Domingo, dia claro...
As
notícias não são boas, anúncio de mortes nas maiores cidades do Mundo, nos
países ricos e nos pobres também, é a pandemia: Coronavírus.
Olhando
pela janela contemplo no quintal uma atmosfera linda, o Sol brilha mostrando
luz suave, o ar leve carrega o perfume que colhe das flores, as plantas estão
muito verdes, os pássaros se manifestam sem preocupação, a Natureza se posta
com a sua grandeza.
Jornais
de folhas, de televisão, de rádio se manifestam sem detença em notícias de toda
ordem, numa concorrência exorbitante de mais e mais atualizações da desgraça
que atinge milhares de almas que sofrem com a contaminação e multidões outras
aflitas para não se contaminarem com o vírus que pode causar o mal.
Autoridades
que exigem o recolhimento das populações nos lares, outras que solicitam o
relaxamento de tal iniciativa, visando preservar as questões econômicas;
populares que querem retornar ao trabalho, pois precisão resguardar o pão de
cada dia; outros que são autorizados por servirem a setores considerados
indispensáveis ao atendimento básico da sociedade, tais como farmácias,
supermercados, postos de combustíveis, hospitais...
Governos
montam hospitais de campanha às pressas, prevendo a impossibilidade de
atendimento condizente ao número crescente de contaminados e previsão
catastrófica da quantidade de doentes nos próximos meses; há busca infrene de
equipamentos auxiliares à respiração, pois a doença viral exaure
consideravelmente a capacidade respiratória dos contaminados mais graves,
levando os mais suscetíveis, idosos e detentores de doenças crônicas, com
frequência, à morte.
Os
interesses políticos estendem o seu manto sobre a desgraça, buscando retirar o
que pode de capitalização para os poderes, dos poderosos que nem sabem se verão
o fim da pandemia, que se mostra demorar em ter solução. É mando e desmando dos
antagonistas do poder de um lado, é revolta de apaniguados insatisfeitos de
outro, parte da população se levanta em protesto, sem ao certo sobre o quê; vez
que todos estão num barco em comoção, num incêndio alimentado por muitos
combustíveis emocionais e de insensatez.
Países
buscam equipamentos que salvaguardam a fisiologia respiratória dos possíveis
internados em situação agravada, pois é vital, no entanto, os centros
produtores desses recursos não têm a quantidade suficiente e a capacidade de
produção também não atende à demanda de todos. Existe a lei de mercado, a falta
do produto inflaciona os preços, os mais pobres não podem adquirir o que
precisa, a força econômica sobrepõe os mais fracos, que ficam em segundo plano,
assim se verifica a pandemia que avança sem detença, causando mortes em
quantidade inimaginável.
Os
templos religiosos, os cinemas, os teatros, os “shoppings”, o comércio e a indústria estão vazios às custas de
decretos oficiais, tudo com o propósito de se evitar a disseminação do contágio
pela movimentação das pessoas, buscando-se o alongamento do enraizamento desse mal de forma generalizada em curto
prazo, o que seria uma tragédia humana, considerando a
impossibilidade de acolhimento em hospitais a massa de gente em estado
desesperador de insuficiência respiratória incontrolável. Certamente a morte desassistida se daria em
toda parte, o que se pretende evitar, dando condições para se salvar a maior
parte dos doentes.
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O
indivíduo que busca se esgueirar do contato com o tal vírus, que lhe poderá
comprometer a máquina de carne é também um Espírito, ou se quiserem uma Alma,
que está passando um período de experiência neste Mundo, será que todos se lembram
disso? Será que a fé que professamos nos prepara para momento tão decisivo?
Mesmo que fiquemos doentes coletivamente, o caminho a percorrer é exclusivo,
mesmo cercado de assistentes, o desfecho é solitário, se for o ponto final da
existência. Caso isto ocorra o corpo já não importa, a própria circunstância
levará às finalidades. E nós que não findamos, apenas nos liberamos do corpo,
como nos encontraremos? Esta é a pergunta excelente. O que virá depois!
Se
faz necessário a humildade. Se não é agora que deixaremos a carcaça, será mais
adiante, poderá demorar décadas, mas o dia chegará.
O
momento é adequado para olharmos para dentro, a lógica nos mostra que não será
com os olhos que conhecemos, será com as ondas criadas pela reflexão,
poderíamos dizer com o olhar da alma, da análise, da crítica e da síntese.
A
busca do autoconhecimento, da descoberta das virtudes e dos defeitos, dos
vícios... Viver a relação humana com mais cuidado, observando para aprender.
Esse
retorno para casa é mais significativo, além de representar o que é praxe, também
diz que precisamos ir mais além. Aproveitar bem o tempo, tornando-o útil.
Compreendendo que toda ocupação nobre é ocupação produtiva. Sejam em atividades
materiais, intelectuais, ou na atenção à criança ou ao velho, a importância é
como se faz.
Jesus,
o Cristo, lecionou: “Amar o próximo como
a si mesmo” e a Doutrina Espírita ensina: “Fora da caridade não há salvação”.
Dorival da Silva
Incluo
parte da dedicatória do Espírito Irmão X existente na abertura da obra: Cartas
e Crônicas, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, 1966, como segue:
"Num belo apólogo, conta Rabindranath Tagore que um
lavrador, a caminho de casa, com a colheita do dia, notou que, em sentido
contrário, vinha suntuosa carruagem, revestida de estrelas. Contemplando-a,
fascinado, viu-a estacar, junto dele, e, semiestarrecido, reconheceu a presença
do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas...
-- O quê? -- Refletiu, espantado -- o Senhor da Vida a
rogar-me auxílio, a mim, que nunca passei de mísero escravo, na aspereza do
solo?
Conquanto excitado e mudo, mergulhou a mão no alforje de
trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa
carga.
O Senhor agradeceu e partiu.
Quando, porém, o pobre homem do campo tornou a si do
próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento... O
grânulo de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola, transformado em
pepita de ouro luminescente...
Deslumbrado, gritou:
-- Louco que fui!... Porque não dei tudo o que tenho ao
Soberano da Vida?"
*
Na atualidade da Terra, quando o
materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens,
sabemos que o Cristo pede cooperação para a sementeira do Evangelho Redivivo
que a Doutrina Espírita veicula. (...).