não estão aparentes, ou não se manifestaram, o que virá no decorrer da existência, em conta a consciência culpada, por feitos no trânsito de suas vidas anteriores. Sendo que, com o despertar da consciência, sofre e quer se restaurar à normalidade da Vida espiritual, expungindo os males que incomodam. Doenças crônicas; doenças de tratamentos difíceis, demorados e limitantes; acidentes no decorrer da vida…  Todos que aqui tomamos um corpo temos alguma coisa para ajustar com a consciência, além de adquirirmos novos conhecimentos, e concretizarmos muitas coisas através das vivências. No entanto, é bom saber que existe um medicamento para a consciência em desalinho, que serve indistintamente a todos os indivíduos, independente da intensidade do problema existente, é a caridade. [Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados — (1ª Epístola de Pedro, 4:8)]. 

O corpo humano é instrumento de grande oportunidade dispensada pelo Criador, em favor do progresso da criatura. Permite, o corpo, o esquecimento de tudo que ocorreu antes do nascimento, favorecendo o contato com os desafetos, os inimigos de outros tempos, que surgem na qualidade de irmão, de pai, de mãe, de conjunge, colegas de trabalho, patrão e outros de convivência na mesma sociedade. Recurso para que o ódio, rancor, desejo de vingança, e a antipatia se revertam em amizade, perdão, simpatia e amor. Sem amor não há felicidade, nem na Terra e nem na Espiritualidade.  

Os fatos bons e negativos das vidas passadas continuam nos registros espirituais, mas o cérebro do corpo novo não consegue filtrar essas recordações, mas intuitivamente algo flui do subconsciente, como nos casos da simpatia e antipatia com quem convivemos ou encontramos pela vida. As coisas boas cultivadas em outros tempos também pela intuição se apresentam, tal como a habilidade em certo estudo, facilidade para exercer esta ou aquela profissão, pendores para as Artes, etc. 

O corpo nasce cheio de vitalidade e vai se desenvolvendo pelas fases apontadas pela Ciência, até completar-se na fase adulta. No entanto, a grande finalidade desse trajeto de preparação do instrumento carnal é dar oportunidade ao melhoramento do seu habitante, com a educação iniciada no berço, proporcionando-lhe o arrefecimento dos ímpetos de violência, controle das tendências à viciação, sejam as ofertas químicas ou morais. Além de beneficiá-lo com a conquista de cultura e demais desenvolvimentos intelectuais de seu tempo.  

Um ponto de suma importância é a evangelização da criança, quando realizada com conhecimento e vivência por àqueles que a cercam, proporcionam a chegada à fase adulta com equilíbrio e lucidez sobre os porquês da vida, porque compreende em bom nível as questões espirituais da qual todos fazem parte.  

Chegada a maturidade, as forças físicas diminuem, e chegará o tempo que se esgotará definitivamente, liberando o seu utilizador que livre retornará gradativamente à integralidade da consciência, considerando a lembrança das experiências das vidas anteriores. Se constatar, em análise de si mesmo, que venceu as dificuldades que o incomodavam antes da entrada na matéria corporal e, ainda, adquiriu valores com afazeres nobres, se sentirá feliz; caso, assim, não ocorreu, tendo ampliado seus débitos, a frustração é considerável, certamente a infelicidade será a sua condição.  

O corpo não deve ser utilizado desarrazoadamente, que mesmo na própria vida física apresenta consequências danosas para o seu condutor (o Espírito), sendo que, com a proteção do corpo, o ser espiritual sente relativamente os efeitos das dificuldades, depois dele, as realidades se tornam superlativas. 

Muito mais se poderia registrar sobre a vida no corpo, apontar outras muitas finalidades, mas com o que discorremos acima, fica fácil deduzir-se outras possibilidades.  

O corpo que herdamos de nossos pais é em realidade um templo para a nossa evolução espiritual, assim, sucedem-se as gerações.  

Respeito ao corpo é respeito a si mesmo! 

 

                                    Dorival da Silva. 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Procedimentos para afastar os maus espíritos - Parte 1



 Especial


por Rogério Coelho


Procedimentos para afastar os maus espíritos
Parte 1
A linguagem dos Espíritos é o verdadeiro critério pelo qual podemos julgá-los

Experimentai se os Espíritos são de Deus. (I João, 4:1)

