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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Há um trabalho a ser feito! Cuidar de sua fé!

 Há um trabalho a ser feito!  Cuidar de sua fé! 

 

     É comum dizer-se que se deve ter fé. As religiões assim dizem. Até ateus dizem ter fé em si mesmo. Geralmente diz ter fé em Deus, ou em Jesus, ou a Nossa Senhora, ou outra entidade de mérito, pois, fé é um estado de confiança em alguém ou alguma coisa, até em algo inanimado, como amuleto e outros apetrechos, até mesmo animais e mesmo pertences do reino mineral.  

      Como a fé é um estado de confiança, e essa condição é algo íntimo de grande importância, pois é decisivo, sendo que o bem ou o mal, o certo ou o errado, a paz ou a infelicidade que deriva desta confiança trará consequência para a vida, para a família e até mesmo para o grupo social em que mantém influência. Em razão disso, a fé não poderá ser algo simplório, crer por crer. É preciso existir uma razão, um porquê.  

A fé sem raciocínio lógico e sustentada sem reflexão, poderá levar o indivíduo a incredulidade, ou ao extremismo, ainda, ao fanatismo.   Qualquer uma dessas situações é prejuízo moral, que leva à indiferença. Situação que se agrava, vez que o sentimento de ausência de algo primordial na vida sempre causa incômodo, sendo que a indiferença ou o estado extremado da fé, sem base fundamentada, causa vazio existencial, que alimentado, cultivado, como tudo, se amplia, causando desalinho comportamental.   

Não se deve atribuir a quem quer que seja, mesmo de grande confiança, a administração de nossa crença, vez que cada pessoa é um ser único e único responsável por si mesmo, e responde por seus atos, diante da sociedade em que vive presentemente, tal como diante de Deus, seu Criador.   

O ser humano, considerando o Espírito que é, não é destrutível, não terá fim. Assim, todos os seus atos lhe pertencem, sempre!  A sua atenção com as coisas da vida e os desdobramentos estarão consigo, sempre! Dessa forma, a fé precisa ser bem compreendida, pois se trata de força da Vida.   A Vida nunca acaba, a Vida é o próprio indivíduo espiritual. 

Deus dotou cada Criatura humana de recursos para contato com Ele, quando desejar, precisando apenas da impulsão de sua vontade, direcionando o pensamento ao Ser Supremo.  Assim, a fé em Deus precisa estar atuante na Criatura, mesmo que seja através de Jesus, ou da Mãe Santíssima, ou outro, sempre tudo será carreado para Deus.  

A fé atuante é aquela acumulada de virtudes, quer dizer, de resultados de suas ações positivas, em favor de si mesmo, tanto quanto para com terceiros, a sociedade no geral.  São as vivências, a superação de dificuldade, sem reclamação; o cultivo do bem, da tolerância com as deficiências alheias, o perdão das ofensas…   Jesus, lecionou: “A cada um segundo as suas obras”. 

Diante dos fatos decisivos da vida sempre se estará sozinho, mesmo cercado de pessoas, porque enfrentando um momento de dor, movimentará vibrações da própria alma, de forma e intensidade exclusivas.  Os demais, mesmo muito próximos, estarão sentindo o momento de dificuldade de modo próprio, nada comparável ao vizinho do mesmo fato.  

Não é difícil entender, referentemente à fé, que cada um tem a sua particularidade. Todos poderão emitir petição ao Criador, e isso se dará em ato exclusivo, sendo cada indivíduo um mundo particular, e assim se apresenta com o seu valor e mérito. A Divindade atende no que é melhor para a Criatura, numa visão espiritual, o que poderá não corresponder ao desejo imediatista do pleiteante.  Às vezes se pretende o alívio da dor, ao invés de pedir força e coragem para suportá-la, sendo a motivação da dor o remédio próprio para o mal da alma que precisa ser sanada. Muitas vezes se quer o conforto, no entanto, isso é a causa da doença que precisa ser curada.  É preciso ter consciência justa do que pedir ao Senhor de Todas as Coisas.  

