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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

... Perdão!

... Perdão! 

Quantos atrozes sofrimentos carregam muitas almas. Ódio, desejo de vingança, pérfidos sentimentos, ressentimento alimentado por muitos anos de um determinado fato gravoso ocorrido, mas também existe o ressentimento de fato que se supunha ocorrido, nunca verdadeiramente apurado. Situações que viajam no tempo, transpõem-se a vida física e acompanham a alma na viagem para o outro lado da vida, mesmo porque o sofrimento é da Alma e não do corpo. 

Após a morte do corpo, estando no campo espiritual, toda a vivência negativa de um Espírito reflete nele mesmo, que cultiva os mesmos desejos, tal como citado de início, porque não é capaz de perdoar a traição, a ofensa, a agressão si ou a um familiar, a deslealde de alguém que detinha a sua confiança, a indiferença...  É voz corrente que o perdão é difícil de conceder diante de ocorrências tão graves. É uma grande verdade e exige um esforço enorme, precisa revolver toda uma construção de sofrimentos na intimidade da alma.  

Faz-se necessário recordar que somos Almas imortais, que temos um objetivo fatal que é o progresso, o que corresponde a entender o aprimoramento intelectual e moral de si mesmo que se dá em vista da convivência com os demais filhos da Criação, que diante de Deus são irmãos, pois fluíram da mesma origem. Eles, como todos os demais erram e em graus diferentes, gerando consequências incontroláveis com gravidades variáveis,  sendo que a intensidade pertencerá ao ofendido, que inconscientemente dará valor emocional e  potenciará a ofensa, caso não perdoe o ofensor.   

Cabe acrescentar que as circunstâncias que nos envolvem são heranças nossas, considerando que se nada de grave tem origem em nossas ações nesta vida, certamente ocorreu em outra existência, porque no estágio espiritual em que nos encontramos ainda temos muito o que nos corrigir e resgatar para a liberação da consciência da mácula que a incomoda.  

Jesus, o Cristo, que é o Psicólogo da Vida, leciona ensinando ao apóstolo Pedro quando Lhe pergunta: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?   Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.”(Mateus – 18: 21 e 22).  Este ensinamento tem importância capital para a Humanidade, porque é o antídoto para grande parte das dores existentes, das doenças sem origem aparente, que corroem a Alma, porque evita os crimes, as vinganças de toda ordem, o maldizer, as lamentações, o ódio, a relembrança do fato que não se apaga...  Vindo o ofendido a morrer nesse estado emocional desequilibrado, terá dificuldades no outro lado da vida, pois a intensidade vibratória fora da matéria amplia-se grandemente, se está em sofrimento, este tende ficar mais enérgico.  

O perdão das ofensas não é uma covardia, como é comum atribuir uma condição de fraqueza a quem perdoa uma agressão, é na verdade sabedoria, porque é esforço com a aplicação dos recursos morais, emocionais e intelectuais que dão discernimento ao ofendido, reconhecendo no próximo a sua inferioridade, deixando para ele responder às consequências que não passarão sem a devida reparação, quando se pensa e conhece a Lei Divina. 

Quando a Lei Maior fará isto? O ofensor nem ao menos se incomodou com o que fez, não demonstrou nenhum sentimento de arrependimento. Isto é muito questionado quando se trata desse tema evangélico; no entanto, a resposta virá no tempo, se dará nas vidas sucessivas, é preciso que o ofensor que dorme para as questões espirituais acorde e veja as consequências de suas ações,  que estão gravadas em si mesmo, pois trará as feridas na alma, entendendo que a única forma de se curar é a modificação do seu estado interior realizando o bem. A consciência não dorme indefinidamente.  

Como Deus permite o esquecimento do passado, com a oportunidade de uma vida nova em um novo corpo, a reencarnação, é para que se possa corrigir os fatos ofensivos de outras existências junto aos ofendidos, os credores, na condição de filho, de irmão, de pai, de mãe, de amigos, de patrão, de empregado... Erramos em tantas circunstâncias e as oportunidades correspondem a essas circunstâncias nas vidas sucessivas.  

