Mostrando postagens com marcador hospital. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador hospital. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS FESTAS DE JUNHO


AS FESTAS DE JUNHO



Maria Helena Marcon




Com o mês de junho, chegam as comemorações festivas que envolvem, normalmente, Escolas, Clubes e, chegam, à conta de novidade, até as Casas Espíritas.



São as chamadas festas juninas, que iniciam no dia 13 de junho, dia de Antônio de Pádua, alcança o dia 24, festividade alusiva a João, o Batista e culmina a 29 do mesmo mês, com a festa a Pedro, o Apóstolo, em conformidade com o calendário católico.



Alerta-nos o Espírito André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, no opúsculo Conduta Espírita que ao espírita compete dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso, recordando ainda que o espírita não se prende a exterioridades.



Evocando, em rápido giro histórico, as origens das ditas festas, que têm no fogo o seu elemento mais representativo, vamos encontrá-las relacionadas às celebrações do solstício do verão na Europa e com os cultos devidos aos deuses da fecundação. Com ritos de fogo, comemorava-se a aproximação das colheitas, ao mesmo tempo em que se pedia aos deuses a proteção contra o demônio da peste, esterilidade e estiagem.



Todos os antigos povos da Terra celebravam, em meados de junho, os fogos em honra do Sol. Eram sempre dias festivos, quando os seres humanos cantavam hinos de louvor e faziam os seus pedidos. As pessoas jovens e crianças dançavam em volta das fogueiras, enquanto os mais velhos cantavam em coro canções de agradecimento.



Ainda não existiam os fogos de artifício mas as fogueiras representavam uma obrigação e tradição nas comemorações das festas juninas. Costumeiramente altas, elas serviam como termômetro para que os adivinhos pudessem dizer do tempo que faria durante o outono, a época das colheitas. Conforme a direção que o vento soprasse a fumaça das enormes fogueiras, o tempo futuro seria propício ou não para a boa colheita.


A Igreja, em determinado momento, decidiu por associar tais festejos aos seus feriados em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, passando a constarem do seu calendário.



No Brasil, as festividades juninas vieram juntamente com os portugueses e espanhóis católicos e sofreram influências também dos africanos, em especial dos moradores das Ilhas dos Açores, que incluíram muito de folclore nas comemorações religiosas de então.



Com as tradições europeias, as festas juninas assumiram algumas características próprias, no território nacional. Coincidentemente, nesta época do ano, as pinhas maduras dos pinheiros brasileiros deixam cair ao chão o pinhão, pronto para ser consumido. Isso foi aliado, ainda, à época da colheita da batata-doce, do milho e outros artigos que são consumidos ao redor das fogueiras.



O traje caipira e o casamento, tão comuns em qualquer festa junina, têm sua explicação. O primeiro, na tradição brasileira, copiando-se do caboclo o modo de vestir, andar e falar. Acrescentou-se a figura das sinhazinhas, numa rememoração aos dias das autênticas, que povoaram a História nacional, no auge dos engenhos e das fazendas, em dias não muito distantes.



A tradição do casamento vem de outros continentes, pois o mês de junho representava para os povos que emigraram para o nosso país, a abundância em época de início de colheita. Os pais podiam promover grandes festas nos casamentos, unindo os dois moços e homenageando, por sua vinculação ao Catolicismo, Santo Antônio, São João e São Pedro, com fogueiras, danças e outras características das festas juninas.



Entendendo que a Doutrina Espírita é eminentemente educativa e o templo Espírita é Escola de Espiritismo e é Hospital de Espíritos, tais comemorações não devem adentrar-lhe a intimidade.



Se o estudante comum tem compromissos com a Sociedade e o mestre-escola tem responsabilidade com as gerações que passam pelo seu gabinete, também o estudante espírita tem compromissos com o Mestre Divino, e o pregador tem deveres e responsabilidade com a alma dos alunos.



Negligenciar tais deveres é desrespeitar o salário da fé e paz interior que recebe para o honroso cumprimento das tarefas.

Por isso, honrar o templo espírita é preservar o Espiritismo contra os programas marginais, atraentes e aparentemente fraternistas, mas que nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos e siglas variadas.



Honremos, pois, o templo espírita, fazendo dele a nossa escola de aprendizagem e renovação, para que o Espiritismo se honre conosco, felicitando-nos a vida!







Bibliografia:

Franco, Divaldo Pereira. Crestomatia da Imortalidade. Por Espíritos diversos. Salvador: LEAL, cap. 21.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário - 1ª parte

Especial Inglês Espanhol
Ano 9 - N° 437 -25 de Outubro de 2015
JOSÉ SOLA GOMES
josesolagomes@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

José Sola Gomes

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário
Ele viveu a filosofia e também a ciência, mas não se
esqueceu de praticar a caridade
Parte 1
 
