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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Perdão!

                                                                          Perdão! 

O perdão é algo de que todos neste mundo precisam. Mas, afinal, o que é o perdão? Os livros religiosos de todos os credos se referem ao perdão.  Quem comete algum erro contra alguém, um equívoco, às vezes pede perdão, quase sempre pró-forma, por hábito, mas, exatamente, não sabe o que isso representa em circunstâncias mais graves.  

Quem não conhece o significado real dessa palavra também não tem ideia das consequências de não perdoar quando se é ofendido, agredido ou maltratado. Devolver a ofensa, o que se denomina vingança, não é o melhor caminho, pois poderá gerar dores e aflições piores que o fato originador da situação.  Caso não faça nada contra o ofensor, mas guarde a mágoa, a revolta, e constantemente fica ressentindo o mal como se o momento de desgosto ainda estivesse ocorrendo, isso traz o adoecimento do indivíduo.  As relembranças dolorosas geram uma massa fluídica negativa no ambiente psíquico, que se potencializa com a insistente revivência, refletindo no emissor suas próprias emanações.     

Persistindo a ausência do perdão, o ofendido continuará conectado mentalmente ao ofensor, levando o seu estado de ódio àquele que lhe magoou. Caso ele também mantenha pensamento negativo em relação ao que se acha ofendido, assim se forma uma corrente mental indestrutível, que se autoalimenta de forças deletérias.  Somente quando uma das partes mudar esse padrão vibratório será possível cessar essa ligação. Com isso, a vida de tal parte, a que perdoou, ou pelo menos mudou suas disposições em relação à outra, começa a apresentar uma melhora vibratória, sentindo-se intimamente melhor.  

Caso a pessoa com uma carga de ressentimento ou ódio de alguém venha a sofrer a morte física e ainda não tenha conseguido nem pensar no perdão, é uma infelicidade!  Pois esses sentimentos continuam com ela, pois lhe pertencem.  Se era o motivo de sua infelicidade, continuará infeliz.  

Então, o que é o perdão? Caso fôssemos analisar filosoficamente, existiria várias argumentações, embora bem fundamentadas, não atenderiam nosso objetivo aqui. Falando de maneira simples, o perdão é uma autorização do ofendido a si mesmo para renunciar todos os ímpetos próprios dos instintos de conservação, que através milênios evoluíram também para o ódio, a vingança...  Mas, agora estamos em outros tempos. A razão precisa estar presente em cada momento da vida e não se pode esquecer que somos seres emocionais. Mais ainda, precisamos estar cientes de que somos espíritos eternos e sempre prestaremos contas à nossa consciência.  Agora temos recursos espirituais para ajudar a discernir a inferioridade ou a dificuldade apresentada pelo agressor e compreender isso, porque em certas ocasiões precisamos da compreensão de outros, quando também temos nossos momentos de infelicidade.  

Diante de ameaça à nossa integridade física, podemos nos defender? Sim, podemos. Se possível, que as divergências sejam solucionadas sem agressividade física ou moral. Caso necessário a intermediação judicial, que a utilize. Mas não permitir que a discordância ou até mesmos o despotismo da outra parte movimente em nós o ódio ou desejo de vingança é essencial. É preciso oferecer a outra face, como ensinado por Jesus Cristo.  O perdão dispensado a alguém nem sempre conserta a confiança quebrada, pelo menos em um curto prazo. O exercício da tolerância é inevitável.  

Quando Jesus dá resposta a Pedro sobre o perdão, tem uma importância para a humanidade muito mais relevante do que se poderia imaginar. Vejamos o texto: "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." (Mateus, 18:21 e 22).  É bom termos em mente que o Senhor ensinava aos espíritos encarnados e aos desencarnados, de todos os tempos. Podemos verificar seus efeitos em várias obras mediúnicas que narram fatos ocorridos com grupo de pessoas, mostrando as experiências que tiveram na vida corporal e posteriormente na vida espiritual, e em alguns casos, o desdobramento em nova existência física desses indivíduos.  

Em reuniões mediúnicas, das quais participamos semanalmente, parte considerável das dificuldades dos espíritos comunicantes é a falta de perdão. No fundo dos problemas estão os desajustes familiares, traições, infidelidade conjugal, despotismo, indiferença, os desajustes por viciações diversas, feminicídios... Essas circunstâncias, às vezes, ultrapassam um tempo que não podemos avaliar. Em algumas situações, é possível situar o tempo da ocorrência em que os personagens permanecem vivendo e revivendo os fatos objetos dos sofrimentos apresentados. -- Em que ano o senhor ou senhora está vivendo? 18.., 19... Passou um, dois ou mais séculos! Para outros, se passaram décadas.  Uns procuram culpados, outros estão fechados em si mesmos, em ressentimentos profundos. Alguns estão sempre fugindo de perseguidores, carregam a culpa do que fizeram escondidos contra terceiros.   Outros sofrem com a ruína da família, que não souberam cuidar, em virtude da intolerância.  Enfim, sempre a falta do perdão na origem dos problemas. Muitos deram muita importância ao que não tinha nenhum valor, apenas o orgulho ferido, que, cultivado, cresceu e multiplicou seus efeitos nefastos nas vidas que estavam sob o alcance de seus efeitos. Há uma expressão atribuída ao espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier, que representa muito bem esses fatos: "Basta um minuto de invigilância para séculos de regate."    

