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quinta-feira, 15 de outubro de 2015
A Nova Literatura Mediúnica
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quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Ponte de misericórdia
Ponte
de misericórdia
No báratro das aflições que
aturdem o ser humano atormentado pelo consumismo e pelo individualismo, uma
ponte de misericórdia existe lançada sobre o abismo escuro, facultando-lhe
descortinar abençoadas paisagens transcendentais.
Sentindo-se despojado dos
valores da fé, da confiança em Deus e no amor, quase vencido pelas
circunstâncias constringentes e desesperadoras, defronta-se com esse
inesperado contributo da Divindade que o convida a vencer a distância que o
situa em relação à outra margem, a fim de que se lhe atenuem e mesmo
desapareçam os fatores de sofrimento.
Passando a compreender a
finalidade existencial, adquirindo consciência da própria imortalidade,
graças, a essa ponte, renovam-se-lhe o entusiasmo e a alegria de viver por
perceber que o sentido psicológico mantenedor da harmonia pode ser alcançado
mediante a visão do futuro que o aguarda através da ação superior do bem.
Automaticamente experimenta
inusitado desejo de sair do estado de depressão ou de revolta em que se encontra,
a fim de cooperar com a sociedade irrequieta na qual se movimenta anelando
por paz.
Essa ponte misericordiosa é a
mediunidade iluminada pelas contribuições inestimáveis do Espiritismo, que
lhe retiram as indumentárias místicas e complexas convencionais, para dar-lhe
o exato sentido de vivência dentro dos padrões ético-morais do pensamento de
Jesus a serviço de si mesmo, do seu próximo e do progresso geral.
Através da prática saudável dos
recursos mediúnicos de que é portador, o indivíduo, que antes se encontrava
sob a constrição das forças sombrias da perturbação em si mesmo, assim como
das influências negativas impostas pelos Espíritos ignorantes ou perversos,
redescobre o bem-estar que o toma suavemente, enquanto se aprimora
interiormente, mudando de foco existencial e passando a viver sob novas
diretrizes.
Enquanto era instrumento
inconsciente dos transtornos psicológicos, alguns dos quais de natureza
mediúnica obsessiva, era conduzido pelos terrenos ásperos dos comportamentos
doentios e destrutivos.
Identificando-lhes, porém, as
causas na própria realidade como autor dos atos que se transformaram em
efeitos danosos, recupera-se emocionalmente, adquirindo o equilíbrio que
favorece a melhor visão dos objetivos essenciais para a conquista de uma
existência ditosa.
Passa, então, a reflexionar em
torno do pensamento saudável, propondo-se a linguagem correta e edificante, e
o comportamento trabalhado nos ideais de beleza, de harmonia e de
fraternidade.
Já não lhe pesam na consciência
os fardos das culpas do passado, nem o atormentam as interrogações que
pareciam sem respostas, porque compreende que tudo depende exclusivamente da
maneira como se conduza, projetando para o porvir, mediante as ações
dignificadoras do presente, os resultados da sementeira de bênçãos do
momento.
*
A mediunidade é a ponte
libertadora através da qual o ser transita no rumo de plenitude espiritual.
Pouquíssimo compreendida, tem
sido malsinada por informações destituídas de fundamentos, dentre os quais a
assertiva de que todos os médiuns sofrem muito, como se a dor fosse
impositivo dessa formosa faculdade.
Sob outro aspecto, existe uma
reação psicológica à educação da mediunidade, em razão de as pessoas não
desejarem assumir responsabilidades, especialmente em torno da renovação
moral e da transformação dos hábitos infelizes, para ser pleno. O anseio
imediato é o do prazer sem compromisso nem esforço, como se a finalidade da
existência na Terra fosse assinalada por alegrias e gozos, normalmente
extenuantes, que se transformam em vícios de consequências funestas.
Ainda sob outro enfoque,
pensa-se que a faculdade mediúnica é algo estranho, de caráter mágico,
carregada de simbolismos e fetiches para realizações de atos mirabolantes ou
miraculosos, com especificidades materiais: casamento, emprego, sorte nos
empreendimentos...
Algumas pessoas insensatas,
quando se percebem portadoras da sensibilidade mediúnica, esforçam-se por
encontrar meios para eliminá-la como se fosse um capricho do organismo que a
elabora ao acaso, elegendo aqueles que a devem ou não experienciar.