O perdão não tira o direito de exercer o direito, o que quer dizer buscar a lei civil ou criminal para os reparos ou a contenção necessária, em conta o fato material ou moral.  O que importa é como lidar com a situação sem se exacerbar o estado emocional e espiritual, o que não poderá corresponder a intenção de vingança, mas acomodar o fato de maneira que não trará outras consequências gravosas, se necessário. 

O perdão tem efeito grandioso para quem perdoa, não livra o ofensor de suas responsabilidades em qualquer tempo. Na verdade, como nos ensinam os postulados espíritas, a ofensa atinge primeiramente o ofensor e a ele pertencerá até devida solução.  É semente de planta ruim que poderá apresentar seus frutos imediatamente ou aguardar tempo próprio para eclodir. 

O perdão é divino, nos livra de muitos atrasos no caminho da sublimação.  

Perdão! 

                                                          Dorival da Silva 

sábado, 28 de julho de 2018

Depois da ressurreição

Depois da ressurreição

Irmão X (Espírito)

Contou-nos um amigo que, logo após a ressurreição do Cristo, houve grande movimentação popular em Jerusalém. O fato corria de boca em boca. Sacerdotes e patriarcas, negociantes e pastores, sapateiros e tecelões discutiam o acontecimento. Em algumas sinagogas, fizeram-se ouvir inflamados oradores, denunciando a “invasão galileia”.
– Imaginem – exclamava um deles da tribuna, diante das tábuas da lei –, imaginem que a mulher mais importante do grupo, a que se encarregou da chamada mensagem de ressurreição, é uma criatura que já foi possuída por sete demônios. Em Magdala, todos a conhecem. Seu nome rasteja no chão. Como aceitar um acontecimento espiritual, através de pessoa desse jaez? Os galileus são velhacos e impostores. Naturalmente cansados da pesca, que lhes rende parcos recursos, atiram-se, em Jerusalém, a uma aventura de imprevisíveis consequências. É indispensável reajustar impressões. Moisés, o maior de todos os profetas, o salvador de nosso povo, morreu no monte Nebo, contemplando a Terra da Promissão sem poder penetrá-la... Por que motivo um filho de carpinteiro, que não foi um doutor da lei, alcançaria semelhante glorificação? Acaso, não foi punido na cruz como vulgar malfeitor? Se os grandes profetas da raça, que se mantêm sepultados em túmulos honrosos, não se fazem ver nos céus, como esperar a divina demonstração de um homem comum, crucificado entre ladrões, na qualidade de embusteiro e mistificador?
A argumentação era sempre ardente e apaixonada.
Na sinagoga em que se congregavam os judeus da Bataneia, outro orador tomava a palavra e criticava, acerbamente:
– Onde chegaremos com a ilusão do regresso dos mortos? Estamos seguramente informados de que o caso do carpinteiro nazareno não passa dum embuste de mau gosto. Soldados e populares viram os pescadores galileus subtraindo o corpo ao túmulo, depois da meia-noite. Em seguida, como é de presumir-se, mandaram uma certa mulher sem classificação começar a farsa no jardim.
E, cerrando os punhos, bradava:
– Os criminosos, porém, pagarão! Serão perseguidos e exterminados! Sofrerão o suplício dos traidores, no átrio do Templo! Apenas lamentamos que José de Arimateia, ilustre homem do Sinédrio, esteja envolvido no desprezível assunto. Infelizmente, o túmulo execrável situa-se em terreno que lhe pertence. Não fora isso, iniciaríamos, hoje mesmo, a lapidação de todos os culpados. Lutaremos contra a mentira, puniremos os que insultam nossas tradições veneráveis, honraremos a lei de Israel!
E as opiniões chocavam-se, em toda parte, como fogos acesos.
Os discípulos, para receberem as visitas espirituais do Mestre e anotar-lhe as sugestões, reuniam-se, secretamente, a portas fechadas. Por vezes, escutavam as chufas e zombarias que vinham de fora; de outras, percebiam o apedrejamento do telhado, circunstâncias que os obrigaram a continuadas modificações. Não fixavam o ponto de serviço. Ora encontravam-se em casa de parentes de Filipe, ora se agrupavam na choupana de uma velha tia de Zebedeu, o pai de João e Tiago.
