segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Unir para sobreviver

Unir para sobreviver
    Na conjuntura atual em que a Humanidade vive momentos cruciantes em busca de caminhos que a aliviem das torturas angustiosas que a envolvem; no instante em que o homem de posse de tantos conhecimentos que lhe chegam às mãos após pesquisas ingentes; na hora em que a criatura vislumbra o seu destino grandioso em face das conquistas tecnológicas, convêm analisar que está havendo a necessidade urgente de rumos definidos para que o esforço comum não se venha a perder.

        Como antecipação às necessidades espirituais que se acentuariam na época em que vivemos, o Cristo de Deus determinou que a Consoladora Doutrina da Terceira Revelação viesse ao homem para servir-lhe de bússola orientadora a fim de que os perigos da grande viagem fossem evitando e todos, sem mais perda de tempo, aportássemos em lugar seguro.

        Sem ser obra dos homens, surge o Espiritismo como resultante do trabalho de uma plêiade de entidades desencarnadas e encarnadas, sob a tutela maior do Mestre Galileu, para nortear o caminho de todos nós.

        Chegando pela via fenomênica, que já era milenarmente usada para atestar a veracidade do chamado mundo espiritual, a torrente não se deteve apenas na comprovação da existência e possibilidade de ação sobre a matéria por parte dos desencarnados.

        Abriu extenso campo de cogitações a juízos filosóficos que deram motivo a formação de um granítico corpo doutrinário calcado na lógica e na razão.

        Como se não bastasse ter o movimento de iluminação se servido da porta fenomênica, alcançando as conclusões filosóficas, eis que a mensagem desemboca na revivescência dos ensinamentos puros vividos e deixados pelo Mestre de Nazaré – o Cristianismo.

        Com tríplice aspecto, assim, a Doutrina Espírita veio constituir o edifício granítico de três andares, formando uma unidade indivisível.

        O fenômeno é a prova, o raciocínio o caminho, a moralização a meta.

       Sem dúvida, com estas características, o Consolador veio para ficar pela eternidade afora com os homens, conforme prometera Jesus.

        No entanto, vemos hoje, com muita preocupação, que hostes* ligadas a interesses contrários ao estabelecimento do Reino Espiritual na Terra se movimentam sorrateiramente, buscando minar a obra grandiosa, a partir dos elementos que a devem viver e divulgar.

        Casados da luta ostensiva em que sempre saem derrotados, a técnica dos inimigos da Luz não é mais atacarem a descoberto.

        Usando do campo favorável que a invigilância dos espíritas permite, se imiscuem nos grupos e associações fazendo sua semeadura de cizânia.

        Instilam a vaidade aqui; espicaçam o orgulho ali; estimula a desconfiança acolá; reforçam a antipatia lá adiante, encontrando na passividade de grande parte de nossos irmãos do movimento, o caldo revigorante necessário para se fortificarem mais e mais.

        Procurando dar proporções catastróficas a pequenos incidentes naturais na marcha de almas inferiores, como somos todos nós, aumentam as predisposições de antipatia que uns passam a nutrir pelos outros...

        Utilizando os recursos da hipnose durante as horas de sono, atuam sobre as mentes desavisadas, criando-lhes quadros sugestivos de variada ordem, em que sempre buscam jogar uns contra os outros, porque têm plena consciência de que toda casa dividida não sobreviverá.

        Em face de tais ciladas, nas quais muitos têm caído ingenuamente, é que nos permitimos, em nome do Amor Cristão, a vir-vos dizer:

        Espíritas, alertai-vos contra a semente da cizânia...

        Cuidai cada um de sua leira*, não vos achando o melhor ou o imprescindível...

        Não penseis, nem por um momento que seja, que a obra é vossa e que sem o vosso concurso tudo se esboroará...

        Cristo que representa a vontade do Pai...

        Deixemos de lado posições pessoais, opiniões particulares e modos individualistas de ser, renunciando ao endeusamento do nosso eu para mergulharmos de corpo e alma na tarefa abençoada para qual todos fomos convocados e na qual todos temos o que fazer.

        Que ninguém subestime a tarefa alheia, nem procure engrandecer-se, porque no fundo, funcionamos como vasto mecanismo que às vezes não desenvolve sua ação adequadamente por falta de simples implemento como um pequeno parafuso...

        Vede com alegria o que já conseguistes realizar, mas não vos acomodeis porque ainda há muito a fazer.

        A Casa Espírita é o corpo que a Bondade Divina nos permitiu erguer. Que a façamos habitada pelo espírito do Cristo, a transparecer de nossos gestos e ações.

        Honremo-la com nossa presença frequente; iluminemo-la com o nosso estudo doutrinário constante; fortalecemo-la com nosso testemunho de trabalho permanente.

        Não foi por mero acaso que o insigne Codificador – inspirado pelo Espírito Verdade – escolheu como epíteto* doutrinário o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância.

        O Trabalho é a seiva de nossa vida; a Solidariedade, a manifestação do amor fraterno em nós e a Tolerância é o reconhecimento de que todos precisamos uns dos outros, como somos, para avançar.

        Grandes dificuldades já foram superadas e novas lutas se avizinham porque a leira se alarga à medida que progredimos.

        A união é palavra de ordem, nem que para tanto tenhamos que renunciar a nossas posições pessoais.

        Lembremo-nos de que a Doutrina deve estar acima de tudo.

        Sem os seus ensinos, sua ordem lógica e palavra disciplinadora, toda nossa ação pode parecer eficiente, mas não estará concorrendo para enriquecer o movimento espírita.

        O aplauso é manifestação humana perigosa porque anestesia as nossas potencialidades profundas, aprisionando-nos na jaula da vaidade.

        Recordemos que antes de mais nada é preciso buscar o reino de Deus e suas virtudes, e o resto nos virá por acréscimo...

        E o Reino de Deus não está nem ali, nem acolá, senão dentro de nós mesmos.

        Como o alcançaremos sem o exercício da dignidade cristã?

        Saibamos, por fim, que sem a união das partes, o todo perece.

        A força e a vitalidade do todo estão na razão direta da articulação harmoniosa e amorosa de todos os componentes.

        Lutai e Vigiai.

        Estudai e Amai.

        Perdoai e Trabalhai.

        Fazendo a vossa parte, tende certeza de que faremos a nossa, e unindo os nossos esforços faremos nascer mais depressa o sol da Felicidade Espiritual sobre a Terra.

Lins de Vasconcelos.
Mensagem psicografada pelo médium Alexandre Sech, no dia 29.06.1975, na cidade de Paranavaí (PR).
(*)  Hoste – que denota inimizade ou rivalidade; quem é inimigo; adversário. Leira – sulco ou rego aberto na terra que nele se deposite semente ou muda.

Epíteto – palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome para qualificá-lo.

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