Meditasse, aquele que assim
pensa, em torno da nobre possibilidade de manter contato com o mundo
espiritual de onde veio e para onde retornará, e, naturalmente,
experimentaria um júbilo imenso, face à certeza da sobrevivência à morte,
dando continuidade à vida.
Essa reflexão auxiliaria à
conquista de um objetivo psicológico sério para a jornada física, facultando
a aplicação das horas no trabalho incessante de autoaprimoramento com a
consequente autoiluminação proporcionadora de plenitude.
A confirmação do intercâmbio
entre as duas expressões da vida humana – na forma física e fora dela –
faculta a descoberta de todo um universo de beleza que se encontra ao alcance
de quem o deseje conquistar.
Enfermidades dilaceradoras,
físicas, emocionais e mentais seriam evitadas com facilidade, comportamentos
extravagantes seriam substituídos pelos de caráter equilibrado, a compreensão
da vida se faria de imediato mais sensata e enriquecedora, enquanto o mundo
passaria por uma grande renovação em decorrência da conduta dos seus
habitantes.
A mediunidade, no entanto,
quando relegada ao abandono ou permanece ignorada, torna-se, ainda assim,
ponte para aflições e transtornos que dizem respeito ao Espírito endividado
que necessita recuperar-se, a fim de prosseguir no seu processo de evolução
moral.
Não é, portanto, a mediunidade
em si mesma, que responde pelas alegrias ou angústias do seu portador, mas
aquele que a possui ostensiva ou natural, de acordo com a direção que lhe
oferece.
Inutilmente tentará diluir essa
ponte parafísica da sua constituição orgânica, o homem ou a mulher que
pretenda seguir em tranquilidade sendo-lhe possuidor.
Bênção dos céus à disposição
dos transeuntes da Terra, a mediunidade deve ser vivenciada com carinho e
respeito, oferecendo a todos quantos sintam de alguma forma a
presença dos Espíritos,conforme esclareceu Allan Kardec, a excelente
alavanca para o próprio progresso e redenção moral.
*
Jesus, que é o exemplo máximo
de que dispõe a humanidade para encontrar a felicidade plena, prossegue na
condição de Médium de Deus, tornando o Pai conhecido de todos os Seus filhos,
através das inconfundíveis lições de amor e de misericórdia que a todos são
ofertadas.
Seguir-Lhe o exemplo, a fim de
alcançar o mediumato, é a opção correta de todos aqueles que dispõem da
abençoada ponte de misericórdia.
Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira
Franco,
na tarde de 31 de maio de 2013, na residência de Josef Jackulak, em Viena. Áustria. Em 25.7.2013. |
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quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Síndrome do Pânico
Síndrome do Pânico
Entre os transtornos de comportamento que tomam conta da sociedade hodierna, com enormes prejuízos para a saúde do indivíduo e da comunidade geral, a síndrome do pânico apresenta-se, cada vez, mais generalizada.
Vários fatores endógenos e exógenos contribuem para esse distúrbio que afeta grande e crescente número de vítimas, especialmente a partir dos vinte anos de idade, embora possa ocorrer em qualquer período da existência humana.
A descarga de adrenalina, avançando pela corrente sanguínea até o cérebro no ser humano, produz-lhe o surto que pode ser de breve ou de larga duração.
Trata-se de um problema sério que merece tratamento especializado, tanto na área da psicologia quanto da psiquiatria, mediante os recursos psicoterapêuticos a serem aplicados, assim como os medicamentos específicos usados para a regularização da serotonina e de outros neurocomunicadores.
No momento em que ocorre o surto, o sofrimento do paciente pode alcançar níveis quase insuportáveis de ansiedade, de desespero e de terror. Nada obstante, o fenômeno, invariavelmente, é de breve duração, com as exceções compreensíveis.
Podem ocorrer poucas vezes, o que não constitui um problema de saúde, mas, normalmente é recorrente, portanto, necessitado de tratamento.
Graças aos avanços da ciência médica, nas áreas das doutrinas psicológicas, o mal pode ser debelado com assistência cuidadosa e tranquila.
No entanto, casos existem que não cedem ante o tratamento específico, ao qual o paciente é submetido, dando lugar a preocupações mais sérias.
