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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

A Verdade

                                                                   A Verdade 

Existem verdades religiosas, filosóficas, pessoais, de classes sociais, enfim, verdades que são desejadas e preferidas. Muitas não passam de opiniões, no entanto, são defendidas como se verdades fossem.  

Na trajetória do tempo, em defesa de verdades, surgiram guerras -- até uma denominada santa. Também existe a verdade ideológica, que surge de conceito de interesse de grupo e que, sem uma análise mais profunda, é defendida até as últimas consequências, entretanto, sem alcançar realização pessoal positiva.  

Embora se tenha o entendimento que a verdade seja algo como uma ideia intitulada verdadeira e que se deseja impor a terceiros para atender aos interesses de certo grupo, isso sempre trouxe revolta, discordâncias e rebeldias, culminando em muito sofrimento para muitos e frustração geral. 

As verdades sobre tudo estão disponíveis na Natureza para todos, porque verdades límpidas são somente as verdades divinas.  

Os indivíduos criam pseudoverdades e acreditam nelas, frustrando-se com seus resultados.  

Quando o Mensageiro Divino apresentou-se para a sua missão juntos à humanidade, fez revelações de verdades, mas sempre fez referência a Quem O enviou, dizendo que tudo que revelava vinha de Deus. 

Nem todos que ouviram do Mestre as verdades acreditaram nelas ou as entenderam, porque as verdades precisam encontrar, na intimidade dos seres, um componente emocional em despertamento para proporcionar uma conexão vibratória e aceitar a verdade percebida, ainda que superficialmente. Em alguns momentos, na sua trajetória missionária, Jesus vai dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Conquanto os circunstantes escutassem suas revelações, não conseguiam perceber o que realmente se estava sendo revelado. Mesmo os apóstolos precisavam de explicações posteriores para entendimento. 

Em outro ponto de sua passagem pelo mundo, o Senhor, vai dizer: “Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.” - (João, 8:45). Ele trouxe ao mundo verdades espirituais, ainda não estava disseminada entre os indivíduos a capacidade de análise e reflexão. Quando fez referência a fatos materiais, relativos ao conhecimento e práticas daquele tempo, foi para exemplificar, por analogia, algo que ocorreria no campo espiritual e permaneceria para os tempos futuros. Muitas ocorrências que se chamaram milagres, embora o aparecimento dos efeitos nos corpos, ocorreram primeiramente nas almas dos sofredores.  

Aquilo que se denominou por milagre foi revelação espiritual, entendida somente após dezoito séculos, a partir do surgimento da Doutrina Espírita, quando os próprios Espíritos vieram ampliar entendimentos sobre essa questão.  

A verdade sobre quaisquer coisas ou fatos não pode ser criada, pode ser percebida ou constatada. Isso se dá de forma e intensidade diferenciadas para cada indivíduo: para uns, superficialmente; para outros, com maior profundidade de entendimento. Embora não existam percepções idênticas, a acuidade é singular em cada indivíduo, de acordo com o seu estado evolutivo intelectual e moral.  

É bom dizer que a evolução intelectual e moral não é percebida somente pelas conquistas desta vida, mas sim, de toda existência do Espírito, tempo que não se conhece e que constitui a herança que cada um carrega de si mesmo. Ainda existem Espíritos que se apresentam numa condição muito simples na presente vida, mas que detêm intelectualidade e moralidade superiores. Na presente condição estão resolvendo alguma pendência espiritual ou aprimorando virtudes.  

A verdade absoluta, somente é possível para aqueles que alcançaram a pureza de Espírito e tudo podem saber. Esse nível de evolução não pertence aos habitantes de nosso planeta; o único que aqui permaneceu fisicamente, por pouco tempo, foi Jesus Cristo. Todos os demais estão a caminho dessa perfeição esperada, porque se trata de fatalidade divina, estabelecida para toda a criação: alcançar o estado espiritual de perfeição.  

Portamos sempre a verdade que podemos alcançar! 

                                          Dorival da Silva  

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Milagre! Existe, ou não?

Milagre! Existe, ou não?

“Não é, pois, da alçada do Espiritismo a questão dos milagres; mas, ponderando que Deus não faz coisas inúteis, ele emite a seguinte opinião: Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários. ” ¹
1.     A Gênese, capítulo XIII, item 15, Allan Kardec.

Existem ocorrências que têm aparências de fatos extraordinários, que se lhes atribuem sentidos miraculosos. Entretanto, são situações que se dão por Leis Naturais desconhecidas daqueles que propagam os fatos, com base numa interpretação inadequada, nas mais das vezes calcada numa fé cega, quando não se exige explicação.

Os fatos materiais que nos séculos passados não tinham explicações, com o desenvolvimento da Ciência e conhecidas as Leis Naturais que as provocavam, caíram no domínio popular e perderam a condição extraordinária.

No entanto, vive-se ao mesmo tempo duas realidades, a material e a espiritual.  Se os fenômenos materiais a Ciência os elucidaram suas origens e manifestações, o mesmo não se dá com as ocorrências que têm origem no elemento espiritual. Esses são muito mais complexos, pois que são fenômenos inteligentes, acompanhados de emoções, vontades... Trata-se de manifestação de espírito humano, que outrora habitou num corpo, o que se repetiu muitas vezes, sendo que em cada oportunidade em corpo diferente, novo.

