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quarta-feira, 7 de março de 2012

20 ensinamentos sobre o Centro Espírita


LEONARDO MARMO MOREIRAleonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)

 

Leonardo Marmo Moreira
20 ensinamentos sobre o Centro Espírita 
O Centro Espírita é a sede principal do Movimento Espírita. Por sua vez, o Movimento Espírita é a manifestação social viva da busca fraterna de todos nós pela Doutrina Espírita. Apesar de o Movimento Espírita estar sujeito a falhas que não correspondem ao Espiritismo, é fundamental que todos os espíritas sinceros valorizem a tarefa da Casa Espírita, reconhecendo no Centro Espírita um núcleo onde a verdadeira “Comunhão Espiritual” pode acontecer através das inúmeras atividades da Instituição Espiritista. Para que nós, espíritas, possamos contribuir para o bom funcionamento e crescimento das tarefas do Centro Espírita, é fundamental que façamos algumas reflexões sobre importantes informações a respeito desse Lar de Jesus:
 
1)                “O Centro Espírita é a Universidade da Alma”. Essa frase atribuída ao Espírito do Doutor Bezerra de Menezes e estudada com grande eloquência por relevantes oradores espíritas, como J. Raul Teixeira, denota que a função primordial da Casa Espírita é a Educação. Entendamos que Educação, nesse contexto, é algo bastante amplo, em especial, ênfase sobre os valores ético-morais do indivíduo. De qualquer maneira, como diria o próprio Raul Teixeira, esse amplo trabalho educacional começa e termina com a tarefa de “ensinar Espiritismo!”.

2)                O Centro Espírita é a sede da “Maior Revolução da Humanidade”. Essa análise do Professor J. Herculano Pires reforça que a verdadeira revolução somente poderá ser obtida através da transformação espiritual do homem para melhor. É a chamada “Revolução silenciosa” ou “Revolução interna”. Sistematicamente ensinando o homem a viver melhor, o Centro Espírita interfere direta e indiretamente na sociedade, fomentando ideais superiores e noções espirituais da vida.

3)                O Centro Espírita é “Hospital, Escola e Oficina”. Essa reflexão, elaborada por alguns ilustres confrades, tais como Richard Simonetti, representa alguns papéis da Casa Espírita. De fato, um indivíduo pode chegar, em um primeiro momento, ao Centro Espírita, necessitado de amparo espiritual ou até mesmo físico-espiritual. Concomitantemente ao tratamento espiritual, começa a se instruir nessa escola bendita sobre questões complexas envolvendo o sentido mais profundo da vida física. E, eventual e livremente, pode decidir participar ativamente desse trabalho a fim de aprofundar e ampliar suas próprias conquistas, disponibilizando-as também a outros irmãos igualmente necessitados que adentrarem as portas do Centro Espírita. 
O Centro Espírita é instituição de acesso
totalmente gratuito
 
4)                “Onde houver dois ou mais reunidos em Meu Nome, aí Eu estarei.” - A Célebre frase de nosso Mestre Jesus demonstra que a instituição religiosa, seja ela de qual denominação for, só atingirá os objetivos maiores a que foi destinada pela Providência Divina se estiver profundamente vinculada com a fraternidade legítima. Somente indivíduos que vibrem valores elevados poderão fornecer a uma construção física os valores legítimos de um verdadeiro “Lar de Jesus”. O Centro Espírita, eliminando uma série de artifícios materiais e ilusórios para a manifestação da fé, tem grande potencial para a busca de uma verdadeira religiosidade. Entretanto, essas preliminares vantagens não garantem a qualidade espiritual do trabalho se o grupo reunido não estiver harmoniosamente conectado com um verdadeiro ideal de espiritualidade.

