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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Ano Novo

 

Ano Novo 

Sempre há esperança! Logo, logo é o Ano Novo. Sempre é momento de recomeço. Embora, nem tudo foi concluído no ano que se finda. Mas, como um oásis no caminho em terra árida, sempre propõe renovação de forças, reflexão sobre o trecho percorrido, às vezes se muda de rumo. Pode-se também remodelar as emoções, reprogramar os passos, rever os objetivos.  

É importante avaliar o contexto exterior. E qual a significância para a vida. Examinar honestamente o contexto interior, como se está: feliz, mais ou menos, infeliz! Como se relaciona com o próximo? Os mais próximos, mesmo! Pai, mãe, irmãos, esposo, esposa, filhos, patrão, chefe, empregados…!? E o cão, o gato…!? E você, com você mesmo, como se trata?  

Muitos se dão muito bem diante do espelho, cuidando da aparência, que nunca está a contento, preocupando-se com a impressão dos outros, o chamado empoderamento! O poder inútil. Tão passageiro como o lampejo do vaga-lume.  

Assim, infinitos modos de pretensamente expressar alguma coisa, que muito se valoriza a título de empoderamento. 

Tantas ilusões! Ausência de reflexão. Tudo o que se externa está fadado ao desaparecimento e não tem mais valor do que aquele que se lhe atribui. 

Nesse degrau do calendário, porque se vai subir ao patamar do novo ano, chamado Ano Novo, cabe muito bem a reflexão. O que sou? Um corpo! Será? Tão exigente, envelhece, apesar dos cuidados, finito! Será que não sou algo maior, utilizando temporariamente esse equipamento trabalhoso? 

Quando essa máquina silenciar, o que pode ocorrer daqui a alguns dias, poderá passar dez aos ou cem anos, mas não há dúvida que irá aquietar em algum tempo. Certamente não sou ele. Não irei ao pó. Seria inútil. O ser inteligente, o ser sentimento, o ser consciente não poderá rumar para o nada.  

De algum lugar vim! Todas as experiências não poderão ser vãs. Algo melhor me espera. Sou algo maior que a minha roupagem carnal. Então, o que sou? 

Viajante do tempo! Ser essencial! A Vida.  

O Ano Novo é oportunidade de se postar melhor no caminho evolutivo, ainda nesta jornada. É o degrau ascendente, ou não. Sempre a escolha é particular.  

Ano Novo e novo ano para quem o desejar! A Vida agradece. 

Dorival da Silva. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Carrasco

 Carrasco

Reunião pública de 20/3/59
Questão nº 913

    Verdugo invisível, onde se lhe evidencie a influência, aparecem a rebeldia e o azedume, preparando a perturbação e a discórdia.

    Mostra-se na alma que lhe ouve as pérfidas sugestões, à maneira de fera oculta a atirar-se sobre a presa.

    Assimilando-lhe a faixa de treva, cai a mente em aflitiva cegueira, dentro da qual não mais enxerga senão a si mesma.

    E assim dominada, a criatura, ao pé dos outros, é a personificação da exigência, desmandando-se, a cada instante, em reclamações descabidas, incapaz de anotar os sofrimentos alheios. Pisa nas dores do próximo com a dureza do bronze e recebe-lhe as petições com a agressividade do espinheiro, expelindo pragas e maldições. Onde surge, pede os primeiros lugares e, se lhos negam, à face das tarefas que a previdência organiza, não se peja de evocar direitos imaginários, condenando, sem análise, tudo quanto se lhe expõe ao discernimento. Desatendida nos caprichos particulares com que se aproxima dos setores de luta que desconhece, mastiga a maledicência ou gargalha o sarcasmo, lançando lodo e veneno sobre nomes e circunstâncias que demandam respeito. Se alguém formula ponderações, buscando-lhe o ânimo à sensatez, grita, desesperada, contra tudo o que não seja adoração a si mesma, na falsa estimativa dos minguados valores que carrega no fardo de ignorância e bazófia.

