DESENCARNAÇÕES COLETIVAS
Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte
aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos
grandes incêndios?
(Pergunta
endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na
noite de 28 de fevereiro de 1972, em Uberaba, Minas Gerais.)
Resposta:
Realmente
reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem,
filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente,
convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador
de si próprio.
Quando
retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas
responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados
e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.
É
assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a
redenção múltipla.
* * *
Invasores
ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do
saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro
marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores
da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a
volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
Promotores
de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do
poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de
sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de
sangue e lágrimas.
Corsários
que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em
nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra
para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a
reencarnação.
* * *
Criamos
a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as
consequências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de
resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais
amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por este motivo que,
de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e
mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.
* * *
Lamentemos
sem desespero quantos se fizeram vítimas de desastres que nos confrangem a
alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram
são igualmente nossos.
Não
nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia
Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é
invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para
o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel
AS LEIS DA CONSCIÊNCIA
A
resposta de Emmanuel vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno da
autopunição dos encarnados, em virtude de um fator psicológico: o das leis da
consciência. Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem
como as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se
punem a si próprias em virtude de haverem crescido em amor e trazerem consigo
a justiça imanente. Se no passado erraram,
agora surgem como heroínas do amor no sacrifício reparador.
As
leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana. Caim matou Abel
por inveja e a sua própria consciência o acusou do crime. Ele não teve a
coragem heróica de pedir a reparação equivalente, mas Deus o marcou e puniu.
Faltava-lhe crescer em amor para punir-se a si mesmo. O
símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição cumprindo-se
compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas, a compulsão é substituída pela
compaixão.
Para
a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara do processo
evolutivo do homem. Como selvagem ele ainda se sujeita mais aos instintos do
que à consciência. Por isso não é inteiramente responsável pelos atos. Como
civilizado ele se investe do livre-arbítrio que o torna responsável. Mas o amor
ainda não o ilumina com a devida intensidade. As civilizações antigas (como o
demonstra a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes coletivos,
porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas
civilizações modernas, tocadas pela luz do Cristianismo, os processos de
autopunição se intensificam.
O
suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada por uma consciência
evoluída. O que ocorreu com Judas em vida, ocorre com as almas desencarnadas
que enfrentam os erros do passado na vida espiritual. Para encontrar o alívio
da consciência elas sentem a necessidade (determinada pela compaixão) de passar
pelo sacrifício que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício
passageiro, diante da eternidade do espírito? A misericórdia divina se
manifesta na reabilitação da alma após o sacrifício para que possa atingir a
felicidade suprema na qualidade de herdeira de Deus e co-herdeira de Cristo,
segundo a expressão do apóstolo Paulo.
Encarando
a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação
não poderemos explicar a Justiça de Deus – principalmente nos casos brutais de
mortes coletivas. Os que assim perecem estão sofrendo a autopunição de que suas
próprias consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A diferença
entre esses casos e o de Judas é que essas vítimas não são suicidas, mas
criaturas submetidas à lei de ação e reação.
Judas
apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena.
Tornou-se um suicida e aumentou assim a sua própria culpa, rebelando-se contra
a Justiça Divina e tentando escapar a ela.
Irmão Saulo (J. Herculano Pires)
Livro: Chico Xavier Pede Licença – Um
Aparte do Além nos Diálogos da Terra - Cap.19
Francisco
Cândido Xavier, por Espíritos Diversos, J. Herculano Pires
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