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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Há uma ameaça!


Há uma ameaça!

Num povo muito grande, muitas línguas, costumes, classes sociais, poderes..., lá existe algo a rugir, mas a causa do furor é silenciosa, se tem notícia, percebe-se seus efeitos que atingem vidas, convulsiona a organização social, política, econômica, confrangendo indistintamente os indivíduos.

Decisões são necessárias para proteger os interesses, no entanto, existe um conflito de forças antagônicas, preservar as pessoas do mal afligente ou manter as atividades do dia a dia.

O motivador se conhece em laboratório, é pequeno, é um vírus, no entanto, sagaz, multiplica-se espantosamente, dissemina-se invisível através do próprio hospedeiro, não escolhe direção, apenas deseja um organismo que o amaine para que sobreviva.

Seus efeitos são devastadores em grande parte dos contaminados, embora não escolha idade, os velhos e os doentes são os preferidos, poucos se salvam.

Remédio conhecido não respeita, vacina que o barre também não existe, somente a resistência natural de cada um suporta, mas não perdoa as forças combalidas.

Causa medo, vez que ninguém sabe se suas resistências são capazes de sobrestar a invasão do tal, que poderá levar o corpo a sucumbir.
Governos se chocam, autoridades da saúde impõem condições, organizações protestam, populações carecem de assistência, o emprego escasseia, o estado econômico cambaleia, o futuro...

Dentro da pandemia virtudes afloram, corações generosos movimentam as mãos, organizam mutirões, donativos surgem para atender as necessidades dos mais fracos, alimentos e materiais higienizantes...

O estado geral da Humanidade é novo, conquanto a ameaça à vida, há uma nova realidade, alguém invisível impõe-se aos poderosos do Mundo uma força incontestável, sem nenhum material bélico, sem estrondo de explosivo, nem revoada de supersônicos e chuva de ogivas.

Se faz necessário que o forte socorra o fraco, pois, o invisível poder a todos iguala, mostrando que se interdependem, carências várias é pertencimento mútuo, somente o dividir e servir dos meios e recursos sanará as ânsias do Mundo.

A caridade, a fraternidade... Agora genericamente forçadas, depois, quando se tornarem ações naturais entre os povos, será o estabelecimento do Reino dos Céus na Terra.

Há muito tempo Um Homem Crucificado disse isso...
                                            
                                                 Dorival da Silva

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Essas outras crianças

Reunião pública de 16/10/59
Questão nº 383
Quando abraçares teu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.
*
Dispões de alimento abundante para que teu filho se mantenha em linha de robustez.
Essas outras crianças, porém, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atiras, com displicência, findo o repasto.
*
Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.
Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.
*
Defendes teu filho contra a intempérie, sob teto acolhedor, sustentando-o à feição de joia no escrínio.
Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas, na via pública, quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto.
*
Abres ao olhar deslumbrado de teu filho os tesouros da escola.
E essas outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.
*
Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos, sempre que entremostre leve dor de cabeça.
Entretanto, essas outras crianças, minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.
*
Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.
No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sempre sintonizados no lodo abismal das trevas.
*
Afaga, assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as, quanto possas!
*
Quem serve no amor do Cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.
*
Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.

Página extraída da obra: Religião dos Espíritos, capítulo 72,  onde o Espírito Emmanuel tece comentários e reflexões sobre questões de O Livro dos Espíritos, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, em reuniões públicas, sendo a presente página referente à questão indicada no início, tanto quanto a data da reunião.


REFLEXÃO: Para que o leitor possa se situar, com relação à questão 383 de O Livro dos Espíritos, a transcrevemos abaixo:

383. Qual, para este [o Espírito], a utilidade de passar pelo estado de infância?

“Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”