5)                O Centro Espírita deve manter equilíbrio entre os pilares científico, filosófico e religioso. De fato, a própria origem da expressão “Centro Espírita” é até hoje motivo de debates em relação ao seu surgimento histórico, sendo que muitos atribuem sua origem à atuação de Doutor Bezerra de Menezes e seu papel conciliador no movimento espírita brasileiro do fim do século XIX. Em um movimento dividido por visões doutrinárias distintas, a ideia de “Centro” sugeriria a busca sincera pela Verdade através de uma atitude de bom senso e de compreensão com aqueles que, eventualmente, possam ter um ponto de vista ou outro ligeiramente diferenciado da interpretação mais ortodoxa da Doutrina. Outrossim, a expressão reforça o meio-termo entre as tendências mais científicas e/ou mais filosóficas e/ou mais religiosas dos grupos espíritas. Buscando sempre respeitar as bases Kardequianas, a Casa Espírita deveria estar preparada para estudar a doutrina, estudando-se continuamente, a fim de que eventuais desvios do percurso mais coerente com Allan Kardec pudessem ser corrigidos pelos próprios confrades do núcleo em questão.

6)                “Dai de graça o que de graça recebestes.” - O Centro Espírita é instituição de acesso totalmente gratuito! Esse tópico, indiscutivelmente, é um dos pontos de honra da Casa Espírita. O desrespeito a esse Ensinamento, além de desvalorizar quaisquer atividades do ponto de vista moral, elimina delas o rótulo de “Espírita”. Além disso, os dirigentes devem evitar solicitar com frequência doações de caráter material durante as reuniões públicas para não constranger os frequentadores. Independentemente do nível econômico da assembleia reunida, não devemos fazer os adeptos sentirem-se pressionados a ajudar materialmente.

7)                Palestrantes devem assistir a palestras. O trabalhador espírita não se torna jamais um espírita profissional. Desta forma, devemos ter cuidado para não repetir na Casa Espírita os equívocos cometidos historicamente por outras denominações. Os palestrantes que assistem a palestras melhoram o seu próprio conteúdo doutrinário e favorecem uma troca sadia de informações que elevará o nível de todo o grupo espírita. Além disso, os trabalhadores devem buscar ser atuantes nas suas respectivas esferas de trabalho, tentando, sempre que possível, contribuir minimamente com as demais atividades do Centro Espírita. 
Unificação Espírita não significa Uniformização Espírita
 
8)                Todos os setores do Centro Espírita devem ser valorizados. Assim, devemos apoiar os diferentes tipos de reunião doutrinária, sabendo que todas são muito úteis do ponto de vista educacional para trabalhadores e frequentadores. Tanto palestras como grupos de estudos, por exemplo, atingem metas pedagógicas e espirituais amplas e valiosas, podendo enriquecer a encarnados e desencarnados. Assim, respeitando as características dos confrades de cada Casa Espírita e as eventuais limitações de cada trabalhador no que se refere a diversos fatores, como, por exemplo, a disponibilidade de tempo, todos os setores do Centro Espírita devem ser reconhecidos como altamente relevantes para atingirmos o objetivo final da Casa Espírita que é sempre o mesmo: Ensinar Espiritismo, melhorar a nós mesmos, auxiliar aos irmãos em suas necessidades, exercitando a fraternidade e a capacidade de trabalharmos em equipe.

9)                As reuniões mediúnicas são privativas. Sem tal critério, jamais o intercâmbio mediúnico adquirirá a qualidade necessária para um trabalho de maior valor espiritual. Ademais, riscos inerentes ao trabalho mediúnico serão potencializados e todos os envolvidos no projeto serão limitados em sua capacidade de ajudar e de serem ajudados.

10)            Os companheiros da Casa Espírita são membros da nossa família espiritual. A convivência no Centro Espírita é oportunidade de promover a verdadeira “Comunhão Espiritual”. Portanto, devemos considerar os confrades do Centro Espírita como verdadeiros membros da nossa família pessoal.

