Mostrando postagens com marcador infelicidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador infelicidade. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Perdão!

                                                                          Perdão! 

O perdão é algo de que todos neste mundo precisam. Mas, afinal, o que é o perdão? Os livros religiosos de todos os credos se referem ao perdão.  Quem comete algum erro contra alguém, um equívoco, às vezes pede perdão, quase sempre pró-forma, por hábito, mas, exatamente, não sabe o que isso representa em circunstâncias mais graves.  

Quem não conhece o significado real dessa palavra também não tem ideia das consequências de não perdoar quando se é ofendido, agredido ou maltratado. Devolver a ofensa, o que se denomina vingança, não é o melhor caminho, pois poderá gerar dores e aflições piores que o fato originador da situação.  Caso não faça nada contra o ofensor, mas guarde a mágoa, a revolta, e constantemente fica ressentindo o mal como se o momento de desgosto ainda estivesse ocorrendo, isso traz o adoecimento do indivíduo.  As relembranças dolorosas geram uma massa fluídica negativa no ambiente psíquico, que se potencializa com a insistente revivência, refletindo no emissor suas próprias emanações.     

Persistindo a ausência do perdão, o ofendido continuará conectado mentalmente ao ofensor, levando o seu estado de ódio àquele que lhe magoou. Caso ele também mantenha pensamento negativo em relação ao que se acha ofendido, assim se forma uma corrente mental indestrutível, que se autoalimenta de forças deletérias.  Somente quando uma das partes mudar esse padrão vibratório será possível cessar essa ligação. Com isso, a vida de tal parte, a que perdoou, ou pelo menos mudou suas disposições em relação à outra, começa a apresentar uma melhora vibratória, sentindo-se intimamente melhor.  

Caso a pessoa com uma carga de ressentimento ou ódio de alguém venha a sofrer a morte física e ainda não tenha conseguido nem pensar no perdão, é uma infelicidade!  Pois esses sentimentos continuam com ela, pois lhe pertencem.  Se era o motivo de sua infelicidade, continuará infeliz.  

Então, o que é o perdão? Caso fôssemos analisar filosoficamente, existiria várias argumentações, embora bem fundamentadas, não atenderiam nosso objetivo aqui. Falando de maneira simples, o perdão é uma autorização do ofendido a si mesmo para renunciar todos os ímpetos próprios dos instintos de conservação, que através milênios evoluíram também para o ódio, a vingança...  Mas, agora estamos em outros tempos. A razão precisa estar presente em cada momento da vida e não se pode esquecer que somos seres emocionais. Mais ainda, precisamos estar cientes de que somos espíritos eternos e sempre prestaremos contas à nossa consciência.  Agora temos recursos espirituais para ajudar a discernir a inferioridade ou a dificuldade apresentada pelo agressor e compreender isso, porque em certas ocasiões precisamos da compreensão de outros, quando também temos nossos momentos de infelicidade.  

Diante de ameaça à nossa integridade física, podemos nos defender? Sim, podemos. Se possível, que as divergências sejam solucionadas sem agressividade física ou moral. Caso necessário a intermediação judicial, que a utilize. Mas não permitir que a discordância ou até mesmos o despotismo da outra parte movimente em nós o ódio ou desejo de vingança é essencial. É preciso oferecer a outra face, como ensinado por Jesus Cristo.  O perdão dispensado a alguém nem sempre conserta a confiança quebrada, pelo menos em um curto prazo. O exercício da tolerância é inevitável.  

Quando Jesus dá resposta a Pedro sobre o perdão, tem uma importância para a humanidade muito mais relevante do que se poderia imaginar. Vejamos o texto: "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." (Mateus, 18:21 e 22).  É bom termos em mente que o Senhor ensinava aos espíritos encarnados e aos desencarnados, de todos os tempos. Podemos verificar seus efeitos em várias obras mediúnicas que narram fatos ocorridos com grupo de pessoas, mostrando as experiências que tiveram na vida corporal e posteriormente na vida espiritual, e em alguns casos, o desdobramento em nova existência física desses indivíduos.  

