Extremismo e convergência
Todo ser humano surgiu das mãos do Criador simples e ignorante, no entanto, com recursos potenciais em estado latente, que irão se desenvolvendo conforme o rumo evolutivo de cada criatura.
Deus, Causa do surgimento de tudo, mas aqui estamos fixando atenção no ser humano, com recursos a serem desenvolvidos, tais como a inteligência e o sentimento. Para isso, Deus disponibilizou à criatura o livre-arbítrio e lhe impôs a responsabilidade.
O homem tem a liberdade de agir, mas tem a responsabilidade pelo que sobrevier de suas ações.
Todas as ações desenvolvem naturalmente a inteligência, mas o sentimento é um acúmulo de fatores emocionais positivos e negativos. Os sentimentos positivos, quando bem orientados e cultivados, se tornarão virtudes; os negativos, quando cultivados e sedimentados, tornarão discrepâncias em relação às virtudes. Estas causarão sofrimentos para quem as cultiva e pela afinidade gerará teia adversa no contexto social.
Toda ação dos homens traz consequências para si mesmo e para os que estão sob o seu raio de ação, assim, as virtudes ou as mazelas, a princípio, se farão sentir em outro ser humano, que carrega capacidade intelectual e sentimento, gerando simpatia ou animosidade.
As personalidades são formações exclusivas, pois, se dão por experiências particulares, considerando o tempo e os resultados apresentados absorvidos pelas individualidades. Dessa forma, jamais se encontrará duas pessoas exatamente iguais na sua forma de pensar.
Deus, na Sua sabedoria, plasmou em cada ser ciente a capacidade de própria formação, um mundo exclusivo, autoridade de si mesmo, no nível onde a lucidez espiritual lhe permita.
Então, todos sofrem a influência do meio onde vivem e trazem patrimônio espiritual no subconsciente, todas as experiências de todos os tempos passados, de vivências distintas em sociedades diversas, formando compêndio de saberes que a nenhum outro ser o terá idêntico.
As lembranças das vivências antigas, que estão no próprio “eu”, fluem num linguajar ininteligível através da intuição, uma das razões dos indivíduos se inclinarem à posição extremada ou convergente, em graduações mais ou menos acentuadas para lá ou para cá.
A convulsão emocional externa ativa as lembranças adormecidas que gritam fundo na alma, exigindo de cada indivíduo diante de tal situação contenção através da reflexão, para não aceitar o que desarrazoadamente pode lhe causar transtornos. A tendência é sempre retornar a realizar aquilo que é conhecido, mesmo que inconscientemente no momento presente, no entanto, intuitivamente forte, que o fez sofrer em vida passada.
O extremismo, embora cause sofrimento ao extremado e aos que estão sob seu raio de ação, é “confortável” para quem assim se porta, pois, é o soldo da vaidade, do orgulho e do egoísmo. Sofre-se, mas tem a sensação de poder, satisfação de sobrepujar alguém, ou situação, pelo enfrentamento, não importando os meios empregados e as consequências.
Convergir é muito difícil para o extremista, pois requer algo que ele não pensa em buscar, a humildade, muitas vezes o faz fingidamente, na tentativa de alguma vantagem. O que ele não pretende é abandonar o estado ilusório de “conforto”, o que se poderia dizer um vício emocional. Sofrer, às vezes alucinadamente, a título fantasioso de poder, ou ilusória “vitória”, que não sabe explicar qual.
A convergência é um estado íntimo de compreensão, uma autorização emocional, visando um bem de maior abrangência, ou a solução de um mal que afeta um grupo de pessoas ou uma sociedade inteira. É um estado altruístico.
Não há como convergir se não houver compreensão do que é proposto e que dependa da aceitação de outra ou de muitas pessoas. Mas, também, não é possível convergir se não tiver compreensão que as demais pessoas estão propensas a acolher a aquiescência em parte do que se diverge. Assim, sem a humildade, não se chegará a resultado satisfatório e todos perdem.
É certo que existe indivíduo de grande elevação intelectual, moral e espiritual que surge na sociedade com a finalidade de fomentar o crescimento daquela população. Quase sempre é incompreendido, com muito esforço consegue implementar alguma melhoria geral, percebida sua grandiosidade somente depois de sua passagem para a espiritualidade. Isto é exemplo de convergência até o nível possível de compreensão dos beneficiados de uma proposição que não teve o alcance da maioria, mas que servirá de base para progresso futuro.
O grande exemplo de convergência é o de Jesus-Cristo. Quanto Ele precisou trabalhar para implementar um novo pensamento na Humanidade? Ensinamento grandioso e implantado em fragmentos. Apresentou a possibilidade de curas instantâneas, para indicar a necessidade da conquista de valores morais. Falou com os espíritos maus, que subjugavam pessoas, através da obsessão, da possessão, para apresentar o estado de vida não corpórea, mas que exerce influência sobre os que estão no estado corpóreo.
Essas realidades apresentadas por Jesus, foram minuciosamente estudadas e catalogadas pela Doutrina Espirita, nos estudos e pesquisas do professor Allan Kardec, dezoito séculos depois, o que ainda não têm a compreensão geral das pessoas no século XXI.
Em conta, tratar-se de Espírito puro (Jesus), fez pela Humanidade da Terra o possível, convergiu, sem faltar com a verdade. No entanto, no nível de compreensão da massa existente no seu tempo era ínfimo o acolhimento de sua mensagem transformadora da vida humana. Posteriormente, ergueu-se a cortina do entendimento consoante a compreensão possível, das revelações iniciais, em conta os séculos de vivências transcorridos.
A Doutrina dos Espíritos é a promessa de Jesus, para ampliar os entendimentos que trouxe até a Humanidade, mas como sementes que iriam despertar em árvores frondosas, com frutos novos que irão transformar todos os Espíritos vinculados à Terra. Assim, convergindo a pobreza moral para Espírito de Escol pela compreensão e humildade.
No primeiro momento, a compreensão e a humildade de Jesus, depois de toda a Humanidade. Os tempos futuros dirão!