Sucede que, em todo problema na área da saúde ou do comportamento humano, o enfermo é sempre o Espírito que se encontra em processo de recuperação do seu passado delituoso, experienciando as consequências das ações infelizes que se permitiu praticar antes do berço atual.
Renascendo com a culpa insculpida nos tecidos sutis do ser, temores e inquietações aparentemente injustificáveis, surgem de inopino, expressando-se como leves surtos do pânico.
Em consequência, por haver gerado animosidade e ressentimento, as suas vítimas, que o não desculparam pelas atitudes perversas que lhe padeceram, retornam pelo impositivo das afinidades psíquicas e morais, estabelecendo conúbios de vingança por intermédio das obsessões.
O número de pessoas em sofrimento sob os acúleos das obsessões produzidas por desencarnados é muito maior do que parece.
É natural, portanto que, nesses casos, a terapêutica aplicada mais eficaz não resulte nos propósitos desejados, tais sejam, a cura, o bem-estar do paciente...
Torna-se urgente o estudo mais cuidadoso da fenomenologia mediúnica, das interferências dos Espíritos nas existências humanas, a fim de serem melhor compreendidos os distúrbios psicopatológicos, dessa maneira, facultando-se existências saudáveis e comportamentos equilibrados.
* * *
Anteriormente confundido com a depressão, o distúrbio do pânico foi estudado mais detidamente e, após serem analisadas todas as síndromes, foi reclassificado, a partir de 1970, como sendo um transtorno específico, recebendo orientação psicoterapêutica de segurança.
Pode acontecer que, num surto do distúrbio do pânico, de natureza fisiológica, os inimigos espirituais do paciente aproveitem-se do desequilíbrio emocional do seu adversário e invistam agressivamente, acoplando-se-lhe no perispírito e produzindo, simultaneamente, a indução obsessiva.
Trata-se, portanto, de uma problemática mais severa porque são dois distúrbios simultâneos, que exigem mais acurada atenção.
Nesse sentido, a psicoterapia espírita oferece recursos valiosos para a recuperação da saúde do enfermo.
Concomitante ao tratamento especializado na área da medicina, as contribuições fluídicas, mediante os passes, a água magnetizada ou fluidificada, as leituras edificantes e a meditação, a prece ungida de amor e de humildade, os socorros desobsessivos em reuniões especializadas, sem a presença do paciente, oferecem os benefícios de que necessita.
Face ao débito moral ante as Leis da Vida, é indispensável que o padecente recupere-se espiritualmente, por meio da vontade para alterar a conduta para melhor, envidando esforços para sensibilizar a sua vítima antiga, afastando-a através da paciência, da compaixão e da solidariedade.
O distúrbio do pânico é transtorno cruel, porque durante o surto pode induzir o paciente ao suicídio, conforme sucede com relativa frequência, em razão do desespero que toma conta da emoção do mesmo.
O hábito da oração e o recurso das ações em favor do próximo em sofrimento constituem uma admirável medicação preventiva às investidas dos Espíritos inferiores, equilibrando as neurotransmissões e facultando a manutenção da harmonia possível.
A reencarnação é, graças a isso, o abençoado caminho educativo para o Espírito que, em cada etapa, desenvolve os tesouros sublimes da inteligência e da emoção, da beleza e do progresso, avançando com segurança na conquista da plenitude que a todos está reservada.
As enfermidades, especialmente as de caráter emocional e psiquiátrico constituem, assim como outras orgânicas de variadas expressões, desde as degenerescências genéticas até as de caráter infeccioso, os métodos educativos e reeducativos para o discípulo da Verdade.
A cada erro cometido tem lugar uma nova experiência corretiva, de forma que a consciência individual, em se harmonizando, possa sintonizar com a Consciência Cósmica, numa sinfonia de incomparável beleza.
Somente, portanto, existem as doenças porque permanecem enfermos em si mesmo os Espíritos devedores.
* * *
Seja qual for a situação em que te encontres na Terra, abençoa a existência, conforme se te apresente.
Se dispões de saúde e desfrutas de bem-estar, multiplica os dons da bondade e serve, esparzindo alegria, sem o desperdício do tempo em frivolidades e comprometimentos perturbadores.