Em reuniões mediúnicas, das quais participamos semanalmente, parte considerável das dificuldades dos espíritos comunicantes é a falta de perdão. No fundo dos problemas estão os desajustes familiares, traições, infidelidade conjugal, despotismo, indiferença, os desajustes por viciações diversas, feminicídios... Essas circunstâncias, às vezes, ultrapassam um tempo que não podemos avaliar. Em algumas situações, é possível situar o tempo da ocorrência em que os personagens permanecem vivendo e revivendo os fatos objetos dos sofrimentos apresentados. -- Em que ano o senhor ou senhora está vivendo? 18.., 19... Passou um, dois ou mais séculos! Para outros, se passaram décadas.  Uns procuram culpados, outros estão fechados em si mesmos, em ressentimentos profundos. Alguns estão sempre fugindo de perseguidores, carregam a culpa do que fizeram escondidos contra terceiros.   Outros sofrem com a ruína da família, que não souberam cuidar, em virtude da intolerância.  Enfim, sempre a falta do perdão na origem dos problemas. Muitos deram muita importância ao que não tinha nenhum valor, apenas o orgulho ferido, que, cultivado, cresceu e multiplicou seus efeitos nefastos nas vidas que estavam sob o alcance de seus efeitos. Há uma expressão atribuída ao espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier, que representa muito bem esses fatos: "Basta um minuto de invigilância para séculos de regate."    

Jesus, o maior psicólogo, sabia de tudo isso e muito mais. Ele lançava para a humanidade as sementes do perdão das ofensas como elemento neutralizador de sofrimentos que podem exigir tempo longo até que surja a oportunidade para a solução. Até que isso se dê, quanto tempo se perdeu e quanto sofrimento foi suportado?  O perdão incondicional no momento da ofensa evita muito sofrimento.  Para o orgulhoso que não perdoa agora, mesmo que se passem décadas ou séculos, será o perdão de quem o ofendeu e o perdão para si mesmo que irão modificar o seu estado espiritual. Deus, que é Amor e Justiça, concede benefício a qualquer disposição de mudança para o bem. Assim, mesmo que o espírito sofredor ainda não consiga perdoar o ofensor, pelo menos admitir a possibilidade do perdão já é um avanço que se considera, dando-lhe o crédito à possibilidade de evoluir para o perdão definitivo.   Não perdoar as ofensas dos outros também é um erro.  As consequências espirituais mostram isso.  

Sobre o perdão, existe muito mais o que dizer. No entanto, fiquemos por aqui.  Em outro momento, iremos tratar desse assunto com foco nos desdobramentos na presente vida das pessoas. 

Perdão! "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." 

                                        Dorival da Silva 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

 

domingo, 8 de setembro de 2024

Beleza da Alma

                                                                  Beleza da Alma 

A preocupação com a beleza pessoal sempre existiu, variando conforme o ambiente cultural e a época. Sempre houve uma parcela de moderação, assim como de exagero, nesse campo de aprimoramento pessoal. 

O desejo da boa apresentação, do culto à beleza do corpo, o enfeite com joias, pedrarias, pigmentos e apetrechos sugerem a existência de poder dentro de certo contexto de vida, o que pode ser apenas uma consideração particular, até mesmo uma ilusão.  

Passados milênios e inumaras gerações, um pequeno percentual dessa multidão de pessoas conseguiu entender que, embora a beleza exterior tenha a sua importância, o essencial é o embelezamento da alma.  

Considerando que as nossas expressões exteriores são como personas alteráveis a cada ocasião e de acordo com o interesse do momento, elas perdem o valor com o atingimento, ou não, do objetivo delineado. Com isso, tornam-se necessários rearranjos e novidades para cada nova ocasião e interesse. A instabilidade apresentada externamente, corresponde à instabilidade interior, razão de permanente infelicidade e tormentos pessoais e sociais.  

Atualmente, no contexto mundial, está a indústria profissional da beleza. “Marketings” de grande dinamismo apresentam incessantes novidades para a beleza geral, utilizando todos os meios tecnológicos de comunicação. Apresentações midiáticas, fotos, vídeos, influenciadores e infindáveis grupos sociais da rede cibernética mundial disseminam a beleza por toda parte, com o propósito de lucro de seus idealizadores.  

