terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Tormento do Poder

           Falsos conceitos sobre a felicidade na Terra induzem os seres humanos a comportamentos opostos à bênção pela qual anelam.

            Dominados pelo hedonismo imediatista, acreditam que a plenitude é um estado que se alcança mediante o poder defluente de qualquer circunstância: político, religioso, monetário, social, artístico ou de todos eles reunidos, enfeixado nas mãos tirânicas da supremacia em relação às demais criaturas.

            Todo tipo de poder humano converte-se em tormento psicológico, sendo em si mesmo um conflito de insegurança que propele o indivíduo à ambição de lograr maior domínio do que tem em mente, levando-o quase sempre a posições e condutas arbitrárias.

            Esse poder buscado ansiosamente é herança infeliz da força bruta predominante nas faixas mais primitivas da evolução.

            Alcançando o nível da inteligência, mas não da consciência de si mesmo e do seu significado existencial, o indivíduo acredita  que deve ser temido de alguma forma, porque se sente incapaz de inspirar amor, subjugando os demais em razão de não conseguir submeter-se aos limites que lhe assinalam a existência.

            Nas relações sociais primitivas são celebradas as conquistas da violência e da arbitrariedade, dando lugar ao surgimento de governantes temidos e detestados, que se tornam cada vez mais arrogantes e perversos, sempre temerosos de perder a posição de dominadores.

            Na razão direta em que houve o processo lento e doloroso da civilização com o surgimento dos primeiros códigos de leis e de ética, o poder foi adaptando-se às novas conquistas alterando a sua maneira de liderança pelo medo, embora ainda permaneçam os atavismos ancestrais em nossa hodierna cultura.

            As intermináveis guerras, às quais se atiraram os grupos humanos, na vã expectativa de submeter os outros povos, deixaram marcas sangrentas das aberrações praticadas durante e depois dos combates selvagens.

            Com a aquisição da razão, o pensamento filosófico passou a divulgar a necessidade dos direitos humanos, porque a quase totalidade dos seres humanos sempre se encontrou em posição subalterna, dominados e sem quaisquer instrumentos que lhes facultassem a dignificação.

            Complôs e intrigas, traições, conluios e armadilhas covardes, calúnias e desacatos em nome da honra têm sido utilizados para a manutenção do enganoso poder que logo passa de mãos, porque a vida física, por mais longa se apresente,  é candidata inapelável à degenerescência dos seus órgãos, coroando-se pela desencarnação que a ninguém poupa e a todos iguala na fossa em que são atirados...

            O rastro dos poderosos que se impuseram pelos ardis da indignidade em qualquer área humana é sempre assinalado pelo ódio dos coevos, assim como da posteridade que lhes fazem justiça mediante o desprezo a que os relegam.

            Esses títeres de memória abominável são responsáveis pelos períodos de obscurantismo cultural e moral, por temerem os camartelos vigorosos do progresso que os desapeiam dos ilusórios tronos de onde governam e gostariam que fossem permanentes.   

            O ser humano porém avança, mesmo que pelos caminhos mais ásperos, da ignorância para o conhecimento, da selvageria para a educação, da violência para a paz.


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      O poder, que é fascinante pelos favores que proporciona ao seu factoto, é de grave responsabilidade para quem o exerce.

            Nos mais variados campos do comportamento humano destacam-se indivíduos exponenciais que, amados ou invejados, passam, queiram ou não, a exercer influência em relação aos demais que os tomam como líderes e exemplos. 

            As garantias para o exercício consciente ou não desse destaque são a estrutura moral, a capacidade de discernimento, a fim de não se permitirem a bajulação que envilece o caráter nem entrarem em competições que corrompem.

            A sã consciência dos valores que os caracterizam dá-lhes robustez para prosseguirem no rumo elegido, sem tornar-se presunçoso ou temerário, reconhecendo os limites que possuem e grande necessidade de mais desenvolverem a capacidade que lhe confere os títulos de enobrecimento.

            Quando isso não ocorre, é exercido o poder que submete os outros e os amesquinham, que os necessitam e os desconsideram, que se nutre das suas energias e admiração enquanto os subestimam...

            Encontramos essa infeliz conduta naqueles que, despreparados para as vitórias nas áreas  em que se movimentam, ao alcançá-las fazem-se prepotentes, avaros, déspotas, tornando-se novos Golias que sucumbirão nos confrontos com os Davis existenciais, que embora desconsiderados os alcançam e os suplantam...

            Cientistas e religiosos, pensadores e artistas presunçosos, apesar das façanhas grandiosas que realizam, não sabendo conduzir-se no poder natural que a vida lhes oferece, são vencidos pelo tempo que a tudo ilusório dilui na inexorável marcha da realidade.

            Onde se encontram Pilatos, que humilhou Jesus, os sediciosos membros do Sinédrio que se fizeram responsáveis pela sua crucificação, os reis pomposos e construtores de impérios que foram consumidos, soterrados ou cobertos pelas águas dos oceanos, os hábeis cabos de guerra que semearam o terror no mundo, os intelectuais zombeteiros e os artistas desvairados, os religiosos insensíveis e os políticos que governaram com crueldade?...

            A morte a todos os venceu, no entanto o Mártir da Cruz, as vítimas das guerras de toda expressão, os vencidos pelas artimanhas e pela astúcia dos instintos ferozes e das inteligências desenfreadas permanecem na memória da Terra como exemplos a serem seguidos, verdadeiros heróis que se glorificaram pela coragem de lutar, perseverando nos seus ideais.

            Não é fácil superar a tendência para o poder, para o domínio, para a submissão dos outros aos ditames das suas paixões inferiores.

            Pessoas simples, idealistas e lutadores dedicados logo se tornaram conhecidos ou destacados no meio em que se encontram, infelizmente sem as resistências morais para as circunstâncias, derreiam na aceitação do falso poder que supõem agora dispor, e modificam-se, agindo com a mesma insensatez daqueles que antes combateram.

            Assim, muitos regimes e credos que, perseguidos, são fielmente exercidos, mas logo que aceitos, adotam os infelizes comportamentos e artifícios daqueles dos quais se afastaram.

            O exemplo mais crucial é o do cristianismo antes, quando odiado pelo poder romano, e depois, quando aceito pelo mesmo decadente poder, que nele encontrou as forças para sobreviver por mais um pouco, desaparecendo na razão direta em que ascendeu aos tronos vazios dos antigos perseguidores para a lamentável governança terrestre...


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            Quando Jesus enviou os setenta da Galileia para anunciar a Era Nova, deu-lhes o poder de curar os enfermos, ressuscitar os mortos, limpar os leprosos, expulsar os demônios, de graça havendo recebido, de graça oferecerem, e recomendando que não se munissem dos valores da Terra que aparentam segurança... (Mt 10:8)

            O verdadeiro poder vem do alto, qual o que foi conferido ao Mestre pelo Pai que o enviou.

            Infelizes, portanto, as lutas pelo poder, mesmo nos pequenos grupos onde proliferam a presunção, a disputa doentia, a exorbitância da vaidade.

            Ademais, os Espíritos perversos, quando não conseguem desviar os discípulos sinceros de Jesus do serviço, inspiram-nos, sorrateiros e cruéis, às covardes contendas e combates pelo poder...
                        Joanna de Ângelis
 Psicografia de: Divaldo Pereira Franco, extraído do
livro Entrega-te a Deus, capítulo 28

Anelar: desejar intensamente
Hedonismo: prazer como bem supremo; busca incessante do prazer
Propelir: empurrar, impulsionar
Atavismo: herança de caracteres de existências anteriores
Hodierno: atual
Conluio: trama; ajuste maléfico
Coevo: coetâneo (contemporâneo)
Títere: governante que representa interesses alheios
Camartelo: instrumento usado para quebrar; demolir
Desapear: destituir
Factoto: aquele que se julga capaz de solucionar tudo
Envilecer: tornar vil, desprezível
Avaro: avarento; que não é generoso
Inexorável: inflexível; inelutável
Sedicioso: revoltoso, insurgente
Sinédrio: corte suprema judia
Derrear: curvar
Exorbitância: excesso
Contenda: luta



segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DESENCARNAÇÕES COLETIVAS

           Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?
          (Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 28 de fevereiro de 1972, em Uberaba, Minas Gerais.)

Resposta:

          Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.
          Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.
          É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.
* * *
          Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
          Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
          Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.
          Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.
* * *
          Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.
* * *
          Lamentemos sem desespero quantos se fizeram vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.
          Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.

Emmanuel 

AS LEIS DA CONSCIÊNCIA

          A resposta de Emmanuel vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno da autopunição dos encarnados, em virtude de um fator psicológico: o das leis da consciência. Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem como as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se punem a si próprias em virtude de haveremcrescido em amor e trazerem consigo a justiça imanente. Se no passado erraram, agora surgem como heroínas do amor no sacrifício reparador.
          As leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana. Caim matou Abel por inveja e a sua própria consciência o acusou do crime. Ele não teve a coragem heróica de pedir a reparação equivalente, mas Deus o marcou e puniu. Faltava-lhe crescer em amor para punir-se a si mesmo. O símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição cumprindo-se compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas, a compulsão é substituída pela compaixão. 
           Para a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara do processo evolutivo do homem. Como selvagem ele ainda se sujeita mais aos instintos do que à consciência. Por isso não é inteiramente responsável pelos atos. Como civilizado ele se investe do livre-arbítrio que o torna responsável. Mas o amor ainda não o ilumina com a devida intensidade. As civilizações antigas (como o demonstra a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas civilizações modernas, tocadas pela luz do Cristianismo, os processos de autopunição se intensificam.
          O suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada por uma consciência evoluída. O que ocorreu com Judas em vida, ocorre com as almas desencarnadas que enfrentam os erros do passado na vida espiritual. Para encontrar o alívio da consciência elas sentem a necessidade (determinada pela compaixão) de passar pelo sacrifício que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício passageiro, diante da eternidade do espírito? A misericórdia divina se manifesta na reabilitação da alma após o sacrifício para que possa atingir a felicidade suprema na qualidade de herdeira de Deus e co-herdeira de Cristo, segundo a expressão do apóstolo Paulo.
          Encarando a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação não poderemos explicar a Justiça de Deus – principalmente nos casos brutais de mortes coletivas. Os que assim perecem estão sofrendo a autopunição de que suas próprias consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A diferença entre esses casos e o de Judas é que essas vítimas não são suicidas, mas criaturas submetidas à lei de ação e reação.
          Judas apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena. Tornou-se um suicida e aumentou assim a sua própria culpa, rebelando-se contra a Justiça Divina e tentando escapar a ela.

Irmão Saulo (J. Herculano Pires)

Livro:  Chico Xavier Pede Licença – Um Aparte do Além nos Diálogos da Terra Cap.19
            Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos, J. Herculano Pires


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

TECNOLOGIA e RESPONSABILIDADE


           À medida que surgiram as primeiras conquistas tecnológicas, em decorrência do processo evolutivo e das avançadas aquisições científicas, temeu-se que os relevantes serviços apresentados viessem destruir a ingenuidade, a comunicação fraternal, a amizade, os valores morais entre as pessoas, dando lugar à mecanização da vida humana. 
Durante o século XX, no qual as admiráveis invenções tecnológicas alteraram totalmente a sociedade, as máquinas foram substituindo os seres humanos em inúmeros setores de atividades, com resultados excelentes, infelizmente dando lugar ao desemprego de grande massa de trabalhadores, diminuindo-lhes a autoestima.
Nesse capítulo, a robótica tornou-se terrível adversário de milhões de pessoas que foram dispensadas dos seus estafantes serviços, produzindo mais intensamente, sem nenhum descanso, e aumentando a renda das empresas, que se libertaram de muitas responsabilidades para com os seus servidores, agora atirados praticamente ao abandono.
Por outro lado, a comunicação virtual vem facultando um infinito elenco de oportunidades para ampliar-se o conhecimento, para adquirirem-se recursos fabulosos, para encontrar-se orientação para muitos males, para proporcionar divertimento, alegria e intercâmbio rápido de ideias... Nada obstante, o mesmo veículo tem sido utilizado de maneira perversa, por pessoas destituídas de sentimentos éticos, de dignidade, psicopatas graves abrindo as comportas das suas paixões servis e desencaminhando pessoas inexperientes mediante intercâmbio devasso, corruptor, mentiroso, abrindo as comportas para inumeráveis crimes que vêm sendo catalogados por especialistas preocupados com a verdadeira pandemia de pedófilos, de depressivos que se permitem o suicídio, a anorexia, a bulimia, exteriorizando conflitos perturbadores que são assimilados por outros indivíduos insensatos.  Pessoas inescrupulosas, denominadas hackers penetram os segredos de entidades militares e bancárias, assim como de outras pessoas, produzindo prejuízos incalculáveis, ao mesmo tempo que se utilizam de senhas e números de cartões de crédito ou de débito, infernizando a vida dos seus legítimos possuidores.
Simultaneamente, diminuiu as distâncias, facilitou a comunicação entre as criaturas que se encontram geograficamente separadas por  milhares de quilômetros, facultando as grandiosas experiências com satélites artificiais e bólides outras que sondam os espaços siderais, estudando os fenômenos cósmicos, a origem da vida e do universo.
Sem a tecnologia, conforme se apresenta, o processo de crescimento da sociedade e da evolução da Terra estaria nos limites medievais, na estreiteza da ignorância, lamentavelmente em fase de estagnação.
O problema, portanto, não é da valiosa tecnologia de ponta, mas da criatura humana, em si mesma, que a pode utilizar para salvar milhões de vidas, assim como para disparar armas inteligentes que as ceifariam aos milhares de uma só vez.
Enquanto não haja correspondente desenvolvimento ético-moral, enfrentar-se-ão graves mutilações nas estruturas da sociedade, com os danos advindos do mau uso desse valioso instrumento  que não pode ficar ignorado.
Para onde se volte, o ser humano na atualidade defrontará as notáveis conquistas tecnológicas, facilitando-lhe a existência ou, infelizmente, criando-lhe situações lamentáveis.
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Antes dos incomparáveis inventos tecnológicos, a ignorância predominava nos grupamentos humanos, o isolamento da sociedade era desafiador, as viagens muito difíceis e perigosas, as epidemias dizimavam periodicamente grande parte da humanidade, a escuridão predominava em toda parte, a higiene era relegada a plano secundário, o desconhecimento dos recursos de preservação da vida era vasto e a superstição dominava até mesmo os recintos acadêmicos...
À medida que se pôde penetrar na interpretação da eletricidade e domá-la, canalizando-a para fins úteis, houve uma nova descoberta do fogo, assim como a identificação da flora e da fauna microbiana, com os seus poderosos recursos de manutenção e destruição da vida, é como se novamente houvesse sido inventada a roda...
De conquista em conquista, os desafios que sombreavam a cultura e ameaçavam a existência dos seres vegetais, animais e humanos, cederam lugar à compreensão dos grandiosos dons da vida, facultando o seu prolongamento, a diminuição das dores, a alegria de viver, as bênçãos do intercâmbio e as facilidades para as viagens prolongadas.  O rádio, o cinema, a televisão motivaram milhões de pessoas a se tornarem mais saudáveis e sensíveis à beleza, que deixava de pertencer às classes privilegiadas para alcançar número incontável de cidadãos, contribuindo para o seu processo de evolução.
A educação ampliou infinitamente, em relação ao passado, as possibilidades de melhorar a cultura e os valores de enobrecimento, favorecendo a conquista dos direitos humanos,  embora ainda pouco respeitados, enquanto as possibilidades de crescimento intelectual tornaram-se indiscutíveis.
Com o advento da informática, da robótica, da computação, o mundo diminuiu o seu volume e a humanidade passou a viver em contínuo contato virtual com as mais distantes nações, comunicando-se e negociando com facilidade imensa, sem o risco das grandes viagens, nem o perigo dos desastres...
É imensa a lista das vantagens defluentes da ciência e da tecnologia a serviço da sociedade terrestre.
Simultaneamente, porém, à medida que a ignorância e a superstição cederam lugar após os conhecimentos avançados, surgiram novos mitos, filhos das paixões desportivas, do erotismo, da música perturbadora, do excesso de informação que a mente não consegue decodificar e nem os sentimentos absorver.
Diferente solidão, a psicológica substituiu a anterior decorrente das distâncias geográficas, a perda dos contatos pessoais, o medo do futuro, que se apresenta ameaçador, como se as máquinas viessem substituir os seres humanos, a violência arrebata milhões de criaturas desajustadas, os crimes hediondos permanecem, novas epidemias surgem, embora controladas com rapidez, os suicídios apresentam índices alarmantes, o suborno, a difamação e a crueldade dão-se as mãos em espetáculos de horror, que surpreendem e desencantam os futurólogos sonhadores e programadores do mundo de felicidade material...
O paradoxo do século atual está no choque entre as inescrutáveis conquistas dessas duas vertentes do conhecimento que são a ciência e a tecnologia, em relação aos sentimentos humanos desgastados pelo impositivo dos instrumentos de uso, cada vez mais complexos, que isolam e atiram ao esquecimento as gerações anteriores que sofrem dificuldade em atualizar-se...
Lentamente a perda do sentido existencial, pelo tudo já realizado e concluído,  vai instalando-se em muitos comportamentos que derrapam na indiferença pela vida, na depressão, na revolta surda contra aqueles que se apresentam felizes e fazem crer que são triunfadores...
Há, portanto, um imenso contraste entre os seres humanos, dividindo-os naqueles que tudo possuem e noutros que apensas olham e não dispõem das mesmas possibilidades.
As gloriosas conquistas da inteligência, respeitáveis e valiosas, ainda carecem das aquisições morais, a fim de tornar o ser humano realmente ditoso e pleno, o que certamente ocorrerá, embora ainda não haja sucedido...
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Ao evangelho de Jesus, desvestido das indumentárias luxuosas e equivocadas com que o sombrearam através dos séculos, cabe a tarefa de oferecer o amor como solução para os graves problemas que aturdem e desorientam as massas.
Administradas as notáveis conquistas da inteligência pela suavidade dos sentimentos enobrecidos, que a todas as criaturas unirá como irmãs, as lições insubstituíveis do Sermão da montanha preencherão o vazio existencial e reunirão os seres humanos numa grande família, apesar das suas diferenças compreensíveis, dando lugar ao mundo de regeneração que se aproxima.
Respeitando, desse modo, os incomparáveis tesouros da ciência e da tecnologia, aguardamos a ocorrência dos valores sublimes do amor, gerando a bioética que preserva a vida em qualquer circunstância e a torna mais digna de ser exercida.
Joanna de Ângelis
Extraído do livro: Entrega-te a Deus, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, páginas 115/120, 1ª edição.

-robótica: ciência e técnica da concepção, construção e utilização de robôs.
-pandemia: enfermidade epidêmica amplamente disseminada.
-anorexia: falta ou perda de apetite.
-bulimia: distúrbio do apetite com episódios incontroláveis em que se ingere uma quantidade excessiva de alimento, seguidos por processo radicais para que não ocorra o consequente ganho de peso.
-hacker:  termo vulgarizado para denominar o especialista em informática que usa seu conhecimento para interesses ilícitos; contudo, dentro do meio computacional, hacker  tem uma acepção positiva, identificando um perito; nessa área, quem pratica atividades  ilegais, usando do seu grande conhecimento, é chamado cracker.
-bólide: corpo que se desloca em grande velocidade.
-hediondo: pavoroso, repulsivo.
-paradoxo: contradição.
-inescrutável: incompreensível, insondável.
-ditoso: feliz. 

domingo, 31 de outubro de 2010

PERIGOS SUTIS


“Não vos façais, pois, idólatras.” – Paulo. (I Coríntios, 10:7)

            A recomendação de Paulo aos coríntios deve ser lembrada e aplicada em qualquer tempo, nos serviços de ascensão religiosa do mundo.
            É indispensável evitar a idolatria em todas as circunstâncias. Suas manifestações sempre representaram sérios perigos para a vida espiritual.
            As crenças antigas permanecem repletas de cuidados exteriores e de ídolos mortos.
            O Consolador, enviado ao mundo, na venerável missão espiritista, vigiará contra esse venenoso processo de paralisia da alma.
            Aqui e acolá, surgem pruridos de adoração que se faz imprescindível combater. Não mais imagens  dos círculos humanos, nem instrumentos físicos supostamente santificados para cerimônias convencionais, mas entidades amigas e médiuns terrenos que a inconsciência alheia vai entronizando, inadvertidamente, no altar frágil de honrarias fantasiosas. É necessário reconhecer que aí temos um perigo sutil, através do qual inúmeros trabalhadores têm resvalado para o despenhadeiro da inutilidade.
            As homenagens inoportunas costumam perverter os médiuns dedicados e inexperientes, além de criarem certa atmosfera de incompreensão que impede a exteriorização espontânea dos verdadeiros amigos do bem, no plano espiritual.
            Ninguém se esqueça da condição de aperfeiçoamento relativo dos mensageiros desencarnados que se comunicam e do quadro de necessidades imediatas da vida dos medianeiros humanos.  
            Combatamos os ídolos falsos que ameaçam o Espiritismo cristão.  Utilize cada discípulo os amplos recursos da lei de cooperação, atire-se ao esforço próprio com sincero devotamento à tarefa e lembremo-nos todos de que, no apostolado do Mestre Divino, o amor e a fidelidade a Deus constituíram o tema central.
                                                                                                           Emmanuel

Obra o Pão Nosso, página 115,
 psicografia de Francisco Cândido Xaiver

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Os dias graves do Senhor

Estes são os dias, os dias graves do Senhor!

É necessário que as criaturas humanas abramo-nos ao Evangelho restaurado e nos permitamos ser instrumentos do Condutor de Vidas, para que possamos aplainar os caminhos que a Sua Misericórdia vem percorrer.

Espíritas!

Assumistes um compromisso antes do berço. Firmastes no Além um documento de responsabilidade para proclamar o Reino de Deus na Terra, no momento das grandes aflições.

Pedistes o testemunho e o sofrimento para respaldarem a qualidade da vossa tarefa.

Não recalcitreis, pois, ante o espinho do testemunho.

Permanecei solidários para que não experimenteis solidão.

Cantai um hino de louvor e de bem-aventuranças, para que as vossas não sejam as lágrimas do remorso, ao contrário, sejam as da gratidão.

Não postergueis o momento da renovação interior.

Se colheis, por enquanto, os cardos e se sorveis a taça da amargura que preparastes antes, semeai paz, alegria e amor para a colheita do futuro.

O Espiritismo é Jesus voltando de braços abertos e trazendo no Seu séquito os corações afetuosos que vos anteciparam na viagem de volta ao Grande Lar, e que, numa canção de júbilo, agradecem a Deus a honra de participarem da Era Nova do Espírito imortal.

Tornai-vos sábios na simplicidade, na cordura, na gentileza e ricos na compaixão.

O amor cobre a multidão dos pecados e a compaixão coroa o amor de ternura.

Começando por agora, aqui, o trabalho de lapidação do caráter para melhor, conseguireis, como estamos tentando conseguir, a palma da vitória.

Nada que vos atemorize. Que mal podem fazer aqueles que caluniam, que mentem, que perseguem, se tudo quanto fizerem perde o seu sentido no túmulo?

Jornaleiros da Imortalidade, avançai cantando Jesus para os ouvidos moucos do mundo, e apresentando-O para os que se ocultaram nas furnas da loucura, das sensações e do despautério.

Hoje é o momento sublime de construir e, em breve, o momento de  ser feliz.

Muita paz, meus filhos. Com todo carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,

                                                Bezerra
 Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao final da Conferência pública, realizada no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 26 de agosto de 2010
Extraído do site: http://www.divaldofranco.com

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CÉLULAS-TRONCO

Entrevista de José Raul Teixeira, orador espírita conhecido nacional e internacionalmente, à revista eletrônica  "O Consolador", conforme endereço web abaixo.


– Há muitos debates sobre células-tronco embrionárias. Considerando como são formados os embriões resultantes da fertilização in vitro, é-nos difícil entender que a todos eles estejam ligados Espíritos, visto que, para um mesmo casal, produzem-se diversos embriões, dos quais alguns são implantados e outros mantidos em baixíssima temperatura. Se tudo correr bem na gestação, é comum que os embriões congelados sejam esquecidos e, por conseguinte, jamais utilizados. Em alguns países, como a Inglaterra, a lei estipula um prazo, findo o qual eles são eliminados. Ainda que não se tratando de uma posição do Espiritismo, e sim um argumento pessoal, como você vê essa questão?  

Raul Teixeira: Sendo uma pessoa vinculada às ciências, vejo como muito delicada essa questão, tendo em vista muitos posicionamentos extremadamente apaixonados e que nos remetem aos tempos distantes das posições ultramontanas em relação ao progresso científico.

É comum que os religiosos, em geral, evoquem para si o direito de atuar nas suas crenças como bem o desejem ─ ainda que toda a sociedade se depare, incontável número de vezes, com posicionamentos argumentativos e práticas ardilosos, anti-sociais e mesmo criminosos contra o povo ─, sem admitirem qualquer intromissão de cientistas, nenhuma opinião que se oponha aos seus intentos ou que não façam parte dos seus quadros, quase sempre distanciados dos verdadeiros fins dos ensinamentos imortais deixados por Jesus Cristo e por outros Missionários espirituais da humanidade. Contudo, quase sempre os mesmos religiosos arrogam-se o direito de não somente opinar mas de determinar sobre as reflexões e práticas da Ciência, como se fossem detentores da absoluta verdade.

Afora os posicionamentos políticos, laboratoriais, comerciais e demais interesses particulares que se atiram nos caminhos dos cientistas-pesquisadores ─ que costumam estar presentes nessas discussões, fazendo lobbies em favor de empresas ou de grupos, com os quais se deve ter muita cautela pelo cinismo e pelas pressões com que atuam ─, sou de parecer que aos religiosos caberia ressaltar e propagar a realidade espiritual do ser humano, trabalhar na educação moral dos indivíduos, o que lhes possibilitaria tomar as melhores decisões diante do mundo e diante da Espiritualidade, deixando àqueles que assumiram responsabilidades perante a Ciência o labor que lhes cabe, oferecendo, quando solicitados, os seus mais lúcidos pareceres que deverão ser tão lúcidos quão desapaixonados. O que não me parece coerente é que os religiosos desejem governar todos os ângulos de visão da sociedade, como se tivessem o privilégio da verdade sobre os demais pensadores.

Indiscutivelmente, encontraremos abusos que à justiça caberá questionar e corrigir, evocando os preceitos éticos imponentes. O que creio não ser razoável é partirmos do princípio de que, por adotar posições muitas vezes materialistas ou ateístas (em relação aos preceitos e dogmas das religiões institucionais), devam os cientistas ser considerados como não sérios ou como irresponsáveis. Entendo que deveremos respeitar esse grande pugilo de pesquisadores que têm oferecido suas vidas em prol de uma sociedade melhor, permitindo que realizem seus empreendimentos, seus trabalhos, suas pesquisas.

Tenho ouvido do Espírito Camilo que muitos desencarnados, retidos em situações de complexos conflitos e sofrimentos no além, são visitados e indagados quanto ao interesse que tenham de servir de instrumentos ao progresso da Ciência no mundo, apresentando-se para animarem embriões que se prestarão às pesquisas. Findadas as experiências, essas entidades que reencarnariam em delicadas situações de enfermidades físicas, mentais ou sócio-econômicas, ou todas conjugadas, logram obter melhorias significativas nos processos em que estão incursas. São muitas as que aceitam e que são levadas a tais lidas nas esferas do trabalho científico.

É real que nem todos os embriões, tendo-se em vista as fases iniciais em que são tomados, estão ligados a inteligências espirituais, mas outros tantos estão, sim, animados por essas entidades referidas, ou seja, as que se apresentam para servir de “cobaias” nas atividades de pesquisas científicas.

Há, por outro lado, uma questão que se quer calar. Por que há defesas tão extremadas dos possíveis embriões com ligações espirituais, enquanto que não há a mesma paixão pelas crianças já reencarnadas, malnascidas, abandonadas nas ruas ou nos orfanatos? O que deve passar pela mente geral relativamente a tais crianças e os citados embriões? Por que não costumamos ver ninguém solicitar aos laboratórios detentores dos embriões algum deles como filho? Diante das quantidades que são atiradas fora, após os períodos exigidos por lei, é de estranhar que ninguém reclame uns dois ou três para serem cuidados, implantados na condição de filhos, de modo a salvá-los da destruição... 

Extraída de entrevista publicada no jornal O Imortal de fevereiro de 2009
http://www.oconsolador.com.br/ano4/178/raulteixeiraresponde.html

terça-feira, 28 de setembro de 2010

E agora?...



          A sociedade hodiernamente está num grande emaranhado. O comportamento exige reposicionamento. Os hábitos pedem revisão. A juventude espera referência.  A fé pede norte.  A política requer clareza.

            Os tempos são chegados. O fim de Era está próximo. A miscelânea de opiniões, credos, achismos, libertinagens, apropriações indébitas, desserviços,..., acham-se crescidos.  A sociedade está contida no seu próprio molho, sofre suas agruras, respira sua estupidez.

            O Orbe está em frangalhos. As diversas sociedades, todos os reinos, sobreviverão se o Planeta suportar as investidas irracionais dos racionais que dependem dele.

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            Embora a visão caótica que se pode ter do momento da humanidade terrestre, tem-se que saber que o Planeta é um Organismo Sideral com direção, planejamento, objetivos bem definidos, dando oportunidades de reposicionamento para todos os seres humanos que lhe estão vinculados, dependentes.

            Essa direção está postada em Jesus, o Cristo, que tem por promessa que: ”de seu redil nenhuma ovelha se perderá”.  Assim, a esperança existe. É certo que se faz preciso estar atento: ouvir e entender, ver e enxergar; discernir, reflexionar, compreender, vivenciar e modificar-se de acordo com a mensagem do evangelho.  Carregar o coração, a alma, enfim todo o ser, com os recursos da humildade, para perceber o endereçamento luminar que mostra aonde chegar. A paz e a felicidade são realidades que existem para serem conquistadas pelos habitantes da Terra, ninguém está excluído, a consideração é equânime, não existe nem privilégio e nem privilegiado, a conquista é por mérito verdadeiro; portanto,  sem lugar para: a  hipocrisia, a corrupção, a mentira, a falsidade... 

            A sociedade humana, considerando a individualidade, o ser humano, tem a liberdade para suas ações, pois é criatura divina, tem no cabedal de comportamento o livre-arbítrio, recurso extraordinário de evolução, intelectual e moral, vez que o indivíduo se constrói, através de suas vivências e consequências, erros e acertos, refazeres e conscientização de sua responsabilidade diante de si mesmo, da sociedade e do Criador. 

            O momento é especial,  ao mesmo tempo em que se tem a alucinação, o desespero,  a dor dos mais variados matizes, temos o renascer do Espírito, por falta de outra opção, para o bem,  o entendimento da grandiosidade da vida, a harmonia para as realizações nobres...  Cada indivíduo que renasce do sofrimento altera a realidade do Planeta para melhor.  E quando o percentual de seres renovados, nesse cadinho, tiver superado os que ainda permanecem dormindo com seus pesadelos, a realidade se fará mais clara, a atmosfera global estará amena, a confiança é mais plausível, a fé se faz mais racional, o progresso da sociedade mundial é mais evidente, o respeito para com o ser humano e o Planeta é mais abrangente.

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            Todos estão inseridos no curso evolutivo da Terra, todos são agentes de autoprogresso e do progresso coletivo, os esforços individuais proporcionam o resultado global, ninguém será feliz sozinho; nem o egoísmo e nem o orgulho terão lugar no tempo de paz e felicidade, pois são antagônicos, se não forem destruídos não haverá harmonização no Orbe terrestre. A salvação é fatal; a demora é por conta de cada um. Jesus na condução do Planeta aguarda que suas ovelhas se aprontem. Deus disponibiliza infinitas oportunidades à Criatura. Com quem está a decisão?  E agora?...

Dorival da  Silva