Sinto-me prestigiado por uma oportunidade maravilhosa, entretanto, imerecida, pois terei que tecer alguns comentários a respeito de um missionário divino, pois o Espírito de Adolfo Bezerra de Menezes foi um missionário, conforme no-lo narra Humberto de Campos, em o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.
Nessa obra, Humberto de Campos, através das mãos de nosso inesquecível médium Francisco Cândido Xavier, nos informa que em uma reunião espiritual presidida pelo Anjo Ismael, este, após haver transmitido a todos sua palavra de paz e de amor encarecendo a importância de trabalharmos pela implantação do Evangelho de Jesus no país do Cruzeiro, lembrou que o Mestre dos Mestres houvera cumprido sua promessa quando nos afirmou que enviaria o Consolador, para permanecer eternamente conosco.
E, dirigindo-se a um dos discípulos de Jesus, que fazia parte da plêiade de Espíritos empenhados junto a Ismael no divino desejo de solidificar o Consolador prometido, que é o Espiritismo, incumbiu-o de reencarnar com a missão de unificar o movimento espírita no Brasil, pois as reuniões espíritas em seus primórdios não tinham ainda um roteiro de desenvolvimento, cada centro espírita tinha o seu método e cada um deles se julgava o portador da verdade, o que criava entre os espíritas a desunião e a adversidade.
Alguns de nós, espíritas, ainda servimos à causa, como um cumprimento do dever, uma necessidade de evoluir, tanto é assim que ainda sentimos a necessidade de tirar férias na realização do trabalho que desempenhamos na instituição espírita, alegando que estamos cansados, embora o trabalho que realizamos na casa espírita não nos deva cansar, visto que não é estressante, ou pelo menos não deveria ser. No meu entender, deveria ser algo que realizamos com prazer, não como uma obrigação.
Narra-nos Humberto de Campos que os olhos do discípulo, após haver sido incumbido da importante missão, derramaram lágrimas de gratidão a Deus e a Jesus, pela oportunidade bendita, que lhe foi outorgada por Ismael, de estar cooperando com a unificação do movimento espírita, o que deixa evidente que não entendeu o chamamento como uma imposição, mas como uma bênção, que é poder realizar algo a favor dos necessitados do espírito e da matéria, como veremos mais adiante. 
Em agosto de 1831 nascia Bezerra de Menezes 
Atento à lei de amor universal, esse discípulo de Ismael reencarnou no dia 29 de agosto de 1831, na pequenina Riacho do Sangue, no estado do Ceará, filho de Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e então tenente-coronel da Guarda Nacional, e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.
Antônio Bezerra era importante fazendeiro local que “nunca mediu sacrifícios, na hora de socorrer aqueles que lhe estendiam a mão”. Tanta generosidade acabou por levar sua fortuna material e, em determinado momento, a grandes dívidas, que atingiram níveis insuportáveis. 

Antônio foi então procurar cada um de seus credores, decidido a entregar seus bens para saldar as dívidas. Os credores, contudo, reuniram-se e decidiram que o coronel Bezerra continuaria com seus bens. Assinaram um documento que afirmava com força legal que o velho Bezerra poderia ficar com eles e “que gozasse deles e pagasse como e quando quisesse, que eles, credores, se sujeitariam aos prejuízos que pudessem ter”. O velho Bezerra, contudo, não aceitou tal decisão. Depois de muita discussão, resolveu que daquela data em diante seria simplesmente um administrador dos bens para seus credores. Passou a retirar apenas o extremamente necessário para o sustento da família e muita vez passou privações.
A essa altura, o menino Adolfo, último filho do casal, já estava terminando o então chamado curso preparatório. Os dois filhos mais velhos tinham-se formado em Direito e o terceiro ainda cursava o segundo ano na Faculdade de Direito de Olinda, Pernambuco. 

O pequeno Adolfo Bezerra de Menezes tinha sete anos de idade quando foi levado pela mãe para ser matriculado na escola pública da Vila do Frade. Em dez meses o menino aprendeu a ler, escrever e fazer contas simples. Quatro anos depois, quando o pai estava sendo alvo de perseguição política, a família mudou-se para o Rio Grande do Norte. O pequeno Adolfo “foi matriculado na aula pública de latinidade, que funcionava na Serra dos Martins e era dirigida por padres jesuítas” em Maioridade, hoje cidade de Imperatriz. Após dois anos, o rapaz tornou-se tão bom na matéria que chegou a substituir o professor. 

Aos 25 anos doutorou-se pela Faculdade de Medicina

Em 1846, o velho Bezerra voltou para a capital do Ceará, onde o pequeno Adolfo foi matriculado no Liceu, que era dirigido pelo seu irmão mais velho. Terminando seus estudos, mostrou a vontade de ser médico, e não advogado como os irmãos. Como não havia faculdade de medicina no Nordeste do país, o pai foi obrigado a mandá-lo para a então sede da Corte, a cidade do Rio de Janeiro. Contou-lhe então tudo que havia acontecido com os bens da família, explicando a pobreza por que passavam. Os parentes cotizaram-se e levantaram quatrocentos mil réis para pagar a viagem até o Rio. Foi assim que Adolfo Bezerra de Menezes pôde pegar o navio e chegar à então sede do Império.

O jovem Adolfo instalou-se em uma pensão, e foi com muita dificuldade que conseguiu alcançar o seu intento, porque sofreu muitas dificuldades para pagar seu alojamento e teve de prestar alguns serviços para conseguir manter o aluguel em dia. Entretanto manteve-se firme em seu propósito, continuou os estudos e conseguiu atingir seu propósito, realizando seu sonho de ser médico.
Aos vinte e dois anos, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Aos 25, no ano de 1856, doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.

Como não tinha dinheiro para montar um consultório, entrou em acordo com um colega de faculdade que possuía mais recursos e passou a dividir uma sala no centro comercial da cidade. Durante os meses em que o consultório ficou aberto, quase não houve pacientes. Mas a casa onde morava o médico Bezerra ficava repleta de doentes. Começou a atender os componentes da família e depois os amigos. Sua fama correu pelo bairro e, com isso, os clientes apareceram; mas ninguém pagava, pois eram todos gente pobre e o dinheiro nunca foi mencionado. 

Foi então que um amigo e médico militar, Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, chefe do corpo de saúde do Exército, resolveu contratá-lo como médico militar. Dr. Feliciano era chefe da clínica cirúrgica do Hospital da Misericórdia, hospital esse onde Dr. Bezerra tinha sido praticante e interno em 1852, quando ainda cursava o segundo ano de faculdade.

