"Mudamente..."
Algo
mal que se expressa mudamente. Que transtorno tem trazido aos povos! Pessoas
que se afastam dos seus familiares e amigos. Profissionais que querem trabalhar, mas temem o vírus que não se vê. Proteções que apaziguam o medo sem a certeza
do contágio. Doentes declarados precisam aguardar, hospitais são esvaziados e
outros construídos para aguardar os que ainda não estão, mas com certeza
ficarão doentes, pois, silenciosamente o mal sinaliza e antecipa o futuro.
Os
grandes males do Planeta aconteceram através de agressividades ruidosas para
demonstrar força, tambores, farfalhar de espadas e escudos, gritos; tropel de
cavalaria, a voz troante do canhão de pólvora, a esgrima de estúpidos
cavaleiros; o roçar dos ares em asas apinhadas de mortíferos arranjos a
despenharem-se sobre casas, hospitais, escolas levando terror e morte, ainda, a
metralha disparada alhures.
Em
tempos passados, epidemias que matavam largamente eram noticiadas pelo
desespero de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, aos gritos, alardeando o
pavor, vez que a morte era inevitável, considerando a inexistência de recursos
médicos.
Agora
é diferente!
Professores
e escolares paralisados, lojas e armarinhos fechados, oficinas quietas, meios
de comunicação em efervescência com opiniões e opiniões suas e de convidados
para explicar, sugerir, orientar à exaustão, sem nada conclusivo e que estanque
a enxurrada de...
Pesquisa
disto e daquilo, testes, buscas de medicamentos, tentativas, achismos e
promessas, interesses políticos e econômicos que se chocam, vaidades, egoísmos,
medos, inseguranças, decretos que não são respeitados e doentes que se contam
aos milhares e corpos mortos em número assustador.
E
os exércitos?
Estão
silentes, a luta não é de Nação contra Nação, mas das Nações contra o
invisível, que não teme nenhuma arma bélica, mesmo as mais sofisticadas, as
forças estão de um lado só e não veem a quem atacar, ou de quem se defender.
A
arrogância dos poderios desceu à insignificância. Uma grande mão educadora
semeia no Mundo as possibilidades do respeito ao outro, todos são de carne e
osso, têm fome, sede e adoecem; faz compreender que a vida é uma construção e
são peças a alfabetização, a cultura, a arte, a ciência, a espiritualização.
Para a vida com dignidade de todas as gerações das sociedades é indispensável
que quem sabe e pode mais colabore com o aprendizado dos menos sábios e
limitados em recursos.
Os
grandes males das eras passadas eliminaram a vida da Terra? Não. Estamos aqui.
Agora
também não se extinguirá a vida do Planeta; como as tormentas antigas causaram
modificação do pensamento, da cultura, da ciência, da filosofia... Também, o
mal invisível que arrasa nesses dias, findo o seu tempo educativo, deixará atmosfera
renovada com mudanças profundas nas relações humanas, pois deverá prevalecer a
fraternidade e solidariedade entre os indivíduos e os povos.
Depois
da perturbação viral a vida no Planeta será mais justa? A esperança que carregamos diz
que sim. Temos confiança que Alguém que considera seus filhos, os habitantes da
Terra, está no leme da nau que enfrenta as convulsões intestinas numa experiência
que aponta para uma Nova Era, Um Novo Tempo.
O
que podemos esperar?
Dorival
da Silva