Se te encontras enjaulado em qualquer forma de sofrimento, bendize o cárcere que te impede piorar a situação evolutiva, evitando que novamente derrapes nos desaires e alucinações.
O corpo é uma dádiva superior que Deus concede a todos os infratores, a fim de que logrem a superação da argamassa celular para cantar as glórias imarcescíveis do Amor completamente livre.
Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 30 de outubro de 2012, em Sydney, Austrália. Em 9.11.2012.
Extraída do endereço: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=305
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
O que faço comigo?
O que faço comigo?
Desafios não são adversários;são como continentes
que nos compete desbravar e conquistar
Iniciaremos este estudo com a citação do evangelista Mateus, 5:24: “Reconcilia-te depressa com o teu adversário”. Então perguntamos: Quem são nossos adversários? O patrão, o vizinho, o lanterneiro, a cozinheira, o dirigente... E assim vai, por uma infinidade de pessoas e circunstâncias que dia a dia ombreiam conosco ao longo do caminho e podem nos perturbar a paz. Sabemos que não temos o direito nem a possibilidade de mudarmos quem quer que seja. Estamos todos, como diz Fritjof Capra, “... na teia da vida, interagindo mutuamente, interdependentes e individuais ao mesmo tempo”. Neste bailar de acontecimentos não nos cabe imputar a ninguém os espinhos que porventura nos atingem. Os espinhos são, antes de qualquer coisa, companheiros adequados aos nossos momentos. Sabemos que nesta “Teia da Vida” estamos construindo e destituindo simultaneamente. Destituindo complexos emocionais perniciosos que, assomando do nosso inconsciente, perturbam o consciente obrigando-o, em muitos casos, a situações e comportamentos indesejados. Ao mesmo tempo estamos construindo o nosso futuro, a partir de posturas outras, ligando-nos a avanços intelecto-morais, de conformidade com o que nos aconselha Kardec quando diz: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pelo muito que faz para domar suas más inclinações”.
Ora, se não posso imputar no outro minhas agruras e se devo domar minhas más inclinações, devo, pois, reconciliar-me comigo mesmo, quem sabe, meu maior adversário. Para tal necessito conhecer-me melhor, a partir da minha constituição mental e dos arquivos que trago, que cultuo ou que incomodam. Estamos vindo de um passado gigantesco onde paulatinamente avançamos, num caminhar lento, progressivo e espetacular. Dormimos no mineral, como disse Léon Denis. A questão 540 de “O Livro dos Espíritos” cita que: “... É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo”. Virtuosamente viemos evoluindo, passando depois pelo reino vegetal, sonhando com algo que nos tornasse coesos e prontos a vivermos com consciência. Movimentamo-nos, a seguir, pelo reino animal, desde os primeiros instantes nos oceanos até a grandiosa marcha pelas montanhas, vales e reinos outros que nos capacitaram ao despertamento, quando chegamos ao homem. Imaginamos aí a gama de arquivos que construímos ao longo deste período a partir de um arquétipo primordial.
O sentimento de culpa é sempre um colapso
da consciência
André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos, encerrando o terceiro capítulo, nos diz, após uma análise do tempo de viagem da mônada divina pelos reinos atrás, que: “Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos”. Agora, no homem, estamos nos construindo para chegar à santidade – caminho natural. Assim sendo e com os apontamentos espíritas que nos remetem ao Evangelho de Jesus, necessitamos parar as correrias para fazer uma análise de nós próprios no tocante ao que já conseguimos de bom e ao que necessitamos realizar para que nossas vivências sejam proveitosas em termos de aprimoramento ético-moral de consequências religiosas. Ideal religião professada no íntimo de cada um de nós numa relação direta com o Pai.
Não raro encontramos nessas pesquisas pessoais os complexos das culpas e dos medos. Segundo Joanna de Ângelis, ínsito em seu livro “Conflitos Existenciais”, no capítulo seis: “A culpa é o resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente”. Ainda a própria mentora e no mesmo livro, capítulo três, diz: “A raiva é um sentimento que se exterioriza toda vez que o ego sente-se ferido, liberando esse abominável adversário que destrói a paz no indivíduo”. Aproveitando o ensejo, citamos André Luiz que, no livro Entre a Terra e o Céu – cap. 23, anotou: “O sentimento de culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam”.