Como Dr. Bezerra via a função de um médico

Em 1856, o governo imperial fez a reforma do Corpo de Saúde do Exército e nomeou o Dr. Feliciano como cirurgião-mor. Ele, então, chamou Bezerra para ser seu assistente e foi assim que, com um emprego remunerado estável, começou o caminho do médico dos pobres. 

Adolfo Bezerra de Menezes continuava atendendo gratuitamente aqueles que não podiam pagar. Sua fama continuava a se espalhar e o consultório do centro da cidade começou a ficar movimentado e frequentado por clientes que pagavam. O dinheiro que recebia no consultório era gasto com seus pobres em remédios, roupas e também, muitas vezes,  auxílio em dinheiro. 

O médico dos pobres tinha a função de médico no mais elevado conceito. Dizia ele:

"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida”.

Com a vida mais organizada, resolveu casar-se. Ele encontrara seu amor na pessoa de D. Maria Cândida Lacerda e casaram-se em 6 de novembro de 1858. Nessa época, Dr. Bezerra tinha uma posição social estável: além de médico, era jornalista e escrevia para os principais jornais da cidade; e no meio militar era muito respeitado.

Não demorou muito até que lhe oferecessem um lugar na chapa de um partido para as eleições do Poder Legislativo. 

Por que Dr. Bezerra renunciou à carreira militar

D. Maria, sua esposa, foi uma das maiores incentivadoras da candidatura de Bezerra de Menezes. Os habitantes de São Cristóvão, bairro onde morava e clinicava, também queriam tê-lo como representante na Câmara Municipal. Foi então assim que em 1860 Dr. Bezerra se elegeu por um grupo de São Cristóvão. Surgiu na ocasião uma tentativa de impugnar seu diploma sob o pretexto de que um militar não podia ser eleito. Bezerra teve então de escolher entre a carreira militar e a política. Seguindo os conselhos da esposa, renunciou à patente militar e abraçou a vida política de vez. 

O destino, porém, reservava-lhe uma difícil provação para o ano de 1863. Depois de uma doença rápida e repentina, sua esposa desencarnou em menos de vinte dias, deixando o marido com dois filhos: um com três anos e outro com um ano de idade.

O golpe da viuvez inesperada moveu os sentimentos religiosos que a dor sempre traz à tona. Em busca de consolação, Dr. Bezerra passou a ler a Bíblia com frequência. Verificava a expansão vertical que a dor oferece às almas dos que sofrem, ligando-os a Deus.

Nessa época, o Espiritismo estava se expandindo no mundo. Em 1869 desencarnara Allan Kardec em Paris, deixando consolidada para a humanidade a codificação espírita. As ideias de Kardec eram revolucionárias e atraíam a atenção dos investigadores e cientistas em todos os recantos do mundo. Desencarnado o Codificador, restava a obra, a arregimentar novos espíritas. 

No Brasil, principalmente na Capital, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, as influências europeias eram muito grandes. A homeopatia popularizava-se aos poucos, principalmente nos meios espíritas, e teve como um dos seus primeiros experimentadores o baluarte da República José Bonifácio de Andrada e Silva, que se correspondia com Hahnemann, o criador da Homeopatia. Como médico, as discussões sobre a terapêutica homeopática também interessaram ao Dr. Bezerra de Menezes e notícias de curas creditadas a essa terapêutica chegaram a seus ouvidos. 

O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos".

Como Dr. Bezerra conheceu a doutrina espírita

Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres:

"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no ‘O Livro dos Espíritos’. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".

O Espiritismo difundia-se, ajudado em muito pelas práticas dos médicos homeopatas e espíritas, que passaram a prestar a caridade também através de sua mediunidade. Um desses médicos era João Gonçalves do Nascimento e muitos colegas de Bezerra de Menezes falavam das curas realizadas através desse médium. E tanto falaram que um dia Bezerra resolveu pedir-lhe uma receita enviando um pedaço de papel que dizia apenas: “Adolfo, tantos anos, residente na Tijuca”. Não demorou e ele recebeu uma resposta com o diagnóstico correto de seu problema de estômago. 

Dr. Bezerra f
icou tão impressionado com a exatidão de seu diagnóstico, que resolveu pedir receitas também para pessoas que apresentavam problemas psíquicos – a loucura foi uma das áreas que Dr. Bezerra mais estudou.

Acompanhou o desenvolvimento do tratamento em seus pacientes e, depois de simplesmente assistir aos trabalhos desobsessivos, resolveu participar ativamente desse tipo de tratamento. Na visão da Doutrina Espírita, os portadores de doenças psíquicas são pessoas que podem apresentar problemas mentais devido às causas biológicas detectáveis pela ciência humana e também devido à influência de Espíritos desencarnados, também doentes. 
(Este artigo será concluído na próxima edição desta revista.)