Espalham-se os mais dolorosos processos obsessivos em toda a Terra... Magotes de criaturas sofrem sob o guante terrível e cruel da atuação invisível dos Espíritos obsessores. Casos existem em que, conquanto se apresente de maneira clara e ostensiva a influência e atuação dos Espíritos maus, os envolvidos permanecem – por ignorância ou preconceito – cépticos quanto a tais influências... E então, muitos encarnados devidamente atuados pelos agentes das trevas, têm os mais esdrúxulos e até mesmo violentos comportamentos sem que providência alguma seja tomada com relação aos obsessores que continuam agindo e influenciando livremente [1].
Jamais podemos olvidar ou menoscabar a informação obtida por Kardec na questão 459 de “O Livro dos Espíritos”: “... Eles, (os Espíritos) influenciam os encarnados muito mais do que podemos imaginar, visto que, de ordinário, são eles que os dirigem”.
O nosso querido médium e orador espírita fluminense Raul Teixeira conta em uma de suas notáveis palestras o diálogo que manteve (durante uma reunião mediúnica) com um Espírito inimigo da luz que fez uma declaração estarrecedora: disse o Espírito que temos nós (encarnados e desencarnados) um trabalho em comum junto aos enfermos nos dois planos da vida. Só que nós, os encarnados, retiramos os Espíritos sofredores dos sítios onde até então estavam homiziados e os encaminhamos para os departamentos de auxílio e esclarecimentos do Mundo Maior, comprazendo-nos com isso; considerando tal façanha uma verdadeira vitória contra as trevas! Mas eles, (os inimigos da luz) não retiram de onde estão, os Espíritos que lhes caem na rede, especialmente se se trata de espíritas em suas Instituições: após transformá-los em agentes de seus interesses escusos e malsãos, deixam-nos dentro das respectivas casas espíritas para causar todo tipo de problemas aos verdadeiros trabalhadores de Jesus. Isso explica as enormes dificuldades enfrentadas pelos arraiais espiritistas da atualidade, visto que não são poucos, segundo declara o referido Espírito, os que são arrebanhados para os seus nefastos e sufocantes domínios!...
"O orgulho, a labilidade, o descuido e a fraqueza do homem são o que empresta força aos maus Espíritos”. Esta é uma informação importante inserta na questão 498 de “O Livro dos Espíritos”.
Ademais, os processos obsessivos e influenciações espirituais de modo geral, estão associados à  aquiescência  de quem lhes oferece sintonia, visto que todos  os  desvios  das  Leis  Divinas  e  as deformidades  morais  agem  no sentido  de  facultar  "plugs"  de induções   magnéticas,   facilitando  o  acoplamento  entre  os componentes do processo obsessivo. Resulta daí o raciocínio lógico de que o sucesso do obsessor reside no fato de não encontrar defesas e resistências em sua vítima, que, ao contrário, lhe oferece toda reciprocidade exigida para o nefasto e pernicioso processo obsessivo.
Segundo Allan Kardec [2], “(...) a intromissão dos Espíritos enganadores nas atividades espíritas e em especial nas comunicações escritas é uma das maiores dificuldades do Espiritismo; sabe-se, por experiência, que eles não têm nenhum escrúpulo em tomarem nomes supostos, e mesmo nomes respeitáveis. Há meios de afastá-los? Aí está a questão! Certas pessoas empregam, para esse fim, o que se poderia chamar de procedimentos, quer dizer, sejam fórmulas particulares de evocação, sejam espécies de exorcismos, como fazê-los jurarem em nome de Deus de que dizem a verdade, fazê-los escrever certas coisas, etc... Conhecemos alguém que, a cada frase, intimava o Espírito para assinar seu nome; se fosse a verdade, ele escreveria o nome sem dificuldade; se fosse o falso, ele se deteria logo, ou no meio, sem poder terminá-lo; vimos essa pessoa receber as comunicações mais ridículas da parte dos Espíritos que assinavam o nome de empréstimo com uma firmeza perfeita. Pois bem! Declaramos nós que se alguns Espíritos, um pouco mais escrupulosos, detêm-se pela ideia de um perjúrio ou de uma profanação, há os que juram tudo o que se quer, que assinam todos os nomes, que se riem de tudo, e afrontam a presença dos mais veneráveis sinais, de onde concluímos que, entre o que se pode chamar de procedimentos, não há nenhuma fórmula, nenhum expediente material que possa servir de preservativo eficaz.
Nesse caso, dir-se-á, não há senão uma coisa a fazer, que a de parar de escrever. Este meio não seria melhor; longe disso, seria pior em muitos casos. Dissemos, e não poderíamos repeti-lo muito, que a ação dos Espíritos sobre nós é incessante, e não é menos real porque é oculta. Se ela deve ser má, será mais perniciosa ainda pelo fato de que o inimigo estará oculto; pelas comunicações escritas, ele se revela, se desmascara, sabe-se com quem se tem relação, e pode-se combatê-lo. Mas se não há nenhum meio de afastá-lo, que fazer então?! Não dissemos que não haja nenhum meio, mas somente que a maioria daqueles que se empregam são impotentes; aí está o assunto que nos propomos desenvolver.