Raiva, culpa e ego. Sabemos que o ego representa um conjunto de ideias, vontades e pensamentos que movem a pessoa e desenvolvem a sua perspectiva diante da sua própria vida. O ego provoca aceitação e admiração própria. Isto, dentro das informações correntes em vários compêndios principalmente da psicologia analítica. Joanna de Ângelis informa que o ego é o “Responsável pela diferenciação que o indivíduo é capaz de realizar entre seus próprios processos internos e a realidade”. Então, a culpa por algum comportamento infeliz vai gerar raiva e afetará sobremodo o ego, gerando reações no campo individual de relações consigo mesmo ou com outrem. Em contrapartida e, por excelência, existe a perspectiva de despertar o Self; ou seja: o Deus em si, o Eu interno.
Errar é do homem, persistir no erro é atitude infantil
Continuando nossas análises, não fica difícil concluir que os medos gerados pela culpa e pela raiva podem nos tornar seres violentos e agressivos, tanto fisicamente quanto verbalmente, motivados por inseguranças. Inseguranças geram desproteções próprias e naqueles que estão à nossa volta. Passamos assim a viver de forma incompleta, sempre observando as reações dos outros a nosso respeito e nos defendendo, acuados, de adversários visíveis e invisíveis, pessoas ou circunstâncias. Daí assomam as personas (máscaras) nas quais nos escondemos temerosos de enfrentar os adversários criados e nem sempre reais que vão surgindo à medida que não os combatemos. É sabido que nos é cobrado segundo nossas possibilidades. Errar é do homem, persistir no erro é atitude infantil.
Enquanto estamos aprendendo, experimentando, aprimorando, o Espírito vai-se ajustando para viver dentro das Leis Naturais instituídas por Deus. Quando passamos a repetir os erros dentro das lições já aprendidas e consolidadas em nosso cognitivo, passamos a nos culpar por aquelas ações. Exemplos disso são os destemperos da sexualidade, dos vícios da ingestão de drogas alucinógenas, do álcool, do tabaco, de alimentos em demasia, falácias infelizes, julgamentos de outrem e uma infinidade de atitudes incoerentes com o homem espiritual que precisa despertar em si o Self.
Não raro passamos a ser manipulados por pessoas e situações que nos constrangem e constrangem a quem nos quer bem. Chegados a este ponto, necessitamos repensar os efeitos danosos de todo esse envolvimento psicológico infeliz que nos trazem aborrecimentos, dificultando-nos uma marcha saudável e eficaz. Daí surge a questão dos enfrentamentos.
Muito interessante quando lemos no livro: “Triunfo Pessoal” da citada mentora, capítulo cinco: “A maturidade psicológica induz o ser humano aos enfrentamentos sucessivos do seu processo de individuação”. Segundo Jung, “A individuação é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência”. Importante quando nos colocamos como observadores do nosso processo de libertação das ideias e posturas antigas, transformando-as em hélices em movimento, autoaspirando-se para melhor nos conduzir no processo da evolução.
É bom que aprimoremos o caráter,
sublimando os sentimentos
Antes, renascíamos, crescíamos, trabalhávamos e desencarnávamos em sucessivas ocasiões, sem o conhecimento exato do que aqueles eventos nos proporcionavam. Dessa forma andávamos, ríamos, trabalhávamos em algo e exaltávamos nossas personas e nos comprazíamos com suas empedradas formações e consolidações. A individuação, contudo, ficava fora do contexto ou, quando muito, era realizada de maneira lenta nem sempre consciente. Agora, com as aberturas que “O Livro dos Espíritos” nos oferece, vamos observar que a dinâmica da vida nos exige participação consciente. Na questão 23 do referido livro, somos informados de que “O espírito é o princípio inteligente do universo”. Quando pensamos em universo, algo superior aflora em nossas mentes e logo vem a reflexão: o que é o universo, para que serve em nossas vidas? Por que os monges orientais se ligam tanto a ele? E um campo imenso de pesquisas se apresenta a nós dentro do nosso processo de crescimento pela individuação.