Há interferência do mundo espiritual sobre o mundo material, ou seja, os espíritos desencarnados agem sobre os que estão encarnados, auxiliando naquilo de que necessitam, ajudando na solução de seus problemas, quando podem, o que quer dizer, quando a Lei Natural permite. O que corresponde ao mérito já conquistado do paciente encarnado, ou a sua resolução firme de alteração do estado espiritual existente. Há, também, a interferência do espírito encarnado sobre o desencarnado, sendo permanente a via de duas mãos.

Falar-se em “milagre”, entendendo-se como fato extraordinário, inexplicável, sem conhecimento do processo de atendimento, o que, ocorrendo nessas condições, favorecendo um em detrimento de outrem, seria privilégio de um em relação à multidão de necessitados, o que é uma injustiça, pois, se serve a um deveria servir a todos.

A Lei Divina é a Lei Natural, é imutável, não serve exclusivamente a nenhuma criatura, em parte nenhuma do Universo, porque é Lei de Justiça, Lei de Amor.
As dificuldades existentes, as doenças, os aleijões, as misérias e tantas outras coisas que provocam o sofrimento nada mais são que o estado espiritual dos que sofrem, é o distanciamento em que a criatura se encontra do estado de perfeição, individual ou coletivamente.

Jamais a Lei Divina será derrogada para dar exclusividade para esta ou aquela criatura, pois o ser maior de que se denomina Deus, que tem toda a perfeição, no grau absoluto, caso permitisse qualquer oscilação da sua perfeição deixaria de ser o Ser Onipotente.

Existem muitas ocorrências que o vulgo não encontra explicação, porque desconhece as causas, porque acolhe e se satisfaz intelectual e emocionalmente com uma explicação estanque, com a insígnia indiscutível denominada “milagre”.  O que dá solução imediata a todas possíveis indagações sobre a ocorrência, eliminando-se todo o trabalho de análise, pesquisa, buscas trabalhosas para o entendimento.

No entanto, Deus rege todas as coisas através das Leis Naturais, Suas Leis, desde a harmonia dos incontáveis astros da abóboda celeste à germinação da semente, a concepção orgânica no reino animal, o tempo de uma vida no corpo de um ser humano, nada foge a esta Força Ordenadora.

A busca da cura para as doenças difíceis, para as aflições, é obrigação daquele que sofre, no entanto, não cabem mais o imediatismo e o comodismo. É certo que Deus não desampara a nenhuma de suas criaturas, racional ou irracional, mas em relação ao ser humano, que é inteligente e detém muitos recursos espirituais a conhecer e a desenvolver, exige-se uma postura compatível com o seu estado evolutivo.

Com o advento da Doutrina Espírita, que quebrou muitos preconceitos com a luz lançada sobre as causas de muitos fatos que ocorriam desde a antiguidade, que ocasionavam medo e tormentos, dando origem a lendas que perduraram por muitas gerações.  Somente com a revelação da existência do mundo espiritual, que convive com os homens separado apenas pela frequência vibratória diferente, com a ausência da percepção dessa população imensa de desencarnados pela limitação dos órgãos materiais do corpo físico, esta existente para  atender as necessidades dos encarnados, que precisam de oportunidade para consertar os erros e enganos de outras vidas, bem como caminhar evolutivamente em inteligência e moralidade, e encontrar a paz e a felicidade que tanto almeja, harmonizando-se com as Leis Divinas, o que é o objetivo do Criador para todos os homens.

Para encontrar essas verdades reveladas pelo Espiritismo, faz-se indispensável desvestir-se dos preconceitos, principalmente os religiosos, e conhecer os princípios básicos que a Doutrina dos Espíritos apresenta para a compreensão dessa relação com os mortos, segundo a carne, mas vivos espiritualmente, tanto como os habitantes do corpo físico. São princípio básicos, a preexistência e a pós-existência do espírito a vida do corpo físico, a comunicabilidade dos espíritos, a pluralidade das existências e a pluralidade dos mundos habitados.

Ensina Allan Kardec que a Doutrina Espírita é uma Ciência e como toda Ciência precisa ser estudada para que haja entendimento.

A Doutrina Espírita transcende os limites da materialidade, o que as demais Ciências não podem fazer, em conta os protocolos próprios e a ética que as dominam.

O Espiritismo é a Ciência que fluiu da espiritualidade, porque é a Doutrina revelada pelos Espíritos, então não está limitada pelas convenções da academia convencional. Não tem barreira a transpor, pois, não existem as situações que regem os efeitos materiais, vez que a comunicação ocorre no campo extracorpóreo, sendo o pensamento o seu ingrediente essencial, materializando essas manifestações através da escrita (psicografia) e pela expressão oral (psicofonia). Existem várias outras formas de manifestação espiritual, sendo a que estão referidas as mais utilizadas para os efeitos de orientação e instrução.

Em conta o que se expõe acima e tudo mais que se exara na Revelação Espírita, conclui-se pela impossibilidade do que se chama “milagre”; conquanto, as chamadas curas e reversão de casos considerados insolúveis não são mais do que ocorrências naturais, que têm por base o mérito e a fé daqueles que os possuem. Como os méritos e a fé são registros que existem na alma, a avaliação não pertence a nenhuma autoridade deste mundo.

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. " (Jesus - João, 8:32)


                                                                         Dorival da Silva