Não se pode perder de vista que os Espíritos constituem todo um mundo, toda uma população que preenche o espaço, que circula ao nosso lado, e que se mistura a tudo aquilo que, fazemos. Se o véu que no-los oculta viesse a ser levantado, vê-los-íamos, ao redor de nós, irem, virem, seguir-nos ou evitar-nos segundo o grau de sua simpatia; uns indiferentes, verdadeiros vadios do mundo oculto, os outros muito ocupados, seja consigo mesmos, seja com os homens aos quais se agarram, com um objetivo mais ou menos louvável, segundo as qualidades que os distinguem. Veríamos, em uma palavra, o dublê do gênero humano com as suas boas e suas más qualidades suas virtudes e seus vícios... Essa companhia, da qual não podemos escapar, porque não há lugar tão oculto que seja inacessível aos Espíritos, exerce sobre nós e com o nosso desconhecimento uma influência permanente. Uns nos conduzem ao bem, os outros ao mal, e nossas determinações, muito frequentemente, são o resultado de suas sugestões; felizes somos quando temos bastante lucidez para discernir a boa ou a má senda à qual procuram nos arrastar...
Uma vez que os Espíritos não são outra coisa senão os próprios homens despojados de seu envoltório somático grosseiro, senão as almas que sobrevivem ao corpo, disso resulta que há Espíritos desde que haja seres humanos no Universo.
(...) A intromissão dos maus Espíritos nas comunicações escritas não é um perigo do Espiritismo, uma vez que, se houver perigo, o perigo existe sem isso, porque é permanente; eis do que não se poderia muito persuadir-se: é simplesmente uma dificuldade, mas da qual é fácil triunfar tomando-a convenientemente.
Pode-se primeiro colocar como princípio que os maus Espíritos não vão senão lá onde alguma coisa os atraia; portanto, quando se misturam às comunicações, é porque encontram simpatias no meio onde se apresentam, ou pelo menos lados fracos dos quais esperam se aproveitar; em todo o processo, é que não encontram uma força moral suficiente para repeli-los. Entre as causas que os atraem, é necessário colocar em primeira linha as imperfeições morais de toda natureza, porque o mal simpatiza sempre com o mal; em segundo lugar, a muito grande confiança com a qual se acolhe suas palavras. Quando uma comunicação acusa origem má, seria ilógico disso inferir uma paridade necessária entre o Espírito e os evocadores; frequentemente, se veem as pessoas mais honradas expostas aos embustes dos Espíritos enganadores, como acontece no mundo, pessoas honestas enganadas por velhacos; mas quando se está atento, os velhacos não têm o que fazer; é o que acontece também com os Espíritos. Quando uma pessoa honesta é engana- da por eles, isso pode prender-se a duas causas: a primeira é uma confiança muito absoluta que a dissuade de todo exame; a segunda, que as melhores qualidades não excluem certos lados fracos que dão presa aos maus Espíritos, ansiosos em agarrar os menores defeitos da couraça. Não falamos do orgulho e da ambição, que são mais do que defeito, mas de certa fraqueza de caráter, e, sobretudo de preconceitos que esses Espíritos sabem explorar habilmente lisonjeando-os, e, a esse respeito, tomam todas as máscaras para inspirar mais confiança.
As comunicações francamente grosseiras são as menos perigosas, porque não podem enganar a ninguém; as que mais enganam, são aquelas que não têm senão uma falsa aparência de sabedoria ou de seriedade, em uma palavra, a dos Espíritos hipócritas e dos pseudossábios; uns podem se enganar de boa fé, por ignorância ou por fatuidade, os outros não agem senão por astúcia. Vejamos, pois, o meio para desembaraçar-se deles: a primeira coisa é de início não os atrair, e evitar tudo o que possa lhes dar acesso. As disposições morais são, como vimos, uma causa preponderante; mas, abstração feita dessa causa, o modo empregado não é sem influência.
Entre as causas que influem poderosamente na qualidade dos Espíritos que frequentam os círculos espíritas, não se pode omitir a natureza das coisas das quais se ocupam. Aqueles que se propõem um objetivo sério e útil atraem, por isso mesmo, os Espíritos sérios; aqueles que não têm em vista senão satisfazerem uma vã curiosidade ou seus interesses pessoais se expõem pelo menos às mistificações, se não tiverem piores. Em resumo, podem-se tirar das comunicações espíritas os mais sublimes ensinamentos, os mais úteis, quando se sabe dirigi-las; a questão toda está em não se deixar prender pela astúcia dos Espíritos zombeteiros ou malevolentes; ora, para isso, o essencial é saber com quem se lida.
Escutemos primeiro, a esse respeito, os conselhos que o Espírito São Luís ofereceu, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, por intermédio do senhor R..., um de seus bons médiuns. Esta é uma comunicação espontânea, que recebeu um dia em sua casa, com a missão de transmiti-la: "qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, há uma recomendação que não poderíamos muito repetir, e que deveríeis sempre ter presente no pensamento quando vos entregais aos estudos: é de pesar e amadurecer, é submeter ao controle da razão mais severa todas as comunicações que recebeis; de não negligenciar, desde que uma resposta vos pareça duvidosa ou obscura, em pedir os esclarecimentos necessários para vos fixar”. (Continua no próximo número.)



[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 459.
 
[2] KARDEC, Allan. Revue Spirite. Setembro de 1859. Araras: IDE, 1993, p. 225 a 232.


(http://www.oconsolador.com.br/ano12/570/especial.html)

Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço eletrônico acima.