Num meio tão vasto de intrigas e vaidades sem conta, era necessário esconder a alegria de que se sentiam possuídos, cultivando a verdade ao calor da esperança em épocas melhores.
Simão Pedro e os demais voltaram à Galileia, para “vender o campo e seguir o Mestre”, como diziam na intimidade. Estavam tocados de fervor santo. A ressurreição enchera-lhes a alma de energias sublimes e até então desconhecidas. Que não fariam pelo Mestre ressuscitado? Iriam ao fim do mundo ensinar a Boa Nova, venceriam trevas e espinhos, pertenceriam a Ele para sempre.
Reorganizaram, pois, as atividades materiais e regressaram a Jerusalém, a fim de darem início à nova missão. Instalados na cidade, graças à generosa acolhida de alguns amigos que ofereceram a Simão Pedro o edifício destinado ao começo da obra, consolidou-se o movimento de evangelização.
Os aprendizes, depois do Pentecostes, haviam criado novo ânimo. Suas reuniões íntimas prosseguiam regulares e as assembleias de caráter público efetuavam-se sem impedimento.
As fileiras intermináveis de pobres e infelizes, procedentes dos “vales de imundos”, lhes batiam à porta, recebendo carinhosa atenção e esse espírito de serviço aos filhos do desamparo conquistou-lhes, pouco a pouco, valiosos títulos de respeitabilidade, reduzindo-se, de algum modo, o número dos escarnecedores, compelidos então a silenciar, pelo menos até quando as autoridades favorecessem novas perseguições.
Todavia, continuava o problema da ressurreição. Teria voltado o Cristo? Não teria voltado?
Prosseguiam os atritos da opinião pública, quando algumas pessoas respeitáveis lembraram ao Sinédrio que fosse designada uma comissão de três homens versados na lei, para solucionar a questão junto dos discípulos. Efetuariam um interrogatório e exigiriam provas cabais.
Aprazada a ocasião, houve rebuliço geral. Agravaram-se as divergências e surgiram os mais estranhos pareceres. Por isso, no momento determinado, grande massa popular reunia-se à frente da modesta casa, onde os apóstolos galileus atendiam os sofredores e ensinavam a nova doutrina.
Os três notáveis varões, todos filiados ao farisaísmo intransigente, penetraram a residência humilde, com extrema petulância. E Simão Pedro, humilde, simples e digno, veio recebê-los.
Efetuado o preâmbulo das apresentações, começou o inquérito verbal, observado por dois escribas do Templo. Jacob, filho de Berseba, o chefe do trio, começou a interrogar:
– É verdade que Jesus, o Nazareno, ressuscitou?
– É verdade – confirmou Pedro, em voz firme.
– Quem testemunhou?
– Nós, que o vimos várias vezes, depois da morte.
– Podem provar?
– Sim. Com a nossa dignidade pessoal, na afirmação do que presenciamos.
– Isso não basta – falou rudemente Jacob, sob forte irritação. – Exigimos que o ressuscitado nos apareça.
Pedro sorriu e replicou:
– O inferior não pode determinar ao superior. Somos simples subordinados do Mestre, a serviço de sua infinita bondade.
– Mas não podem provar o fenômeno da ressurreição?
– A fé, a confiança, a certeza, são predicados intransferíveis da alma – aduziu o apóstolo, com humildade. – Somos trabalhadores terrestres e estamos longe de atingir o convívio dos anjos.
Entreolharam-se os três fariseus, com expressão de ira, e Jacob exclamou, trovejante:
– Que recurso nos sugere, então, miserável pescador? Como solucionar o problema que provocaram no espírito do povo?
Simão Pedro, dando mostras de grande tolerância evangélica, manteve imperturbável serenidade e respondeu:
– Apenas conheço um recurso: morram os senhores como o Mestre morreu e vão procurá-lo no outro mundo e ouvir-lhe as explicações. Não sei se possuem bastante dignidade espiritual para merecerem o encontro divino, mas, sem dúvida, é o único meio que posso sugerir.
Calaram-se os notáveis do Sinédrio, sob enorme estupefação. No silêncio da sala, começaram a ecoar os gemidos dos tuberculosos e loucos mantidos lá dentro. Alguém chamava Pedro, com angústia.
O amoroso pescador fitou sem medo os interlocutores e pediu:
– Deem-me licença. Tenho mais que fazer.
Voltou a comissão sem resultado algum, e a discussão continua há quase vinte séculos...