Apesar de todo esse aparato visando a beleza dos corpos e das apresentações, a felicidade ainda é um sonho. As frustrações e as insatisfações se ampliam na mesma velocidade. Esses tormentos generalizados pedem providências, assim, os consultórios médicos, psicológicos e psiquiátricos estão repletos de indivíduos que buscam paliativos para os males emocionais, que correspondem aos males da alma. Embora poucos compreendam isso, inclusive os próprios profissionais da saúde, com as devidas exceções.   

Jesus, o salvador do mundo, ensinou: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.” (Mateus 6:21) “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33) 

Analisando os comportamentos sociais atuais, percebe-se um desvio da finalidade primordial da vida humana: o aprimoramento moral.   É notável a falta de comprometimento do indivíduo consigo mesmo, visando um futuro espiritual, o que consiste em uma busca de conhecimentos bem fundamentados e condução de sua vida com responsabilidade.  

Pensar no futuro espiritual é mais do que refletir sobre o que ocorrerá após da morte, algo que todos sabemos que acontecerá. Esse futuro começa hoje, com o aprimoramento constante dos valores intelectuais e morais. Após o dia fatal, encontraremos a continuidade do que somos e do que construímos ao longo da vida. No entanto, os seus ecos ressoarão com as qualidades conquistadas, sejam boas ou não. 

Muitos espíritos carregam arrependimentos pelo tempo desperdiçado e uma enorme frustração, pois terão que tentar novamente a melhoria espiritual em outra vida, provavelmente em condições menos favoráveis, devido ao desprezo anterior. Isso é o que se chama reencarnação, o retorno a esse mundo em novo corpo, no entanto, a sua alma somos nós mesmos, que vamos repetir a experiência e procurar tirar o melhor resultado.  

Nossa experiência na mediunidade, em reuniões de diálogos de esclarecimentos aos espíritos trazidos pela equipe espiritual da Casa Espírita onde trabalhamos, nos leva perceber que os excessos na busca da beleza física não têm correspondência à beleza espiritual. Aqueles que cuidaram somente da sua estética muitas vezes se assustam com a figura que percebem de si mesmos. É muito frustrante!  Por outro lado, aqueles que se dedicaram à melhoria espiritual, que trabalharam em benefício de outros ou da sociedade, e que cuidaram de sua apresentação física com moderação, apresentam-se muito bem, pois sua aparência reflete a qualidade e a nobreza dos valores que possuem na alma.  

A beleza da alma corresponde à riqueza conquistada através da realização do bem em suas múltiplas formas, o que se denomina caridade. Esse trabalho exige grande esforço no domínio de nossas fraquezas, tendências ao mal e na superação de vícios físicos e morais. Também demanda a conquista de uma consciência lúcida, capaz de avaliar a importância das coisas e patrimônios materiais para a condução responsável da vida e os objetivos dessa existência, visado a melhoria da vida espiritual. Esse é o ponto essencial desta existência para aqueles que estão cientes da sua ininterrupta continuidade na espiritualidade.  

Todo artifício embelezador utilizado externamente tem uma duração efêmera, durando apenas o tempo de seu efeito, quando não apresenta efeitos colaterais negativos.  

O que se espera de cada ser nesta vida é o trabalho lúcido de conquista de bens espirituais imperecíveis, que naturalmente iluminarão a alma, ainda antes de retornar ao mundo dos espíritos.   

Assim, a beleza da alma é a luz que dela resplandece.  

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens.”Jesus. (Mateus 15:16). 

