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quinta-feira, 14 de março de 2024

Desconexão com a felicidade

 Desconexão com a felicidade 

    Todos nascem para serem felizes! Não há outro motivo para nascer. De início existem dois grandes problemas a serem analisados. O ambiente onde se nasce e as condições do acolhimento.  

    Mas ainda precisa entrar na análise o estado do nascituro, antes do momento do nascimento. O corpo novo, a criança, surge do ventre materno trazendo em suas entranhas um ser anteriormente existente, com uma história que conta vivências de tempo longínquo. Este que remonta vidas e vidas, contam-se milênios.  

    O ser inocente que surge, a fragilidade carnal em corpo tenro gera comoção à mãe, ao pai e demais que tomam contato com o momento vivencial extraordinário. Quem realmente ressurge? Raramente se sabe. Pode-se até desconfiar. Somente o tempo mostrará a personalidade que se faz contar nesta sociedade.  

    Há os felizes que nascem em lares felizes, segundo a visão do mundo. Belo, saudável, que encontra uma família estruturada com posses a oferecer os meios de possível vitória, como se almeja na sociedade de seu tempo. Existem os infelizes que se aprumam em lares paupérrimos, surgem carregando doença, deformidade, limitações diversas. O meio social onde surgiu não lhes atribui esperanças de vitórias, mas vislumbram caos. 

    Assim, a afirmativa de que todos nascem para serem felizes não é visão do mundo, mas uma perspectiva do outro mundo. Do mundo espiritual. Lá o nascituro estava, com as condições reais de seu estado espiritual. Nasceu com a expectativa de mudança daquele estado, dessa forma, sempre se planejará uma melhoria. Para qualquer ser consciente, um passo no aperfeiçoamento, por menor que seja, é um estado de felicidade.  

    Aquele que nasceu em condições denominadas felizes, necessariamente não será feliz; aquele outro que surgiu para o mundo em situação considerada adversa, obrigatoriamente não será derrotado.  

    Como ensina o Evangelho segundo o Espiritismo¹, a riqueza apresenta maior risco de sucumbência espiritual, que a pobreza. Embora os riscos existam nas duas circunstâncias.  

    Nascendo pobre ou rico, doente, deficiente ou limitado intelectualmente, ou psicologicamente, é o patrimônio que se possui. É a herança de si mesmo. O ser espiritual não se fragmenta para tomar um novo corpo. É sempre a integralidade da composição de todos os tempos.  

    A felicidade é de busca constante, porque é um estado de espírito. No entanto, há muita ilusão sobre a felicidade. A felicidade não é algo terminativo. Não tem uma limitação. Também não é circunscrita. Não há como dominá-la. Retê-la. É algo que se conquista e sempre se amplia.  

    Geralmente, aqui, na vida cotidiana, busca-se a felicidade numa miscelânea de ações. São as viagens consideradas maravilhosas, festas brilhantes, conquistas econômicas e financeiras extraordinárias, casamentos cinematográficos, embelezamento da indumentária física, com muitos esforços e grandes dispêndios amoedados, para chamar a atenção de seus pares e se apresentar em evidência social. Tudo isso e mais outras, podemos dizer, a verdadeira desconexão com a felicidade. Tudo isso, são motivadores de frustrações, portanto, infelicidades, ainda, na presente vida.  

    Tudo que o está anotado acima como motivadores de frustrações é proibitivo na vida terrena? Não! Desde que seja conquista honesta, tenha a moderação do discernimento, e não tenha o fim primordial de se alcançar a felicidade por esse meio.  

    A felicidade verdadeira está na consequência das atitudes e nem sempre observável com os olhos e nem no tempo que se registra no cronômetro. As consequências nobres e que necessariamente envolvem as pessoas, mesmo as não conhecidas, a vida vegetal e animal, enfim, a Natureza, que formam uma atmosfera vibratória de alegria, agradecimento, de amor, de reconhecimento, de gratidão… Sendo que essas vibrações, que não são materiais, são assimiladas pelo perispírito de quem nesse estágio pulsa, encontrando o estado feliz. No entanto, a intensidade da felicidade é diferente para os seres felizes, encarnados ou não.  