Todos os apontamentos do Espírito Emmanuel chamam a atenção para o desencontro de cuidado existente entre o filho pequeno que está dentro de casa e aqueles que estão sem amparo regular de suas famílias, relegados às ruas. No entanto, o que mais aviva a responsabilidade é a sentença final do texto: Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.” O Estudo em análise foi realizado em 1959, há quase 60 anos, e muito pouco se fez pelas crianças em desamparo. Uma parte considerável, que conseguiu se tornar adulta, se extraviavam para a criminalidade. Outra seguiu o possível, vivendo à margem da sociedade de maior potencialidade econômica, com educação deficiente e cultura praticamente inexistente, procriaram formando família sem estrutura mínima, com exceção, multiplicando filhos também com pouca assistência, formando um círculo vicioso.
Filhos sem os cuidados devidos dos pais educam-se pela influência do meio social onde se encontram, geralmente um meio de influência nociva.
Nos tempos atuais, com as exigências modernas, e as novas normas sociais, onde os cônjuges com muitas obrigações no campo profissional, sempre ressalvando as exceções, mas em boa parte há a transferência dos cuidados das crianças a terceiros, outros familiares ou profissionais, embora recebam informações e cuidados, não são os pais que cuidam, ficando, em parte, também abandonados da assistência educacional destes.
A responsabilidade dos pais pela educação dos filhos, diante da Lei Natural, é intransferível; exceto quando a própria Lei Natural faz a transferência, com a morte do pai ou da mãe ou de ambos; em conta a Lei de Causa e Efeito; aí haverá a transferência para outros responsáveis, que diante da mesma Lei, assumirão a condição de pais.
No noticiário hodierno, verifica-se o registro de uma população carcerário de mais de 600 mil pessoas, no Brasil, todas foram crianças e faltou-lhes, em grande parte, a educação de berço, a formação de um caráter equilibrado. 
Como ensina a resposta da questão inicialmente citada, a criança é acessível as impressões que recebe, estão prontas para acolher as orientações adequadas, alterando na sua intimidade espiritual hábitos negativos adquiridos em outra vida, que agora tem a possibilidade de os substituir por novos interesses ou diminuir a influência que essas ideias exercem na continuidade da vida.
O futuro melhor, que ofereça a segurança, respeito aos direitos da pessoa, depende da qualidade das pessoas que comporão a população do futuro, por isso que nascem e morrem indivíduos todos os dias, sempre renovando as gerações, são as oportunidades para a educação.
É preciso a renovação constante das ideias, dos costumes, do “modus vivendi”, é o renascer, é o reeducar, superando-se as deficiências, é “construir um novo futuro”.  Seria injustiça se não existisse a possibilidade de experimentar uma nova realidade, num outro contexto, com outras pessoas (pelos menos personas), embora possam ser os mesmos Espíritos que retornaram em novos corpos. “Deus é Justo”.
“(...), enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.”  Foi assim no passado, verifica-se no presente, e cabe a cada pessoa os esforços para mudar o futuro, assumindo as suas responsabilidades diante da sociedade, começando pelos próprios filhos, estendendo os seus préstimos àqueles que, seja por qual motivo for, estão à margem das possibilidades evolutivas, cabendo ao mais forte socorrer o mais fraco.
Não adianta clamar pelo mundo melhor, é preciso construí-lo.


                                                 Dorival da Silva

sábado, 28 de janeiro de 2017

A desencarnação de Allan Kardec

Especial
Ano 1 - N° 49 - 30 de Março de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO 
aoofilho@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)

 

A desencarnação de
Allan Kardec

Ocorrida há 139 anos, no dia 31 de março de 1869, a
desencarnação do Codificador do Espiritismo se deu
quando ele contava apenas 64 anos de idade

A jornalista Ana Blackwell, que traduziu para o inglês as principais obras de Kardec, assim descreveu o codificador:

"Kardec era de estatura média. Compleição forte, com uma cabeça grande, redonda, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, mais se assemelhando a um alemão do que a um francês. Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico e eminentemente prático no pensamento e na ação, era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo...

"Grave, lento no olhar, modesto nas maneiras, embora  não   lhe  faltasse  uma  certa  dignidade,
resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintivos de seu caráter. Nem provocava nem evitava a discussão, mas nunca fazia voluntariamente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida. Recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de todas as partes do mundo que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e objeções, explanando as dificuldades e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta, que nunca se lhe ouvia uma gargalhada..." (Do livro "História do Espiritismo", de Arthur Conan Doyle.)

Quem foi Kardec?
Nascido em Lyon, França, a 3 de outubro de 1804, Kardec recebeu na pia batismal o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail. No dia 6 de fevereiro de 1832, casou-se com Amélie Gabrielle Boudet (foto). Sua desencarnação ocorreu em Paris em 31 de março de 1869, quando contava 64 anos e meio.
Filho de tradicional família francesa que se destacara na magistratura, Kardec nasceu em ambiente católico, mas
foi educado no protestantismo. Aluno e depois discípulo de Pestalozzi, foi uma pessoa devotada à educação e um entusiasta do sistema de ensino criado por seu mestre, que exerceu grande influência na França e na Alemanha. Falava fluentemente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol, assim como o holandês. Tradutor das obras de Fénelon para o alemão, verteu também para o francês diversas obras inglesas e alemãs, mas foi no magistério que estava a sua indiscutível vocação.

No período de 1835 a 1840, organizou em sua casa em Paris cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, que eram muito freqüentados. Aos 27 anos, em 1831, foi premiado em concurso pela apresentação de um trabalho intitulado: "Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época?" Nessa mesma época, ele preparava todos os cursos de Levy-Alvares, freqüentados por discípulos de ambos os sexos do "fauborg" Saint-Germain.
Voltado para a educação, escreveu inúmeras obras didáticas no período de 1824 a 1849, tais como: "Curso prático e teórico de Aritmética", segundo o método de Pestalozzi, para uso das mães e dos profes­sores (ele contava então 20 anos de idade); "Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública" (aos 24 anos); "Gramática Francesa Clássica" (aos 27 anos); "Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e Geometria" (aos 42 anos); "Catecismo gramatical da língua francesa" (aos 44 anos); "Ditados normais dos exames na municipalidade e na Sorbonne"  e "Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas" (aos 45 anos). Nessa época (1849), Kardec lecionava no Liceu Polimático de Paris, regendo as cadeiras de fisiologia, astronomia, física e química.
Uma carta consoladora
O primeiro contato do professor com os fenômenos espíritas se deu em maio de 1855. Ele já era, então, aos 50 anos de idade, um indivíduo maduro e experimentado, além de talhado para a tarefa de codificação da Doutrina, cujo fato inicial marcante foi a publicação em 18 de abril de 1857 da conhecida obra que ele intitulou O Livro dos Espíritos. A ela seguiram-se outras obras, as palestras, as reuniões, a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e as edições mensais da Revista Espírita.
O resultado do seu trabalho como codificador do Espiritismo é algo difícil de avaliar. Eis, no entanto, uma pequena amostra dele no relato que se segue.
Numa manhã muito fria de abril de 1860, Kardec estava triste e só, em seu escritório. Idéias de desânimo perpassavam sua mente. Escasseavam os recursos financeiros. Críticas ferinas, até de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ele vinha recebendo de todos os lados. Bem que os espíritos o haviam alertado!
De repente, Amélie penetra o recinto e lhe entrega um pacote que alguém havia remetido. Kardec o abre e vê que dentro dele havia uma carta e um outro pacote fechado. O codificador abre a carta e lê:
"Sr. Allan Kardec.
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de 2 anos, casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoniete partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam..."
O missivista relatou então que passou a acalentar a idéia do suicídio, jogando-se no Sena, projeto que pôs em execução em determinada madrugada, quando o desespero lhe tomou por completo a alma. Buscou a ponte Marie e, no momento em que colocou a mão sobre o parapeito da ponte, um objeto caiu-lhe aos pés: era um livro. Ele procurou a luz de um poste próximo, achou estranho o título do livro e viu que na sua primeira página havia uma nota: ESTA OBRA SALVOU-ME A VIDA. LEIA-A COM ATENÇÃO E TENHA BOM PROVEITO. - A. Laurent.
"Li aquele livro com redobrada atenção: era O Livro dos Espíritos, que encadernei e lhe envio, anexo, como um presente."
Kardec desembrulhou o pacote anexo à carta e viu ali o livro a que se referia o missivista, luxuosamente encadernado, com o nome do autor e o título gravados a ouro. O codificador, ao abri-lo, encontra a citação de A. Laurent, mencionada na carta, e debaixo dela, uma outra inscrição: SALVOU-ME TAMBÉM. DEUS ABENÇOE AS ALMAS QUE COOPERARAM EM SUA PUBLICAÇÃO. - Joseph Perrier.
Kardec respirou a longos haustos e, antes de retomar o serviço, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima." (Hilário Silva, cap. 52 d' "O Espírito da Verdade", FEB.)
O reconhecimento de sua obra: Emmanuel fala
sobre Kardec
Após 150 anos desde o lançamento d’ O Livro dos Espíritos, Kardec é hoje conhecido e respeitado mundialmente pelos espiritistas. A reverência à sua obra, vencedora no tempo, está expressa nas seguintes palavras de Emmanuel, a mesma entidade que recomendara a Chico Xavier comparar os seus escritos com o Evangelho de Jesus e Kardec, antes de torná-los públicos:
"Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais o que expomos:
o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
o cárcere das interpretações literais;
o espírito de seita;
a intransigência delituosa;
a obsessão sem remédio;
o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;
o cativeiro aos rituais;
a dependência quase absoluta dos templos de pedra para a tarefa da edificação íntima;
