Unir para
sobreviver
Na conjuntura atual em que a Humanidade vive
momentos cruciantes em busca de caminhos que a aliviem das torturas angustiosas
que a envolvem; no instante em que o homem de posse de tantos conhecimentos que
lhe chegam às mãos após pesquisas ingentes; na hora em que a criatura vislumbra
o seu destino grandioso em face das conquistas tecnológicas, convêm analisar
que está havendo a necessidade urgente de rumos definidos para que o esforço
comum não se venha a perder.
Como antecipação às necessidades
espirituais que se acentuariam na época em que vivemos, o Cristo de Deus
determinou que a Consoladora Doutrina da Terceira Revelação viesse ao homem
para servir-lhe de bússola orientadora a fim de que os perigos da grande viagem
fossem evitando e todos, sem mais perda de tempo, aportássemos em lugar
seguro.
Sem ser obra dos homens, surge o
Espiritismo como resultante do trabalho de uma plêiade de entidades
desencarnadas e encarnadas, sob a tutela maior do Mestre Galileu, para nortear
o caminho de todos nós.
Chegando pela via fenomênica, que já era
milenarmente usada para atestar a veracidade do chamado mundo espiritual, a
torrente não se deteve apenas na comprovação da existência e possibilidade de
ação sobre a matéria por parte dos desencarnados.
Abriu extenso campo de cogitações a
juízos filosóficos que deram motivo a formação de um granítico corpo
doutrinário calcado na lógica e na razão.
Como se não bastasse ter o movimento de
iluminação se servido da porta fenomênica, alcançando as conclusões
filosóficas, eis que a mensagem desemboca na revivescência dos ensinamentos
puros vividos e deixados pelo Mestre de Nazaré – o Cristianismo.
Com tríplice aspecto, assim, a Doutrina
Espírita veio constituir o edifício granítico de três andares, formando uma
unidade indivisível.
O fenômeno é a prova, o raciocínio o
caminho, a moralização a meta.
Sem dúvida, com estas características, o
Consolador veio para ficar pela eternidade afora com os homens, conforme
prometera Jesus.
No entanto, vemos hoje, com muita
preocupação, que hostes* ligadas a interesses contrários ao estabelecimento do
Reino Espiritual na Terra se movimentam sorrateiramente, buscando minar a obra
grandiosa, a partir dos elementos que a devem viver e divulgar.
Casados da luta ostensiva em que sempre
saem derrotados, a técnica dos inimigos da Luz não é mais atacarem a
descoberto.
Usando do campo favorável que a
invigilância dos espíritas permite, se imiscuem nos grupos e associações
fazendo sua semeadura de cizânia.
Instilam a vaidade aqui; espicaçam o
orgulho ali; estimula a desconfiança acolá; reforçam a antipatia lá adiante,
encontrando na passividade de grande parte de nossos irmãos do movimento, o
caldo revigorante necessário para se fortificarem mais e mais.
Procurando dar proporções catastróficas
a pequenos incidentes naturais na marcha de almas inferiores, como somos todos
nós, aumentam as predisposições de antipatia que uns passam a nutrir pelos
outros...
Utilizando os recursos da hipnose
durante as horas de sono, atuam sobre as mentes desavisadas, criando-lhes
quadros sugestivos de variada ordem, em que sempre buscam jogar uns contra os
outros, porque têm plena consciência de que toda casa dividida não sobreviverá.
Em face de tais ciladas, nas quais
muitos têm caído ingenuamente, é que nos permitimos, em nome do Amor Cristão, a
vir-vos dizer:
Espíritas, alertai-vos contra a semente
da cizânia...
Cuidai cada um de sua leira*, não vos
achando o melhor ou o imprescindível...
Não penseis, nem por um momento que seja,
que a obra é vossa e que sem o vosso concurso tudo se esboroará...
Cristo que representa a vontade do
Pai...
Deixemos de lado posições pessoais,
opiniões particulares e modos individualistas de ser, renunciando ao
endeusamento do nosso eu para mergulharmos de corpo e alma na tarefa abençoada
para qual todos fomos convocados e na qual todos temos o que fazer.
Que ninguém subestime a tarefa alheia,
nem procure engrandecer-se, porque no fundo, funcionamos como vasto mecanismo
que às vezes não desenvolve sua ação adequadamente por falta de simples
implemento como um pequeno parafuso...
Vede com alegria o que já conseguistes
realizar, mas não vos acomodeis porque ainda há muito a fazer.
A Casa Espírita é o corpo que a Bondade
Divina nos permitiu erguer. Que a façamos habitada pelo espírito do Cristo, a
transparecer de nossos gestos e ações.
Honremo-la com nossa presença frequente;
iluminemo-la com o nosso estudo doutrinário constante; fortalecemo-la com nosso
testemunho de trabalho permanente.
Não foi por mero acaso que o insigne
Codificador – inspirado pelo Espírito Verdade – escolheu como epíteto*
doutrinário o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância.
O Trabalho é a seiva de nossa vida; a
Solidariedade, a manifestação do amor fraterno em nós e a Tolerância é o
reconhecimento de que todos precisamos uns dos outros, como somos, para
avançar.
Grandes dificuldades já foram superadas
e novas lutas se avizinham porque a leira se alarga à medida que progredimos.
A união é palavra de ordem, nem que para
tanto tenhamos que renunciar a nossas posições pessoais.
Lembremo-nos de que a Doutrina deve estar
acima de tudo.
Sem os seus ensinos, sua ordem lógica e
palavra disciplinadora, toda nossa ação pode parecer eficiente, mas não estará
concorrendo para enriquecer o movimento espírita.
O aplauso é manifestação humana perigosa
porque anestesia as nossas potencialidades profundas, aprisionando-nos na jaula
da vaidade.
Recordemos que antes de mais nada é
preciso buscar o reino de Deus e suas virtudes, e o resto nos virá por
acréscimo...
E o Reino de Deus não está nem ali, nem
acolá, senão dentro de nós mesmos.
Como o alcançaremos sem o exercício da
dignidade cristã?
Saibamos, por fim, que sem a união das
partes, o todo perece.
A força e a vitalidade do todo estão na
razão direta da articulação harmoniosa e amorosa de todos os componentes.
Lutai e Vigiai.
Estudai e Amai.
Perdoai e Trabalhai.
Fazendo a vossa parte, tende certeza de
que faremos a nossa, e unindo os nossos esforços faremos nascer mais depressa o
sol da Felicidade Espiritual sobre a Terra.
Lins de
Vasconcelos.
Mensagem
psicografada pelo médium Alexandre Sech,
no dia 29.06.1975, na cidade de Paranavaí (PR).
(*) Hoste – que denota inimizade ou rivalidade;
quem é inimigo; adversário. Leira – sulco ou rego aberto na terra que nele se
deposite semente ou muda.
Epíteto – palavra ou expressão que se associa a um
nome ou pronome para qualificá-lo.