    Desconexão com a felicidade é atribuir a felicidade a qualquer fato ou circunstância no campo exterior à sua personalidade. Sendo a felicidade algo não material, mas sentimento, somente poderá existir a partir da condição espiritual de quem conquistou tal estágio.  

    Jesus, o Cristo, entre os homens, é a representação da felicidade, no entanto, não era percebida pelos olhos do mundo -- 'não tinha uma pedra para repousar a cabeça'. Para os portentosos do mundo da época, era um paupérrimo, um incômodo social. Ele, o Senhor, por ordem Divina, guiou a construção do planeta a que nos abriga e, desde então, é o seu governador.  

    A felicidade é estado de lucidez espiritual. A sua intensidade corresponde à pureza espiritual alcançada.  

    Por enquanto, estamos desconectados da felicidade real, ainda, desejamos a felicidade idealizada neste mundo, e não aquela prometida pelo Senhor da Vida.  

    Busquemos a verdadeira felicidade! 

Dorival da Silva. 

1. Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XVI, trata da riqueza e da miséria…

Nota: As obras básicas do Espiritismo (O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Viver Feliz

 Viver Feliz 

Quem não quer viver feliz? Como?!  “No Mundo tereis aflições”¹. Para situarmos bem o que estamos indagando, será necessário sabermos quem somos e o que estamos fazendo no Mundo.  

Primeiramente, somos um ser indestrutível. Para esta existência, este período de vida adquirimos um corpo. Não somos o corpo, o utilizamos para nos manifestarmos. Esse corpo é destrutível. Esgota-se com o tempo e com o uso. Depende de cuidados e é frágil às concorrências do meio ambiente. Depende de nutrição e de higiene. Cuidado ou desleixo proporciona conforto, ou desconforto. Exige vestimenta e calçados adequados para cada estação do clima. Somos o timoneiro dessa embarcação.  

Para o início desta existência, foram necessários um ser masculino e um feminino que nos proporcionaram o aparecimento nesse corpo, através do mecanismo de perpetuação da espécie, gerando laços de afeto, de amor, compondo uma família. Até que o corpo pudesse dar condições de integral manifestação do seu condutor, o ser pensante, nos cuidaram, nos protegeram, ensinaram a educação que temos, levaram à escola para que adquiríssemos conhecimento e cultura.  

Chegada a maioridade, assumimos a responsabilidade da condução do nosso equipamento de carne e osso, porque adquirimos autonomia de ação. Somos responsáveis de nossos atos. Agora o equipamento temporário apresenta todas as condições para as ações do seu senhor, você mesmo! Nós mesmos! 

A partir deste ponto, certamente procurará um indivíduo de sexo oposto para constituir família, é princípio do processo evolutivo. É atávico. O elo conjugal e a perpetuação da espécie é modelo natural de formação e manutenção das gerações. Delas dependemos para vir e ir (nascer e morrer). Nascemos porque existíamos. Com a morte do corpo, vamos para algum lugar, esse lugar é de onde viemos. Voltarmos para um novo corpo se chama no espiritismo reencarnação. Isto, porque neste Mundo já estivemos muitas outras existências.  

Agora temos um retrato aproximadamente do que somos. Um Espírito viajante do tempo, conquistando experiências, que se transformarão em valores espirituais.  

E a tal de felicidade!  

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.² Jesus, quando no Mundo, ensinou muitas vezes aos doutores da Lei, no entanto, o orgulho e a dureza de coração não admitiam a compreensão. Tudo o que era ensinado e não estava condizente com os escritos antigos e as tradições, não encontravam ressonância naqueles espíritos endurecidos. Mas, o Mestre lançou sementes da verdade dos Céus nos mais diversos terrenos, mentes e corações, alcançando êxito entre os mais simples, entre doentes, pobres e desprezados daquela sociedade.  