 

                                                       Dorival da Silva 

  

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Casamento e divórcio

PAULO ARTUR GONÇALVES
pauloarturgoncalves@gmail.com
Paraisópolis, MG (Brasil)
Paulo Artur Gonçalves
Casamento e divórcio 
Segundo o "mito", não é certo o divórcio, a separação, perante Deus; mas, segundo entendemos, o que não é certo perante
Deus é a infelicidade

Pergunta-se o que exatamente Jesus quis dizer com “Não separe, pois, o homem o que Deus juntou” se os israelenses daquela época praticavam a poligamia em alta escala e uma mulher podia ser dispensada segundo regras de Moisés.
Mesmo entre os cristãos a poligamia persistiu parcialmente até o século V quando, segundo Santo Agostinho, a Igreja Católica Romana a proibiu para adequar-se à lei greco-romana, que prescrevia uma só esposa legal, tolerando concubinas e prostituição.
O tempo e a evolução dos costumes cuidaram para que a monogamia se estabelecesse, mesmo assim só em pouco mais de 2/3 (dois terços) da humanidade, visto que exclui o Islã, que tolera até 4 esposas.
Nos dois terços que adotam o casamento monogâmico as relações extraconjugais ainda são praticadas por pura sensualidade ou até mesmo por afinidade.
Para entender melhor o assunto, está transcrito a seguir o único trecho do Evangelho (Mateus, cap. XIX, vv. 3 a 9.) em que Jesus supostamente tratou do assunto, não por iniciativa própria, mas porque foi provocado:
“Também os fariseus vieram ter com ele, para o tentarem, e lhe disseram: Será permitido a um homem despedir sua mulher, por qualquer motivo? Ele respondeu: – Não lestes que aquele que criou o homem desde o princípio os criou macho e fêmea e disse: Por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher e não farão os dois senão uma só carne? Assim, já não serão duas, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus juntou.
 
Mas, por que então, retrucaram eles, ordenava Moisés que o marido desse à sua mulher um escrito de separação e a despedisse? Jesus respondeu: – Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres; mas, no começo, não foi assim. Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério”.

Na segunda declaração grifada, Jesus diz ser lícito o divórcio em caso de adultério, o que é conflitante com a indissolubilidade da união dita na primeira.
Assim, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: “Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres”?