    E, então, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformada em temível fantasma de incompreensão e de intransigência, enrodilha-se na própria sombra, como a tartaruga na carapaça, e, em lastimável isolamento de espírito, não sabe entender ou perdoar para ser também perdoada e entendida, enquistando-se na inconformação, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na palavra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letal que se agiganta no corpo pela multiplicação indiscriminada de perigosos bacilos.

    Atingido esse estado d’alma, não adota outro rumo que não seja o da crueldade com que, muitas vezes, se arroja ao despenhadeiro da delinquência, associando-se a todos aqueles que se lhe afinam com as vibrações deprimentes, em largas simbioses de desumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

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    Irmãos, precatai-vos contra semelhante perseguidor, vestindo o coração na túnica da humildade que tudo compreende e a todos serve, sem cogitar de si mesma, porque esse estranho carrasco, que nos alenta o egoísmo, em toda parte chama-se orgulho.

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       Página extraída da obra: Religião dos Espíritos, pelos Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 20, 1960, FEB (Trata de assunto relativo à questão 913 – que será transcrita na parte final da reflexão --, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicado em 18.04.1857)

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REFLEXÃO: A página acima de Emmanuel tem mais de sessenta anos e suas verdades são atuais, mas precisamos verificar que os usos e costumes desta época proporcionam ampliar os entendimentos, ou, pelos menos, análise dos novos comportamentos. 

O contexto atual nas questões comportamentais, econômicas, políticas, sociais, psicológicas, tecnológicas, educacionais… são muito diferentes, embora tenha suas raízes fincadas no meado do século passado.  Há uma distensão dos segmentos daquela geração, com progresso nos diversos setores: o transporte e a comunicação ficaram mais rápidos, o setor da saúde evoluiu grandiosamente, a assistência social multiplicou em muito sua contribuição, a política se sofisticou, a educação -- num aspecto amplo, que envolve a educação de família -- , conquanto a sua evolução, permitiu mescla  personalística, exacerbando comportamentos inadequados, tais como: a violência, o desrespeito aos mais velhos e aos “diferentes”, ênfase aos modos viciantes... 

Apesar de evolução significativa notada em todos os setores da vida, existe um em particular, que embora tenha se ampliado, não foi na melhor direção, o que precisaria rumar para a verticalização moral, ou seja, buscar a harmonização com as regras de bem viver trazidas ao mundo por Jesus, o Nazareno. 

Ele, o Senhor, ensina bem viver na existência em que está posto na vida de um corpo, e bem viver sem a existência deste, porque a vida na sua essência não sofre interrupção, mas as consequências boas ou não permanecerão com toda força, sendo que cada individualidade não poderá, em tempo algum, fugir de sofrer os resultados de si mesmo, por isso o ensinamento: “a cada uma segundo as suas obras”.

O Mentor de Chico Xavier, na mensagem inicial fala de um determinado carrasco, a lição é abrangente, sendo atemporal e alcança todos os tipos comportamentais, pois, trata do espírito humano, e aponta a sua pedra de tropeço evolutivo. 

A base inspirativa do tema, foi o estudo da questão 913 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, em reunião na sede da Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba (MG), em 23-03-1959, transcrita adiante: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? ‘Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade.   Ele neutraliza todas as outras qualidades’”.

Com os recursos que anotamos acima, deixamos ao leitor a liberdade de sua reflexão sobre si mesmo, o meio onde vive, ainda, sobre as relações sociais, políticas, religiosas e científicas sob seu interesse, considerando que cada um tem a liberdade de olhar para a direção que mais condiz com o seu estado de interesse, no entanto, não deveremos esquecer a máxima do Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, resumidamente.

                                         Dorival da Silva


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta no endereço:  https://kardecpedia.com/

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O Museu do Rio de Janeiro


O Museu do Rio de Janeiro

Todos nós, brasileiros, lamentamos profundamente o esperado incêndio do museu histórico do Rio de Janeiro, responsável por duzentos anos de brasilidade, sob vários aspectos.

Narra a imprensa que a questão de segurança vinha sendo debatida desde há muito, sem que as necessárias providências fossem tomadas com seriedade, o que facultou a terrível catástrofe.