Página colhida da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/437/especial.html

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Os seis estágios da morte e a vida no mundo espiritual


LEONARDO MARMO MOREIRAleonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)








Os seis estágios da morte e a vida no mundo espiritual
A duração destas fases é extremamente variável, sendo que algumas delas podem ser drasticamente reduzidas
ou mesmo suprimidas

Os estágios básicos enfrentados pelo Espírito desencarnante podem ser divididos em seis fases/situações fundamentais: A Morte propriamente dita; A Desencarnação; O Socorro Espiritual; A adaptação ao Mundo Espiritual; As Realizações; e A preparação para a Nova Reencarnação.
A morte consiste na falência biológica do organismo que permite a vida material do Espírito, ou seja, é a interrupção da vigência das condições mínimas exigidas para que o corpo físico desenvolva suas manifestações fisiológicas imprescindíveis à manifestação da vida.
A morte do corpo físico pode ocorrer de forma brusca, quando um acidente físico interrompe a vida orgânica de um indivíduo minimamente saudável, ou de forma lenta e gradual, quando a velhice ou determinada doença vão desgastando, passo a passo, a vitalidade do organismo. Nestes casos, sobretudo quando é dito popularmente que o indivíduo “morreu de velhice” ou simplesmente “morreu de velho”, podemos inferir que ocorreu um esgotamento total do fluido vital que é uma espécie de combustível da vida física. Além disso, o fluido vital tem participação fundamental na constituição do chamado “cordão de prata” ou “cordão prateado”, que é o liame que une o perispírito ao corpo físico desde o momento da concepção até a desencarnação.
Apesar de utilizarmos frequentemente como sinônimos os termos morte e desencarnação, a rigor, estes seriam fenômenos distintos. De fato, em nosso nível evolutivo, é rara a coincidência temporal das durações de ambos os processos. Para Espíritos que, como nós que moramos na Terra, habitam planos de Provas e Expiações, é muito mais frequente o processo de morte propriamente dita ser concluído muito antes da chamada desencarnação.
A desencarnação seria a desvinculação de quaisquer elos entre o perispírito e o corpo físico. André Luiz e Irmão Jacob discorrem com profundidade sobre o tema em suas obras “Obreiros da Vida Eterna” e “Voltei”, respectivamente. Irmão Jacob chega a afirmar que quando foi “cortado” o chamado “cordão prateado” entre o cadáver e seu perispírito durante o seu velório, o impacto que ele sentiu foi tão intenso que ele achou que “estava morrendo por segunda vez”. Vale adir que, segundo Irmão Jacob (pseudônimo do ex-presidente da Federação Espírita Brasileira, Frederico Figner), após esse processo de rompimento do “cordão prateado”, a deterioração do cadáver se acentuou significativamente.
A passagem depuradora pelo Umbral tem relação com o nível de materialidade excessiva de nosso perispírito
Em casos de suicídios diretos e indiretos, esse processo é bem mais lento, pois, além de ser um atentado grave frente às Leis de Deus, o desencarnante ainda possui excesso de fluido vital, uma vez que está “morrendo” muito antes do previsto. Essa abundância de fluido vital (também conhecido como “ectoplasma”, quando exteriorizado e/ou materializado) fortalece a intensidade de interação entre perispírito e corpo físico, deixando o perispírito ou corpo espiritual excessivamente “materializado”, e dificultando demasiadamente o processo de libertação do Espírito em relação ao cadáver. A diminuição de fluido vital explica, de certa forma, fenômenos comuns a doentes terminais que, apesar de nunca terem sido médiuns ostensivos durante toda sua vida física, começam a ter sonhos verdadeiramente espirituais, vidências claras, intuições mais concretas. Além da proteção espiritual preparatória para a morte, a maior liberdade em termos de desdobramento perispiritual, em função do desligamento lento e gradual do doente, ocorre devido à menor intensidade de interação perispírito/corpo físico associada ao esgotamento dos órgãos fisiológicos e à escassez de fluido vital. Esses processos podem ocorrer com elevada ostensividade no leito de morte, quando, apesar de ainda encarnado, o Espírito desencarnante acentua sua percepção espiritual. André Luiz comenta sobre esse assunto em um capítulo intitulado “Mediunidade no Leito de Morte”, da obra “Nos Domínios da Mediunidade”. Além disso, vários casos de “Experiência de Quase-Morte (EQM)” relatados por médicos e profissionais da área de saúde totalmente desvinculados do Espiritismo têm corroborado as análises espíritas a respeito destes fenômenos de desenlace quase total do Espírito encarnado.
A própria passagem depuradora pelo Umbral, necessária para muitos de nós, tem relação com o nível de materialidade excessiva de nosso perispírito, em função de excesso de foco mental em questões puramente materiais que muitos indivíduos mantêm durante suas existências materiais. Tal vício mental, associado a outros estados doentios da alma como consciência de culpa, medo, ódio, ressentimento, apego à matéria, entre outros, aumenta o nível de materialidade do perispírito, tornando-o mais “denso”, mais “grosseiro”, deixando-o, por consequência, mais próximo ao corpo material em suas necessidades e manifestações. Em função da afinidade espiritual que define as barreiras vibratórias do mundo espiritual, Espíritos de evolução semelhante acabam habitando as mesmas regiões ou regiões de nível espiritual semelhante.
O socorro ou o resgate espiritual pode simultaneamente acontecer nos processos de morte e desencarnação
Quanto mais materializado for o perispírito, mais complexo, demorado e sofrido tende a ser a elevação de padrão vibratório do Espírito recém-desencarnado. Consequentemente, mais tardia tende a ser a saída desse Espírito de um estado de perturbação espiritual ociosa e contraproducente em uma região umbralina em direção a uma região de trabalho efetivo no bem, como é o caso das colônias espirituais como Nosso Lar, Campo da Paz, entre outras. Essa etapa é conhecida como “socorro ou regaste espiritual”.
Esse “socorro ou resgate espiritual” pode acontecer simultaneamente aos processos de morte e desencarnação, mas essa é uma situação comum a Espíritos que retornam ao Mundo dos Espíritos em boas condições espirituais, o que, infelizmente em nosso mundo, ainda corresponde à minoria das criaturas. Esse socorro espiritual, com posterior encaminhamento para regiões onde o bem é o comportamento predominante, livraria o desencarnante de um maior período depurativo em regiões de sofrimento.
Apesar da ajuda espiritual constante que sempre recebemos em quaisquer situações, o “socorro espiritual” somente será efetivamente providenciado e sentido pelo Espírito recém-desencarnado quando ele ascender minimamente do ponto de vista espiritual para ter condições de ser recebido em uma região espiritual de trabalho ativo no campo do bem. Esse tipo de cuidado evita que o Espírito desencarnante seja motivo de problemas para os trabalhadores espirituais e atrapalhe suas funções nas inúmeras tarefas a que se dedicam. Por outro lado, a inserção em uma colônia de um Espírito que ainda se encontra em uma atitude rebelde não será produtiva para esse próprio Espírito, pois ele não dará o devido valor à sua nova condição, uma vez que nem começou a reflexionar sobre os motivos que o teriam levado a uma situação de sofrimento após sua desencarnação.
Obviamente, a eventual passagem pelo Umbral também gera intenso temor. Esse medo costuma ser mais pronunciado em adeptos de religiões ortodoxas que pregam que as referidas regiões de sofrimento no além-túmulo, conhecidas pelo vulgo genericamente como “inferno”, estariam associadas a uma condenação eterna.
