segunda-feira, 16 de março de 2020

PENSAMENTO


Pensamento



Realizando busca de tema para a reunião de evangelização da mocidade de nossa Casa Espírita, ocorreu-nos abordar o tema sobre a influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos, como está exarado por Allan Kardec, no livro II, capítulo IX, de O Livro dos Espíritos, nas questões 459 até 472. Em conta o tempo programado para o encontro tomamos por base apenas a questão 459, que reproduziremos abaixo:


459. “Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?  “Muito mais do que imaginais, pois frequentemente são eles que vos dirigem.”



Para subsídio à proposição, buscamos a página abaixo psicografada por Francisco Cândido Xavier, na obra Instruções Psicofônicas, no capítulo 38, que apresenta informações que nos permitem ampliar entendimento sobre a questão anotada acima.



Em conta a grandiosidade do tema para as nossas vidas, resolvi publicar os conteúdos neste blogue, dando oportunidade àqueles que desejam encontrar assuntos sérios para estudo e reflexão.



                                   Dorival da Silva

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                          PENSAMENTO


Em nossa reunião de 25 de novembro de 1954, felicitou-se nosso Grupo com a presença do Espírito Lourenço Prado que, pelos canais psicofônicos, nos ofertou expressiva palestra, acerca do pensamento.

Escritor largamente conhecido nos arraiais do Espiritualismo em nosso País e autor de vários livros de grande mérito, sua palavra, na alocução que transcrevemos, versa sobre sintonia, equilíbrio e colaboração em nossa vida mental.



Depois da morte física, empolgante é o quadro de surpresas que se nos descortina à visão, contudo, para nós, cultores do Espiritualismo, uma das maiores dentre todas é a confirmação do poder mental como força criadora e renovadora, em todas as linhas do Universo.

O Céu, como domicilio espacial da beleza, existe realmente, porque não podemos imaginar o Paraíso erguido sobre um pântano, todavia, acima de tudo, o Céu é a faixa de pensamentos glorificados a que nos ajustamos, com todas as criaturas de nosso degrau evolutivo.

O Inferno, como sítio de sofrimento expiatório, igualmente não pode ser contestado, porque não será justo idear a existência do charco num templo vivo, mas, acima de qualquer noção de lugar, o Inferno é a rede de pensamentos torturados, em que nos deixamos prender, com todos aqueles que nos comungam os problemas ou as aflições de baixo nível.

É preciso acordar para as realidades do mentalismo, a fim de nos desembaraçarmos dos grilhões do pretérito, criando um amanhã que não seja reflexo condicionado de ontem.

A Lei concede-nos, em nome de Deus, na atualidade, o patrimônio de revelações do moderno Espiritualismo para aprendermos a pensar, ajudando a mente do mundo nesse mesmo sentido.

        O pensamento reside na base de todas as nossas manifestações.

Evoluímos no curso das correntes mentais, assim como os peixes se desenvolvem nas correntes marinhas.

        Refletimos, por isso, todas as inteligências que se afinam conosco no mesmo tom.

Na alegria ou na dor, no equilíbrio ou no desequilíbrio, agimos com todos os espíritos, encarnados ou desencarnados, que, em nossa vizinhança, se nos agregam ao modo de sentir e de ser.

Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela.

Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações.

        Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos conosco.

Um prato de brilhantes não estimulará a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime.

Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para diante, errando menos.

A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram e sentem, a serviço das vidas superiores que vibram, sentem e pensam.

        O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra.

Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublimá-la, através do estudo e do trabalho que nos enobreçam a vida.

Felicidade, pois, é o pensamento correto.

Infortúnio é o pensamento deformado.

Um santuário terrestre é o fruto mental do arquiteto que o idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assimilaram as ideias.

O mundo novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo, na exaltação da Humanidade. Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele para com ele vencermos.



                                                                         Lourenço Prado


INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
            DITADO POR DIVERSOS ESPÍRITOS

domingo, 1 de março de 2020

Higiene da Alma

Higiene da Alma  

 

A Humanidade avançou significativamente em ciências e tecnologias. Conquistou muito conforto com a comunicação instantânea, locomoção em veículos dos mais variados com demanda de poucos esforços, os sistemas de saúde têm muitas alternativas no socorro das deficiências orgânicas, as vacinas acautelam das investidas de variadas moléstias, a produção de alimentos suplanta constantemente seus próprios limites...  

 
Tudo isso é de grande importância e representa conquista do homem, dos esforços das gerações, das experiências bem estudadas, é ponto evolutivo de reconhecimento incontestável. Entretanto, a sociedade se renova constantemente, com a existência de extremos, sendo que uns usufruem dos avanços que proporcionam vantagens e comodidades para a vida e outros lutam contra a escassez de toda ordem, desde a alimentação insuficiente, falta de acesso à cultura, desemprego, desassistência da saúde, precariedade de moradia e tantas outras necessidades que não alcançam atendimento, não pela inexistência de meios, mas pela centralização de riquezas nas mãos de poucos.  