Jesus, o maior psicólogo, sabia de tudo isso e muito mais. Ele lançava para a humanidade as sementes do perdão das ofensas como elemento neutralizador de sofrimentos que podem exigir tempo longo até que surja a oportunidade para a solução. Até que isso se dê, quanto tempo se perdeu e quanto sofrimento foi suportado?  O perdão incondicional no momento da ofensa evita muito sofrimento.  Para o orgulhoso que não perdoa agora, mesmo que se passem décadas ou séculos, será o perdão de quem o ofendeu e o perdão para si mesmo que irão modificar o seu estado espiritual. Deus, que é Amor e Justiça, concede benefício a qualquer disposição de mudança para o bem. Assim, mesmo que o espírito sofredor ainda não consiga perdoar o ofensor, pelo menos admitir a possibilidade do perdão já é um avanço que se considera, dando-lhe o crédito à possibilidade de evoluir para o perdão definitivo.   Não perdoar as ofensas dos outros também é um erro.  As consequências espirituais mostram isso.  

Sobre o perdão, existe muito mais o que dizer. No entanto, fiquemos por aqui.  Em outro momento, iremos tratar desse assunto com foco nos desdobramentos na presente vida das pessoas. 

Perdão! "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." 

                                        Dorival da Silva 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

... Perdão!

... Perdão!  

 

Quantos atrozes sofrimentos carregam muitas almas. Ódio, desejo de vingança, pérfidos sentimentos, ressentimento alimentado por muitos anos de um determinado fato gravoso ocorrido, mas também existe o ressentimento de fato que se supunha ocorrido, nunca verdadeiramente apurado. Situações que viajam no tempo, transcendem a vida física e acompanham a alma na jornada para o outro lado da vida, porque, afinal, o sofrimento pertence à alma e não ao corpo.  

 

Após a morte do corpo, estando no campo espiritual, toda a vivência negativa de um Espírito reflete nele mesmo, que cultiva os mesmos desejos, tal como citado de início, porque não é capaz de perdoar a traição, a ofensa, a agressão a si ou a um familiar, a deslealde de alguém que detinha a sua confiança, a indiferença...  É voz corrente que o perdão é difícil de conceder diante de ocorrências tão graves. É uma grande verdade e exige um esforço enorme, precisa revolver toda uma construção de sofrimentos na intimidade da alma.   

 

Faz-se necessário recordar que somos Almas imortais, que temos um objetivo inevitável que é o progresso, o que corresponde a entender o aprimoramento intelectual e moral de si mesmo que se dá em vista da convivência com os demais filhos da Criação, que diante de Deus são irmãos, pois fluíram da mesma origem. Eles, como todos nós, erram em graus diferentes, gerando consequências incontroláveis de variadas gravidades, sendo que a intensidade pertencerá ao ofendido, que inconscientemente dará valor emocional e potenciará a ofensa, caso não perdoe o ofensor.    

 
 

Cabe acrescentar que as circunstâncias que nos envolvem são heranças nossas, considerando que se nada de grave tem origem em nossas ações nesta vida, certamente ocorreu em outra existência, porque no estágio espiritual em que nos encontramos ainda temos muito o que nos corrigir e resgatar para a liberação da consciência da mácula que a incomoda.   

 

Jesus, o Cristo, que é o Psicólogo da Vida, leciona ensinando ao apóstolo Pedro quando Lhe pergunta: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?   Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.” (Mateus, 18: 21 e 22).  Este ensinamento tem importância capital para a Humanidade, porque é o antídoto para grande parte das dores existentes, das doenças sem origem aparente, que corroem a Alma, porque evita os crimes, as vinganças de toda ordem, o maldizer, as lamentações, o ódio, a relembrança do fato que não se apaga...  Se o ofendido morrer nesse estado emocional desequilibrado, terá dificuldades no outro lado da vida, pois a intensidade vibratória fora da matéria aumenta grandemente, e se está em sofrimento, este tende ficar mais intenso.   

 

O perdão das ofensas não é uma covardia, como é comum atribuir uma condição de fraqueza a quem perdoa uma agressão. Na verdade, é uma demonstração de sabedoria, pois requer o esforço e a aplicação dos recursos morais, emocionais e intelectuais que permitem ao ofendido discernir e reconhecer a falibilidade do próximo. Isso permite que o ofensor enfrente as consequências de suas ações, que inevitavelmente virão.  