A fé coletiva tem valor? Sim. Os valores vibracionais quando uníssonos objetivando uma mesma causa são muito mais potentes, no entanto, segue o mesmo roteiro da fé individual, tem o valor do conjunto das virtudes. Alcançará resultado justo, e nunca à expectativa de alcance de interesse materialista. A visão sempre é espiritual, sempre se busca soluções definitivas para as Almas interessadas.  

Confundem-se soluções de fatos materiais com pedidos espirituais, o que poderá ocorrer, em virtude da mudança da postura espiritual particular ou coletiva. A mudança de visão sobre o problema existente, a alteração das perspectivas futuras em relação à almejada anteriormente, considerando o reposicionamento dos próprios interesses, por ótica espiritual renovada, mais favorável, particular ou coletivamente.  

A fé que raciocina dá um norte ao seu possuidor, leva à reflexão, a compreensão melhor dos fatos, gerando conexão com as Forças Maiores da vida, proporcionadoras do progresso da Alma.  Assim de toda a multidão que compõe a população do Planeta, considerando a que momentaneamente permanece, a que morre e a que nasce.  

O recurso da fé não existe somente para a possibilidade de se recorrer a Uma Potência Superior com a confiança de se obter alguma coisa, mas também de agradecer os atendimentos realizados e as disponibilidades de meios de que se desfruta mesmo que não tenham sido solicitados, pois se utiliza tudo do que é disponibilizado por esse Ser Criador, mesmo sem nenhuma consciência disso.  

Também, a fé, bem cultivada, leva a criatura reconhecer o Criador na Sua grandiosidade; exercendo, a verdadeira humildade, por ver que, apesar de seus esforços, seu estado evolutivo é muito incipiente, e que o caminho para o ideal espiritual é infinito. Assim, é louvar a Deus! Reconhecendo a Sua paternidade universal.  

A fé que analisa, deduz conclusões morais elevadas e coloca o indivíduo em patamar mais próximo de religação com o Criador, aí está o verdadeiro louvor a Deus! É muito mais que expressões em palavras que soam e gestos comportamentais, porque são valores que se movimentam na Alma e se ligam ao Todo Poderoso. 

Cuidar da fé é trabalho… 

                                          

                                Dorival da Silva. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Os tempos são chegados - 5/5

Os tempos são chegados (parte 5)


Neste grande movimento regenerador, o Espiritismo tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo, inventado pela crítica zombeteira, mas o Espiritismo filosófico, tal qual o compreende quem quer que se dê ao trabalho de procurar a amêndoa dentro da casca. Pelas provas que ele traz das verdades fundamentais, preenche o vazio que a incredulidade faz nas ideias e nas crenças; pela certeza que dá de um futuro conforme a justiça de Deus e que a mais severa razão pode admitir, ele tempera as amarguras da vida e previne os funestos efeitos do desespero. Tornando conhecidas novas leis da Natureza, o Espiritismo dá a chave de fenômenos incompreendidos e problemas até agora insolúveis, e mata, ao mesmo tempo, a incredulidade e a superstição. Para ele não há sobrenatural nem maravilhoso; tudo se realiza no mundo em virtude de leis imutáveis. Longe de substituir um exclusivismo por outro, arvora-se como campeão absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas e o corta pela raiz, proclamando a salvação para todos os homens de bem, e a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegarem, por seus esforços, pela expiação e pela reparação, à perfeição, pois só ela conduz à suprema felicidade. Ao invés de desencorajar o fraco, encoraja-o, mostrando-lhe o fim que pode atingir.


Não diz: Fora do Espiritismo não há salvação, mas, com o Cristo: Fora da caridade não há salvação, princípio de união, de tolerância, que congraçará os homens num sentimento comum de fraternidade, em vez de os dividir em seitas inimigas. Por este outro princípio: Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade, destrói o império da fé cega, que aniquila a razão, da obediência passiva, que embrutece; emancipa a inteligência do homem e levanta o seu moral.


Consequente consigo mesmo, não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá e espera que a ele venham livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão, e não pela força. Respeita todas as crenças sinceras e não combate senão a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os mais sérios obstáculos ao progresso moral; mas não lança o anátema a ninguém, nem mesmo aos seus inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais imperfeitos e que, mais cedo ou mais tarde, nele entrarão.