11)            Valorizar todas as chamadas “pequenas” tarefas. Diz-nos o Evangelho: “Se não podeis com as Coisas Mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?”. Sempre é importante lembrar que se o Centro Espírita está limpo é porque alguém limpou. Se as contas de água, luz e telefone são pagas é porque alguém tem contribuído para isso. Os espíritas mais conscientes devem solicitar pequenas responsabilidades desse teor para que os dirigentes da Casa possam sempre manter discrição sobre assuntos de manutenção material da casa, evitando erros grosseiros mantidos até hoje por outras denominações religiosas que mercantilizam as reuniões de ensino evangélico solicitando ajuda financeira.

12)            Se possível, preferir atendimentos de Passes após exposições evangélicas. Todo o intervalo de tempo que dura a sessão espírita torna a ação fluidoterápica muito mais eficiente, pois a condição vibracional de todos os presentes tende a estar em um patamar espiritual bem superior àquele do início da reunião. Além disso, quando os passes ocorrem durante a reunião, tanto os passistas como os assistentes que receberão os passes perdem, no mínimo parcialmente, o conteúdo explanado pelos expositores.

13)            “Unificação Espírita não significa Uniformização Espírita.” - Esta frase enunciada por Divaldo Pereira Franco é bastante significativa na nossa busca de harmonização no relacionamento entre confrades de uma determinada casa espírita e, até mesmo, entre os diferentes grupos espíritas. Assim, mesmo em casas que sejam igualmente respeitadoras dos postulados Kardequianos, é possível identificar algumas peculiaridades que não representam nenhuma diferença na essência do conteúdo ministrado e praticado por cada grupo espírita.

14)            Ter a consciência que realmente o Espiritismo começa com “O Livro dos Espíritos”, mas não termina com ele. Logo, o estudo de todas as obras Kardequianas, inclusive a Revista Espírita, bem como de diversas obras subsidiárias de elevado valor, favorecerá significativamente o crescimento em nosso conhecimento, enriquecendo as reuniões tanto para os encarnados como para os desencarnados.
Se houver demanda, apoiar iniciativas artísticas
no campo espírita

15)            Valorizar o trabalho na Casa Espírita como um serviço extraordinariamente relevante! Aqueles que sugerem o contrário, ou não são, de fato, espíritas propriamente considerados, ou podem estar sujeitos a influências espirituais negativas.

16)            Não permitir a ocorrência de bingos, bailes e outras atividades similares sob o patrocínio do Centro Espírita. Quando se tratar de eventos nas dependências da Casa Espírita ser ainda mais rigoroso para que a Casa de Jesus não possa vir a ser lenta e gradualmente desvirtuada de sua vibração superior e de suas finalidades precípuas. Tal negativa deve ser mantida mesmo que tais eventos estejam “amparados” sob o falso pretexto de que os recursos obtidos serão vertidos à caridade. Os fins não são justificados pelos meios e as atividades no ambiente espírita ou promovidas pelo Centro Espírita devem zelar pelo nome do Espiritismo bem como pelo Evangelho de Jesus. Não respaldar tais eventos é fundamental para não violentar as diretrizes evangélico-doutrinárias de todos os espíritas.

17)            Se houver demanda, apoiar iniciativas artísticas no campo espírita. Entretanto, tal aprovação somente deve ser fornecida se houver um elevado critério na seleção do roteiro das peças teatrais, nas letras das músicas consideradas espíritas etc. Não apoiar, todavia, ensaios e reuniões artísticas que substituam horários de reuniões doutrinárias, como, por exemplo, a reunião da mocidade espírita. Não devemos trocar o essencial pelo acessório.

18)            Evitar comentar ou sugerir a leitura de obras ditas espíritas ou não, mas de conteúdo duvidoso, que possam criar imagens e/ou diretrizes comportamentais equivocadas ou erros doutrinários na mentalidade dos assistentes. Lembrar sempre que cada indivíduo tem fragilidades espirituais específicas e todos nós, sobretudo trabalhando no meio espírita, temos grande responsabilidade em não alimentar distúrbios espirituais.