 

No entanto, a opulência de uma parte da sociedade e a carência da outra, fenômeno que se distribui gradativamente nas várias faixas da organização social, fazendo com que todos sofram. Sendo que o constante ressurgimento das gerações novas que substituem as que se envelhecem, pelo processo denominado pela Doutrina Espírita de reencarnação, ou seja, o retorno do Espírito, que viveu em geração anterior, para um novo corpo.  

 

Esse processo, que nos dias atuais já se entende bem, é a Justiça Divina, que se cumpre através das oportunidades, quantas forem necessárias, para que a Humanidade caminhe para o grande objetivo da vida, que é a desmaterialização da Alma. Existe o desinteresse da posse pela posse, mas também existe a compreensão dos objetivos dos elementos materiais, suas construções e descobertas nas várias latitudes da vida, que deverão servir à evolução do Espírito, que deve estar ciente da responsabilidade individual com as coletividades atuais e futuras. Sendo que o reencarnado de agora retornará após findar esta experiência, nas gerações de amanhã. Assim, sempre encontraremos a vida na Terra com a qualidade que ajudamos construir e individualmente encontraremos as consequências de nossas ações boas ou ruins.  

 
A Higiene da Alma se dá naturalmente em andamento lento na ida e vinda do Espírito para a vida num corpo material. Nesse transcurso, ora se encontra no meio das facilidades e colhe experiências, em outro momento se acha no meio da escassez e conhece os efeitos das carências, vive a crueza das necessidades que no futuro reconhecerá que foi vítima de si mesmo, em conta os desperdícios no tempo da opulência e a indiferença com aqueles que seus olhos não alcançavam, mas que existiam.   

 
A Doutrina Espírita, que está à disposição do mundo há mais de 160 anos, veio abrir os horizontes da Humanidade em relação à vida do espírito na eternidade. Ela evidencia a necessidade do espírito de transitar por inúmeras vivências em um corpo material, seja na terra ou em outro planeta, para alcançar a conscientização da busca pela higienização da alma, em um esforço para um avanço mais rápido.   

 

O que fazer? Como fazer? Se houvesse uma receita pronta, seria maravilhoso. No entanto, cada indivíduo é um mundo, com necessidades específicas, consciência e vontade próprias, decide por si e tem o livre-arbítrio.  O Evangelho de Jesus Cristo é um guia, quando bem compreendido, pois com as meditações de seus ensinamentos, com a interiorização de seus valores abstraídos dessa busca, com a moralização do Espírito, faz-se a luz. Já não se caminhará na escuridão dos interesses mundanos, mas terá clareza pela compreensão dos objetivos da vida, a meta a ser atingida, e a percepção dos consertos que nos cabem realizar em nós mesmos.   

 
 

É preciso nos percebermos, “conhece-te a ti mesmo”. Não somos apenas um nome que marca a personalidade desse tempo de vida: José, Maria... Somos um mundo exclusivo, obra de nós mesmos, somos a própria construção que escorre numa duração de tempo sem conta, num rumo que jamais terá fim, pois caminhamos pela eternidade. Tivemos um começo e não teremos fim. O que buscamos, àqueles que estamos mais conscientes dos objetivos da nossa existência, é alcançar a essência da vida, o amor, a paz e a felicidade. O que Jesus enunciou? “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá.” 

 
A paz que todos buscamos não pode vir de fora, pois a paz é sentimento, é um estado de espírito, é conquista interior. Ela não será colhida no ambiente externo, até porque poderemos estar em paz mesmo em um lugar onde haja tumulto.  

 

A higiene da alma é uma depuração consciente de cada um de nós, um esforço enorme, já que os atrativos materialistas são como visgo que prende ao receptáculo de nossa predileção.  Precisamos buscar novos conhecimentos motivadores que inflamem o nosso espírito para uma modificação que proporcione melhoria. Assim, as predileções anteriores perdem força, tornando mais fácil a sua renúncia e permitindo-nos dar um passo adiante no crescimento espiritual. A prática do bem é ferramenta motivadora por excelência.   

 
É missão de cada um de nós a evangelização de nosso espírito, para que nos tornemos leves, para que soframos menos a atração das coisas materiais que tanto apreciamos. Elas nos trazem satisfação, prazer, alimentam nosso orgulho e o egoísmo, fazendo-nos sentir ilusoriamente poderosos. É preciso empobrecer a materialidade que nos trouxe até aqui, num crescimento horizontalizado. É hora de verticalizar nossa antena espiritual, conhecer novos valores e nos prepararmos para novas responsabilidades.   