Se imaginarmos a maioria dos homens imbuídos desses sentimentos, facilmente poderemos figurar as modificações que trarão às relações sociais: caridade, fraternidade, benevolência para todos, tolerância para todas as crenças, tal será sua divisa. É o fim para o qual, evidentemente, tende a Humanidade, o objeto de suas aspirações, de seus desejos, sem que se dê muita conta dos meios de as realizar; ela ensaia, hesita, mas é detida pelas resistências ativas ou pela força da inércia dos preconceitos, das crenças estacionárias e refratárias ao progresso. São essas resistências que devem ser vencidas e isto será a obra da nova geração. Se seguirmos o curso atual das coisas, reconheceremos que tudo parece predestinado a lhe abrir a estrada; ela terá por si o duplo poder do número e das ideias, além da experiência do passado.


Assim, a nova geração marchará para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que tiver chegado. O Espiritismo, marchando para o mesmo objetivo e realizando seus planos, eles se encontrarão no mesmo terreno, não como concorrentes, mas como auxiliares, prestando-se mútuo apoio. Os homens de progresso encontrarão nas ideias espíritas uma poderosa alavanca e o Espiritismo encontrará nos homens novos espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. Nesse estado de coisas, que poderão fazer os que quisessem opor obstáculos?


Não é o Espiritismo que cria a renovação social, é a maturidade da Humanidade que faz desta renovação uma necessidade. Por seu poder moralizador, por suas tendências progressivas, pela amplidão de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é, mais que qualquer outra doutrina, apto a secundar o movimento regenerador, razão por que é seu contemporâneo. Veio no momento em que podia ser útil, também para ele os tempos são chegados; mais cedo, teria encontrado obstáculos intransponíveis; inevitavelmente teria sucumbido, porque os homens, satisfeitos com o que tinham, ainda não sentiam a necessidade do que ele traz. Hoje, nascido com o movimento das ideias que fermentam, encontra o terreno preparado para recebê-lo. Cansado da dúvida e da incerteza, acolhem como numa tábua de salvação e uma suprema consolação.


Dizendo que a Humanidade está madura para a regeneração, isto não quer dizer que todos os indivíduos o sejam no mesmo grau, mas muitos têm, por intuição, o germe, das ideias novas, que as circunstâncias farão eclodir; então eles se mostrarão mais adiantados do que se pensava, e seguirão com ardor o impulso da maioria.


Há, entretanto, os que são refratários por natureza, mesmo entre os mais inteligentes e que, certamente, jamais se ligarão, pelo menos nesta existência, uns de boa-fé, por convicção, outros por interesse. Aqueles cujos interesses materiais estão ligados ao estado presente das coisas, e que não são bastante adiantados para dele fazer abnegação, que o bem geral toca menos que o seu bem pessoal, não podem ver sem apreensão o menor movimento reformador; para ele a verdade é uma questão secundária ou, melhor dito, a verdade está toda inteira no que não lhes causa nenhuma perturbação; aos olhos, todas as ideias progressivas são subversivas, razão por que lhes votam um ódio implacável e lhes fazem uma guerra encarniçada. Muito inteligentes para não ver no Espiritismo um auxiliar dessas ideias e os elementos da transformação, que temem porque não se sentem à sua altura, esforçam-se para o abater; se o julgassem sem valor e sem alcance, com ele não se preocupariam. Aliás já o dissemos: “Quanto maior é uma ideia, mais adversários encontra, e pode medir-se a sua importância pela violência dos ataques de que ela é objeto.”


O número dos retardatários sem dúvida ainda é grande, mas que podem contra a onda que sobe, senão lançar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, enquanto eles desaparecem com a geração que vai a largos passos. Até lá defenderão o térreo palmo a palmo. Há, pois, uma luta inevitável, mas desigual, porque é a do passado decrépito, que cai em farrapos, contra o futuro juvenil; da estagnação contra o progresso; da criatura contra a vontade de Deus, porque os tempos por ele marcados são chegados.

Allan Kardec - Revista Espírita - outubro de 1866