O adultério era o grande mal da época de Moisés

Isso significa que, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Nesta segunda declaração, Jesus ampliou o conceito de adultério em relação à lei de Iahweh ditada a Moisés.
O adultério era o grande mal da época. Em Deuteronômio, 22:22, está: “Se um homem é encontrado dormindo com uma mulher casada, ambos devem morrer. Deve-se expurgar o mal de Israel!”. A título de exemplo, Salomão teve 700 esposas e 300 concubinas (Reis, 11:13). Davi teve muitas esposas e concubinas (Samuel, 5:13).
Isto se deve ao primitivismo daquele povo, em que o instinto sexual era ainda predominante, incluindo-se aí o homossexualismo e as relações com animais. Por este motivo, Iahweh, Espírito-guia do povo de Israel, e na Bíblia qualificado como deus único de Israel (não confundir com Deus, “Inteligência Suprema do Universo e causa primária de todas as coisas”), estabeleceu restrições de relacionamento sexual que estão em Levítico, capítulo 20, de 7 a 21, como está transcrito a seguir:
7        “Dediquem-se completamente a mim e sejam santos, pois eu sou o SENHOR, o deus de vocês.
8        Obedeçam às minhas leis. Eu sou o SENHOR, e eu os separei dos outros povos para que vocês sejam somente meus.
10      Se um homem cometer adultério com a mulher de outro, ele e a mulher deverão ser mortos.
11      Se um homem tiver relações com uma das mulheres do pai, ele estará desonrando o pai, e ele e a mulher deverão ser mortos; eles serão responsáveis pela sua própria morte.
12      Se um homem tiver relações com a nora, os dois deverão ser mortos por causa desse ato imoral; eles serão responsáveis pela sua própria morte.
13      Se um homem tiver relações com outro homem, os dois deverão ser mortos por causa desse ato nojento; eles serão responsáveis pela sua própria morte.
14      Se um homem casar(*) com uma mulher e também com a mãe dela, isso é uma imoralidade grave, e os três deverão ser queimados vivos; essa imoralidade precisa ser eliminada do meio do povo.
15      Se um homem tiver relações com um animal, os dois deverão ser mortos.
16      Se uma mulher tiver relações com um animal, os dois deverão ser mortos; eles serão responsáveis pela sua própria morte. 
Moisés pôs limites nos relacionamentos sexuais 
17      Se um homem casar(*) com a irmã, seja por parte só de pai ou por parte de pai e mãe, os dois deverão ser expulsos publicamente do meio do povo. É uma vergonha um homem casar com a irmã; ele merece castigo.
18      Se um homem tiver relações com uma mulher durante a menstruação, os dois deverão ser expulsos do meio do povo. Os dois ficaram impuros, pois quebraram as leis da pureza a respeito da menstruação.
19      Se um homem tiver relações com a tia, os dois merecem castigo, pois são parentes.
20      E o homem que tiver relações com a tia envergonha o tio. O homem e a tia merecem castigo; eles nunca terão filhos.
21      Se um homem tiver relações com a cunhada, ele envergonha o irmão. É uma imoralidade, e os dois morrerão sem terem filhos”.
Com isto, Iahweh, através de Moisés, tão-somente estabeleceu limites nos relacionamentos sexuais praticados, bem como na formação do harém de cada um.
Jesus veio, colocou sua doutrina muito bem resumida no sermão da montanha, e certamente não se preocupou com o assunto poligamia, harém etc., porque sabia que o tempo e os costumes cuidariam disto.
Para finalizar e esclarecer bem o assunto, a seguir está parte do trabalho publicado pelo Grupo de Estudos Allan Kardec, que pode ser encontrado emwww.luzdoespiritismo.com:      
“O ser humano é uma criatura sociável que necessita do convívio com outros seres para desenvolver-se e pôr em prática os ensinamentos adquiridos. A sociedade como a conhecemos é composta de várias outras sociedades menores que são as famílias. Uma sociedade sadia só existe com famílias sadias. E as famílias principiam no casamento.
No princípio da relação afetiva, o amor-paixão é muito forte, suplantando os demais. À medida que o tempo passa, vai perdendo a sua força, embora permaneça. É quando surge então o amor-companheirismo, aquele amor que se alegra com a alegria do outro, onde nos sentimos bem em privar da sua presença, é quando fazemos o bem sem esperar retribuição.
No futuro, restará apenas o amor-companheirismo que se chamará, então, Amor Universal.
O casamento representa um alto estágio de evolução do ser, quando se reveste de respeito e consideração pelo cônjuge, firmando-se na fidelidade. Naturalmente, o casamento civil é um dever a ser cumprido pelos espíritas, porque legitima a união perante as leis vigentes, que asseguram ao homem e à mulher direitos e deveres.” 
Há cinco tipos distintos de casamento   
“Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] apresenta uma divisão didática dos diferentes tipos de casamento, em 5 tipos distintos:
Transcendentais: São casamentos afins entre almas enobrecidas que, juntas, vão dedicar-se a obras de grande valor para a Humanidade. Raros os casos aqui na Terra.
Afins: São aqueles formados por parceiros simpáticos, afins, onde há uma verdadeira afeição da alma. Geralmente, eles sobrevivem à morte do corpo e mantém-se a afeição em encarnações diversas. Pouco comuns na Terra.
