sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O mundo está desassossegado!

 O mundo está desassossegado! 

Mas, buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas  

estas coisas vos serão acrescentadas.” — Mateus, 6:33  

 

A presunção e a arrogância, sendo dois males terríveis na humanidade, que deveriam ser combatidos desassombradamente, têm tomado conta dos dias atuais -- com o agravante de estarem estabelecidas em várias lideranças, instigando seus liderados, pelo mau exemplo, a comportamentos igualmente despóticos 

Os mais fortes submetem os mais fracos ao talante de interesses por mais poder e consequentemente mais riqueza. Há ausência de fraternidade e total afastamento da Lei Divina de amor ao próximo.  

Além das dificuldades próprias de cada pessoa -- pois não há quem não tenha seus problemas particulares, que pedem atenção e dedicação para serem resolvidos -- existem as dificuldades nos grupamentos familiares, que também devem merecer esforços para sua solução. 

As doenças orgânicas se manifestam desde as células que formam os órgãos; da mesma forma, as doenças sociais nascem do desiquilíbrio de seus indivíduos. Quanto mais se demora a busca pelos equacionamentos dos problemas existenciais, mais complexas se tornam as perturbações, que, sendo alimentadas, se multiplicam.  

A finalidade de nosso nascimento neste mundo é o próprio melhoramento, em todos os sentidos: na educação, na cultura, na política, nas relações sociais e científicas.  

As relações sociais, esgarçadas pela desonestidade, pela indignidade e pelo desrespeito ao próximo, geram a criminalidade, a deslealdade, os choques por extremismos ideológicos que maltratam toda uma geração -- tando daqueles alinhados com esses desvios morais quanto dos que são indiferentes a tais purulências sociais --, até mesmo prejudicando a parcela da população que luta contra todas as adversidades para trilhar um caminho de dignidade e de respeito por si mesma e pelos demais. 

Essas circunstâncias nos mostram o quanto estamos distantes do que espera o planejamento Divino para os seus filhos. 

A lógica comum, que a própria vida nos ensina, demonstra que os objetivos de nos encontrarmos numa nova existência carnal -- o que se chama reencarnação -- têm por finalidade que nos elevemos espiritualmente em virtudes, para que a paz e a felicidade estejam ínsitas, naturalmente, em nossa intimidade espiritual.  

No entanto, para seguirmos nesse objetivo, faz-se necessário o cultivo da riqueza que se almeja. Mas os indivíduos, por mais inteligentes que sejam, buscam propositalmente o desassossego, o tumulto social, o sofrimento que impede a chegada à meta espiritual relevante: a paz e a felicidade.  

Além disso, colocam pedras e espinhos no caminho evolutivo por onde serão obrigados transitar no retorno, quando estiverem mais conscientes de que a evolução espiritual exige caminhada em sentido contrário a tudo o que, irrefletidamente, realizaram, atormentando-se. 

O mundo em que vivemos é uma das moradas da Casa do Pai (Deus) -- como ensina Jesus Cristo -- e, nesse contexto evolutivo, temos a liberdade, o livre arbítrio. Mas, como o Senhor, Criador de Todas as Coisas, rege tudo por meio de Suas leis de amor e justiça, atribuiu a responsabilidade pela harmonia e o equilíbrio do livre-arbítrio às intenções e atos de cada um de Seus filhos.   

Assim, cada uma de Suas criaturas recebe a cobrança por seus atos negativos exatamente de acordo com a clareza de seu estado de consciência; e, da mesma forma, receberá a paga dos méritos na mesma proporção de sua iluminação.  

Nunca haverá injustiça!  

O registro de Mateus, no versículo em destaque, onde Jesus ensina: (), buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (…), ainda não foi compreendido, sendo que o Reino de Deus é um estado de espírito --próprio de um espírito que conquistou virtudes e se iluminou -- e a justiça Divina é a paz e a felicidade, na proporção do mérito.  

Na segunda parte do versículo: (…) e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”, podemos entender como sendo a abertura de um novo contexto de vida, uma ampliação do nosso horizonte espiritual, sobrepondo-se aos limites e peias materiais, proporcionando uma liberdade num estágio por ora inimaginável.  

No entanto, os habitantes do mundo, em parte substancial, estão assoberbados com o materialismo e a descrença.  

A esperança tornou-se apenas um vocábulo, o seu sentir não se encontra, nem nas mentes nem nos corações, pois não se espera mais o futuro. O desejo é que tudo se inicie e termine agora. É o imediatismo!  Uma cegueira espiritual.  

Os movimentos sociais, políticos, econômicos e científicos causam aflições pela insegurança e medo, gerando conflitos entre os interesses e visões antagônicas, proporcionando um desassossego generalizado.

Conquanto a serenidade e a temperança sejam frutos de uma fé substancial em Deus -- oferecendo a resistência moral que se sobrepõe a todos os vendavais emocionais, às tentações e aos oferecimentos materialistas --, essa condição, para ser alcançada, depende de uma fé que raciocina, que permite a compreensão do ser na sua integralidade: vida material e vida espiritual.    

A compreensão da espiritualidade num aspecto mais amplo, além de uma confiança inabalável em Deus, é fundamental para uma vida emocionalmente equilibrada e espiritualmente produtiva.  

O desequilíbrio espiritual grassa na geração atual. 

É preciso que analisemos sobre isso -- para não sermos, também, um desassossegado. 

                                                          Dorival da Silva 


Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  



segunda-feira, 21 de julho de 2025

Um grande mal da atualidade: o ódio

                           Um grande mal da atualidade: o ódio 

É raro o dia em que não se veem, nos meios de comunicação, manifestações de ódio. O ódio é um sentimento cego, que nasce de uma alma doente, como um estopim que, repentinamente, se acende e incendeia, causando males irreversíveis. O gesto tresloucado de alguém contagia outras almas igualmente enfermas, tal como a suagerando desastres coletivos e prejudicando pessoas, entidades e organizações governamentais. 

A agilidade e o alcance dos meios virtuais de comunicação levam a influência do ódio a todas as pessoas que os acessam, despertando tal sentimento naqueles que têm a alma em desalinho e incomodando aqueles que não aderem a tais iniciativas nocivas, mas as contestam ou lamentam a infelicidade dos que assim se expressam e agem. É como uma onda que inflama os odientos contra alguma pessoa, causa ou fato e que incomoda toda a sociedade, gerando indignação, medo e receios dos males incompreensíveis lançados irresponsavelmente. 

Todos somos seres humanos; assim, somos espíritos imortais, embora grande parte ainda não compreenda isso.  Mesmo os que carregam o fermento do ódio -- que é uma faceta da personalidade -- e, quando alimentada, ainda que inconscientemente, avoluma-se, tomando conta de todo o ser e comprometendo-o, às vezes, por toda vida, geralmente extrapolando para a existência após a morte.  

Quando o indivíduo se reconhece odiento, mesmo que seja em virtude das consequências de atos gerados pelo seu ódio -- que trazem sofrimentos para si, para os seus familiares e para outras pessoas --, pode realizar uma mudança significativa em seu estado espiritual, caso compreenda que tal sentimento sempre se agravará se continuar sendo alimentado. No entanto, ao tomar a resolução de modificar seus ânimos perniciosos, cultivando pensamentos e ações positivas e refletindo sobre as consequências de quaisquer fatos que surjam, permite-se dar sequência apenas àquilo que possa produzir o bem, neutralizando, na origem, qualquer manifestação de ódio.  

Quando ocorre essa mudança, com a neutralização do sentimento odioso e o desenvolvimento do amor ao próximo -- e, portanto, a si mesmo --, a vida interior do indivíduo se transforma extraordinariamente, proporcionando-lhe, inicialmente, um vislumbre do estado de paz espiritual. Isso impede novos comprometimentos danosos para sua vida, nesse aspecto, e lhe dá forças para superar dívidas morais de atos odientos anteriores. Assim, essa personalidade vai se ressarcindo de suas pendências morais e implementando uma nova vida, cheia de esperança em um futuro melhor.  

A educação moral recebida desde o berço e a evangelização das pessoas na infância neutralizam ou minoram muito os vícios -- as feridas da alma — e, no caso do nosso tema, o ódio, evitando-se grandes transtornos para a vida e da sociedade em que estão inseridas. Essa condição educativa deveria ser encontrada por todas as pessoas ao renascerem, pois a educação espiritual e a melhoria do estado anterior são os objetivos de estarmos todos nesta existência temporária.  

um ensinamento de Jesus Cristo à humanidade: Conhecereis a verdade e ela vos libertará. (João, 8:32) 

Todos precisamos buscar a verdade sobre tudo, mas não se trata de verdades a seu modo. É preciso buscar as verdades como realmente são. E elas não têm origem, nem são comandadas ou controladas pelo homem. As verdades às quais o Mestre se refere têm o seu fulcro no Criador de Todas as Coisas: Deus. São perfeitas e imutáveis.  

O caminho para essa busca se inicia no próprio indivíduo, com o autoconhecimento. Isso exige, naturalmente, o desenvolvimento intelectual e moral, bem como a compreensão das Leis Divinas e a Sua justiça. Nessa trajetória, superam-se o egoísmo, a presunção, a vaidade e o orgulho exacerbado, que comutam em virtudes como a humildade, a bondade e a compreensão. Nesse estágio evolutivo, o sentimento de ódio já não fará parte da personalidade.  

As orientações vindas dos Céus, por meio de Jesus Cristo, são universais; no entanto, a acolhida, a compreensão e a vivência dessas verdades são pessoais. 

A quem serve o sentimento de ódio? 

                              Dorival da Silva.