Enquanto as labaredas consumiam parte da nossa história, não nos foi possível ficar indiferentes àquela consumpção decorrente da irresponsabilidade humana. Recordo-me de quando Hitler em 1933 celebrou com os seus asseclas a queima dos livros escritos por judeus, iniciava, dessa forma, a futura cremação de seres humanos nos seus campos de trabalhos forçados e câmaras de gás...

Visitando Dachau, lembro-me de uma frase de grande poeta ali exposta: Quando se queimam livros, mais tarde se queimarão seres humanos. Era uma profecia macabra que se fez real e chocou a humanidade.

A história de uma nação é a sua alma, são os seus feitos, suas glórias e quedas, suas experiências vitoriosas ou infelizes, páginas vivas que contribuirão em favor do seu e do futuro do povo.

Milhões de documentos valiosos transformaram-se em cinza, e hoje permanece o esqueleto carbonizado do edifício grandioso, que um dia foi residência da família real que governou o País.

Nunca mais será possível recuperar-se qualquer peça, porque nenhuma providência foi tomada, mesmo durante o incêndio, para ser salva.

Os que viram o fogaréu ficaram imobilizados...

Tive ocasião de visitar Oradour, cidade francesa que os nazistas destruíram durante a Segunda Guerra Mundial, por falso motivo de receber e esconder partisans (guerrilheiros patriotas), não deixando vivas sequer as plantas. A cidade fora cercada e aniquilada com todos os seus habitantes e animais. Posteriormente, o general Charles de Gaulle, ao tornar-se presidente da França, tornou-a patrimônio da humanidade através da UNESCO, como lição viva da barbárie humana.

Quantos extraordinários documentos desapareceram para sempre, fotografias, pinturas, trabalhos científicos e peças de arte foram consumidos, deixando-nos ignorantes da própria história.

As futuras gerações estarão órfãs desde agora de poderosas e legítimas fontes de informações a respeito do belo país em que renasceram.

O Brasil, dizem muitos notáveis periodistas, é um país sem história, o que se torna lamentável, considerando-se a sua grandeza e o seu destino espiritual e cultural.

Que a infeliz ocorrência pelo menos sirva de advertência às autoridades responsáveis por outros patrimônios vivos desta grandiosa pátria do Cruzeiro do Sul, fadada à construção de uma sociedade justa e plenamente feliz.

Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 6.9.2018.
Em 6.9.2018.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Vigiar e Orar, a que propósito?

Vigiar e Orar, a que propósito?


Cada indivíduo é um mundo em particular, que carrega no seu arcabouço íntimo um patrimônio gigantesco que acumulou nos milênios e milênios transcorridos para a sua formação. Sempre registrou em si mesmo todas as experiências que se deram conscientemente ou não, viveu-se muitas eras quase que como ser autômato, sem lucidez, até que a consciência começou a aparecer dando-lhe autonomia, que crescia lentamente.

No tempo que se corre, o homem avançou em inteligência e desenvolveu o estado moral, apesar deste se encontrar num estágio longe do ideal. Sendo a condição moral desenvolvida objeto primacial da existência na vida física. Existindo uma demora excessiva para se alcançar esse ideal, porque exige muito esforço para essa conquista. Grande parte dos indivíduos pensa alcançar a paz e a felicidade permanentes no mundo exterior com viagens extraordinárias, usos extravagantes e gastos exorbitantes com fantasias.

No seio do patrimônio extraordinário de cada um existem registros de vivências descabidas para os dias atuais, que quando se deram ofereceram satisfação pessoal, poder, ganhos de riquezas, evidência...  Geralmente satisfazendo em muito o estado egoístico individual ou coletivo à época.  Conquanto não se lembre, está no mundo interior de cada pessoa a sua experiência, refletindo na vida atual como pendor, como tendência.

Dessa forma, vê-se no mundo exterior com maior interesse o que ressoa na intimidade, no entanto, fixa-se na vantagem, satisfação, e outros sentimentos que poderão advir de tal ou tal ação, não necessariamente favorável ao aprimoramento moral, pois é a antecipação da busca de reviver àquilo que já usufruiu em algum tempo, que está registrado no mundo interior de cada indivíduo.