Para entendermos tudo isto que se nos oferece por novos desafios é bom que enfrentemos todas as nossas imperfeições morais. É bom que aprimoremos o caráter, sublimando os sentimentos. “Os enfrentamentos são campos de luta, nos quais o ser cresce e desenvolve os inestimáveis recursos adormecidos no Self, que se encontram à sua espera para oferecerem a contribuição da paz do Nirvana” – apontamentos de Joanna de Ângelis no livro “Triunfo Pessoal”. Vemos, às vezes, pessoas estáticas perante suas culpas. O medo de enfrentá-las faz com que o tempo passe e elas nunca saiam dos estados infelizes nos quais estão projetadas. Vivem iludindo-se. Vivem perambulando em torno de si mesmas, buscando ali e acolá o próximo momento satisfatório que as farão rir e se divertir das suas risadas, para logo em seguida retornarem ao estado quase, se não completo, de depressão pela imersão dos sentidos no vale escuro de cavernas mentais. Ei-las, pois, amedrontadas. Segundo Victor Hugo, no livro Párias em Redenção: “O medo é verdugo impiedoso dos que lhe caem nas mãos. Produz vibrações especiais que geram sintonia com outras faixas na mesma dimensão de onda, produzindo o intercâmbio infeliz de forças deprimentes, congestionantes”. Daí, muitas vezes a pessoa agride para se defender ou foge para não lutar. Sabemos que o Espírito não tem fim, conforme consta na questão 83 de “O Livro dos Espíritos”. Viveremos infinitamente neste cômputo de inseguranças? Seria um destronar do Projeto Divino que nos criou para vivermos com Deus, na glória eterna da Luz.
O temor não é boa companhia de jornada
Se ainda não fez, é hora de enfrentar seus adversários, que não estão lá fora e sim dentro de cada um. É hora de reconciliar-se com eles, como nos aconselha Jesus. O temor não é boa companhia de jornada. Os cuidados sim. Estes o são. Desta forma devemos nos preparar para enfrentarmos com galhardia e bom senso nossas culpas, medos e inseguranças. De acordo com Joanna de Ângelis: “Faz-se necessária uma vinculação profunda com o Self, que adquirirá maior conscientização dos relacionamentos indispensáveis com o seu núcleo na psique”. Bom pesquisarmos nossas companhias, aquelas para as quais abrimos sorridentes as portas das nossas casas ou as visitamos contentes, trocando presentes e informações, brindando em festas convulsas isto ou aquilo. A elas estamos também abrindo as portas dos nossos corações e mentes, arquivando fatos que irão gerar reações. Que bom preservarmos nossos lares!
Lembramo-nos de que conhecemos uma pessoa que dizia existir em sua cidade natal um menino que falava com Deus, na intimidade do seu quarto. Todos riam de tal afirmativa. Um dia paramos para pensar na validade daquela história. Ora, se Deus está dentro de nós, se Seu Reino é semente plantada, necessitando rega, como nos disse Jesus na Parábola do Semeador, então podemos, dentro das nossas particularidades espirituais, conversar sim com o Pai. Ele nos responderá de acordo com nossos entendimentos e, desta forma, estaremos nos vinculando ao Self que nos dirá a melhor forma de proceder para sairmos vencedores em nossas lutas, vencendo os vícios e entronizando as virtudes. Fazendo silêncios para que eles possam nos aconselhar.
”O conteúdo religioso é de vital importância na psicoterapia do enfrentamento. Conhecer a Verdade para, através dela, libertar-se. Lutar contra as paixões primitivas, transformando impulsos inferiores em emoções de harmonia. Não fugir, ocultar-se dos demais ampliando a mágoa contra a sociedade e contra si próprio.” Além destas sábias orientações, Joanna de Ângelis ainda nos informa: “À medida que o ego se faz consciente dos valores ínsitos no Self torna-se factível uma programação saudável para o comportamento, trabalhando cada dificuldade, todo desafio, mediante a reconciliação com sua realidade eterna”.
Agora podemos nos perguntar: O que faço comigo? Vergasto-me ante adversários ou os transformo em continentes que devo desbravar e conquistar? É bom que nos amemos, nos respeitemos. Que nos tornemos unos com a Criação, pois somos partes integrantes de um todo de luz, portanto, somos luzes. É bom que enfrentemos com sensatez nossos limites, estendendo-os com prazer, sendo vitoriosos e, por isso, virtuosos. Nada de carregar o mundo nas costas e sim caminharmos nele de olhos fixos nos céus das nossas consciências superiores.
GUARACI LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)
Texto extraído do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano5/222/especial.html
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