a preocupação da hegemonia religiosa;
a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
o pavor da morte, por suposto fim da vida.
Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:
a libertação das consciências;
a luz para o caminho espiritual;
a dignificação do serviço ao próximo;
o discernimento;
o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
a certeza da vida após a morte;
o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
a seara da esperança;
o clima da verdadeira compreensão humana;
o lar da fraternidade entre todas as criaturas;
a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das "moradas" nos domínios do Universo.
Jesus - o amor. Kardec - o raciocínio.
Jesus - o Mestre. Kardec - o apóstolo.
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.” (Mensagem psicografada por Chico Xavier em 24/1/1969.)
O retorno à pátria espiritual
"Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da "Revista Espírita" a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto.
Sozinho em sua casa (rua de Sant'Anna), Kardec punha em ordem seus livros e papéis para a mudança que se vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caixeiro, acorreu ao local, ergueu-o.. nada, nada mais. Delanne acudiu com toda presteza, friccionou-o, magnetizou-o, mas em vão. Tudo estava acabado.
Venho de vê-lo. Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos atravancando a entrada, pude ver, pela porta aberta da grande sala de sessões, a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio; introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete encarnado, e seus móveis antigos, encontrei a sra. Kardec assentada no canapé (espécie de sofá com costas e braços), de face para a lareira; ao seu lado, o sr. Delanne; diante deles, sobre dois colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o corpo, restos inanimados daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido.
Nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fosse a parada de respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.
Cobria-lhe o corpo uma coberta de lã branca, que, junto aos ombros dele, deixava perceber a gola do "robe de chambre", a roupa que ele vestia quando fora fulminado; a seus pés, como que abandonadas, suas chinelas e meias pareciam possuir ainda o calor do corpo dele.
Tudo isto era triste e, entretanto, um sentimento de doce quietude penetrava-nos a alma; tudo na casa era desordem, caos, morte, mas tudo aí parecia calmo, risonho e doce e, diante daqueles restos, forçosamente meditamos no futuro." (Trecho da carta escrita por E. Muller ao sr. Finet, em 31/3/1869, logo após o falecimento de Kardec.)
Conta-se que logo após a sua desencarnação, quando o corpo ainda não havia baixado ao Cemitério de Montmartre (a trasladação dos despojos para o dólmen do Pére-Lachaise ocorreu um ano depois), uma multidão de Espíritos veio saudar o mestre no limiar do sepulcro. Eram antigos homens do povo, seres infelizes que ele havia consolado e redimido com as suas ações prestigiosas e, quando se entregavam às mais santas expansões afetivas, uma lâmpada maravilhosa caiu do céu sobre a grande assembléia dos humildes, iluminando-a com uma luz que, por sua vez, era formada de expressões do seu "Evangelho segundo o Espiritismo", ao mesmo tempo que uma voz poderosa e suave dizia do Infinito:
"Kardec, regozija-te com a tua obra! A luz que acendeste com os teus sacrifícios na estrada escura das descrenças humanas vem felicitar-te nos pórticos misteriosos da Imortalidade... O mel suave da esperança e da fé que derramaste nos corações sofredores da Terra, reconduzindo-os para a confiança na minha misericórdia, hoje se entorna em tua própria alma, fortificando-te para a claridade maravilhosa do futuro.
"No Céu estão guardados todos os prantos que choraste e todos os sacrifícios que empreendeste... Alegra-te no Senhor, pois teus labores não ficaram perdidos. Tua palavra será uma bênção para os infelizes e desafortunados do mundo, e ao influxo de tuas obras a Terra conhecerá o Evangelho no seu novo dia!..." (Trecho do cap. 21 do livro "Crônicas de Além-Túmulo", por Humberto de Campos, por meio de Chico Xavier.)

Conta-se, ainda, que grandes legiões de Espíritos entoaram na imensidade um hino de hosanas ao homem que organizara as primícias do Consolador para o planeta terreno e que, escoltado pelas multidões de seres agradecidos e felizes, foi o mestre, em demanda das esferas luminosas, receber a nova palavra de Jesus. 

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Matéria extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/49/especial.html