19)            Apoiar, sempre que possível, os trabalhos de casas espíritas que não frequentamos. Quanto mais evoluímos, mais trabalhamos por um número cada vez maior de criaturas, pois as nossas responsabilidades, estabelecidas em nossas consciências, passam a reconhecer um número muito maior de indivíduos como verdadeiros amigos e irmãos.

20)            Jamais distorcer a verdade doutrinária para justificar eventuais erros comportamentais individuais. Por outro lado, nunca usar de “desculpismos” de que somos inferiores para fugir da responsabilidade do trabalho doutrinário, reconhecendo que, quanto maior for a nossa queda moral, maior será a nossa necessidade de amparo doutrinário para que outras quedas não aconteçam novamente na presente reencarnação. Assim sendo, a vergonha relacionada à falha cometida pode ser uma provação incômoda, mas necessária, para que os confrades não nos considerem indivíduos desprovidos de grandes fragilidades espirituais e para que nós não nos envaideçamos na tarefa do bem que mal começamos a cultivar. Ademais, sempre reconhecer em Jesus e Allan Kardec nossos grandes Mestres e nos Mentores Espirituais os verdadeiros trabalhadores das tarefas que eventualmente sejam bem-sucedidas na seara espírita. Essa consciência é fundamental para os trabalhadores tanto nos projetos bem concluídos como nos objetivos que não puderam ser bem executados.


Texto extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessado no endereço:

Outros textos podem ser lidos no endereço: 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Para a mulher

Na dolorosa situação dos vossos tempos, observamos a mulher, de modo geral, indiferente aos seus deveres. As ilusões políticas, a concorrência profissional, os venenos filosóficos invadiram os lares.
São poucas as companheiras fiéis que se mantêm nos postos de serviço com Jesus, convictas da transitoriedade das posições humanas.
Quase sempre, o que se verifica é justamente o naufrágio de luminosas esperanças, que, a princípio, pareciam incorruptíveis e vigorosas. Semelhantes desastres são oriundos do esquecimento de que a nossa linha de frente, na batalha humana, é o lar, com todas as suas obrigações sacrificiais, compelindo as mães, as esposas, filhas e irmãs aos atos supremos da renunciação.
Nosso Mestre é Jesus. Nosso trabalho é a edificação para a vida eterna. É imprescindível não olvidar que os homens obedecerão, em todas as suas tarefas, ao imperativo do sentimento. Sem esse requisito, são muito raros os que triunfam. É necessário converter o nosso potencial de fé em fonte de auxílio. Nada conseguiremos no terreno das competições mesquinhas, mas sim na esfera da bondade e da cooperação espiritual.
Busquemos compreender, cada vez mais, o caráter transcendente de nossas obrigações. Quando nos referimos ao dever doméstico, claro que não aludimos à subserviência ou à escravidão. Referimo-nos à dignidade feminina com o Cristo para que todas nos tornemos devotadas cooperadoras de nossos irmãos. O mau feminismo é aquele que promete conquistas mentirosas, perdido em pregações brilhantes para esbarrar, mais tarde, em realidades dolorosas. Reconhecemos, porém, que o feminismo, esse que integra a mulher no conhecimento próprio, é o movimento de Jesus, em favor do lar, para o lar e dentro do lar.
Felizes sois, portanto, pela santidade de vosso ministério.
Unamos as mãos no trabalho redentor. Seja nossa casa o grande abrigo dos corações, onde todos temos uma tarefa sagrada a cumprir.
Deus no-la concedeu, atendendo-nos às aspirações mais elevadas e às súplicas mais sinceras. Cada obstáculo seja um motivo novo de vitória e cada pequena dor seja para nós uma joia do escrínio da eternidade.
Deixai que a tormenta do mundo, com suas velhas incompreensões, se atenue pelo Poder Divino. Não vos magoe os ouvidos o rumor das quedas exteriores. Continuai na casa do coração, certas de que Jesus estará conosco sempre que lhe soubermos preferir a companhia sacrossanta.
Eugênia Braga

Do livro Coletânea do Além, obra ditada por Espíritos Diversos, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Extraída da Revista Eletrônica “O Cosolador”-- Ano 5 - N° 207 - 1° de Maio de 2011 -- http://www.oconsolador.com.br/ano5/207/correiomediunico.html

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Calabouço dos Sentimentos

“Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e há mais segurança quanto à eficácia dos elementos que para eles entram. O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família.” O Livro dos Médiuns – cap. XXIX – item 335.