Do livro Lázaro Redivivo, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Página extraída do endereço:
https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/07/depois-da-ressurreicao-irmao-x-espirito.html

sexta-feira, 30 de março de 2018

Sintonia com o bem ou com o mal? Quem decide?


Sintonia com o bem ou com o mal? Quem decide?

Todo ser humano é uma antena de transmissão e captação de ondas mentais.  A sintonia é por conta de cada um consciente ou inconscientemente, desde o mais ignorante até o mais sábio. E toda sintonia tem consequências no indivíduo, compatíveis com os pensamentos cultivados.

Como antena que capta e que transmite ondas mentais é influenciado tanto como influencia, e em ambas as situações tem responsabilidade. É participante do que advier positiva ou negativamente, em qualquer circunstância, tendo mérito ou demérito. O que surgir de bom trará paz e felicidade, porque sintoniza com a Lei Natural, servindo de lastro para outras realizações nobres, tudo que desencadear o mal, exigirá reparo, o que corresponde a sofrimento, vez que é frustrante ter que trabalhar assustadoramente para corrigir o que não precisaria ter ocorrido.

O que não se pode esquecer é que as consequências são a favor ou desfavor de seres espirituais, pois que, cada ser humano é um espírito, tanto agora no corpo físico como posteriormente fora dele, vive-se os dois planos de vida ao mesmo tempo. Todos são seres universais.

Existe o medo de um tal de inferno, que por muito tempo subsistiu como sendo um local, mas, que como se fosse um espaço geográfico, sem coordenadas macrocósmicas que o localizasse, portanto, simbológico, mas, que ultimamente até mesmo as religiões tradicionais vêm dizendo que não é bem assim, este inferno não existe, o que não é mais que a constatação da verdade.

A Doutrina Espírita que teve seu início com a publicação de O Livro dos Espíritos em 18.04.1857, quando o codificador Allan Kardec veio apresentar ao Mundo novos elementos elucidadores para muitos conceitos antigos, que eram condizentes com a origem na obscuridade do entendimento, que serviram para a condução da alma humana no seu estágio evolutivo mais grosseiro.

O que se denomina inferno, deixou de ser um local possivelmente geográfico, cultivado nas mentes das gerações passadas, para agora se entender um estágio mental, uma condição temporária da alma em sofrimento, pelas sintonias negativas a que se vinculou, pelo pensar que originou as ações que culminaram em dificuldades dolorosas, em relação a si mesma ou a outrem. É sentimento de culpa, é o remorso, é a cobrança da própria consciência, que pede reparo. O que pode ocorrer na própria existência em que ocorreu ou quando não é possível em existência próxima – vez que Deus permite renascer para reparar o que não ficou resolvido e adquirir novas experiências, o que se denomina reencarnação, retornar à carne muitas vezes, em corpo novo, como criança, para esquecer-se o passado e construir um futuro melhor para a alma.

No entanto, entre uma vida no corpo físico e retorno numa nova vida existe a vivência no campo espiritual – denominada erraticidade – o que poderá ser de anos, décadas ou séculos, sendo essa necessidade específica de cada espírito. A qualidade de vida na erraticidade corresponde ao estado de consciência que o indivíduo leva da sua última existência, se era de perturbação continuará perturbado, se era feliz, permanecerá feliz.

A vida nessa fase espiritual, que é a vida normal de toda criatura humana, pois, o objetivo é que todos alcancem o estágio de desmaterialização – quando o indivíduo alcançou estágio muito elevado de Inteligência e moral, estando livre da necessidade da reencarnação, alcançando a escala de Espírito Puro. O exemplo grandioso é Jesus, o Cristo, que veio envergar um corpo físico para dar impulso à evolução da humanidade da Terra, e não por sua necessidade, foi uma missão Divina.

