quinta-feira, 10 de março de 2022

Guerra, por quê?

 Guerra, por quê? 

A guerra em qualquer tempo é o ápice do desequilíbrio em algum ponto do tecido social. Sempre haverá perdas, dores, aflições, desesperos...  Ela não tem origem nem nos montes, nem nas montanhas, no mar, no rio, nem no vegetal e nem no mineral. Somente é possível originar-se nos sentimentos dos homens. Com base em interesse de posse ou de poder, assim, o egoísmo enfileira os seus sequazes: o orgulho, a vaidade, a ganância, a ilusão, o fascínio de ser vencedor.  

Na Doutrina Espírita, Allan Kardec, fez questionamentos a esse respeito aos luminares Espíritos que lhe responderam através da mediunidade, mais precisamente pela psicografia, como segue: Qual a causa que leva o homem à guerra? “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte, daí por que, para eles, a guerra é um estado normal. (...)" Que se deve pensar daquele que promove a guerra em benefício próprio? “Esse é o verdadeiro culpado. Precisará de muitas existências para expiar todos os assassínios dos quais foi a causa, pois responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição. (2)”. 

Nesses tempos modernos, onde a comunicação instantânea se estendeu por todo o Planeta, a movimentação das pessoas pelos recantos do Mundo se dá em curtíssimo espaço de tempo, o comércio e as movimentações financeiras são realizadas instantaneamente, o que justifica a agressividade contra essa ou aquela população? Se todas são interligadas pelas relações negociais de interesse comum, nas jornadas esportivas, nos desastres naturais, que os povos se socorrem (como se deu com a pandemia do COVID19), nos suprimentos de víveres quando de escassez causada por fenômenos climáticos em alguma região da Terra.  

Como informa a primeira questão colocada acima, “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. (...)”; generalizada? Não. É uma pequena parte de integrantes do contexto que está ávida a querelas. Não sabe ceder, não acolhe ideias que não comunguem com os seus interesses, mesmo vendo se tratar de inconveniências. A sua opinião precisa prevalecer sobre tudo e todos, não importando os argumentos utilizados, por mais estapafúrdios que sejam, dando-se o direito de distorcer a realidade, impondo mentiras, convencimento sob força bélica ou prisão arbitrária para sustentar “verdades-mentiras”, com que pretende ludibriar a própria consciência.    

Ninguém pode se enganar propositadamente para realizar o mal e daí tirar vantagens, mesmo que ilusórias, porque a intenção do mal, ainda que o propósito não tenha sido levado a efeito, precisa ser restabelecido diante da Lei de Deus.  É nódoa impregnada na consciência. O mal não se efetivou porque não houve oportunidade ou foi impedido. A Lei sabe, está na consciência. 

Deus, Amor e Justiça, perdoa sempre o infortunado criminoso. No entanto, a sua Lei é justa, exige do infrator a reparação, o resgate e a prova de que não conseguirá cometer os mesmos desatinos, visto que aprendeu a amar o próximo. Isso poderá demorar muito tempo, às vezes séculos de experiências dolorosas, observe a resposta da segunda pergunta de Allan Kardec no início da página: Que se deve pensar daquele que promove a guerra em benefício próprio? “Esse é o verdadeiro culpado. Precisará de muitas existências para expiar todos os assassínios dos quais foi a causa, pois responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”  Não se trata de argumento vazio ou evasivas, ou, ainda, retórica, trata-se de verdade (esse ensinamento espiritual foi publicado em 18.04.1957), e é válido para todos os tempos – fluiu dos Orientadores Espirituais da Humanidade. 

Pode-se alegar questão do livre-arbítrio, é verdade, no entanto, verdadeiro é que o livre-arbítrio é composto de: discernimento e responsabilidade. Sempre que se invadir o direito do próximo responderá pelas consequências, seja imediatamente ou em tempos futuros quando a consciência se fizer mais lúcida, quando puder avaliar a sua responsabilidade diante do fato. Isso poderá se dar em outra ou outras vidas.  

Nada que foi desajustado na Casa do Pai ficará sem harmonização por quem o provocou, o infrator.  Para isso, faz-se necessário a paz de espírito, somente aquele que resgatou e pagou suas dívidas encontra paz de espírito e poderá se harmonizar com a paz Divina.  A felicidade real depende desse estado espiritual.  

Para que a guerra Se os esforços de paz oferecem resultados favoráveis ao espírito imediatamente, quando que a beligerância causará esforços dolorosos por tempo longo e indeterminado.  

