Qual a razão da violência? Será o desejo
do poder? Qual poder?
Os
jornais diários utilizam boa parte de seu tempo com o noticiário sobre a
violência contra a pessoa, contra agências bancárias e afins, contra
autoridades, enfim, afetam os mais diversos lugares do País, causando mortes,
destruições, prejuízos às comunidades, sendo que os agressores matam e morrem.
Os
criminosos são frutos da própria sociedade, foram bebês, crianças, adolescentes
e ficaram adultos, foram moldados pelos ambientes que os acolheram. Eles têm
inteligência, criatividade, carências, desejos, potenciais extraordinários, no
entanto, deformados pelas exemplos equivocados.
As
normas da Justiça a respeito da criança e do adolescente são muito bonitas, mas
a pergunta é: Quem é capaz de aplicá-las adequadamente, para que os resultados
culminem no equilíbrio e no bom direcionamento para uma vida de qualidade.
Em
grande parte as família estão desestruturadas, mesmo as que estão na condição
tradicional: Pai, mãe e filhos. Os
costumes estão deformados, a educação fundamental, com as exceções necessárias,
não está existindo nos lares, ocorrendo muita influência no comportamento
inconsequente através das mídias.
Falham
os governos e suas políticas, falham as famílias, falham as religiões, falham
as escolas. Constroem-se um círculo vicioso, geração a geração, perde-se o
respeito ao que é público, pois até os profissionais homens público não
respeitam o que é público, não se respeita o próximo, pois os direitos são dos “espertos” e dos “audazes”, causando constrangimento aos que se esforçam numa
conduta digna e honesta; boa parte dos templos religiosos se tornaram um bolsa
de negócios, embora, impressionem os incautos por um breve tempo, depois caem
no descrédito, minando a esperança e distribuindo desalento.
A
política social cômoda apresenta a vacina para adolescentes contra o HPV, a
oferta gratuita de anticoncepcionais e preservativos nos Postos de Saúde, com a
ideia subliminar de que tudo é permitido desde que esteja protegido (a). Onde a educação comportamental e a educação
moral, a responsabilidade consigo e a sociedade? Lógico que não se é contra a
vacinação, mas sim a favor da educação.
A
violência não surge inopinadamente, ela tem origem e essa origem se encontra na
intimidade do indivíduo, como artefato explosivo que aguarda o estímulo, uma
ilusória justificativa, uma necessidade, geralmente influenciada, o atendimento
a uma ambição que não logra usufruir por outro meio, pois não vê oportunidade,
prefere a oportunidade do imediato, o agora, ou num prazo bem pequeno, embora
os riscos, que ficam em segundo plano, em conta o desejo de usufruir o que lhe
é imponderável, a não ser apoderar-se a qualquer preço, mesmo que criminoso.
Estamos
num País denominado cristão, com templos e instituições de inúmeras
denominações, que tratam do Evangelho do Cristo, além do uso dos meios
televisivos, radiofônicos e da internet,
dizem que evangelizam, parece mais “uma
força de expressão”, porque falam do evangelho. Os resultados não parecem
corroborar com essa afirmativa. Existem
sim templos onde se evangelizam, são os mais humildes, onde existem corações
evangelizados, que acolhem, que orientam, que atendem às necessidades do
coração. Não são sofisticados, não tem pompa, não exigem contrapartida de seus
feitos.
A
violência é uma semente que se instalou na alma, que vem desde os primórdios
quando a defesa da vida, do alimento, da prole era fundamental, depois veio a
posse com a força, a descoberta do poder pela força, da subjugação de
indivíduos e de povos. A semente existe instalada e aguarda atmosfera própria
para a eclosão, a atmosfera são os fatos sociais negativos, com o desrespeito
ao direito de cada pessoa, o não atendimento das necessidades quotidianas, que
poderiam ser atendidas, mas, no entanto, não se tem acesso.
A
finalidade da religiosidade é dar clareza, lucidez, visão de futuro, pois
analisa consequências das atitudes dos indivíduos, gerando uma resistência no
nascedouro da força implementadora da violência. A confiança no futuro, a certeza
que o mal não perpetuará, embora causar sofrimento, terá fim. A religiosidade leva o indivíduo à ideia de
continuidade da vida, para além dos limites do corpo físico, confia na
existência de algo maior, substancial, que lhe dá confiança.
O
violento não tem uma religiosidade, pois, isto é religar a Deus, harmonizar-se
com a Lei Divina, aproximar-se do Criador; o violento está no polo contrário,
distanciando-se do foco da vida, adquirindo dívidas a serem resgatadas em algum
tempo.
Alguém
pretender qualquer forma de poder pela força, pela subjugação de indivíduo ou
povo, locupletar-se de direitos individuais ou coletivos é puro engano,
exemplos muito próximos, nas últimas décadas, podem-se contar alguns ditadores considerados
poderosos, que nos dias atuais pouca referência a eles são feitas, quase sempre
noticiam as consequências danosas em que vivem as populações suas vítimas.
A
violência é um engano, tudo o que se consegue por esta via sempre terá frutos
amargosos e não tardará se extinguir, o mal não poderá durar mais que o combustível
que o alimenta.
Dorival da Silva