Nessa fase espiritual, a criatura também cresce em todos os sentidos, procura solução para os seus problemas de consciência, estuda desde as coisas básicas até as mais complexas, trabalha em seu favor e também dos outros -- inclusive dos seus amores que ficaram e ou reentraram na vida do corpo físico --, se especializa, encontra apoio para a superação de suas dificuldades.  No momento próprio, retornará à liça no mundo material num planejamento suficiente para sedimentar em si mesma os valores acolhidos no mundo espiritual, reparar na convivência com os credores do passado o que estava pendente diante da Lei Natural, pois ela está grafada na própria consciência, e ninguém se livrará dessa contingência se ela não for saldada junto a quem se deve ou através da caridade ("esta que cobre uma multidão de pecados", conforme ensina o apóstolo Pedro, 1-Pedro, 4-8), pois nem sempre será possível encontrar os nossos credores pelos caminhos do Mundo.

A sintonia com o bem ou com o mal é escolha pessoal, geralmente escolher o mal é buscar a satisfação da vaidade, do orgulho e do egoísmo pelo caminho mais imediato, mais fácil; a sintonia com o bem geralmente é penoso, exige renúncia e sacrifício dos próprios interesses.  O inferno é construção voluntária do mal que fere a própria consciência.

                                                             Dorival da Silva

quinta-feira, 2 de março de 2017

Caracteres do verdadeiro profeta

Caracteres do verdadeiro profeta

Desconfiai dos falsos profetas. É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los. Aqui tendes o que os assinala:

Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.

Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.

Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.

Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas as suas virtudes os que se dão como o Cristo? Essa a questão. Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai, ademais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos. Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos.
                                                                                                                   – Erasto. (Paris, 1862.)


Mensagem extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo XXI, item 9.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS FESTAS DE JUNHO


AS FESTAS DE JUNHO



Maria Helena Marcon




Com o mês de junho, chegam as comemorações festivas que envolvem, normalmente, Escolas, Clubes e, chegam, à conta de novidade, até as Casas Espíritas.



São as chamadas festas juninas, que iniciam no dia 13 de junho, dia de Antônio de Pádua, alcança o dia 24, festividade alusiva a João, o Batista e culmina a 29 do mesmo mês, com a festa a Pedro, o Apóstolo, em conformidade com o calendário católico.



Alerta-nos o Espírito André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, no opúsculo Conduta Espírita que ao espírita compete dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso, recordando ainda que o espírita não se prende a exterioridades.



Evocando, em rápido giro histórico, as origens das ditas festas, que têm no fogo o seu elemento mais representativo, vamos encontrá-las relacionadas às celebrações do solstício do verão na Europa e com os cultos devidos aos deuses da fecundação. Com ritos de fogo, comemorava-se a aproximação das colheitas, ao mesmo tempo em que se pedia aos deuses a proteção contra o demônio da peste, esterilidade e estiagem.



Todos os antigos povos da Terra celebravam, em meados de junho, os fogos em honra do Sol. Eram sempre dias festivos, quando os seres humanos cantavam hinos de louvor e faziam os seus pedidos. As pessoas jovens e crianças dançavam em volta das fogueiras, enquanto os mais velhos cantavam em coro canções de agradecimento.



Ainda não existiam os fogos de artifício mas as fogueiras representavam uma obrigação e tradição nas comemorações das festas juninas. Costumeiramente altas, elas serviam como termômetro para que os adivinhos pudessem dizer do tempo que faria durante o outono, a época das colheitas. Conforme a direção que o vento soprasse a fumaça das enormes fogueiras, o tempo futuro seria propício ou não para a boa colheita.


A Igreja, em determinado momento, decidiu por associar tais festejos aos seus feriados em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, passando a constarem do seu calendário.



No Brasil, as festividades juninas vieram juntamente com os portugueses e espanhóis católicos e sofreram influências também dos africanos, em especial dos moradores das Ilhas dos Açores, que incluíram muito de folclore nas comemorações religiosas de então.