Contava-se na idade Média, em determinada região européia, que um suserano odiento tinha por vício separar homens apaixonados de suas mulheres amorosas, e deixá-los morrer em um calabouço, à míngua de água, pão e luz, para que pudesse amparar suas pobres viúvas solitárias e torná-las suas vassalas preferidas. Dizia-se que ele fez centenas de prisões, destruiu várias famílias e vivia refestelando-se na sexualidade e cortesias insaciáveis de suas companhias femininas.

Certo dia, no entanto, quando foi descoberta a trama, as mulheres revoltadas, informadas de que o suserano era o criminoso de seus esposos, em inteligente armadilha, trancafiaram também o senhor no calabouço. Entretanto, a partir daí passaram a viver de insatisfações e tristeza até a morte, porque sentiram-se presas de um passado infeliz que jamais lhes saía da memória, vivendo por entre o ódio, a insegurança e a saudade.

Conquanto dramática, é bem essa a história de quase todos nós em assuntos da vida sentimental: o narcisismo, a volúpia sexual, o egoísmo e o prazer gerando medo e frustração, culpa e mágoas, dilacerando corações e arruinando lares e sonhos.

Por completa insanidade da razão, em crises de paixões e libidinagem, bastas vezes espezinhamos o amor alheio em impiedosas atitudes de desrespeito, separando homens honrados de mulheres fiéis, em tramas passionais, desleais e injustas, para depois, bem depois, caindo em si no despertamento consciencial, verificamos os registros desditosos que instalamos no imo de nós próprios, em lances de sede de domínio e satisfação pessoal.

O suserano íntimo, no papel do egoísmo destruidor, é o condutor inconsciente e mantenedor dos calabouços de sofrimento, com o qual ferimos centenas ou milhares de almas nos desdobramentos das vidas sucessivas.

Por isso hoje muitos de nós purgamos a solidão reeducativa nos temas do amor, ainda que enleados em uniões esponsalícias ou afetivas.

Temos um “calabouço de sentimento” como aquisição consciencial de nossas decisões malsinadas em forma de graves lesões afetivas.

Sedentos por novas experiências nas vivências da afeição, renascemos presos aos calabouços provacionais da emoção, sem liberdade novamente para fazer o papel do suserano enlouquecido, conquanto ele ainda esteja, de alguma forma, mesmo aprisionado nas provas da inibição afetiva, querendo espezinhar e ferir, com extrema rebeldia aos novos quadros do hoje. A sua principal manifestação nesses casos é a doentia inveja e o profundo sentimento de abandono, inutilidade e insatisfação por que passam os que se encontram em tal teste corretivo, debandando para a depressão, a suscetibilidade. As neuroses de vários matizes, adiando ainda mais a edificação da felicidade pessoal pela fuga da autoeducação.

Eis bem o retrato dessa expiação dolorosa: a prisão subterrânea do medo e da insegurança encarcerando os sentimentos de amor e esperança, penalizando a criatura com a sede de afeto não correspondido e com a tristeza de viver sempre à espera de alguém que não sabe se existe ou dormita em algum lugar, à sua espera também, assim como ocorreu aos homens trancafiados pelo suserano. Doutras vezes são as vivências da sexualidade embaladas pela luxúria, dissociada da satisfação que, geralmente, termina em revolta, golpes de revide e autodesvalorização.