Subsequentemente, o desencarnante iniciaria a quarta etapa, que seria um processo mais amplo de adaptação ao mundo espiritual, no qual as evoluções moral e intelectual, com especial destaque para a bondade e o conhecimento associado às questões relacionadas à espiritualidade, seriam fundamentais para o recém-chegado à Erraticidade.
O ser desencarnado compreende cada vez mais que colherá o que plantou na última encarnação
Neste estágio, o Espírito começa a trabalhar e estudar com afinco e dedicação, procurando analisar, concomitantemente, os objetivos mais profundos da vida e, principalmente, sua atual condição espiritual. É uma fase importante, pois além de aprender sobre o mundo espiritual e conhecer mais sobre as leis da vida, analisa sua encarnação passada, identificando pontos positivos e negativos da sua trajetória, analisando tarefas desenvolvidas e trabalhos negligenciados. Vale destacar que, além da avaliação das tarefas desenvolvidas, é uma fase em que o processo de autoconhecimento, muitas vezes através de criteriosa autocrítica, surge ou aprofunda-se, pois a Lei de Deus, que está escrita na consciência da criatura, eclode ainda mais concreta e lúcida do que no momento que envolve a desencarnação. Normalmente, essa fase também está associada aos primeiros contatos com entes queridos no mundo espiritual, mas essa oportunidade está sujeita a uma série de variações, dependendo de uma gama de contingências espirituais dos Espíritos envolvidos nesse eventual reencontro.
A quinta fase seria uma etapa extremamente interessante, pois corresponde à vida Espiritual do Ser desencarnado perfeitamente adaptado à sua nova condição. Consciente do seu nível espiritual, incluindo falhas e conquistas, bem como ciente de dívidas espirituais e muitas vezes das condições espirituais de seres queridos. Esse Espírito passa a trabalhar com dedicação, muitas vezes tendo objetivos a curto, médio e longo prazo, envolvendo realizações no bem, conquistas espirituais, reencontros desejados com seres que permanecem encarnados, entre outros. Essa fase pode ser curta ou relativamente longa, dependendo de diversos fatores. De qualquer maneira, o ser desencarnado compreende cada vez mais que colherá o que plantou na última encarnação ou que esteja plantando no mundo espiritual e, se minimamente maduro e consciente, acentua o esforço e o aproveitamento do tempo para cada vez mais realizar, aprender e ajudar, visando aos desafios do futuro. 
Vale lembrar que André Luiz descreve atividades extraordinárias desenvolvidas por seis ministérios em Nosso Lar: Regeneração, Auxílio, Comunicação, Esclarecimento, Elevação e União Divina. Os quatro primeiros estariam mais vinculados à inter-relação entre Nosso Lar e a Esfera física da Crosta Terrena e os dois últimos conectariam mais efetivamente Nosso Lar a esferas espirituais superiores.
André Luiz disse ter tido uma morte difícil e sofrida em um hospital, tendo passado mais de 8 anos no umbral
A sexta e última fase seria a preparação para a reencarnação. Essa fase que em significativa parte coexiste com a quinta fase, começa a ganhar contornos mais definidos quando os projetos começam a ser delineados mais concretamente. De fato, na quinta fase, em que pese a consciência de que deverá reencarnar no futuro, essa preocupação ainda não é prioritária, pois o mundo espiritual reserva muitos trabalhos, estudos e oportunidades de crescimento. Quando os projetos da nova experiência carnal passam a ser efetivamente planejados, o regime de urgência na preparação para a próxima experiência física começa a coexistir com as tarefas próprias à vida espiritual.
Em função muito provavelmente dos nossos ancestrais medos de morrer fisicamente e de ir para o “inferno”, sempre nos preocupamos mais com as 3 primeiras etapas (Morte, desencarnação e socorro espiritual). De fato, mesmo a preocupação com o chamado socorro espiritual não é tão difundida, pois depende de um nível de informação a respeito da vida após a morte que poucos indivíduos em nossa sociedade detêm. Nós sempre nos preocupamos mais em ter uma “boa morte”, de preferência sem dor e com rápido socorro espiritual, do que realmente com a nossa futura condição espiritual real. André Luiz, por exemplo, teve uma morte difícil e sofrida em um hospital, tendo passado mais de 8 anos no umbral. Entretanto, ainda assim, após sua fase de adaptação à colônia espiritual Nosso Lar, apresentou extraordinário amadurecimento espiritual, tendo sido escolhido em função de suas conquistas para a grande missão de se tornar uma espécie de “repórter do mundo espiritual”, desvelando-nos grandes realidades e permitindo a todos nós espíritas um aprofundamento nos ensinos da Codificação, a nós deixados por Allan Kardec. Portanto, apesar de não ter tido excelentes morte e desencarnação, André Luiz tinha uma notável bagagem espiritual, as quais catalisadas por seu esforço e disciplina espiritual permitiram que o nobre autor espiritual proporcionasse uma obra de relevância ímpar para o avanço espiritual do planeta Terra.
Muitas vezes também nos preocupamos com o nível evolutivo da colônia espiritual em que seremos socorridos, o que também não deixa de ser algo secundário, pois, apesar de certo nivelamento, essa homogeneização não é absoluta, implicando que Espíritos de evoluções bem diferenciadas podem habitar uma mesma colônia espiritual, sobretudo nas mais populosas.
O intervalo entre encarnações é um período significativo que pode melhorar as condições futuras da pessoa
É comum Espíritos verdadeiramente missionários como Veneranda (conforme narrado em Nosso Lar) e Bezerra de Menezes abdicarem de habitar esferas superiores para auxiliar-nos em nosso processo evolutivo em nome da prática autêntica do Amor e da Fraternidade. Irmão Jacob, autor da extraordinária obra “Voltei”, é um exemplo de um Espírito que realizou muito enquanto encarnado, fazendo jus ao que poderíamos classificar de uma “ótima morte”, uma vez que foi digno de ser socorrido espiritualmente por uma equipe espiritual liderada pelo próprio Dr. Adolfo Bezerra de Menezes. Esse socorro aconteceu durante o processo de morte e desencarnação, minimizando grandemente a perturbação inerente à grande transição, pois foram imediatamente sucedidas pela entrada de Irmão Jacob em uma elevada colônia espiritual. No entanto, o nobre trabalhador espírita percebeu, após determinado tempo de adaptação no mundo espiritual, que não tinha as condições de elevação espiritual que, a priori, supusera deter, mesmo tendo sido merecedor de toda assistência desencarnatória, bem como da inserção na referida colônia espiritual.
É importante frisar que a duração destas fases é extremamente variável, sendo que algumas delas podem ser drasticamente reduzidas ou mesmo ser praticamente suprimidas dependendo da evolução espiritual de cada ser. A título de ilustração, podemos citar o pai de André Luiz que, em função de suas dificuldades espirituais, saiu literalmente do umbral para o procedimento reencarnatório. Portanto, as fases de socorro espiritual e de preparação para a reencarnação se sobrepuseram, havendo uma supressão praticamente total das fases de adaptação ao mundo espiritual e de realizações.
De qualquer maneira, em ocorrências mais gerais e frequentes, as seis etapas são observadas para um grande número de Espíritos. Realmente, o período de permanência no mundo espiritual para a maioria dos Espíritos que habitam atualmente a Terra costuma ser superior ao tempo médio em que permanecemos encarnados na crosta. Assim sendo, o intervalo entre encarnações é um período significativo, o qual, se realmente bem aproveitado, pode melhorar muito as condições do indivíduo em sua próxima experiência reencarnatória.
A nós encarnados resta realizar mais e melhor no campo dos deveres materiais e espirituais, estudando cada vez com mais dedicação a Doutrina Espírita, para termos o mérito moral e o conhecimento intelectual sobre a vida espiritual, os quais tornarão nosso futuro período na Erraticidade uma fase de paz, trabalho no bem e realizações plenificadoras, desde o primeiro momento, isto é, o momento da morte física.
 
Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador" que pode ser acessada através do endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano4/189/especial.html

quarta-feira, 7 de março de 2012

20 ensinamentos sobre o Centro Espírita


LEONARDO MARMO MOREIRAleonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)

 

Leonardo Marmo Moreira
20 ensinamentos sobre o Centro Espírita 
O Centro Espírita é a sede principal do Movimento Espírita. Por sua vez, o Movimento Espírita é a manifestação social viva da busca fraterna de todos nós pela Doutrina Espírita. Apesar de o Movimento Espírita estar sujeito a falhas que não correspondem ao Espiritismo, é fundamental que todos os espíritas sinceros valorizem a tarefa da Casa Espírita, reconhecendo no Centro Espírita um núcleo onde a verdadeira “Comunhão Espiritual” pode acontecer através das inúmeras atividades da Instituição Espiritista. Para que nós, espíritas, possamos contribuir para o bom funcionamento e crescimento das tarefas do Centro Espírita, é fundamental que façamos algumas reflexões sobre importantes informações a respeito desse Lar de Jesus:
 
1)                “O Centro Espírita é a Universidade da Alma”. Essa frase atribuída ao Espírito do Doutor Bezerra de Menezes e estudada com grande eloquência por relevantes oradores espíritas, como J. Raul Teixeira, denota que a função primordial da Casa Espírita é a Educação. Entendamos que Educação, nesse contexto, é algo bastante amplo, em especial, ênfase sobre os valores ético-morais do indivíduo. De qualquer maneira, como diria o próprio Raul Teixeira, esse amplo trabalho educacional começa e termina com a tarefa de “ensinar Espiritismo!”.

2)                O Centro Espírita é a sede da “Maior Revolução da Humanidade”. Essa análise do Professor J. Herculano Pires reforça que a verdadeira revolução somente poderá ser obtida através da transformação espiritual do homem para melhor. É a chamada “Revolução silenciosa” ou “Revolução interna”. Sistematicamente ensinando o homem a viver melhor, o Centro Espírita interfere direta e indiretamente na sociedade, fomentando ideais superiores e noções espirituais da vida.