Assim, não é difícil compreender que a felicidade real não é a deste Mundo. Neste Mundo é onde estão os recursos, os meios, as oportunidades, as vivências, o cadinho que nos levará à depuração do metal preciosos que somos. Pois, o metal bom com jaças não tem bom valor.  

Quando Deus nos criou, éramos simples e ignorantes (incultos), espíritos puros, sem mácula; dessa forma, saímos de Suas mãos, do Seu amor. Puros tal a grandeza do Criador. Inatos, todos os recursos a serem desenvolvidos.  

Conduziu-nos todos tal como fazemos com as crianças. Ensinando-nos as primeiras coisas, permitindo-nos descobrir outras, apoiando-nos, ora carregados no colo, ora segurando pelas mãos, até que o discernimento autorizasse o uso do livre-arbítrio. 

A inteligência com algum desenvolvimento, os sentimentos em despertamento, fomos experimentando, certo e errado, sentindo os efeitos bons ou ruins de cada iniciativa, comprazendo ou sofrendo com os desdobramentos. 

Aprendemos que nossas atitudes podem atender aos interesses das demais criaturas ao nosso redor ou desagradá-las. Assim, vamos aprendendo a respeitar os nossos limites e o direito dos que conosco ombreiam a vida de evolução na Terra.  

Aqui, a felicidade são os momentos: conquista de algo muito almejado, o encontro de amor sincero, o nascimento de um filho, amizade sadia e desinteressada. Quem possui um sentimento mais espiritualizado, que vive com confiança, mesmo suportando revezes, às vezes com a saúde prejudicada, mas, que tem certeza da continuidade da vida depois da morte do corpo, que ninguém ignora que acontecerá, vive uma felicidade interior, que poucos podem entender. Fora parece o caos, na alma, apesar de tudo, a calma, a suavidade, a confiança, a felicidade.  

A felicidade está na pureza da alma, mas cheia de sabedoria, superações, riquezas morais, reconhecimentos que todos são irmãos na caminhada evolutiva para a perfeição, mas cada um tem o seu tempo para alcançar tal estágio feliz. Embora, demandar esforços e lágrimas, que por ora não compreendam que a felicidade exige busca permanente de domínio de si mesmo, da autoeducação, num exercício paciente da própria conquista.  

Repetindo -- Jesus, o Cristo: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” --, pois, sem a consciência de que viveremos para sempre, embora a entrada e a saída num corpo de carne, com o esquecimento temporário das experiências passadas. Essas experiências continuam registradas no nosso patrimônio espiritual, e, assim, agimos com todas as conquistas dos diversos tempos, em cada momento de nossa existência. Quando os resultados dessas vivências estiverem depurados, é o Espírito que brilhará e a felicidade estará presente, vez que é a sua própria construção. 

Ninguém encontrará a felicidade sem a construir! Jesus, antes que o Planeta existisse, cuidava para que todos sob sua tutela nos milênios sem fim um dia encontrasse a felicidade de verdade. Uma das razões de seus sacrifícios, inclusive tomando um corpo pesado, que deixou na cruz dos homens, que ignorantes pretenderam apagar a Luz que clareia os caminhos seculares para o encontro da própria felicidade.   

Viver feliz é espiritualizar-se. Viver a mensagem de Jesus. Antecipar em alguma filigrana as alegrias dos Céus. 

Para encerrar, deixamos algo que merece ser meditado: “(…) vivemos todos em plena eternidade, somos cidadãos do infinito, e para a eternidade o que existe é o momento presente, sem ocasos! sem lapsos! Ela, a eternidade, vive dentro do presente, porque justamente é esta a sua particularidade!"³ 


1. João, 16:33 

2.João, 8:32 

3. Fragmento de aula do Espírito Epaminondas de Vigo, na Universidade da cidade espiritual Esperança, conforme consta do livro Memórias de Um Suicida, no capítulo 18, página 429, ditada pelo Espírito Camilo Cândido Botelho, pela médium psicógrafa Yvonne A. Pereira.  

 

  Dorival da Silva