Por que a guerra?  Que destrói e causa tanta dor, que exigirá reparação também pela dor ou pela caridade, que não se efetivará com menor esforço e não se realizará sem aflições.  

Guerra, por quê? 

                                              Dorival da Silva 

 

  1. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, tradução: Evandro Noleto Bezerra, questão 742. 

  1. Idem, questão 745.  

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Onde o egoísmo?

 Onde o egoísmo? 

Tomamos por inspiração um capítulo escrito por Autora Espiritual, que ao final do texto daremos a referência, que com nossas pobres letras também desejamos caminhar, mesmo com análise rasa, em tema significativo para a Humanidade. É nossa gotícula no Oceano da Vida.

 A Autora intitula o capítulo de "Os Adversários Cruéis"¹, quem o ler verá que não caberia outro título, pois esse dá a exata ideia do que se pretende ensinar. 

A Orientadora Espiritual que nos inspira através de sua página relata com vistas colhidas do Mundo Espiritual em registros vibratórios lá acessíveis para quem tem essas possibilidades, movimentos de Jesus quando aqui na Terra lançava as revelações que transitam há dois milênios tocando as sensibilidades de todos que prestam atenção à mensagem viva que ressoa na acústica da Alma.  

"As dúlcidas vibrações que emanaram do Mestre, à medida que cantava o poema das bem-aventuranças, impregnaram a Natureza para todo o sempre e envolveram os ouvintes emocionados, preparando-os para as refregas do futuro."  Neste parágrafo deixa-nos expresso algo relevante para entendimento de como a mensagem do Mestre chegou até os nossos dias, mesmo não tendo sido escrita no ato de sua alocução. São as "(...) vibrações que emanaram do Mestre, (...), que impregnavam a Natureza para todo o sempre (...)". 

Embora registros posteriores feitos pelos Evangelistas, como marcos referenciais, que nos chamam a atenção, no entanto, são os impactos vibracionais alcançados pelas nossas Almas que nos afiançam a verdade expressada e certificam a assertiva evangélica.  Não se trata de confiança em alguma retórica anotada, mas sim de verdades sentidas na acústica do próprio Espírito, existentes independentemente do escrito bíblico.   

"Nunca mais seria ouvida musicalidade similar. Divisor das águas e dos tempos, a Canção de Esperança abriu perspectivas dantes jamais conhecidas para entender-se o Reino de Deus. (...)"  Jesus veio do futuro, abriu caminho no rumo da Divindade, de onde todas as verdades fluem para o Universo, aqui na Terra a vertente é o Mestre de Nazaré, em conta disso informa: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida"². 

(...). "As multidões que O ouviram permanecem inebriadas, porque, além de Ele haver exalçado a humildade, a pobreza em espírito, a fidelidade, o apoio à Justiça e à Verdade, também propusera o novo código que deveria viger no porvir da Humanidade."  "O amor deveria ocupar lugar de destaque nos códigos do futuro, mas não o amor interesseiro e servil, (...) Vejamos, "As multidões que O ouviram...", os que estamos envolvidos com a sua mensagem nesses tempos novos, também captamos suas ondas musicadas de verdades, que começamos decifrar. Toda a Humanidade precisa perceber a sonoridade na profundidade da alma, correspondendo a se ter entendido a mensagem modificadora do "homem velho", estruturando, pelas próprias percepções, uma consciência individual divinizada, compondo um todo social harmônico.   

A questão é a "pobreza de espírito", o que em nada está relacionada a miséria, mas sim, à desnecessidade emocional de coisas materiais, de poder, de ter, de acumular para formar riqueza inútil, que apenas traz sofrimento e verdadeiras misérias para a Humanidade, tal é a grandeza de valores que se dá a tudo que é finito, ou seja, o egoísmo doentio, de onde derivam o orgulho, a vaidade, a ganância e a prepotência do ser humano. 