3)                O Centro Espírita é “Hospital, Escola e Oficina”. Essa reflexão, elaborada por alguns ilustres confrades, tais como Richard Simonetti, representa alguns papéis da Casa Espírita. De fato, um indivíduo pode chegar, em um primeiro momento, ao Centro Espírita, necessitado de amparo espiritual ou até mesmo físico-espiritual. Concomitantemente ao tratamento espiritual, começa a se instruir nessa escola bendita sobre questões complexas envolvendo o sentido mais profundo da vida física. E, eventual e livremente, pode decidir participar ativamente desse trabalho a fim de aprofundar e ampliar suas próprias conquistas, disponibilizando-as também a outros irmãos igualmente necessitados que adentrarem as portas do Centro Espírita. 
O Centro Espírita é instituição de acesso
totalmente gratuito
 
4)                “Onde houver dois ou mais reunidos em Meu Nome, aí Eu estarei.” - A Célebre frase de nosso Mestre Jesus demonstra que a instituição religiosa, seja ela de qual denominação for, só atingirá os objetivos maiores a que foi destinada pela Providência Divina se estiver profundamente vinculada com a fraternidade legítima. Somente indivíduos que vibrem valores elevados poderão fornecer a uma construção física os valores legítimos de um verdadeiro “Lar de Jesus”. O Centro Espírita, eliminando uma série de artifícios materiais e ilusórios para a manifestação da fé, tem grande potencial para a busca de uma verdadeira religiosidade. Entretanto, essas preliminares vantagens não garantem a qualidade espiritual do trabalho se o grupo reunido não estiver harmoniosamente conectado com um verdadeiro ideal de espiritualidade.

5)                O Centro Espírita deve manter equilíbrio entre os pilares científico, filosófico e religioso. De fato, a própria origem da expressão “Centro Espírita” é até hoje motivo de debates em relação ao seu surgimento histórico, sendo que muitos atribuem sua origem à atuação de Doutor Bezerra de Menezes e seu papel conciliador no movimento espírita brasileiro do fim do século XIX. Em um movimento dividido por visões doutrinárias distintas, a ideia de “Centro” sugeriria a busca sincera pela Verdade através de uma atitude de bom senso e de compreensão com aqueles que, eventualmente, possam ter um ponto de vista ou outro ligeiramente diferenciado da interpretação mais ortodoxa da Doutrina. Outrossim, a expressão reforça o meio-termo entre as tendências mais científicas e/ou mais filosóficas e/ou mais religiosas dos grupos espíritas. Buscando sempre respeitar as bases Kardequianas, a Casa Espírita deveria estar preparada para estudar a doutrina, estudando-se continuamente, a fim de que eventuais desvios do percurso mais coerente com Allan Kardec pudessem ser corrigidos pelos próprios confrades do núcleo em questão.

6)                “Dai de graça o que de graça recebestes.” - O Centro Espírita é instituição de acesso totalmente gratuito! Esse tópico, indiscutivelmente, é um dos pontos de honra da Casa Espírita. O desrespeito a esse Ensinamento, além de desvalorizar quaisquer atividades do ponto de vista moral, elimina delas o rótulo de “Espírita”. Além disso, os dirigentes devem evitar solicitar com frequência doações de caráter material durante as reuniões públicas para não constranger os frequentadores. Independentemente do nível econômico da assembleia reunida, não devemos fazer os adeptos sentirem-se pressionados a ajudar materialmente.

7)                Palestrantes devem assistir a palestras. O trabalhador espírita não se torna jamais um espírita profissional. Desta forma, devemos ter cuidado para não repetir na Casa Espírita os equívocos cometidos historicamente por outras denominações. Os palestrantes que assistem a palestras melhoram o seu próprio conteúdo doutrinário e favorecem uma troca sadia de informações que elevará o nível de todo o grupo espírita. Além disso, os trabalhadores devem buscar ser atuantes nas suas respectivas esferas de trabalho, tentando, sempre que possível, contribuir minimamente com as demais atividades do Centro Espírita. 
Unificação Espírita não significa Uniformização Espírita
 
8)                Todos os setores do Centro Espírita devem ser valorizados. Assim, devemos apoiar os diferentes tipos de reunião doutrinária, sabendo que todas são muito úteis do ponto de vista educacional para trabalhadores e frequentadores. Tanto palestras como grupos de estudos, por exemplo, atingem metas pedagógicas e espirituais amplas e valiosas, podendo enriquecer a encarnados e desencarnados. Assim, respeitando as características dos confrades de cada Casa Espírita e as eventuais limitações de cada trabalhador no que se refere a diversos fatores, como, por exemplo, a disponibilidade de tempo, todos os setores do Centro Espírita devem ser reconhecidos como altamente relevantes para atingirmos o objetivo final da Casa Espírita que é sempre o mesmo: Ensinar Espiritismo, melhorar a nós mesmos, auxiliar aos irmãos em suas necessidades, exercitando a fraternidade e a capacidade de trabalharmos em equipe.

9)                As reuniões mediúnicas são privativas. Sem tal critério, jamais o intercâmbio mediúnico adquirirá a qualidade necessária para um trabalho de maior valor espiritual. Ademais, riscos inerentes ao trabalho mediúnico serão potencializados e todos os envolvidos no projeto serão limitados em sua capacidade de ajudar e de serem ajudados.

10)            Os companheiros da Casa Espírita são membros da nossa família espiritual. A convivência no Centro Espírita é oportunidade de promover a verdadeira “Comunhão Espiritual”. Portanto, devemos considerar os confrades do Centro Espírita como verdadeiros membros da nossa família pessoal.