 
 

Esse esforço de limpeza da alma, uma busca consciente, representa um passo adiante que nos permite alargar os horizontes e ampliar o entendimento sobre a vida, a qual ultrapassa os limites entre o berço e o túmulo.   

 
A inspiração para esta página veio da leitura da obra 'Depois da Morte', de Léon Denis, especificamente da quinta parte, 'O Caminho Reto' - A Vida Moral', da qual transcrevemos o trecho: “O Espiritismo dá-nos a chave do Evangelho e explica seu sentido obscuro ou oculto. Mais ainda: traz-nos a moral superior, a moral definitiva, cuja grandeza e beleza revelam sua origem sobre-humana.” 

 
È necessário ampliar o entendimento das mensagens deixadas por Jesus, precisamos esgarçar as letras e macerar as frases para encontrar o espírito da letra. Fazer com que essa essência de verdade interiorize em nossa alma, de forma que tenhamos condições de varar os limites materiais que tolhem a percepção da vida espiritual. Circunstância que não impede de vivermos uma vida regular na atmosfera da Terra, enquanto encarnados, mas sim uma vivência com a consciência expandida, com a compreensão diante dos fatos cotidianos, mesmos os mais dolorosos, consequências necessárias no processo evolutivo que nos alçará a patamar de maior expressão após vencida a batalha empreendida, mesmo com a sucumbência do organismo carnal.   

 
O Mestre e Guia maior da humanidade da Terra veio ao mundo para revolucionar o entendimento sobre a vida espiritual, implementou esforços gigantes nos ensinamentos, lançou sementes em todos os terrenos, preparou prepostos, sofreu as imposições da justiça do mundo de seu tempo, grafou em tintas fortes a sua mensagem nos corações dos humildes.  As suas verdades sobressaíram às forças bélicas de todos os tempos, às forças cléricais, as forças políticas e econômicas, as forças obscuras dos planos da espiritualidade inferior, sendo que toda deturpação é por conta do deturpador. A essência dos ensinamentos do Cristo é a verdade, transcendente aos limites da Terra, porque é colhida da fonte imutável do próprio Criador de Todas as Coisas.  

 
É uma ilusão o ser acreditar que está atendido simplesmente por assistir a prédicas, participar de cerimônias ou cumprir certos deveres sugeridos. Isso não satisfaz o homem inteligente, que possui um senso de responsabilidade, busca a verdade e se afasta de preconceitos. Reconhece que existe uma vida ampla além da vida do corpo, que não se deve confundir o ser espiritual que somos com a constituição orgânica que ora utilizamos para uma experiência bem curta, embora as várias décadas de existência.  

 
Jesus espera a higiene da alma de todos os que estão vinculados ao seu redil, cumprindo Sua promessa ao Pai de que nenhuma das ovelhas sob Sua condução se perderá. Para alcançar esse objetivo, Ele emprega todas as ferramentas que têm o poder de transformar a alma humana. No entanto, essa transformação nunca causará mal a nenhum ser humano em sua jornada evolutiva, pois a bandeira de Jesus é o amor e a caridade.


Dorival da Silva


                                          

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Outra vez o amor...

Outra vez o amor... 

Quantas vezes vamos falar de amor? 

Existe uma carência muito grande de amor. Certamente porque ainda não se compreendeu o que é o amor, confunde-se com sensação. A sensação é algo limitado, passageiro, que a intervalos pode-se repetir, não exatamente igual como se deu de outra vez, tal como sentir frio ou calor, sede ou fome... O amor é sentimento, flui da alma.  

Grande parte da humanidade não sabe ser amada porque não sabe amar.  Sendo o amor um sentimento, não poderá ser colhido em nenhum outro lugar que não na intimidade da alma humana. Exala tal como o perfume da flor, está presente, existe.  

Esse sentimento surgiu com o próprio Espírito humano, é latente, se desenvolve no caminhar da existência do ser, transitando os milênios de experiências. É conquista tão importante como a inteligência, pois o resultado dessa comunhão é a lucidez, a plenitude do ser, a felicidade real.  

O perfume da flor não é aquisição exterior, está na origem; na alma é a mesma coisa, a alma que ama se ama primeiro, a virtude está intrínseca.  
Quem ama contagia os que a cerca, assim como a flor perfuma quem se aproxima.  

Almas que amam interligam-se num halo imperceptível, vivem um estado indizível, pois somente os que alcançam este estágio fruem da conquista, incompreensível aos que estão à margem. 

Amar amando-se é a meta.  Não é meta material.  Não é feminino e nem masculino. Não é sensual. É sentimento. É meta celestial. 

                                                         Dorival da Silva