Os sonhos amorosos, as fantasias da união afetiva, o desejo do lar feliz estão por trás das grades limitadoras da paixão que não se consegue expressar, tornando-se “estranho amor emudecido”. Nessa prova as criaturas permanecem acorrentadas à inibição, baixa autoestima, insatisfação com a vida, afiveladas a profundos e dolorosos sentimentos, tais como medo de amar, dúvidas e receios sobre suas emoções, descrença na felicidade, desmerecimento a seus ideais de amor e no sucesso afetivo. Pelos “odores psíquicos” que emanam, atraem assim outras criaturas perturbadas ou perturbadoras, em ambos os planos de vida, com as quais tecem elos de frustração e mágoas, dilatando sua solidão e exaurindo-se energeticamente em obsessões “cumulativas” ou mesmo abrindo portas mentais para “vinganças cruentas” de credores de outras épocas.

A origem de semelhante aferição reeducativa, portanto, está no menosprezo e indiferença de outrora recheados dos requintes de falsas promessas aos corações que permitiram confiar em nossos votos de fidelidade e carinho, que foram completamente desonrados.

O afeto não correspondido e o receio de amar no hoje são amargas doses de medicação preventiva ante as feridas emocionais acrisoladas no “centro de força” cardíaco do corpo espiritual, junto às sensíveis “engrenagens” da vida afetiva – verdadeira cirurgia de extirpação nos domínios da vida sentimental em razão das matrizes pré-existênciais e reminiscências de outras reencanações.

Enclausurado em tal quadro, a criatura passa a viver por entre a desmotivação e a instabilidade nos deveres da rotina, carpindo uma “revolta muda” contra tudo e todos, estabelecendo constantes complicações nos relacionamentos e nas amizades, e, em chegando aos píncaros da resistência, se não se armou da profilaxia adequada, tomba nas neuroses fóbicas, nas alterações cíclicas de humor ou em psicoses graves.

Para a psiquiatria humana são esquizofrênicos irreversíveis, para a medicina do Espírito são doentes que precisam sair de si mesmos e aprender a dar sem ter, amar mesmo sem serem amados. Não logrando, poderão estar iniciando um ciclo provacional de longa duração.

Alma constrangida a sanções, será sempre muito suscetível de rancor com pequenas falhas alheias e com grade dificuldade ao perdão e ao autoperdão, necessitando de muito apoio e carinho para suportar o peso de seu próprio narcisismo e da dor que carregará até reeducar-se nos temas do Amor e do sexo.

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Amigos nas privações cármicas da afetividade:

O calabouço provacional de hoje quando bafejado pela luz do Espiritismo faculta ao “prisioneiro” o pão da misericórdia e a água da restauração, com os quais poderão as penas serem amenizadas e terem novas dimensões.

Se hoje encontras nas lutas da solidão reeducativa, não fujas de tua oportunidade.

Ainda que entre dores e problemas, assume tua prova e liquida teu débito.

Aceita o amargo remédio da solidão e da abstinência no aprendizado da “saturação emocional”.

Não obtendo apoio familiar e social ante as imposições de tuas “penas reencarnatórias”, procura no grupo doutrinário a integração com a família espiritual que te será arrimo e suporte para os instantes mais difíceis.

Aprende as lições do respeito e do dever nos assuntos do Amor, porque também na casa das orações e estudos espirituais depararás inúmeras vezes com corações que ser-te-ão “príncipes de encanto” aos teus sonhos de afeto, podendo converter-se em “suseranos da ilusão”, mas cuida-te para não decepcionares a outros e a ti mesmo.

Confidencia a quem tenha condições de amparar-te, isso trará alívio e será o embrião de uma relação valorosa no teu recomeço; estarás assim confiando em alguém, e confiar em alguém é refazer os caminhos da libertação de ti próprio.

Não esqueça nunca da prece na qual buscarás o acréscimo de forças que te falte.

Apoia-te nessa família pelos laços do coração e vai “compensando” teus afetos com o esforço de amar, independentemente de ser amado. Muitas vezes terás tendência a exigir essa correspondência, contudo, vigia teu suserano que ainda teima em reinar e dilapidar, tenha siso e lucidez, e analisa o mal que te faz essa postura.