A Mentora Espiritual conta no capítulo em referência que um cidadão "cultor das belas letras clássicas e das tradições de Israel (...)", portanto, pessoa com entendimento, encontrou com Jesus, em sequência travou o seguinte diálogo com o Mestre: (...). "-- Atormento-me, procurando identificar quais são os piores adversários do ser humano. (...). Onde se travará a terrível batalha contra esses inimigos e quais as armas de que poderemos dispor para a luta?" -- Jesus, reponde-lhe: "-- Bartolomeu, rogo ao Pai que te abençoe as conquistas e as expectativas que acalentas. Interrogas quais são os maiores e mais perversos adversários do ser humano e como, onde combatê-los?!  Eu te direi que todos eles se encontram no imo do ser e trabalham ali pela sua infelicidade. Todos os indivíduos apontam-nos fora deles mesmos, supondo que as aflições que produzem vêm do exterior, de outras pessoas, e, por consequência, tornam-se inamistosos, rebeldes, vingativos. Isso ocorre, porém, porque vigem nas paisagens da alma esses insaciáveis perturbadores da paz e de todos os seres humanos. Escondendo-se e mascarando-se, mudam de atitude e a forma de crueldade, permanecendo inatingidos no seu reino secreto, que é o coração. O mais impiedoso entre todos é o egoísmo, monstro devorador das alegrias alheias, que termina por autodestruir-se também, quando já tem a quem se impor. É responsável pela existência de todos os demais que lhe fazem corte."  

Continua Jesus: "Logo depois, apresenta-se, voluptuoso, com privilégio e honrarias que não se fazem justificáveis. Da mesma forma, a arrogância que humilha os demais e se considera digna de destaque, constitui arbitrário déspota que espalha desditas e sofrimentos contínuos. 

"Simultaneamente, os apegos doentios e pessoas e a coisas, propiciando à avareza amealhar tudo quanto é possível de reter, em detrimento dos demais, esmagados como se encontram pelas necessidades prementes. O avaro é prepotente e vingador, caracterizando-se pelo despotismo e pela indiferença em relação ao seu próximo." 

O Mestre silenciou por um pouco..., deu curso à resposta:  

-- A inveja, a maledicência, o ódio, o ciúme, a ambição desmedida, o ressentimento são tiranos da alma que impedem o avanço do ser pela estrada da evolução, gerando tormentos inomináveis. Porque originários do mundo interno, a luta para vencê-los deve ser travada no campo da consciência, mediante a transformação das tendências inferiores e dos sentimentos para a adoção da conduta rica de misericórdia, de compaixão, de entendimento fraternal, de caridade... 

"O homem e a mulher que pretendem ser realmente felizes e anelam por conquistar a Terra, devem superar esses impenitentes que vivem no mundo íntimo, e que são desafiadores e renitentes." 

Registramos alguns trechos do texto, pois, a fonte verte para as letras o pensamento de Jesus,  base quente de todos os ensinamentos que fluíram para Humanidade naquele instante divisor dos tempos evolutivos da Terra.   

O que o Senhor expõe a Bartolomeu, cidadão do mundo interessado na solução dos maiores problemas dos homens e das sociedades, que com a sua postura representava todas as gerações futuras da Terra, permitindo que coasse das Hostes Celestiais, através do Médium de Deus, o que é a solução para todos os conflitos individuais e coletivos, que passam pelas Ciências Psicológicas e Psiquiátricas, com trânsito por todas as áreas do comportamento humano. Repetimos propositadamente o trecho:   "O homem e a mulher que pretendem ser realmente felizes e anelam por conquistar a Terra, devem superar esses impenitentes que vivem no mundo íntimo, e que são desafiadores e renitentes."  O mal do Mundo somente se encontra no próprio ser humano, a solução passa pelo conhecer-se e lutar por vencer-se, eliminando os seus inimigos maiores presos nas suas próprias entranhas vibratórias, pois destruído o corpo eles permanecem no Espírito aguardando a iniciativa a seu próprio interesse, de quem quer ser feliz e ter paz.  

Jesus é um ser presente, há milênios mostra para o Mundo o caminho a trilhar para o salvamento da alma humana dos males que estão no próprio ser, mas pela força do materialismo os indivíduos olham para o lado escuro da vida, vez que habituados à escuridão e se comprazem com isso, ao invés de olharem para o rumo indicado pelo Mestre, mas esse não favorece o estado egoico, pede esforços, e a luz que entreveem incomoda e causa certo medo.  

Todo encontro com a mensagem do Senhor de Nazaré traz incômodo ao interessado em adentrar o verdadeiro conceito transformador, enquanto se olha apenas as letras molda os conceitos ao seu estado de interesse e justificativas das próprias mazelas. 

O rumo das bem-aventuranças está colocado para a humanidade, a verdade dos Céus está brilhante para quem quiser ver, o aperfeiçoamento pessoal depende de esforços decisivos.  

Jesus nos aguarda! Atrasarmos na tarefa da plenitude espiritual é por nossa responsabilidade.

 

Dorival da Silva.   

 

1. Obra: A Mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Franco, capítulo 6, 1ª edição, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2008.  

2. João, 14:6