Não as palavras
“Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e
então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.” -
Paulo. (I Coríntios, 4:19.)
Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos
aprendizes para conhecerem as palavras dos que vivem na falsa concepção do
destino, mas sim dos que se identificaram com o espírito imperecível da
construção evangélica.
É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras;
contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se
lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas,
simples ou suntuosas.
Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades
orgânicas, qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante
conceituação dessa natureza.
É que, comumente, se esquece o homem das obras de
santificação que lhe compete efetuar no próprio espírito.
Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos
da vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço
pessoal para o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se
recordam de que possuem ideias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é
imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que
frutifiquem mais tarde.
É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de
personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo
porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia,
fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade
das vaidades”.
Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer
natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da
sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto
mesmo, sublimada e eterna.
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Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo
Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 72,
publicado em 1951.
Reflexão: O Apóstolo Paulo faz referência a
circunstância que pode ser trazida para os dias atuais, como: “(...)
não as palavras dos que andam inchados”. Vê-se com frequência nos
meios de comunicação se locupletarem dos ensinos Evangélicos, como se Jesus
tivesse outorgado poder para quem se intitula representá-Lo pudesse torcer a
essência dos ensinamentos a atender fins lucrativos, seja financeiro, de poder,
de imagem... São os inchados de personalismo, o cristianismo a seu bel-prazer. “(...), mas a virtude”, a que
Paulo de Tarso indica, onde está nesses tempos modernos? Há confusão sobre o
que seja virtude, coloca-se neste prisma o falatório em torno das lições do
Evangelho, os abundantes fatos miraculosos, que traem a atenção dos incautos,
as exposições pessoais e coletivas a título de santidade... Esquece-se que o verdadeiro virtuoso nem
desconfia que o seja.
“É indubitável que o Senhor
se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras,
geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis
no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.” O
homem vê o ensinamento do evangelho como algo que norteia a materialidade de
seus próprios feitos, no entanto, o trabalho de Jesus e de seus apóstolos e de
todos os verdadeiros trabalhadores de Sua Vinha é para a espiritualização da Alma,
com o desenvolvimento da inteligência e a conquista de virtudes, estas com a
vivência do bem e da caridade, muitas vezes no silêncio e no anonimato. Como
não se trata de construção material somente é possível se dar na intimidade
espiritual.
Toda construção
material é considerada na razão dos benefícios que poderá oferecer a muitos
espíritos em evolução na vida de reencarnado para conquista também da sua
espiritualização, dando oportunidade à conscientização da existência do Mundo
Espiritual, tanto quando dos que através dela atende os mais enfraquecidos do
caminho evolutivo, sendo o amor em ação.
“É lógico que as palavras dos
que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em
todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e
edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que
menospreza o tempo na “vaidade das vaidades””. Para enunciar os ensinamentos de Jesus
precisa respeitar a Sua autoria, Ele não veio trazer para o Mundo uma opinião,
ou informação que poderá ser objeto de contradita, não!, Ele traz a verdade
colhida na fonte que é Deus, em conta a sua grandiosidade intelectual e moral
conquistada na esteira dos tempos, que se perde no infinito.
“Não olvides, pois, que,
antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias,
tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser
realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.” As
construções externas que se observa nas comunidades, embora tenham o seu lugar,
mas são materiais e passageiras, fáceis de se construir, no entanto, a mensagem
do Evangelho de Jesus trata da construção interna do Espírito, àquela que
permanecerá, proporcionando a paz e a felicidade permanentes.
Palavras são a
expressão das qualidades da Alma que se manifesta, demonstrando um estado de
consciência sublimado, ou não.
Dorival da Silva
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