Aí se encontra a necessidade de vigiar, não vigiar o que está ao redor, o que nos chega de fora, mas vigiar o que surge da intimidade, desejos nem sempre claros, apesar de indicar um rumo para satisfazê-los. Grande parte deles instigados pelo movimento, cor, palavra, perfume, som, gesto, etc., observáveis em qualquer parte. Em conta disso, preciso é se conhecer, acautelar-se, aprender a meditar sobre os fatos e suas consequências correspondentes aos desejos surgidos da intimidade.

Ao mesmo tempo vem a oração, elemento essencial para o discernimento nos momentos decisivos da vida. Com a oração eleva-se a frequência vibratória da alma, alcançando faixa de pensamento acima do habitual, comungando com ideias mais claras que favorecem a lucidez, permitindo maior capacidade moral para contrariar as ideias surgidas que em grande parte são prejudiciais e levarão a nova falência moral, apresentando a repetição de desdobramento infeliz. Através da oração e a elevação vibratória que se entra em contato com os “Seres Espirituais”, também designados por Santos, Espíritos Superiores, conforme a designação religiosa, favorecendo a inspiração de pensamentos novos e nobres que sobrelevam os que estão engastados no mundo íntimo, fazendo que estes percam um pouco de sua influência sobre as novas escolhas.

A dificuldade na busca da melhoria moral reside naquilo que interessa muito, que precisa ser interrompido ou abandonado, mas custa sentimentos, que precisam ser contrariados e negados, e é ato voluntário, pois que tudo está em si mesmo. Aí está a razão de vigiar para se saber do surgimento do próprio indivíduo daquilo que se deve corrigir, porque não lhe convém; e a oração que proporciona a lucidez e a força moral suficiente para vencer-se a resistência da própria vontade surgida da profundidade da alma.

“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?”

“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.” 1


                                                    Dorival da Silva



1.                             1. Questão 919 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Desobsessão! Como fazer?


O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 411 - 26 de Abril de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI



Um companheiro de lides espíritas perguntou-nos: Por que os protetores espirituais não impedem que os Espíritos obsidiem uma pessoa?
Existem em nosso meio pessoas que lidam com a mesma dúvida, como há também aqueles que gostariam que fosse adotada nas instituições espíritas uma prática usual em determinados círculos, na qual o agente causador da obsessão é afastado do enfermo, às vezes até mesmo por meio de violência.

Ora, se essa prática fosse realmente eficaz, certamente Allan Kardec e outros autores a teriam proposto. Ocorre que obsessão não se dá por acaso e, conforme diz Kardec, sua causa mais frequente, sobretudo nos casos mais graves, é o desejo de vingança. Alguém lesou determinada pessoa e esta, incapaz de perdoar, parte para o desforço, para a desforra, para a vindita.

O objetivo da desobsessão em casos assim não poderia ser simplesmente a separação dos litigantes, fato que, ainda que fosse possível, não resolveria a pendência que deu origem ao sentimento de vingança. Trata-se, pois, de algo maior: a reconciliação dos litigantes, para que eles se acertem e resolvam, em definitivo, o problema que deu origem ao processo.

O tratamento espírita da obsessão é objeto de inúmeras obras espíritas e todas nos mostram que as pessoas envolvidas no processo – tanto o algoz como a vítima – jamais deixam de ser assistidas pelos benfeitores espirituais.
É necessário, contudo, para a real eficácia do tratamento, que a pessoa que sofre a constrição obsessiva faça a sua parte, o que é proposto com clareza por Allan Kardec no capítulo 28, itens 81 e seguintes, d’ O Evangelho segundo o Espiritismo.

Evidente que, no tocante a esse assunto e a muitos outros, não podemos restringir-nos ao que Kardec escreveu, mas todos os autores, encarnados e desencarnados, que trataram até hoje do tema confirmaram o que o Codificador estabeleceu para que a terapia desobsessiva tenha sucesso, a saber:
1.) a necessidade do tratamento magnético;
2.) a importância da chamada doutrinação;
3.) a renovação das atitudes por parte do enfermo.

Encontramos na Revista Espírita de janeiro de 1865, pp. 4 a 19, o relato de um dos fatos que levaram Kardec a semelhante conclusão. Referimo-nos ao caso de Valentine Laurent, uma jovem que residia em Marmande (França).

Com 13 anos na época, Valentine experimentava convulsões diárias. Ela ficava tão violenta que era preciso amarrá-la ao leito, providência que exigia o concurso de cinco pessoas. Exorcismos, missas, passes – nada disso resolveu o problema. O Sr. Dombre, dirigente de um grupo espírita radicado na cidade de Marmande, inicialmente utilizou os passes. Com a insuficiência deles, resolveu evocar a entidade que perturbava a jovem. Teve início, então, a doutrinação, que se realizou no período de 16 a 24-9-1864. A entidade afastou-se; deu-se depois a recaída e afinal o êxito.

Ao relatar na Revista Espírita a experiência de Marmande, Kardec fez as seguintes observações:
1ª.) O caso demonstrou a insuficiência do tratamento magnético.
2ª.) Era preciso, e é preciso em casos assim, remover-se a causa.
3ª.) Para removê-la é necessário o que chamamos de doutrinação.

Kardec diria depois, como vemos no cap. 28, item 81, d´O Evangelho segundo o Espiritismo, acima citado, que a vontade do paciente torna mais fácil o sucesso.

Suely Caldas Schubert, reportando-se ao tema, escreveu em sua conhecida e apreciada obra "Obsessão/Desobsessão": 
1.) Esclarecer o paciente é fazê-lo sentir quanto é essencial a sua participação no tratamento; é orientá-lo, dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor; é levantar-lhe as esperanças, se estiver deprimido; é transmitir-lhe a certeza de que existem dentro dele recursos imensos que precisam ser acionados pela vontade firme, para que venham a eclodir, revelando-lhe facetas da própria personalidade até então desconhecidas dele mesmo. É, enfim, ir aos poucos conscientizando-o das responsabilidades assumidas no passado e que agora são cobradas através do irmão infeliz que se erigiu em juiz, cobrador ou vingador. (Obsessão/Desobsessão, segunda parte, cap. 9, p. 114.)
2.) O obsidiado só se libertará quando ele mesmo se dispuser a promover a autodesobsessão. O Espiritismo não pode fazer por ele o que ele não fizer por si mesmo. Muito menos ainda os médiuns, ou alguém que lhe queira operar a cura. É preciso compreender que o tratamento da obsessão não consiste na expulsão do obsessor: alcançado isso, se fosse possível, ele depois voltaria, com forças redobradas, à obra interrompida. A terapia tem em vista a reconciliação; trata-se de uma conversão a ser feita, tarefa que requer do obsidiado uma ampla cooperação, grandes esforços e boa vontade. (Obra citada, segunda parte, cap. 2.)
3.) A renovação moral é, como já foi dito, fator essencial ao tratamento desobsessivo. Yvonne A. Pereira, em seu livro Recordações da Mediunidade, é incisiva a tal respeito: “O obsidiado, se não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de autodomínio ou auto-educação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsidiado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere. Sua renovação moral, portanto, será a principal terapêutica, nos casos em que ele possa agir”. (Obra citada, segunda parte, cap. 2.)

Cremos que as explicações acima dão-nos subsídios suficientes para entendermos por que, diante da obsessão, não é suficiente afastar, por meio da violência, o agente espiritual que a provoca, fato que, por si só, demonstra a ineficácia dos exorcismos.

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Página copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá 
ser acessada no endereço:
 http://www.oconsolador.com.br/ano9/411/oespiritismoresponde.html

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Enfermidades da alma

 
 
 
Enfermidades da alma

Gravame de significado perigoso nos relacionamentos humanos é a intriga.

Perversa, é semelhante à erva daninha e traiçoeira que medra no jardim das amizades, gerando desconforto e agressividade.