11)            Valorizar todas as chamadas “pequenas” tarefas. Diz-nos o Evangelho: “Se não podeis com as Coisas Mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?”. Sempre é importante lembrar que se o Centro Espírita está limpo é porque alguém limpou. Se as contas de água, luz e telefone são pagas é porque alguém tem contribuído para isso. Os espíritas mais conscientes devem solicitar pequenas responsabilidades desse teor para que os dirigentes da Casa possam sempre manter discrição sobre assuntos de manutenção material da casa, evitando erros grosseiros mantidos até hoje por outras denominações religiosas que mercantilizam as reuniões de ensino evangélico solicitando ajuda financeira.

12)            Se possível, preferir atendimentos de Passes após exposições evangélicas. Todo o intervalo de tempo que dura a sessão espírita torna a ação fluidoterápica muito mais eficiente, pois a condição vibracional de todos os presentes tende a estar em um patamar espiritual bem superior àquele do início da reunião. Além disso, quando os passes ocorrem durante a reunião, tanto os passistas como os assistentes que receberão os passes perdem, no mínimo parcialmente, o conteúdo explanado pelos expositores.

13)            “Unificação Espírita não significa Uniformização Espírita.” - Esta frase enunciada por Divaldo Pereira Franco é bastante significativa na nossa busca de harmonização no relacionamento entre confrades de uma determinada casa espírita e, até mesmo, entre os diferentes grupos espíritas. Assim, mesmo em casas que sejam igualmente respeitadoras dos postulados Kardequianos, é possível identificar algumas peculiaridades que não representam nenhuma diferença na essência do conteúdo ministrado e praticado por cada grupo espírita.

14)            Ter a consciência que realmente o Espiritismo começa com “O Livro dos Espíritos”, mas não termina com ele. Logo, o estudo de todas as obras Kardequianas, inclusive a Revista Espírita, bem como de diversas obras subsidiárias de elevado valor, favorecerá significativamente o crescimento em nosso conhecimento, enriquecendo as reuniões tanto para os encarnados como para os desencarnados.
Se houver demanda, apoiar iniciativas artísticas
no campo espírita

15)            Valorizar o trabalho na Casa Espírita como um serviço extraordinariamente relevante! Aqueles que sugerem o contrário, ou não são, de fato, espíritas propriamente considerados, ou podem estar sujeitos a influências espirituais negativas.

16)            Não permitir a ocorrência de bingos, bailes e outras atividades similares sob o patrocínio do Centro Espírita. Quando se tratar de eventos nas dependências da Casa Espírita ser ainda mais rigoroso para que a Casa de Jesus não possa vir a ser lenta e gradualmente desvirtuada de sua vibração superior e de suas finalidades precípuas. Tal negativa deve ser mantida mesmo que tais eventos estejam “amparados” sob o falso pretexto de que os recursos obtidos serão vertidos à caridade. Os fins não são justificados pelos meios e as atividades no ambiente espírita ou promovidas pelo Centro Espírita devem zelar pelo nome do Espiritismo bem como pelo Evangelho de Jesus. Não respaldar tais eventos é fundamental para não violentar as diretrizes evangélico-doutrinárias de todos os espíritas.

17)            Se houver demanda, apoiar iniciativas artísticas no campo espírita. Entretanto, tal aprovação somente deve ser fornecida se houver um elevado critério na seleção do roteiro das peças teatrais, nas letras das músicas consideradas espíritas etc. Não apoiar, todavia, ensaios e reuniões artísticas que substituam horários de reuniões doutrinárias, como, por exemplo, a reunião da mocidade espírita. Não devemos trocar o essencial pelo acessório.

18)            Evitar comentar ou sugerir a leitura de obras ditas espíritas ou não, mas de conteúdo duvidoso, que possam criar imagens e/ou diretrizes comportamentais equivocadas ou erros doutrinários na mentalidade dos assistentes. Lembrar sempre que cada indivíduo tem fragilidades espirituais específicas e todos nós, sobretudo trabalhando no meio espírita, temos grande responsabilidade em não alimentar distúrbios espirituais.

19)            Apoiar, sempre que possível, os trabalhos de casas espíritas que não frequentamos. Quanto mais evoluímos, mais trabalhamos por um número cada vez maior de criaturas, pois as nossas responsabilidades, estabelecidas em nossas consciências, passam a reconhecer um número muito maior de indivíduos como verdadeiros amigos e irmãos.

20)            Jamais distorcer a verdade doutrinária para justificar eventuais erros comportamentais individuais. Por outro lado, nunca usar de “desculpismos” de que somos inferiores para fugir da responsabilidade do trabalho doutrinário, reconhecendo que, quanto maior for a nossa queda moral, maior será a nossa necessidade de amparo doutrinário para que outras quedas não aconteçam novamente na presente reencarnação. Assim sendo, a vergonha relacionada à falha cometida pode ser uma provação incômoda, mas necessária, para que os confrades não nos considerem indivíduos desprovidos de grandes fragilidades espirituais e para que nós não nos envaideçamos na tarefa do bem que mal começamos a cultivar. Ademais, sempre reconhecer em Jesus e Allan Kardec nossos grandes Mestres e nos Mentores Espirituais os verdadeiros trabalhadores das tarefas que eventualmente sejam bem-sucedidas na seara espírita. Essa consciência é fundamental para os trabalhadores tanto nos projetos bem concluídos como nos objetivos que não puderam ser bem executados.


Texto extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessado no endereço:

Outros textos podem ser lidos no endereço: