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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Encontrando Caminho

                                                       Encontrando Caminho 

 

Aqui, neste mundo, até um certo tempo, somos guiados porque não sabemos caminhar. Somos direcionados para os caminhos que parecem ser os melhores, quase sempre o possível, diante dos costumes, da cultura, da formação e da tradição daqueles que cuidam de nós. São nossos pais, ou tutores, ou certa entidade assistencial, conforme a situação social de cada indivíduo.  

Acontecem nesses caminhares, às vezes excessos para alguns e escassez para outros, desde recursos básicos de sobrevivência, escolaridade, lazeres, condições de saúde, padrões sociais que vão da opulência até a miséria; para uma parte muito mais que o necessário, para outra quase nada do indispensável à sobrevivência.  

São caminhos e descaminhos que percorremos ao longo do tempo. Temos o livre-arbítrio, que é um poder muito grande que não sabemos como utilizar para nosso melhor proveito, e o utilizamos de maneira  aleatoria, gerando transtornos para a própria vida.  

Como podemos aprender se não conhecemos as consequências do direito de errar?  No entanto, junto ao livre-arbítrio, existe a inteligência, mas ela não consegue discernir se não adquiriu conhecimentos e vivências suficientes para isso. Ainda existem os elementos de orgulho e egoísmo, sem se esquecer da presunção de poder. Não se trata de poder temporal, mas de um poder ilusório que invade o íntimo, muito particular, com a magnitude que se permite, até encontrar os contrapontos das vivências com os semelhantes de mesma natureza, enchendo-se de frustrações e loucuras.  

Todos nós carregamos isso com algum grau de controle ou de descontrole, considerando o estado de desenvolvimento moral particular, adquirido ao longo do tempo, não somente na presente vida. Assim, não podemos dispensar a reflexão sobre o que sentimos diante das circunstâncias que nos afetam, seja em relaçao aos fatos positivos ou negativos. A exacerbação de um ou de outro sempre traz algum prejuízo e arrependimento. 

O que precisa ser analisado é o poder que cada indivíduo tem sobre si mesmo. Como um ponto ativo no Universo, quando consciente disso, o indivíduo tem dois contextos infinitos a considerar: 1.º, a amplidão cósmica incomensurável a contemplar e analisar, com os infindáveis mundos particulares das criaturas de todos os Mundos; e 2.º, o universo íntimo de si mesmo.  

A compreensão do Cosmo exterior é feita com a inteligência e as tecnologias desenvolvidas até o limite das potencialidades alcançadas. Medem-se, pesam-se, avaliam-se a distância, velocidade, constituição de cada elemento que se consegue conhecer no infinito cósmico. No universo particular somente o próprio indivíduo pode varrer e aprofundar pesquisa de acordo com as antenas morais construídas a partir de valores conquistados com muitos esforços. Da mesma forma que o infinito existe para o Cosmo exterior existe também para o cosmo íntimo.  

Dentro desse universo particular tem-se os poderes, em todas as intensidades, tanto quanto em qualidades.  

Tudo o que se apresenta no Universo exterior é passível de exaustão, de implosão, de desfazimento, embora nada se perca. Isso dependerá de universos íntimos construídos de inteligência e senso moral altamente desenvolvidos, ávidos de sentimentos nobres e virtudes consagradas para novas construções universais sob o comando da Força Irresistível, o Poder Divino.   

O centro de força particular aprimorado,  que corresponde ao Espírito perfeito, é a alavanca que move o Universo, pois é preciso que se interpretem as forças da Natureza, ou seja, que se comungue do pensamento Divino e trabalhe sem cessar, consciente da corresponsabilidade universal.   

Em razão disso, a presença de bilhões de Espíritos em diversos  níveis evolutivos no Planeta Terra -- além da infinidade de outros Planetas com a mesma finalidade -- é notória. Uma multidão se arrasta, outros andam, alguns alçam voos na escala do progresso; são os estágios dos universos particulares que formam as plêiades dos seus correspondentes. No entanto, todos chegarão ao estado de perfeição. Os esforços e os tempos são por conta de cada individualidade.  Aqueles que trabalham nas grandes construções universais outrora surgiram do átomo, se arrastaram, andaram e voaram até a perfeição. Agora, constroem novos mundos na Casa do Pai, com a matéria universal, utilizando a força do Espírito, para dar oportunidade àqueles que estão na esteira evolutiva do tempo sem fim.  

Qual o caminho a seguir? 


                                          Dorival da Silva    

quinta-feira, 17 de março de 2016

BENEFÍCIOS ADVINDOS DO SOFRIMENTO

Sem nenhuma apologia ao sofrimento, é incontestável o benefício de que ele se reveste no processo da evolução da criatura humana.

Herdando os hábitos ancestrais, normalmente aqueles que defluem da preservação da existência física, é natural que haja predominância em a sua natureza, aqueles instintos agressivos, responsáveis pela sobrevivência da espécie, que constituem o ego dominador e tenaz.

Esse ego é responsável pela presunção e prepotência que se manifestam no caráter moral como mecanismos agressivos, em detrimento dos sentimentos de compreensão e de solidariedade, que deveriam viger no seu íntimo.

Certamente surgem com o despertar da consciência, quando o Espírito começa a identificar os valores éticos indispensáveis a uma existência feliz, assinalada pela compreensão dos seus direitos, mas também dos seus valiosos deveres para consigo, para com o próximo, para com a sociedade e para com Deus.

Essa conscientização opera-se mediante a sua transformação moral para melhor, a sua necessidade da comunhão dos ideais com o próximo, a sua busca da convivência fraternal, em cujo comportamento são transformados os impulsos de dominação e de morte, nos de solidariedade e de vida.

Nada obstante a compreensão de que a evolução intelectomoral é processo que resulta do incomparável amor de Deus, remanescem no cerne do ser os mecanismos defensivos e agressivos, mantendo-o, não poucas vezes, arrogante e celerado, que se compraz em afligir e malsinar os demais, preservando o comportamento primário do qual procede.

Em face do inevitável processo da reencarnação, as experiências iluminativas apresentam-se diversificadas, proporcionando ajustamentos e recomposições que facultam o crescimento interior. Nesse capítulo, tem lugar a presença do sofrimento, como resultado dos atos praticados anteriormente e que deixaram marcas infelizes pelo caminho percorrido. É a dor que dobra a cerviz dos soberbos, demonstrando-lhes a fragilidade na qual operam, e que a força de que se parecem constituir, nada mais é do que capricho do egotismo que os elege como centro da vida, portanto, credores exclusivos de tudo em detrimento dos demais.

Nessa conceituação primária, ocultam-se muitos conflitos que não foram solucionados e pressionam o homem na direção da conduta presunçosa, em razão dos medos inconscientes que lhe remanescem, ora mascarados de poder e de querer.

Insinuando-se de maneira sutil a angústia e a melancolia, a solidão e a ansiedade se lhe instalam, fragilizando-o e empurrando-o para comportamentos patológicos, quando ainda não é possuidor de sentimentos relevantes, tornando-se mais perverso e insensato...

É nesse momento que as enfermidades orgânicas ou psíquicas se instalam produzindo os sofrimentos que supunha nunca teria que experimentar, demonstrando que é constituído da mesma argamassa daqueles aos quais vilipendia e maltrata.

Desacostumado ao flagício da aflição, porque escondido nos gozos aparentes e ilusórios, cerca-se de cuidados extravagantes e superlativos, sem que tenha diminuídos os gravames como qualquer outra pessoa a quem jamais considerou.

É inexorável a presença do sofrimento na criatura terrestre, em face dos fenômenos orgânicos de que se utiliza o Espírito no trânsito material.

Suscetível à degenerescência e à diluição, a aparência forte e bela, harmônica e invejável cede lugar à deformidade e às conjunturas deformantes, mantendo encarcerado o responsável pela sua ocorrência -- o Espírito endividado!

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Reflexiona em torno das existências perversas de ditadores e chefes cruéis que desfilam na História, e vê-los-ás, caso não tenham sido apeados do poder temporal pelos seus coetâneos, vivendo enfermidades prolongadas e deploráveis, anulando-lhes toda a prepotência e fereza.

Antes temidos e detestados, nessa fase inspiram compaixão e misericórdia, quando deploram os dias do passado que transformaram em cruz terrível para os outros, não fugindo, eles próprios, aos efeitos danosos da sanha doentia em que se compraziam.

Indivíduos que, uma dia, foram símbolos da beleza e do sexo, bajulados por verdadeiras multidões, atravessando períodos sombrios de sofrimentos silenciosos, fugindo para a drogadição e o vício, a fim de não enfrentarem as inesperadas situações que sobre eles se abateram.

Mulheres e homens milionários, que jamais se detiveram a pensar que eram humanos sujeitos à mesmas condições dos pobres e dos miseráveis, que nem se quer contemplaram durante a saga dos seus triunfos de mentira, reduzidos ao abandono, esquecidos e desconsiderados pelos antigos fanáticos que seguiam em delírio, afundando no poço de depressões terríveis ou evadindo-se do corpo através do nefando suicídio...

Artistas e executivos famosos que desfilavam nos veículos da fama e da glória, inesperadamente reduzidos à condição de párias pelas quedas nas bolsas e pelos problemas das crises financeiras que, periodicamente, demonstram a debilidade das construções econômicas do mundo, padecendo insuportáveis situações de desespero e revolta que os consomem.

Tudo, na Terra, é transitório, impermanente, abençoado curso para a aprendizagem e descoberta dos tesouros existenciais.

Sem o sofrimento se prolongariam as situações invejáveis de uns, enquanto outros choram, as terríveis jactâncias de muitos com olvido pelo trabalho daqueles que os sustentam, vivendo em situações penosas... A todos o sofrimento alcança e reduz-lhes a vaidosa conduta, despertando-os para a realidade do ser que são e não da situação em que se encontram.

Martelando incessantemente a sensibilidade obnubilada, o sofrimento exerce a função de buril que trabalha o envoltório grosseiro, a fim de fazer brilhar a gema preciosa que se lhe encontra oculta no cerne, facultando-lhe a luminosidade para a qual está destinada.

Bendito, pois, o sofrimento que a todos alcança e iguala, à semelhança do túmulo que devora a roupagem material e a todos reduz à condição inicial de humanidade.


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Obra: Atitudes Renovadas, capítulo 29