A intriga é enfermidade da alma que se alastra perigosamente na sociedade, tornando-se terrível inimiga dos bons costumes.

O intrigante é sempre alguém infeliz e invejoso que projeta os seus conflitos onde se encontra, alegrando-se com os embaraços que proporciona no meio social.

À semelhança de cupim sorrateiro, destrói sem ser vista, até o momento em que as resistências fragilizadas em suas vítimas, rompem-se, dando lugar ao caos, à destruição.

Muitas vezes, o insensato não faz ideia do poder mefítico da intriga, permitindo-se-lhe a manifestação verbal ou gráfica, por falta de responsabilidade ou desvio de conduta psicológica.

Da simples referência a respeito de alguém ou de algum acontecimento adulterado pela imaginação enferma, surge a rede das informações infelizes que dilaceram as vidas que lhes são o alvo inditoso.

Ninguém, na Terra, encontra-se indene à difamação das pessoas espiritualmente enfermas, e, quando são atingidas pelas flechas das narrações deturpadas, permitem-se sucumbir, abandonando os propósitos superiores em que se fixavam, sem ânimo para o prosseguimento nos ideais abraçados.

Lamentavelmente a intriga consegue grassar com imensa facilidade em quase todos os agrupamentos sociais, religiosos, familiares, políticos, de todos os matizes, em razão da presença de alguns dos seus membros que se encontram em desarmonia interior.

Todo empenho deve ser aplicado para a vitória sobre a intriga.

Cabe àqueles que são devotados ao bem não darem ouvidos à intriga que se apresenta disfarçada de maledicência, de censura em relação a outrem ausente, aplicando o antídoto do silêncio nesse trombetear da maldade.

Cuidasse o intrigante do próprio comportamento e dar-se-ia conta do quanto necessita de corrigir, em si mesmo, ao invés de projetar no seu próximo o morbo infeccioso.

Toda censura com sinais de acusação é filha da crueldade que se converte em intriga.

São célebres as intrigas das cortes, nas quais os ociosos e inúteis, compraziam-se em tecer redes vigorosas que asfixiavam as melhores expressões do trabalho, que mesmo imperfeitas ou necessitadas de aprimoramento, produziam para o bem...

Nada se edifica ou se faz sem o exercício, em cujo início os equívocos têm lugar.

As mais colossais realizações são resultado de pequenos ou incertos tentames.

O intrigante, porém, sempre ativo e vigilante, porque insidioso, logo se apropria da mínima falha que se observa em qualquer projeto para investir furibundo e devastador.

*   *   *

Jesus referiu-se com firmeza àquele que vê o argueiro no olho do próximo, embora a trave pesada que se encontra no seu.

Sê tu, no entanto, aquele que adota a complacência, que compreende o limite e a dificuldade do outro.

Fala, quando a tua boca possa cantar o bem de que está cheio o teu coração.

A palavra enunciada torna-te servo, enquanto que a silenciada faz-te dela senhor.

Não estás convidado para vigiar o próximo, mas para conviver e trabalhar com ele.

Tocado no sentimento pelo amor, usa a bondade nas tuas considerações em relação às demais pessoas com as quais convives ou não.

Faz-te a criatura gentil por quem todos anelam, estando sempre às ordens dos Mensageiros da luz para o serviço da fraternidade e da construção do bem no mundo.

A palavra é portadora de grande poder, tanto para estimular, conduzir à plenitude, assim como para gerar sofrimento, destruição e amargura...

Guerras terríveis, representando a inferioridade humana, surgiram de intrigas de pequeno porte, que se tornaram ameaças terríveis...

Tratados de paz e de união também são frutos do acordo pela parlamentação e pelos diálogos, pelas decisões de alto porte.

Tem, pois, cuidado com o que falas, a respeito do que ouves, vês ou participas. Serás responsável pelo efeito das expressões que externes, em razão do seu conteúdo.

Convidado a servir na Seara de Jesus, mantém-te vigilante em relação a esta enfermidade contagiante: a intriga!