 

Quando a Lei Maior fará isto? O ofensor, que nem ao menos se incomodou com o que fez e não demonstrou nenhum sentimento de arrependimento, terá que enfrentar as consequências. Isto é muito questionado quando se trata desse tema evangélico; no entanto, a resposta virá no tempo, se dará nas vidas sucessivas, é preciso que o ofensor que dorme para as questões espirituais acorde e veja as consequências de suas ações, que estão gravadas em si mesmo, pois trará as feridas na alma, entendendo que a única forma de se curar é a modificação do seu estado interior realizando o bem. A consciência não dorme indefinidamente.   

 

Deus permite o esquecimento do passado e oferece a oportunidade de uma vida nova em um novo corpo, a reencarnação, para que possamos corrigir os fatos ofensivos de outras existências junto aos ofendidos, os credores, seja na condição de filho, irmão, pai, mãe, amigo, patrão, empregado... Erramos em tantas circunstâncias e as oportunidades correspondem a essas circunstâncias nas vidas sucessivas.   

 
O perdão não tira o direito de buscar a lei civil ou criminal para reparos ou a contenção necessária, levando em conta o fato material ou moral.  O que importa é como lidar com a situação sem se exacerbar o estado emocional e espiritual, o que não poderá corresponder a intenção de vingança, mas acomodar o fato de maneira que não trará outras consequências gravosas, se necessário.  

 

O perdão tem um efeito grandioso para quem perdoa, mas não livra o ofensor de suas responsabilidades em qualquer momento. Na verdade, como nos ensinam os postulados espíritas, a ofensa atinge primeiramente o ofensor e a ele pertencerá até devida solução.  É semente de planta ruim que poderá apresentar seus frutos imediatamente ou aguardar tempo próprio para eclodir.  

 
O perdão é divino, nos livra de muitos atrasos no caminho da sublimação.   

 

Perdão!   

Dorival da Silva 

sábado, 28 de julho de 2018

Depois da ressurreição

Depois da ressurreição

Irmão X (Espírito)