Caminha, chora, desabafa e prossegue sem desistires nunca. Se hoje está difícil, amanhã, se decidires por enfrentar corajosamente, poderá ser menos penoso intimamente, mesmo que não tenha teus anseios atendidos como gostarias. Talvez nada fique como queiras, entretanto, nem sempre terá que ser sofrido, ou infeliz a tua experiência renovadora. Deus espera-nos para a alegria e o Amor e pode promover infinitas formas de conduzir-nos a isso pelas sendas de Sua Inesgotável Misericórdia.

Misericórdia, porém, não é dispensada apenas por pura bondade Paternal, porque a Justiça Divina conta com as conquistas de seus filhos nos rumos do autoaperfeiçoamento.

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Condutores e integrantes dos grupamentos espíritas:

Estejamos todos atentos a semelhantes gêneros provacionais como os que assinalamos.

Mesmo com a dramaticidade das palavras por nós escolhidas, ansiamos, sobretudo, em alertar sobre que tipos de assistência estamos sendo chamados no que tange à vida íntima de quantos têm batido às portas do centro espírita, compondo, muita vez, o quadro dos trabalhadores de nossos conjuntos de labor.

Em várias ocasiões temos ao nosso lado na faina doutrinária tais corações em semelhante sofrimento “purgatorial”, e carecemos de concepções mais intuitivas e de instrução mais lapidada para amealhar condições de orientação e apoio.

Jamais descuremos do amparo especializado da medicina humana, quando se fizer necessário.

Os avanços da psicoterapia com foco transpessoal, tomando por base o Espírito, é indicação para muitos deles.

Os serviços de promoção social e solidariedade são exercícios inevitáveis a esses “andarilhos emocionais” em busca de afeto e gratificação.

Providencia a desobsessão como medida extensiva de amparo aos vitimados na expiação além túmulo, jamais esquecendo que são eles os prisioneiros de outra época, trancafiados nos calabouços da decepção pelo doente encarnado que hoje pede socorro em tuas reuniões, amando-os muito como vítimas, e não verdugos inconsequentes.

Chama sempre a atenção do reeducando quanto à vivência das lições evangélicas, das virtudes, e agrega-o aos esclarecimentos libertadores da Boa Nova.

Acima de tudo construa essa relação de confiança e respeitabilidade com teu assistido de agora, concedendo-lhe, como maior bênção nesse tipo de testes, a crença de que alguém o ama e o quer bem, a despeito de sua autodesvaloriação.

Essa relação promissora é a revitalização da esperança e o estímulo para a continuidade que carece o prisioneiro dos calabouços afetivos.

Dá-lhe tudo que tens, assim como fez a viúva pobre do Evangelho, depositando nesse coração que esmola carinho e piedade a honra das atitudes nobres, ensejando-lhe uma mensagem, pelo exemplo, de que se pode amar sem possuir e gostar sem dominar, conclamando-o a comportamentos novos, íntegros moralmente.

Sê-lhes íntimo, mas ensina-lhes o limite. Sê-lhes afetuoso, mas ensina-lhes o amor fraternal.

Na condição de condutor de grupo ou integrante do mesmo, fazer-te um irmão muito disposto a aceitar, compreender e incentivar.

É tudo que eles precisam para continuar sua prova redentora em busca da quitação consciencial e de um pouco de paz e crença em um futuro menos sóbrio ante suas perspectivas, quase sempre, comprometidas pelas tenazes da amargura e do descrédito.

Ama-os, ama-os sempre e ensina-lhes a amar como devem, e permita-lhes sentir novamente, depois de séculos de secura no coração a importância de uma família espiritual e dos laços de confiança.

Médium: Wanderley S. de Oliveira, pelo espírito: ERMANCE DUFAUX, livro: Laços de Afeto, capítulo 23.