Tentado, em algum momento, a acusar, a criar situações danosas, resiste e silencia, legando ao tempo a tarefa que te compete.

Isso não quer dizer conivência com o erro, mas interrupção da corrente prejudicial, mantida pela intriga. Antes, significa também a decisão de não vitalizar o mal, mantendo-te em paz, sustentado pela irrestrita confiança em Deus, na execução da tarefa abraçada, seja ela qual for.

A intriga apresenta-se de forma sutil ou atrevidamente, produzindo choques emocionais que se transformam em dores naqueles que lhes padecem a injunção cruenta.

*   *   *

Allan Kardec, o nobre mensageiro do Senhor, preocupado com o próprio e o comportamento dos indivíduos, buscando uma diretriz segura para evitar a intriga e outros desvios na convivência social, indagou aos Guias espirituais, conforme se lê na questão 886, de O Livro dos Espíritos:

-Qual o verdadeiro sentido da palavra  caridade, como a entendia Jesus?

E eles responderam com expressiva sabedoria:

Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.

Nessa resposta luminosa encontra-se todo um tratado de ética para o bem viver, ser feliz e contribuir para a alegria dos outros.

Joanna de AngelisPsicografia de Divaldo Pereira Franco,na reunião
mediúnica de 23 de janeiro de 2012,no Centro Espírita
Caminho da Redenção,em Salvador,Bahia.
Em 17.05.2012

Mensagem extraída do endereço:
 http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=285

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ponte de misericórdia

Ponte de misericórdia

No báratro das aflições que aturdem o ser humano atormentado pelo consumismo e pelo individualismo, uma ponte de misericórdia existe lançada sobre o abismo escuro, facultando-lhe descortinar abençoadas paisagens transcendentais.

Sentindo-se despojado dos valores da fé, da confiança em Deus e no amor, quase vencido pelas circunstâncias constringentes e desesperadoras, defronta-se com esse inesperado contributo da Divindade que o convida a vencer a distância que o situa em relação à outra margem, a fim de que se lhe atenuem e mesmo desapareçam os fatores de sofrimento.

Passando a compreender a finalidade existencial, adquirindo consciência da própria imortalidade, graças, a essa ponte, renovam-se-lhe o entusiasmo e a alegria de viver por perceber que o sentido psicológico mantenedor da harmonia pode ser alcançado mediante a visão do futuro que o aguarda através da ação superior do bem.

Automaticamente experimenta inusitado desejo de sair do estado de depressão ou de revolta em que se encontra, a fim de cooperar com a sociedade irrequieta na qual se movimenta anelando por paz.

Essa ponte misericordiosa é a mediunidade iluminada pelas contribuições inestimáveis do Espiritismo, que lhe retiram as indumentárias místicas e complexas convencionais, para dar-lhe o exato sentido de vivência dentro dos padrões ético-morais do pensamento de Jesus a serviço de si mesmo, do seu próximo e do progresso geral.

Através da prática saudável dos recursos mediúnicos de que é portador, o indivíduo, que antes se encontrava sob a constrição das forças sombrias da perturbação em si mesmo, assim como das influências negativas impostas pelos Espíritos ignorantes ou perversos, redescobre o bem-estar que o toma suavemente, enquanto se aprimora interiormente, mudando de foco existencial e passando a viver sob novas diretrizes.

Enquanto era instrumento inconsciente dos transtornos psicológicos, alguns dos quais de natureza mediúnica obsessiva, era conduzido pelos terrenos ásperos dos comportamentos doentios e destrutivos.

Identificando-lhes, porém, as causas na própria realidade como autor dos atos que se transformaram em efeitos danosos, recupera-se emocionalmente, adquirindo o equilíbrio que favorece a melhor visão dos objetivos essenciais para a conquista de uma existência ditosa.
Passa, então, a reflexionar em torno do pensamento saudável, propondo-se a linguagem correta e edificante, e o comportamento trabalhado nos ideais de beleza, de harmonia e de fraternidade.