Provacionais: São uniões entre almas mutuamente comprometidas, que estão juntas para pacificarem as consciências ante erros graves perpetrados no passado, e simultaneamente desenvolverem os valores da paciência, da tolerância e da resignação. São os mais comuns.
Sacrificiais: São aqueles que se caracterizam por uma grande diferença evolutiva entre os cônjuges.  Um Espírito de mais alta envergadura que aceita o consórcio com outro menos adiantado para ajudá-lo em seu progresso espiritual.
Acidentais: São os casamentos que não foram programados no mundo espiritual. Obedecem apenas à afeição física, sem raízes na afetividade sincera.
Não sabemos em qual categoria nos achamos, mas não existe o acaso, ninguém se acha sob o mesmo teto por mera casualidade. ‘Deus permite, nas famílias, encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos com o duplo fim de servir de prova a uns e de avanço aos outros’.”  
É clara a posição espírita ante o divórcio 
“A posição espírita ante o divórcio está plenamente estabelecida nas duas obras mais conhecidas da codificação espírita: O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo.
Em L.E., questão 697, Kardec pergunta se a indissolubilidade do casamento pertence à Lei de Deus ou se é apenas uma lei humana. Os Espíritos responderam: ‘A indissolubilidade do casamento é uma lei humana muito contrária à lei natural’.”
Os casamentos transcendentais e afins, que são poucos, se caracterizam pela estabilidade total, por imperar a lei do amor. Neles a preocupação com divórcio e ligações extraconjugais inexiste. O mesmo se pode dizer do cônjuge de alta envergadura nos casamentos sacrificiais.
A preocupação com divórcio e ligações extraconjugais cabe nos demais tipos de casamento. Por se tratar de ligações provacionais, a probabilidade de falha existe e, dependendo das desavenças ocorridas, é melhor que haja a separação que em muitos casos preserva a amizade criada, o que já é um avanço. Além disso, existem os casos em que a relação se esgotou e ambos ficam juntos, como amigos, por mera conveniência.
Neste caso, uma relação de afeto fora do casamento poderia ser até aceitável se não houvesse o risco de azedar tudo e fazer a relação de amizade desandar.
Para terminar, está transcrita a instrução contida em O Evangelho segundo o Espiritismo:
Na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.
À medida que avançamos no caminho da evolução, os tipos de casamento tendem a ser transcendentais e afins e aí a afirmativa de que “não separe, pois, o homem o que Deus juntou” passa a ser uma verdade absoluta, porque o amor impera.  
O casamento acidental, uma das maiores causas de divórcio 
Não objetiva este artigo a defender o divórcio nem a infidelidade. A infidelidade é uma das grandes causas das desuniões. Ela pode e deve ser evitada. O sexo nos é altamente salutar, porém, para tal, basta um homem e uma mulher.
Hoje, diferentemente do passado, se podem fazer testes. Testar não é sair ficando com qualquer um. É namorar e, assim, o namoro deve ser um teste também para a fidelidade.
O casamento provacional, por ser uma prova, é sinônimo de problemas futuros que só podem ser vencidos sem egoísmo. É o egoísmo que nos leva a querer resolver os problemas querendo que o parceiro mude. Errado. A gente só pode mudar a gente mesmo. Entretanto, se pelo egoísmo as relações se tornarem um inferno, é melhor que se separe e se preserve, no mínimo, a amizade.
Um dos maiores causadores do divórcio é o casamento acidental. Nesses não há o compromisso de provas ou ajuste e não há laços do carma. Casamentosvapt vupt, via de regra, são acidentais, e na maioria das vezes nascem com o ficar indiscriminado e também com objetivos vazios.
Tanto os casamentos provacionais como os acidentais que desandaram podem ser chamados de casamentos de fachada. Em alguns casos os cônjuges respeitam e se tornam amigos, em outros só se toleram, e em outros mais chegam a odiar-se. Aí vem o lado da fidelidade, do companheirismo. Como ser fiel e companheiro de alguém que não se suporta ou odeia? Impossível isso. É união "sem união". Isso acarreta desajustes que, pela lei de causa e efeito, deverão ser ajustados, mais provavelmente em vidas futuras, pois, quando dois seres se unem, são responsáveis pela felicidade um do outro. É um comprometimento.
Agora vem o lado do "mito": não é certo o divórcio, a separação, perante Deus. O que não é certo perante Deus é a infelicidade. A maioria destes desajustes pode ser evitada com o namoro longo, onde se testa também a fidelidade.
Se no tempo de Moisés as uniões se davam dos 13 aos 15 anos, era porque a expectativa de vida era curta, por volta dos 40 anos. Hoje a expectativa de vida já passa dos 70 anos. Assim, sobra tempo para um namoro responsável. O namoro é a base sólida para qualquer união e uma duração maior do mesmo reduz a ação da paixão, deixando as partes se conhecerem melhor. 
(*) O verbo casar é usado aí no sentido de tomar a mulher para seu harém. 


Extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: