quinta-feira, 7 de março de 2019

Caridade essencial


Caridade essencial

“E a caridade é esta: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes; que andeis nele.” - João. (II João, 6.)

Em todos os lugares e situações da vida, a caridade será sempre a fonte divina das bênçãos do Senhor.

Quem dá o pão ao faminto e água ao sedento, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, está colaborando na edificação do Reino Divino, em qualquer setor da existência ou da fé religiosa a que foi chamado.

A voz compassiva e fraternal que ilumina o espírito é irmã das mãos que alimentam o corpo.

Assistência, medicação e ensinamento constituem modalidades santas da caridade generosa que executa os programas do bem. São vestiduras diferentes de uma virtude única. Conjugam-se e completam-se num todo nobre e digno.

Ninguém pode assistir a outrem, com eficiência, se não procurou a edificação de si mesmo; ninguém medicará, com proveito, se não adquiriu o espírito de boa-vontade para com os que necessitam, e ninguém ensinará, com segurança, se não possui a seu favor os atos de amor ao próximo, no que se refira à compreensão e ao auxílio fraternais.

Em razão disso, as menores manifestações de caridade, nascidas da sincera disposição de servir com Jesus, são atividades sagradas e indiscutíveis. Em todos os lugares, serão sempre sublimes luzes da fraternidade, disseminando alegria, esperança, gratidão, conforto e intercessões benditas.

Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida, pratiquemos a caridade essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação e a redenção de nós mesmos. Trata-se da caridade de pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os ensinamentos do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade de vivermos verdadeiramente nEle para que Ele viva em nós. Sem esta, poderemos levar a efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas em nosso benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos, nos instantes de supremo testemunho na fé, estaremos vazios e desolados, na condição de mendigos de luz.

Mensagem extraída do livro: Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 110, ano 1951.

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Reflexão:  O apóstolo João diz: “andemos segundo os seus mandamentos” – os de Jesus, o que não se entende levar os mandamentos no bolso ou embaixo do braço para recitá-los nas esquinas, nos templos ou qualquer outra ocasião.

Como nos coloca o espírito Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, esse “andemos segundo os seus mandamentos” é a caridade essencial, o que corresponde à internalização na alma do ensinamento do Mestre, não somente como registro intelectual, mas na vivência transformadora do indivíduo, sendo o devolvimento consciente do ser espiritual. De braços cruzados, de mente estacionária nos oferecimentos do mundo não chegará nesse objetivo espiritual, precisa de esforço contra o comodismo, o aceitar tudo pronto, o que lhe é oferecido pelo mundo, através dos mecanismos existentes em cada época: televisão, todos os meios de comunicação existentes, os divertimentos que se tornaram necessidades e até dependências para muitos, encobrindo a busca da essencialidade de vida.

As ferramentas tecnológicas existem para auxiliar o homem na execução do que é repetitivo e exaustivo, no encurtamento das distâncias, na melhor aplicação da inteligência – o que deve ser a favor de sua evolução espiritual -- , de forma que tenha condições de destinar maior tempo para o estudo, para a busca e entendimento daquilo que a tecnologia não lhe pode oferecer, que é tratar das questões espirituais, porque somente com os recursos da alma: inteligência, sentimentos, sensibilidade e uma fé que raciocina é possível elevar-se além dos limites da matéria.

Por outro lado, é bom entender que os tempos são de busca das claridades espirituais em nossas vidas, e a página em análise nos mostra grandemente quanto precisamos caminhar nesse rumo. Veja que faz referência aos atendimentos das necessidades do próximo carente através da entrega de medicamentos, alimentação e outros atendimentos o que é bastante saudável e tem o seu valor, pois atende ao que precisa, trata-se da caridade material, meritório e desejável que isto se dê. Até aqui atendemos orientação religiosa, organizações sociais, costumes e tradições de família ou de grupo de pessoas dedicadas a suprir as carências sociais, interpretação de livros sagrados que nos geraram deveres, como se fossem uma penalidade a cumprir. No entanto, realizamos bem, mas ao redor de nós e não na nossa intimidade, o que quer dizer em nós mesmo, na nossa alma.

Cabe-nos um questionamento: Qual a finalidade de estarmos aqui no Mundo? Salvarmos a nossa alma. Corrigirmo-nos naquilo que não fizemos bem em outra vida, ajustar com os credores as pendências que nos incomodam o espírito, adquirir virtudes e aprender a realizar o bem e nos distanciarmos da materialidade através da caridade espiritual; é o que se precisa entender, porque grande parte de nós entramos na vida material, através do renascimento, e continuamos a realizar ações no entorno de nós, porque não atendemos ao ensinamento de Jesus: “Buscai e achareis”, “batei e se te abrirá” e pedi e se te dará”.

Sempre a indicação de ação espiritual, porque é na essência da vida que precisamos trabalhar. É saber o porquê da Vida, não se deixar conduzir pela massa, somos seres lúcidos e temos o dever de tomarmos as rédeas da vida em nossas próprias mãos, ou seja, saber o que estamos fazendo aqui nesta vida.

Vou transplantar adiante o último parágrafo da mensagem acima, considerando a grandiosidade do ensinamento: Antes, porém, da caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida, pratiquemos a caridade essencial, sem o que não poderemos efetuar a edificação e a redenção de nós mesmos. Trata-se da caridade de pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os ensinamentos do Divino Mestre, no Evangelho. É a caridade de vivermos verdadeiramente nEle para que Ele viva em nós. Sem esta, poderemos levar a efeito grandes serviços externos, alcançar intercessões valiosas em nosso benefício, espalhar notáveis obras de pedra, mas, dentro de nós mesmos, nos instantes de supremo testemunho na fé, estaremos vazios e desolados, na condição de mendigos de luz". 

É bom destacar o apontamento de que sem vivermos a mensagem de Jesus, realizaremos grandes feitos lá fora de nós, mas permaneceremos vazios e desolados, na condição de mendigos de luz. Assim, diante das dificuldades da vida em que deveremos enfrentá-las sozinhos, porque as grandes provações, nos momentos mais críticos da vida são solitários, conquanto às vezes cercados de muitos, mas espiritualmente estaremos sós, apenas com os recursos espirituais que dispomos.

A caridade essencial nos liberta da insegurança, do medo, porque aclara o caminho, percebe-se a vida além dos limites da matéria, antecipa em parte a vida espiritual, a morte na verdade é apenas um fato previsto e que ninguém ignora, sabendo que a vida não sofre interrupção, apenas se liberta das amarras que a retém no mundo material, alçando voo em planos espirituais que as letras não são capazes de descrever, se merecermos.


Caridade essencial... 

                                                                  Dorival da Silva

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

... Perdão!

... Perdão!  

 

Quantos atrozes sofrimentos carregam muitas almas. Ódio, desejo de vingança, pérfidos sentimentos, ressentimento alimentado por muitos anos de um determinado fato gravoso ocorrido, mas também existe o ressentimento de fato que se supunha ocorrido, nunca verdadeiramente apurado. Situações que viajam no tempo, transcendem a vida física e acompanham a alma na jornada para o outro lado da vida, porque, afinal, o sofrimento pertence à alma e não ao corpo.  

 

Após a morte do corpo, estando no campo espiritual, toda a vivência negativa de um Espírito reflete nele mesmo, que cultiva os mesmos desejos, tal como citado de início, porque não é capaz de perdoar a traição, a ofensa, a agressão a si ou a um familiar, a deslealde de alguém que detinha a sua confiança, a indiferença...  É voz corrente que o perdão é difícil de conceder diante de ocorrências tão graves. É uma grande verdade e exige um esforço enorme, precisa revolver toda uma construção de sofrimentos na intimidade da alma.   

 

Faz-se necessário recordar que somos Almas imortais, que temos um objetivo inevitável que é o progresso, o que corresponde a entender o aprimoramento intelectual e moral de si mesmo que se dá em vista da convivência com os demais filhos da Criação, que diante de Deus são irmãos, pois fluíram da mesma origem. Eles, como todos nós, erram em graus diferentes, gerando consequências incontroláveis de variadas gravidades, sendo que a intensidade pertencerá ao ofendido, que inconscientemente dará valor emocional e potenciará a ofensa, caso não perdoe o ofensor.    

 
 

Cabe acrescentar que as circunstâncias que nos envolvem são heranças nossas, considerando que se nada de grave tem origem em nossas ações nesta vida, certamente ocorreu em outra existência, porque no estágio espiritual em que nos encontramos ainda temos muito o que nos corrigir e resgatar para a liberação da consciência da mácula que a incomoda.   

 

Jesus, o Cristo, que é o Psicólogo da Vida, leciona ensinando ao apóstolo Pedro quando Lhe pergunta: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?   Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.” (Mateus, 18: 21 e 22).  Este ensinamento tem importância capital para a Humanidade, porque é o antídoto para grande parte das dores existentes, das doenças sem origem aparente, que corroem a Alma, porque evita os crimes, as vinganças de toda ordem, o maldizer, as lamentações, o ódio, a relembrança do fato que não se apaga...  Se o ofendido morrer nesse estado emocional desequilibrado, terá dificuldades no outro lado da vida, pois a intensidade vibratória fora da matéria aumenta grandemente, e se está em sofrimento, este tende ficar mais intenso.   

 

O perdão das ofensas não é uma covardia, como é comum atribuir uma condição de fraqueza a quem perdoa uma agressão. Na verdade, é uma demonstração de sabedoria, pois requer o esforço e a aplicação dos recursos morais, emocionais e intelectuais que permitem ao ofendido discernir e reconhecer a falibilidade do próximo. Isso permite que o ofensor enfrente as consequências de suas ações, inevitavelmente virão, especialmente quando se tem conhecimento e respeito pela Lei Divina.  

 

Quando a Lei Maior fará isto? O ofensor, que nem ao menos se incomodou com o que fez e não demonstrou nenhum sentimento de arrependimento, terá que enfrentar as consequências. Isto é muito questionado quando se trata desse tema evangélico; no entanto, a resposta virá no tempo, se dará nas vidas sucessivas, é preciso que o ofensor que dorme para as questões espirituais acorde e veja as consequências de suas ações, que estão gravadas em si mesmo, pois trará as feridas na alma, entendendo que a única forma de se curar é a modificação do seu estado interior realizando o bem. A consciência não dorme indefinidamente.   

 

Deus permite o esquecimento do passado e oferece a oportunidade de uma vida nova em um novo corpo, a reencarnação, para que possamos corrigir os fatos ofensivos de outras existências junto aos ofendidos, os credores, seja na condição de filho, irmão, pai, mãe, amigo, patrão, empregado... Erramos em tantas circunstâncias e as oportunidades correspondem a essas circunstâncias nas vidas sucessivas.   

 
O perdão não tira o direito de buscar a lei civil ou criminal para reparos ou a contenção necessária, levando em conta o fato material ou moral.  O que importa é como lidar com a situação sem se exacerbar o estado emocional e espiritual, o que não poderá corresponder a intenção de vingança, mas acomodar o fato de maneira que não trará outras consequências gravosas, se necessário.  

 

O perdão tem um efeito grandioso para quem perdoa, mas não livra o ofensor de suas responsabilidades em qualquer momento. Na verdade, como nos ensinam os postulados espíritas, a ofensa atinge primeiramente o ofensor e a ele pertencerá até devida solução.  É semente de planta ruim que poderá apresentar seus frutos imediatamente ou aguardar tempo próprio para eclodir.  

 
O perdão é divino, nos livra de muitos atrasos no caminho da sublimação.   

 

Perdão!   

Dorival da Silva 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O Céu é de verdade!

O Céu é de verdade! 

Há alguns dias vi um filme com o título acima, onde uma criança muito inteligente (personagem) de quatro anos dizia ter ido ao Céu e relata a seu modo muitas coisas excepcionais que geravam grande conflito em seus pais, principalmente ao pai que era pastor de uma igreja. A criança narra que viu Jesus, que o acolheu no colo, e disse-lhe muitas coisas, também que encontrou seu avô paterno e outras pessoas, que com naturalidade narrava o que havia presenciado nesse ambiente, inclusive da música que ouviu e de modo geral que tudo é bem mais bonito do que aqui na Terra. É um filme de comovente ingenuidade, mas que a criança revela muitas verdades, considerando a ótica própria daquela idade e as influências de sua educação religiosa. 