Já não lhe pesam na consciência os fardos das culpas do passado, nem o atormentam as interrogações que pareciam sem respostas, porque compreende que tudo depende exclusivamente da maneira como se conduza, projetando para o porvir, mediante as ações dignificadoras do presente, os resultados da sementeira de bênçãos do momento.
*
A mediunidade é a ponte libertadora através da qual o ser transita no rumo de plenitude espiritual.

Pouquíssimo compreendida, tem sido malsinada por informações destituídas de fundamentos, dentre os quais a assertiva de que todos os médiuns sofrem muito, como se a dor fosse impositivo dessa formosa faculdade.

Sob outro aspecto, existe uma reação psicológica à educação da mediunidade, em razão de as pessoas não desejarem assumir responsabilidades, especialmente em torno da renovação moral e da transformação dos hábitos infelizes, para ser pleno. O anseio imediato é o do prazer sem compromisso nem esforço, como se a finalidade da existência na Terra fosse assinalada por alegrias e gozos, normalmente extenuantes, que se transformam em vícios de consequências funestas.

Ainda sob outro enfoque, pensa-se que a faculdade mediúnica é algo estranho, de caráter mágico, carregada de simbolismos e fetiches para realizações de atos mirabolantes ou miraculosos, com especificidades materiais: casamento, emprego, sorte nos empreendimentos...

Algumas pessoas insensatas, quando se percebem portadoras da sensibilidade mediúnica, esforçam-se por encontrar meios para eliminá-la como se fosse um capricho do organismo que a elabora ao acaso, elegendo aqueles que a devem ou não experienciar.

Meditasse, aquele que assim pensa, em torno da nobre possibilidade de manter contato com o mundo espiritual de onde veio e para onde retornará, e, naturalmente, experimentaria um júbilo imenso, face à certeza da sobrevivência à morte, dando continuidade à vida.

Essa reflexão auxiliaria à conquista de um objetivo psicológico sério para a jornada física, facultando a aplicação das horas no trabalho incessante de autoaprimoramento com a consequente autoiluminação proporcionadora de plenitude.

A confirmação do intercâmbio entre as duas expressões da vida humana – na forma física e fora dela – faculta a descoberta de todo um universo de beleza que se encontra ao alcance de quem o deseje conquistar.

Enfermidades dilaceradoras, físicas, emocionais e mentais seriam evitadas com facilidade, comportamentos extravagantes seriam substituídos pelos de caráter equilibrado, a compreensão da vida se faria de imediato mais sensata e enriquecedora, enquanto o mundo passaria por uma grande renovação em decorrência da conduta dos seus habitantes.

A mediunidade, no entanto, quando relegada ao abandono ou permanece ignorada, torna-se, ainda assim, ponte para aflições e transtornos que dizem respeito ao Espírito endividado que necessita recuperar-se, a fim de prosseguir no seu processo de evolução moral.

Não é, portanto, a mediunidade em si mesma, que responde pelas alegrias ou angústias do seu portador, mas aquele que a possui ostensiva ou natural, de acordo com a direção que lhe oferece.

Inutilmente tentará diluir essa ponte parafísica da sua constituição orgânica, o homem ou a mulher que pretenda seguir em tranquilidade sendo-lhe possuidor.

Bênção dos céus à disposição dos transeuntes da Terra, a mediunidade deve ser vivenciada com carinho e respeito, oferecendo a todos quantos sintam de alguma forma a presença dos Espíritos,conforme esclareceu Allan Kardec, a excelente alavanca para o próprio progresso e redenção moral.

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Jesus, que é o exemplo máximo de que dispõe a humanidade para encontrar a felicidade plena, prossegue na condição de Médium de Deus, tornando o Pai conhecido de todos os Seus filhos, através das inconfundíveis lições de amor e de misericórdia que a todos são ofertadas.

Seguir-Lhe o exemplo, a fim de alcançar o mediumato, é a opção correta de todos aqueles que dispõem da abençoada ponte de misericórdia.


Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
na tarde de 31 de maio de 2013, na residência de Josef Jackulak,
em Viena. Áustria.
Em 25.7.2013.




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