Contou-nos um amigo que, logo após a ressurreição do Cristo, houve grande movimentação popular em Jerusalém. O fato corria de boca em boca. Sacerdotes e patriarcas, negociantes e pastores, sapateiros e tecelões discutiam o acontecimento. Em algumas sinagogas, fizeram-se ouvir inflamados oradores, denunciando a “invasão galileia”.
– Imaginem – exclamava um deles da tribuna, diante das tábuas da lei –, imaginem que a mulher mais importante do grupo, a que se encarregou da chamada mensagem de ressurreição, é uma criatura que já foi possuída por sete demônios. Em Magdala, todos a conhecem. Seu nome rasteja no chão. Como aceitar um acontecimento espiritual, através de pessoa desse jaez? Os galileus são velhacos e impostores. Naturalmente cansados da pesca, que lhes rende parcos recursos, atiram-se, em Jerusalém, a uma aventura de imprevisíveis consequências. É indispensável reajustar impressões. Moisés, o maior de todos os profetas, o salvador de nosso povo, morreu no monte Nebo, contemplando a Terra da Promissão sem poder penetrá-la... Por que motivo um filho de carpinteiro, que não foi um doutor da lei, alcançaria semelhante glorificação? Acaso, não foi punido na cruz como vulgar malfeitor? Se os grandes profetas da raça, que se mantêm sepultados em túmulos honrosos, não se fazem ver nos céus, como esperar a divina demonstração de um homem comum, crucificado entre ladrões, na qualidade de embusteiro e mistificador?
A argumentação era sempre ardente e apaixonada.
Na sinagoga em que se congregavam os judeus da Bataneia, outro orador tomava a palavra e criticava, acerbamente:
– Onde chegaremos com a ilusão do regresso dos mortos? Estamos seguramente informados de que o caso do carpinteiro nazareno não passa dum embuste de mau gosto. Soldados e populares viram os pescadores galileus subtraindo o corpo ao túmulo, depois da meia-noite. Em seguida, como é de presumir-se, mandaram uma certa mulher sem classificação começar a farsa no jardim.
E, cerrando os punhos, bradava:
– Os criminosos, porém, pagarão! Serão perseguidos e exterminados! Sofrerão o suplício dos traidores, no átrio do Templo! Apenas lamentamos que José de Arimateia, ilustre homem do Sinédrio, esteja envolvido no desprezível assunto. Infelizmente, o túmulo execrável situa-se em terreno que lhe pertence. Não fora isso, iniciaríamos, hoje mesmo, a lapidação de todos os culpados. Lutaremos contra a mentira, puniremos os que insultam nossas tradições veneráveis, honraremos a lei de Israel!
E as opiniões chocavam-se, em toda parte, como fogos acesos.
Os discípulos, para receberem as visitas espirituais do Mestre e anotar-lhe as sugestões, reuniam-se, secretamente, a portas fechadas. Por vezes, escutavam as chufas e zombarias que vinham de fora; de outras, percebiam o apedrejamento do telhado, circunstâncias que os obrigaram a continuadas modificações. Não fixavam o ponto de serviço. Ora encontravam-se em casa de parentes de Filipe, ora se agrupavam na choupana de uma velha tia de Zebedeu, o pai de João e Tiago.
Num meio tão vasto de intrigas e vaidades sem conta, era necessário esconder a alegria de que se sentiam possuídos, cultivando a verdade ao calor da esperança em épocas melhores.
Simão Pedro e os demais voltaram à Galileia, para “vender o campo e seguir o Mestre”, como diziam na intimidade. Estavam tocados de fervor santo. A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a Ele para sempre.
Reorganizaram, pois, as atividades materiais e regressaram a Jerusalém, a fim de darem início à nova missão. Instalados na cidade, graças à generosa acolhida de alguns amigos que ofereceram a Simão Pedro o edifício destinado ao começo da obra, consolidou-se o movimento de evangelização.
Os aprendizes, depois do Pentecostes, haviam criado novo ânimo. Suas reuniões íntimas prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem impedimento.
As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos “vales de imundos”, lhes batiam à porta, recebendo carinhosa atenção e esse espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco, valiosos títulos de respeitabilidade, reduzindo-se, de algum modo, o número dos escarnecedores, compelidos então a silenciar, pelo menos até quando as autoridades favorecessem novas perseguições.
Todavia, continuava o problema da ressurreição. Teria voltado o Cristo? Não teria voltado?
Prosseguiam os atritos da opinião pública, quando algumas pessoas respeitáveis lembraram ao Sinédrio que fosse designada uma comissão de três homens versados na lei, para solucionar a questão junto dos discípulos. Efetuariam um interrogatório e exigiriam provas cabais.
Aprazada a ocasião, houve rebuliço geral. Agravaram-se as divergências e surgiram os mais estranhos pareceres. Por isso, no momento determinado, grande massa popular reunia-se à frente da modesta casa, onde os apóstolos galileus atendiam os sofredores e ensinavam a nova doutrina.
Os três notáveis varões, todos filiados ao farisaísmo intransigente, penetraram a residência humilde, com extrema petulância. E Simão Pedro, humilde, simples e digno, veio recebê-los.
Efetuado o preâmbulo das apresentações, começou o inquérito verbal, observado por dois escribas do Templo. Jacob, filho de Berseba, o chefe do trio, começou a interrogar:
– É verdade que Jesus, o Nazareno, ressuscitou?
– É verdade – confirmou Pedro, em voz firme.
– Quem testemunhou?
– Nós, que o vimos várias vezes, depois da morte.
– Podem provar?
– Sim. Com a nossa dignidade pessoal, na afirmação do que presenciamos.
– Isso não basta – falou rudemente Jacob, sob forte irritação. – Exigimos que o ressuscitado nos apareça.
Pedro sorriu e replicou:
– O inferior não pode determinar ao superior. Somos simples subordinados do Mestre, a serviço de sua infinita bondade.
– Mas não podem provar o fenômeno da ressurreição?
– A fé, a confiança, a certeza, são predicados intransferíveis da alma – aduziu o apóstolo, com humildade. – Somos trabalhadores terrestres e estamos longe de atingir o convívio dos anjos.
Entreolharam-se os três fariseus, com expressão de ira, e Jacob exclamou, trovejante:
– Que recurso nos sugere, então, miserável pescador? Como solucionar o problema que provocaram no espírito do povo?
Simão Pedro, dando mostras de grande tolerância evangélica, manteve imperturbável serenidade e respondeu:
– Apenas conheço um recurso: morram os senhores como o Mestre morreu e vão procurá-lo no outro mundo e ouvir-lhe as explicações. Não sei se possuem bastante dignidade espiritual para merecerem o encontro divino, mas, sem dúvida, é o único meio que posso sugerir.
Calaram-se os notáveis do Sinédrio, sob enorme estupefação. No silêncio da sala, começaram a ecoar os gemidos dos tuberculosos e loucos mantidos lá dentro. Alguém chamava Pedro, com angústia.
O amoroso pescador fitou sem medo os interlocutores e pediu:
– Deem-me licença. Tenho mais que fazer.
Voltou a comissão sem resultado algum, e a discussão continua há quase vinte séculos...

Do livro Lázaro Redivivo, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Página extraída do endereço:
https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/07/depois-da-ressurreicao-irmao-x-espirito.html