Com as tradições europeias, as festas juninas assumiram algumas características próprias, no território nacional. Coincidentemente, nesta época do ano, as pinhas maduras dos pinheiros brasileiros deixam cair ao chão o pinhão, pronto para ser consumido. Isso foi aliado, ainda, à época da colheita da batata-doce, do milho e outros artigos que são consumidos ao redor das fogueiras.



O traje caipira e o casamento, tão comuns em qualquer festa junina, têm sua explicação. O primeiro, na tradição brasileira, copiando-se do caboclo o modo de vestir, andar e falar. Acrescentou-se a figura das sinhazinhas, numa rememoração aos dias das autênticas, que povoaram a História nacional, no auge dos engenhos e das fazendas, em dias não muito distantes.



A tradição do casamento vem de outros continentes, pois o mês de junho representava para os povos que emigraram para o nosso país, a abundância em época de início de colheita. Os pais podiam promover grandes festas nos casamentos, unindo os dois moços e homenageando, por sua vinculação ao Catolicismo, Santo Antônio, São João e São Pedro, com fogueiras, danças e outras características das festas juninas.



Entendendo que a Doutrina Espírita é eminentemente educativa e o templo Espírita é Escola de Espiritismo e é Hospital de Espíritos, tais comemorações não devem adentrar-lhe a intimidade.



Se o estudante comum tem compromissos com a Sociedade e o mestre-escola tem responsabilidade com as gerações que passam pelo seu gabinete, também o estudante espírita tem compromissos com o Mestre Divino, e o pregador tem deveres e responsabilidade com a alma dos alunos.



Negligenciar tais deveres é desrespeitar o salário da fé e paz interior que recebe para o honroso cumprimento das tarefas.

Por isso, honrar o templo espírita é preservar o Espiritismo contra os programas marginais, atraentes e aparentemente fraternistas, mas que nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos e siglas variadas.



Honremos, pois, o templo espírita, fazendo dele a nossa escola de aprendizagem e renovação, para que o Espiritismo se honre conosco, felicitando-nos a vida!







Bibliografia:

Franco, Divaldo Pereira. Crestomatia da Imortalidade. Por Espíritos diversos. Salvador: LEAL, cap. 21.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Há muita diferença e Muito se pedirá...


Há muita diferença


“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.” – (Atos, 3:6.)

É justo recomendar muito cuidado aos que se interessam pelas vantagens da política humana, reportando-se a Jesus e tentando explicar, pelo Evangelho, certos absurdos em matéria de teorias sociais.
Quase sempre, a lei humana se dirige ao governado, nesta fórmula: – “O que tens me pertence.”
O Cristianismo, porém, pela boca inspirada de Pedro, assevera aos ouvidos do próximo:
– “O que tenho, isso te dou.”
Já meditaste na grandeza do mundo, quando os homens estiverem resolvidos a dar do que possuem para o edifício da evolução universal?
Nos serviços da caridade comum, nas instituições de benemerência pública, raramente a criatura cede ao semelhante aquilo que lhe constitui propriedade intrínseca.
Para o serviço real do bem eterno, fiar-se-á alguém nas posses perecíveis da Terra, em caráter absoluto?
O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados do seu caminho, entretanto, não fixará em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, se as não realizou com o sentimento do amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legítima.
Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior.
Não olvides a palavra amorosa de Pedro e dá de ti mesmo, no esforço de salvação, porquanto quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio.
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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 106.
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Muito se pedirá àquele que muito recebeu

       “O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que dele queira o amo, será rudemente castigado. Mas aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado.”  (Lucas, 12:47 e 48.)

 Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado; contudo, além de o Evangelho, que os contém, achar-se espalhado somente no seio das seitas cristãs, mesmo dentro destas quantos há que não o leem, e, entre os que o leem, quantos os que o não compreendem! Resulta daí que as próprias palavras de Jesus são perdidas para a maioria dos homens.
O ensino dos Espíritos, reproduzindo essas máximas sob diferentes formas, desenvolvendo-as e comentando-as, para pô-las ao alcance de todos, tem isto de particular: não é circunscrito; todos, letrados ou iletrados, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, o podem receber, pois que os Espíritos se comunicam por toda parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância; não se pode desculpar nem com a falta de instrução, nem com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda mais censuráveis são, se persistem no mal, porque muitas vezes escrevem sua própria condenação e porque, se não os cegasse o orgulho, reconheceriam que a eles é que se dirigem os Espíritos. Todavia, em vez de tomarem para si as lições que escrevem, ou que leem escritas por outros, têm por única preocupação aplicá-las aos demais, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave que está no vosso.”  
Por esta sentença: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados”, quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje.
Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas também aos que houverem aproveitado, muito será dado.
O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos.
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Textos extraídos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XVIII – Muitos os chamados, pouco os escolhidos, itens 10 e 12.
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Reflexão:
       "Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior".  
           Nesse dizer de "Emmanuel" fica a síntese do registro evolutivo de cada um de nós. Ninguém pode ser àquilo que ainda não conquistou espiritualmente, o que se vê cotidianamente são mostras de como se pretende apresentar. É a hipocrisia. A personalidade que idealizamos para a conquista daquilo que atende às nossas ansiedades e interesses, muitas vezes desonestos.
             A figura maiúscula de Pedro exalta o que interessa ao "ser" imortal, dando de si as vibrações que exalavam de seu espírito para atender o vazio espiritual do pedinte, expressando excepcionalmente o ensinamento que perpetua, sem que a grande maioria dos que se dizem cristãos o compreende em profundidade -- "E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou."
              A necessidade maior do reencarnado está na sua alma, é a razão de estar vivendo num corpo físico, que necessita de muita assistência, a condição emocional de desiquilíbrio e a precariedade social são os resultados do que somos, considerando que percebemos apenas a parte aparente do "iceberg", caso tivéssemos consciência da integralidade certamente não nos suportaríamos.
              As carências da alma se preenchem com os recursos conquistados pela própria alma. O que é material por mais valor possa ter na ótica do mundo deve ser considerado apenas na condição de meio para a realização do bem. A realização que movimenta a intenção, as emoções, pede superação de dificuldades, apurando a capacidade de discernimento, a oportunidade de decidir e de avaliar se o que resulta é bom ou não para si e para outrem.  O bem ou mal são as consequências das iniciativas ou não.
            No Evangelho Segundo o Espiritismo apresenta análise do ensinamento de Jesus: "Muito se pedirá àquele que muito recebeu", o que é uma lógica límpida, é justiça Divina. Não há reparo! Não é possível que se permitisse que um mestre em matemática claudicasse em operações básicas, certamente se exigirá exatidão em matéria complexa compatível com a sua competência. Assim é na questão espiritual, a consciência não ficará satisfeita se não cumprirmos com os deveres que nos são próprios. Havendo descumprimento pela falta de compromisso, deslealdade, relaxamento, displicência e irresponsabilidade, tudo o que defluir em prejuízos sejam no campo material ou moral será exigido reparação, nesta vida ainda ou em outra, e as dificuldades serão correspondentes ao nosso estado de consciência. As dificuldades materiais ou emocionais são os desforços que fizemos para não fazer ou mal fazer o que tínhamos possibilidades de fazer bem, com resultados benfazejos proporcionadores de paz e felicidade.
           "O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos."  As verdades estão colocadas e não há possibilidade de retrocesso, o que a vida propõe é a plenitude, esta é a meta, o atraso na caminhada é por conta de cada indivíduo, chama-se indivíduo porque é um mundo próprio, é autônomo, no entanto, não conseguirá alcançar o objetivo se não souber estender os braços para servir e as emoções para consolar àqueles que ainda estão no esforço de superação de suas mazelas.
              A Doutrina Espírita contém os ensinamentos orientadores, como a trombeta que aponta a direção, ater-se a isso é escolher-se investindo no aprimoramento de si mesmo, multiplicando o número dos alçados no mundo dos escolhidos.
                                                   Dorival da Silva