Quem são os presos de cadeias?
Todos
se originaram de um pai e uma mãe. Foram, desejados ou não, foi construção do
amor ou da inconsequência. Foram embriões, fetos, nascituros, criancinhas,
crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens...
Tiveram
mães ou precariedade de mães, madrastas, avós ou “avódrastas”. Muitos, filhos da rua. Alguns, de famílias
abastadas, mas abandonados dentro de casa.
Outros, em abrigos... Poucos pais constam dos documentos de registros
das crianças, àquelas que estão à margem da sociedade considerada regular. Há covardia e irresponsabilidade enormes, em
conta o estado educacional reinante. Não há respeito em relação aos outros,
mesmo sendo seus filhos; não há comprometimento com a vida, mesmo sendo suas vidas;
não tendo responsabilidade com a sociedade, ignoram que são peças integrantes
dela, inconscientes de que dependendo de suas qualidades é a qualidade do
ambiente em que se vive.
Em
quantidade significativa, por falta de opção educacional, cultural, esportiva e
de trabalho, foram capturados para o tráfico, para o comércio ilícito, o roubo,
tornando-se criminosos inveterados.
De quem
é a culpa? Pode-se dizer com certeza que a culpa é de toda a sociedade. Somente
poder-se-ia dizer isenta se o número de criminosos fosse diminuto e as
organizações oficiais ou não tivessem realizado a sua parte de forma que os
indivíduos renitentes tivessem rejeitado todas as possibilidades para se
tornarem homens de bem. O que não ocorre, existindo verdadeiro despautério na
condução daquilo que é público, destruindo a cultura de educar homens ilibados,
porque estariam numa sociedade lídima no transcorrer dos tempos.
Considerando
o que acima se expõe, anotamos abaixo a sabedoria de Allan Kardec, quando faz
esclarecimento complementar à questão 685 de O Livro dos Espíritos, publicado
em 18.04.1857:
“Não basta se diga ao homem que lhe corre o
dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por
meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando
se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual
a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a
produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se,
sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter
que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o
qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a
educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos,
porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os
caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos
adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são
lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus
próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí
decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem
terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com
os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão
atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a
imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar.
Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de
todos”.
As
sementes da árvore-da-vida abundante para todos são existentes de todos os
tempos. Jesus, apresentou as regras do
bem viver, o respeito ao próximo, o amor para com todos. Clarificou para o Mundo a continuidade da
vida após esta vida, tanto que ele retornou após a sua morte física, para
comprovar essa verdade. Falou das verdades vindas de Deus através da oração, da
fé, além de tudo o que demonstrou enquanto caminhava entre os homens de carne,
apresentou, para que não ficassem dúvidas, as manifestações de
pentecostes. Luzes que se faziam à luz
meridiana, homens e mulheres que falavam nas mais variadas línguas e dialetos,
para que as pessoas vindas de todas as partes pudessem bem entender a mensagem
que fluía da espiritualidade, trazendo a esperança e revelações sobre a vida
nos planos espirituais.
O homem
moderno, com a inteligência desenvolvida para as ciências e as tecnologias,
deixou distanciar em atraso, o que já vai distante, a questão moral. O orientador espiritual “Emmanuel”, mentor do
médium Francisco Cândido Xavier, aponta em 1950, na obra Pão Nosso, capítulo
36, o ensinamento clarificador para quem presta atenção à vida: “As portas do Céu
permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve
até lá, precisa asas de amor e sabedoria”.
Tudo
pede esforços para se iniciar, para vivenciar e superar. Não há viagem no mundo
da experiência no campo da vida física que não pedirá esforços de superação
diante dos desafios que surgirão. Virtude existe quando temos que nos
contrariar, existindo circunstância que nos proporciona locupletar de vantagens
e vantagens aos arrepios da lei, ainda mesmo, quando tudo parece impossível de
descoberto. O juiz maior é a consciência. Impossível de descoberto para os
outros, que em tese não têm nada com o fato, mas o que age à sobra das normas
ordenadoras da vida social, sabe e não esquece.
As
consequências são sempre danosas à vida, advém os reflexos do mal, pois toda
intenção negativa gera para o infrator responsabilidade correspondente.
Quem são
os presos de cadeias? Todos que praticam
o mal e não se redimem. Existem as prisões de grades e paredes materiais, como
as psicológicas e as espirituais, sempre será necessário corrigir os efeitos
dos desatinos, das insinceridades, dos desrespeitos à vida, à organização
social.
Dorival
da Silva