AS FESTAS DE JUNHO
Maria Helena Marcon
Com o mês de junho,
chegam as comemorações festivas que envolvem, normalmente, Escolas, Clubes e,
chegam, à conta de novidade, até as Casas Espíritas.
São as chamadas festas
juninas, que iniciam no dia 13 de junho, dia de Antônio de Pádua, alcança o dia
24, festividade alusiva a João, o Batista e culmina a 29 do mesmo mês, com a
festa a Pedro, o Apóstolo, em conformidade com o calendário católico.
Alerta-nos o Espírito
André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, no opúsculo Conduta Espírita que ao espírita compete dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por
convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso, recordando ainda
que o espírita não se prende a
exterioridades.
Evocando, em
rápido giro histórico, as origens das ditas festas, que têm no fogo o seu
elemento mais representativo, vamos encontrá-las relacionadas às celebrações do
solstício do verão na Europa e com os cultos devidos aos deuses da fecundação.
Com ritos de fogo, comemorava-se a aproximação das colheitas, ao mesmo tempo em
que se pedia aos deuses a proteção contra o demônio da peste, esterilidade e
estiagem.
Todos os antigos povos
da Terra celebravam, em meados de junho, os fogos em honra do Sol. Eram sempre
dias festivos, quando os seres humanos cantavam hinos de louvor e faziam os
seus pedidos. As pessoas jovens e crianças dançavam em volta das fogueiras,
enquanto os mais velhos cantavam em coro canções de agradecimento.
Ainda não existiam os
fogos de artifício mas as fogueiras representavam uma obrigação e tradição nas
comemorações das festas juninas. Costumeiramente altas, elas serviam como
termômetro para que os adivinhos pudessem dizer do tempo que faria durante o
outono, a época das colheitas. Conforme a direção que o vento soprasse a fumaça
das enormes fogueiras, o tempo futuro seria propício ou não para a boa
colheita.
A Igreja, em determinado
momento, decidiu por associar tais festejos aos seus feriados em homenagem a
Santo Antônio, São João e São Pedro, passando a constarem do seu calendário.
No Brasil, as
festividades juninas vieram juntamente com os portugueses e espanhóis católicos
e sofreram influências também dos africanos, em especial dos moradores das
Ilhas dos Açores, que incluíram muito de folclore nas comemorações religiosas
de então.
Com as tradições europeias,
as festas juninas assumiram algumas características próprias, no território
nacional. Coincidentemente, nesta época do ano, as pinhas maduras dos pinheiros
brasileiros deixam cair ao chão o pinhão, pronto para ser consumido. Isso foi
aliado, ainda, à época da colheita da batata-doce, do milho e outros artigos
que são consumidos ao redor das fogueiras.
O traje caipira e o
casamento, tão comuns em qualquer festa junina, têm sua explicação. O primeiro,
na tradição brasileira, copiando-se do caboclo o modo de vestir, andar e falar.
Acrescentou-se a figura das sinhazinhas, numa rememoração aos dias das
autênticas, que povoaram a História nacional, no auge dos engenhos e das
fazendas, em dias não muito distantes.
A tradição do casamento
vem de outros continentes, pois o mês de junho representava para os povos que
emigraram para o nosso país, a abundância em época de início de colheita. Os
pais podiam promover grandes festas nos casamentos, unindo os dois moços e
homenageando, por sua vinculação ao Catolicismo, Santo Antônio, São João e São
Pedro, com fogueiras, danças e outras características das festas juninas.
Entendendo que a
Doutrina Espírita é eminentemente educativa e o templo Espírita é Escola de Espiritismo e é Hospital de
Espíritos, tais comemorações não devem adentrar-lhe a intimidade.
Se o estudante
comum tem compromissos com a Sociedade e o mestre-escola tem responsabilidade
com as gerações que passam pelo seu gabinete, também o estudante espírita tem
compromissos com o Mestre Divino, e o pregador tem deveres e responsabilidade
com a alma dos alunos.
Negligenciar tais deveres é desrespeitar o salário da fé e paz
interior que recebe para o honroso cumprimento das tarefas.
Por isso, honrar o templo espírita é preservar o Espiritismo
contra os programas marginais, atraentes e aparentemente fraternistas, mas que
nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos
e siglas variadas.
Honremos, pois, o templo espírita, fazendo dele a nossa escola
de aprendizagem e renovação, para que o Espiritismo se honre conosco,
felicitando-nos a vida!
Bibliografia:
Franco,
Divaldo Pereira. Crestomatia da Imortalidade. Por Espíritos diversos. Salvador:
LEAL, cap. 21.