Àqueles que estudam a sério a Doutrina Espírita e vivem no exercício da prática doutrinária, que visa o bem das pessoas e dos Espíritos em sofrimento que são atendidos nas reuniões próprias de esclarecimentos, sem nenhum outro interesse que não seja a prática do bem, sabem que o Céu é de verdade. 
  
Certo é que para àqueles que não aceitam os princípios doutrinários espíritas, tais como: A reencarnação, a comunicabilidade dos Espíritos, a preexistência e a pós-existência do Espírito em relação a presente vida, a existência dos mundos habitados; a continuidade da vida depois da morte do corpo; a existência de trabalho, de estudo, de crescimento em aprendizagem em todos os campos dos saberes, de cidades espirituais organizadas, fica mais difícil compreender que o Céu é de verdade. 

Certamente não estamos nos referindo ao Céu das doutrinas religiosas tradicionais: contemplativo, ocioso, enfadonho e inútil, pois nem mesmo quem prega essa ideia acredita na sua existência, que foge totalmente a qualquer lógica e bom senso. Serviu grandemente para criar céticos nestes últimos séculos.  

O Céu de verdade inicia-se agora se não se iniciou anteriormente, o que pode ter ocorrido em vida passada, é conquista individual e intransferível, ninguém poderá conquistar um Céu para quem quer que seja, mesmo para o seu maior amor. Não se trata de egoísmo, é lei natural.  Temos o dever de auxiliar, quando temos clareza de entendimento, a que os que se acham em nosso alcance de influência sejam levados à conquista de equilíbrio intelectual, emocional e espiritual suficiente para galgar um estado celeste, dentro da relatividade de suas conquistas. O que corresponde a um estado espiritual melhorado, que o coloca numa faixa vibratória mais favorável, correspondendo a condição conquistada pelos seus esforços.  

Fórmulas prontas não existem para isto, existem pensamentos, filosofias, ciências que nos auxiliam nessa busca pessoal, sendo o pensamento cristão o melhor deles, ampliado pelos esclarecimentos oferecidos pela Doutrina Espírita, que avulta em muito a clareza dos ensinamentos de Jesus, cuidando do essencial, deixando à parte o que atendeu a outros interesses pelos que manipularam o que era verdadeiramente original, desvirtuando-os e cristalizando-os nos dogmas, proporcionando dúvidas e incertezas que geraram o ceticismo, a noite das almas. 

Deixando o corpo físico, a Alma leva consigo o patrimônio cultivado e vai aportar-se na faixa vibratória correspondente a que vive, pois é a soma das qualidades que possui.  Encontrará um número grande de seus iguais por afinidade, e sendo na vida material feliz, mais feliz estará, porque na soma das vibrações de muitas almas felizes proporciona um ambiente vibratório grandioso de paz, de ações no bem, de realizações nobres, de convivência de confiança, sem as necessidades que conhecemos na vida da Terra.  

Ninguém pode duvidar que o Céu existe e todos estão a caminho para ele, mas o encontrarão quando conquistar a si mesmos, conscientes de suas responsabilidades diante da Vida Universal, na compreensão das Leis Divinas, estar certo que a vida aqui é para ser vivida dentro dos ensinamentos que Jesus trouxe ao Mundo, mas não da forma desfigurada como o homem apresentou para a Humanidade da Terra, atendendo a interesses indignos, calcados na ignorância, no egoísmo e no orgulho.  

O Céu existe de verdade, é conquista pessoal, é de entendimento gradual, pede esforços; ninguém conquista o Céu com absurdos filosóficos e nem com comportamentos esdrúxulos.  O exemplo da Humanidade é Jesus. Como foi que Ele viveu?  A verdade de Jesus precisa ser seguida, porque assim se chegará ao estado de plenitude.  Não se precisa imitar o que o homem fez com Jesus, isso Ele não veio ensinar.  

“O Céu é de Verdade”, depende de nós! 

                                                                  Dorival da Silva